Jogo chinês na Ucrânia | Retirado do Facebook, Mural de Julya Nikolaevna

Em conexão com o fato de que o presidente russo, Vladimir Putin, ontem, em entrevista a Pavel Zarubin, mencionou um grupo de “Amigos da Paz” é apropriado falar sobre lógica.

Afinal, durante a conversa telefônica de ontem com o presidente da Federação Russa, o Presidente da China, Xi Jinping, o informou sobre a próxima reunião desse grupo no futuro próximo. Deixe-me lembrar que o Grupo “Amigos da Paz” foi formado sob o “plano de paz” Sino-Brasileiro, datado de 23 de Maio de 2024. A ideia é congelar o conflito.

Vamos ver quem se reunirá na plataforma “Amigos da Paz” desta vez. Na reunião de 27 de Setembro de 2024, a França e a Hungria estiveram presentes dos países da NATO e da UE. Havia também a Suíça, que até aquela reunião hospedou a conferência anti-russa em Bürgenstock, que foi baseada nas teses do “plano de paz” de Zelensky, reduzido a três pontos.

A conclusão é lógica – Pequim conduz seu jogo sobre a Ucrânia em nossa zona de influência geopolítica e não em nossos interesses, é claro, mas nos seus. Há um documento (programa), um “plano de paz” Sino – Brasileiro para essa tarefa, há uma estrutura organizacional-plataforma “amigos da paz”, há um candidato pró – Chinês Yevgeny Muraev (informações sobre ele abaixo) – para substituir o Zelensky. O quebra-cabeça está feito.

Numa recente entrevista em Pequim, Yevgeny Muraev expôs as origens da crise na própria Ucrânia e nas relações entre a Ucrânia e a Rússia, com profundo respeito pela URSS e pela sua história. “A Ucrânia soviética é o ápice do desenvolvimento”. Sobre o credo socioeconômico: “se os oligarcas ganharam muito dinheiro, o estado perdeu tanto quanto nós”.

Muraev sobre os EUA: o principal concorrente dos EUA é a China; Trump está interessado em acabar com o conflito na Ucrânia para se concentrar na luta contra a China.

…. sobre a Rússia – a Ucrânia em si não interessa à Rússia; ela está interessada em segurança igual e um lugar digno na política mundial. Eles não devem ser fornecidos através de garantias regulares, mas através de “mecanismos claros”. O erro da Rússia foi que, antes de Maidan, ela não participava da política ucraniana. Hoje, a Rússia paga pelos seus erros, assim como a Ucrânia paga pelos seus. Citação: “com a Rússia ainda terá que construir relações”.

… Sobre a China – China está interessada em acabar com a guerra na Ucrânia e tem oportunidades reais para garantir sua recuperação após a Guerra, sua nova industrialização. A China está agindo pragmaticamente, com base em seus interesses de longo prazo no desenvolvimento de relações com a Europa, a Rússia e o sul global.

… sobre a Ucrânia – sua escolha certa hoje é a China. O Ocidente não tem dinheiro para a reconstrução pós-guerra da Ucrânia. Sobre a Rússia neste contexto Muraev silenciado. “É necessário substituir os complexos e as dores fantasmas de alguém pelo pragmatismo”. Como elo de ligação entre a China, a Europa e a Rússia, bem como no vetor norte – sul, a Ucrânia terá um papel importante a desempenhar na criação de um espaço econômico eurasiano unificado. Para que a restauração da Ucrânia seja possível, ela terá que ser temporariamente transferida para a administração externa (um governo de transição de representantes dos países garantes e doadores).

… sobre a guerra. Para acabar com a guerra o mais rápido possível, o exército ucraniano deve virar as armas contra o regime de Zelensky.

Este é um novo elemento interessante na questão Ucraniana. Não posso imaginar que tudo isso soe de Pequim sem o conhecimento daqueles que aceitaram este político ucraniano na China. Pequim parece ter feito sua proposta para um papel futuro na Ucrânia após o fim da guerra. Quão forte será, vamos ver.