Fiodor Dostoievski | Anna Dostoievskaia

Carta de 1876, de Fiodor Dostoievski (11 de Novembro de 1821 — 9 de Fevereiro de 1881) a Anna Dostoievskaia ou Anna Grigórievna Snítkina (12 de Setembro de 1846 – 9 de Junho de 1918).

”Minha Anuska, onde foste buscar a ideia de que és uma mulher como outra qualquer? Tu és uma mulher rara, e, além do mais, a melhor de todas as mulheres. Tu própria não sonhas as qualidades que tens. Não só diriges a casa e as minhas coisas, como a nós todos, caprichosos e enervantes, a começar por mim e a acabar no Aléxis. Nos meus trabalhos desces ao mais pequeno pormenor, não dormes o suficiente, ocupada com a venda dos meus livros e com a administração do jornal. Contudo, conseguimos apenas economizar alguns copeques — quanto aos rublos, onde estão eles? 

Mas a teu lado nada disso tem importância. Devias ser coroada rainha, e teres um reino para governar: juro-te que o farias melhor que ninguém. Não te falta inteligência, bom senso, sentido da ordem e, até… coração. Perguntas como posso eu amar uma mulher tão velha e feia como tu. Aí, sim, mentes. Para mim és um encanto, não tens igual, e qualquer homem de sentimentos e bom gosto to dirá, se atentar em ti. Por isso é que às vezes sinto ciúmes. Tu própria nem sabes a maravilha que são os teus olhos, o sorriso e a animação que pões na conversa. O mal é saíres poucas vezes, se não ficarias admirada com o teu êxito. Para mim é melhor assim — no entanto, Anuska, minha rainha, sacrificaria tudo, até os meus ataques de ciúmes, se quisesses sair e distraíres-te. Sim, muito gostaria que te divertisses. E se tivesse ciúmes, vingava-me querendo-te ainda mais. 

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CARTA DE ÁLVARO CUNHAL QUANDO PRESO NA PENITENCIÁRIA DE LISBOA | ÁLVARO CUNHAL | 6 de Outubro de 1951

Exmo. Senhor Director da Cadeia Penitenciária de Lisboa Álvaro Cunhal, preso nesta Penitenciária, vem, perante V.Exª. expor o seguinte:

1 – Foi-me hoje devolvida uma carta, que tinha escrito à minha família [1], com a indicação de não poder seguir, por conter «ciência comunista». Dada a minha surpresa e o meu pedido para me serem indicadas as passagens da carta que motivaram essa opinião e a decisão correspondente, fui esclarecido que se tratava de tudo quanto nela dizia acerca da obra de Darwin.

Embora eu soubesse o que tinha escrito e, como sempre, me tivesse esforçado (dada a minha situação) para não dizer tudo quanto penso, fui ler e reler a carta censurada. E se, ao ser-me comunicada a decisão acima referida, senti apenas surpresa, depois de nova leitura do que tinha escrito fiquei verdadeiramente perplexo.

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Baruch Espinosa | Carta sobre o Infinito

CARTA N.° 12 – (OU CARTA SOBRE O INFINITO)

(RIJNSBURG, 20 DE ABRIL DE 1663)

Ao mui sábio e experiente Lodewijik Meijer, doutor em Medicina

Meu excelente amigo,

Recebi duas cartas tuas, uma de 11 de janeiro (que me foi entregue por nosso amigo N.N.) e outra de 20 de março (enviada de Leyden por um amigo desconhecido). Ambas me encheram de alegria, sobretudo porque compreendi que tudo vai muito bem para ti e que te lembras de mim. Agradeço-te pela bondade e pela consideração com que me honras; peço-te para creres que também te sou muito devotado e que me esforçarei para mostrá-lo sempre que a ocasião e minhas fracas forças o permitirem. Para começar, tentarei responder ao que me perguntas nas cartas. Pedes também que te comunique o que penso sobre o infinito. Fá-lo-ei de bom grado.

A questão do infinito sempre pareceu dificílima para todos, até mesmo inextricável, porque não distinguiram entre aquilo que é infinito por sua natureza, ou pela força de sua definição, e aquilo que não tem fim, não pela força de sua essência, mas pela sua causa. E também porque não distinguiram entre aquilo que é dito infinito porque não tem fim, e aquilo cujas partes, embora conheçamos o máximo e o mínimo, não podem ser explicadas ou representadas apenas por um número. Enfim, porque não distinguiram entre aquilo que só pode ser inteligido, mas não imaginado, e aquilo que também podemos imaginar. Se tivessem prestado atenção nisso, jamais teriam sido esmagados sob o peso de tantas dificuldades. Com efeito, teriam claramente compreendido qual infinito não se divide em partes (ou que não tem partes) e qual, ao contrário, pode ser dividido em partes sem contradição.

Querida Mãe Natal | Maria Isabel Fidalgo

Querida Mãe Natal

aí onde estás, não entre as renas,
mas vestida de estrelas soalheiras,
espaço estelar onde o espírito cintila
nas palavras que me inspiras,
faz-me ser, se possível for essa proeza,
ser eu, cada vez mais, a filha tua,
à altura da pessoa do teu nome
e no amor lavado com que me vestias
no dia a dia, que por o ser,
era sempre Ano Novo.
não deixes esmorecer a tua Bela
para ti, sempre vela natural,
e incendeia de chama, brasa,
luz de ti,
a braseira da minha alma de natal.

Carta escrita à minha mãe, depois da sua travessia, em noite de consoada…
maria isabel fidalgo

A carta de Galileo Galilei | Francisco Louçã

Foi descoberta num arquivo de Londres a carta original de Galileo ao seu colega Benedetto Castelli, um matemático da universidade de Pisa, que defendia em 1613 que a Igreja Católica estava errada, que o Sol não anda à volta da Terra, e ainda que a investigação científica deve ser livre de teologia. Pensava-se que a carta estava perdida.

Em 1615 foi denunciado e depois julgado pela Inquisição.

Retirado do Facebook | Mural de Francisco Louçã

50 anos da Carta a Salazar | D. António Ferreira Gomes | in Agência Ecclesia

Luís Filipe Santos | 

A missiva de D. António Ferreira Gomes dá a conhecer as misérias da época e aponta soluções fundamentadas nos documentos pontifícios

Nunca um «pró-memória» foi objecto de tanta investigação como aquele que D. António Ferreira Gomes escreveu a António de Oliveira Salazar. Redigido a 13 de Julho de 1958, este documento está a celebrar o seu cinquentenário. À carta-denúncia das injustiças sociais, Salazar respondeu, um ano depois, com o exílio do bispo do Porto. Depois das eleições de 1958, cujo vencedor foi Américo Tomás, o célebre bispo do Porto remeteu a Salazar a missiva que referenciou como «pró-memória» para um seu eventual encontro com o presidente do Conselho. “Cumpre-me, antes do mais, agradecer a V. Exª o ter manifestado a boa disposição de me ouvir” – início do documento de D. António Ferreira Gomes ao Presidente do Conselho. Depois de explicar as razões da sua vinda a Portugal para votar – estava “legitimamente ausente em Barcelona” -, D. António Ferreira Gomes considera que o pedido que lhe foi feito, “por forma tão extraordinária e pública, não poderia deixar de considerar-se propaganda da Situação” – realça o «Pró-Memória». A «história» dessa carta começou, no exacto momento, em que o bispo do Porto se recusou a servir de bandeira do regime nas eleições para a Presidência da República no mês transacto. “Em tais condições e forçado a ser, diametralmente ao contrário do meu desejo, uma bandeira, eu não podia deixar de fazer uma declaração de voto. Como a não deveria fazer ao público, requeri fazê-la a V. Exª” – escreveu no documento. Após as explicações iniciais, o prelado natural de Milhundos mostrou-se preocupado pelo facto da Igreja em Portugal, como a “campanha eleitoral revelou de forma irrefragável e escandalosa”, estar “perdendo a confiança dos seus melhores” – sublinha. Com o intuito de esclarecer a sua afirmação, D. António Ferreira Gomes apresenta dois casos ao Presidente do Conselho. No Minho – “coração católico de Portugal” – “mal os padres começavam a falar de eleições, os homens, sem se importarem como sentido que seria dado ao ensino, retiravam-se afrontosamente da igreja”. Nas juventudes da Acção Católica, os dirigentes “mais responsáveis saltam fora dos quadros e da disciplina, para manifestarem a sua inconformidade e desespero, fugindo ao conhecimento dos assistentes (que, apesar de tudo, lhes aconselhariam paciência)”. Estes dois factos causam preocupação ao bispo do Porto. “Está-se perdendo a causa da Igreja na alma do povo, dos operários e da juventude; se esta se perde, que poderemos esperar da sorte da nação?” – lê-se no «Pró-Memória». (PDF no final do artigo)

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Discurso do índio Evo Morales Presidente da Bolívia aos Chefes de Estados da Europa colonizadora

EVO MORALES:
CARA A CARA COM OS COLONIZADORES ANTIGOS E ATUAIS DA AMÉRICA DO SUL em 22/12/2016

Discurso do Presidente da Bolivia
aos Chefes de Estados da Europa

“Aqui eu, Evo Morales, vim encontrar aqueles que participam da reunião. Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos. Aqui, pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o bastante. Nunca pretendemos outra coisa.

O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei a vender-me.

O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga com bens, ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamento e também posso reclamar juros.

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Lettre de Ludwig van Beethoven à l’immortelle Bien-aimée in “Des Lettres”

Notre amour n’est-il pas une véritable demeure céleste ?

L’allemand Ludwig Van Beethoven, né le 17 décembre 1770 et décédé le 26 mars 1827, précurseur du romantisme dans la musique, est le compositeur de multiples symphonies, concertos et sonates. Mais outre  la trace importante qu’il a laissée dans la création musicale en occident, il fut aussi un amant passionné : celui dont Haydn dit qu’il est « un homme qui a plusieurs têtes, plusieurs cœurs, plusieurs âmes » écrit ces trois lettres enflammées à quelques heures d’intervalle, adressée à une femme inconnue, mais dont il semble très épris.

6 et 7 juillet 1812

Le 6 juillet dans la matinée

Mon ange, mon tout, mon moi. – Aujourd’hui quelques mots seulement, et même au crayon (le tien). – Ce n’est que jusqu’à demain que j’ai une demeure ; quelle fâcheuse perte de temps que tout cela. Pourquoi ce profond chagrin, quand la nécessité se prononce – Notre amour peut-il exister ailleurs que dans l’immolation, dans le renoncement à tout avoir ? Peux-tu y changer quelque chose, au fait que tu ne m’appartiens pas tout entière, que je suis pas entièrement à toi ? – Ah ! mon Dieu, que ton regard s’étende à la belle nature et que ton âme y trouve la quiétude puisqu’il faut que ce soit – L’amour exige tout et il a bien raison. Ainsi en est-il de moi avec toi et de toi avec moi – mais tu oublies trop à la légère que tu dois vivre pour moi et pour toi. Si nous étions complètement unis, tu n’éprouverais pas, ni moi non plus, ce sentiment douloureux – […] Aujourd’hui non plus je ne puis te faire part des observations que j’ai faites sur ma vie durant ces derniers jours – Si nos coeur étaient toujours étroitement liés l’un à l’autre, je n’irais certes pas nourrir de pareilles pensées. Mon serin est rempli de tant de choses à te dire – Hélas ! – il y a des moments où je trouve que le langage n’est encore absolument rien – Rassérène-toi – demeure mon cher, mon unique trésor, mon tout comme je le suis pour toi. Le reste, ce sont les cieux qui doivent nous l’envoyer, quelle que doive être et sera notre destinée –

Ton fidèle

LUDWIG

Lundi soir, 6 juillet

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La lettre de rupture la plus expéditive de l’histoire | Lettre de Gustave Flaubert à Louise Colet

Madame,                                                                                                                                                     6 mars 1855

J’ai appris que vous vous étiez donné la peine de venir, hier, dans la soirée, trois fois, chez moi.

Je n’y étais pas. Et dans la crainte des avanies qu’une telle persistance de votre part pourrait vous attirer de la mienne, le savoir-vivre m’engage à vous prévenir : que je n’y serai jamais.

J’ai l’honneur de vous saluer.


Gustave Flaubert (12 décembre 1821 – 8 mai 1880), maître du style, connu pour ne produire des phrases qu’au prix de longs efforts et d’un immense travail (« Une bonne phrase de prose doit être comme un bon vers, inchangeable, aussi rythmée, aussi sonore » écrit-il), savait aussi être expéditif. Sentant son amour pour la belle poétesse Louise Colet s’épuiser, alors qu’elle abandonne Paris pour lui rendre visite dans son Croisset natal et qu’elle supplie le maître des lieux de la recevoir, il lui envoie un dernier billet d’une concision lapidaire et diablement efficace. Un Flaubert méconnu !

Dernière lettre de Nietzsche à Jacob Burckhardt | in blog “Des Lettres”

Friedrich Wilhelm Nietzsche (15 octobre 1844 –  25 août 1900), l’un des philosophes les plus décapants et influents du XIXe siècle, critique acharné du christianisme, eut une fin de vie terrifiante. Le 3 janvier 1889, il est pris d’une crise de démence à Turin et il ne recouvrera dès lors jamais son esprit : partiellement paralysé, il ne reconnaît plus ni amis ni famille. Transporté dans une clinique à Bâle, il écrit sa dernière lettre attestant de la folie qui l’assiège : se prenant tour à tout pour Dieu puis pour le père d’une prostituée assassinée par un meurtrier. L’esprit de Nietzsche, l’un des plus grands, est définitivement à la dérive.

Lettre de Nietzsche à Jacob Burckhardt: (voir ici)

http://www.deslettres.fr/derniere-lettre-nietzsche-jacobburckhardt-finalement-jaimerais-bien-mieux-etre-professeur-bale-dieu/

Dimanche 29 décembre 1929 | Petite Ophélinha | Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (13 juin 1888 – 30 novembre 1935) est un écrivain, poète et polémiste portugais trilingue dont les vers légendaires et la prose poétique ont permis l’apparition du modernisme au Portugal. Il tombe follement amoureux d’une certaine Ophélie, qu’il a sacrifiée à ses écrits. Il rompra avec elle une première fois en 1920 car, lui écrit-il, « Mon destin appartient à une autre loi dont vous ne soupçonnez même pas l’existence ». Dans cette lettre, proche de la fin de leur relation, la prévalence de son travail sur sa relation est perceptible.

Dimanche 29 décembre 1929

Petite Ophélinha,

Comme je ne voudrais pas que vous disiez que je ne vous ai pas écrit parce que je ne vous ai effectivement pas écrit, je vous écris. Ce ne sera pas seulement une ligne, comme je vous l’ai promis, mais ce ne seront pas plusieurs non plus. Je suis malade, en grande partie en raison d’une série de préoccupations et de contrariétés que j’ai eues hier. Si vous ne voulez pas croire que je suis malade, évidemment vous ne le croirez pas. Mais je vous prie de ne pas me dire que vous ne me croyez pas. Il me suffit déjà d’être malade : il n’est pas nécessaire en plus que vous en doutiez ou que vous me demandiez des comptes sur ma santé comme si elle dépendait de ma volonté ou que je sois obligé de rendre des comptes à quelqu’un de quoi que ce soit.

Ce que je vous ai dit à propos du fait d’aller à Cascais (Cascais signifiant un endroit quelconque en dehors de Lisbonne, mais pas loin, cela peut vouloir dire Cintra ou Caxias) est rigoureusement vrai : vrai du moins quant à mes intentions. Je suis arrivé à l’âge où l’on atteint la maîtrise parfaite de ses propres qualités et où l’intelligence a le maximum de force et de dextérité possibles. Il est donc temps de réaliser mon œuvre littéraire, en achevant certaines choses, en regroupant certaines autres, en écrivant celles qui sont à écrire. Pour finir cette œuvre, j’ai besoin de tranquillité et d’un certain isolement. Je ne peux, malheureusement pas, abandonner les bureaux où je travaille (je ne le peux évidemment pas, parce que je n’ai pas de rentes), mais je peux, en consacrant aux tâches de ces bureaux deux jours par semaine (les mercredis et les samedis) avoir pour moi, à moi, les cinq autres jours. Là surgit cette fameuse histoire de Cascais.

Toute ma vie future dépend de ce que je puisse ou non le faire et le faire vite. Du reste, ma vie tourne autour de mon œuvre littéraire — qu’elle soit ou qu’elle puise être bonne ou mauvaise. Tout le reste a pour moi un intérêt secondaire ; il y a des choses, bien sûr, que j’aimerais avoir, d’autres dont il m’est égal qu’elles arrivent ou n’arrivent pas. Il faut que tous ceux qui ont affaire à moi soient persuadés que je suis comme cela, et exiger de moi les sentiments, par ailleurs très dignes, d’un homme vulgaire et banal, c’est tout comme exiger de moi que j’aie des yeux bleus et des cheveux blonds. Et me traiter comme si j’étais un autre n’est pas la meilleure façon de garder mon affection. Il vaut mieux, dans ce cas, traiter un autre qui soit comme ça, et dans ce cas il faut « s’adresser à quelqu’un d’autre » ou quelque chose dans ce genre.

J’aime beaucoup — vraiment beaucoup — la petite Ophélia. J’apprécie beaucoup — énormément — sa nature et son caractère. Si je me marie un jour, je ne le ferai qu’avec vous. Reste à savoir si le mariage, le foyer (ou quelque autre façon dont on l’appelle) sont des choses qui se concilient avec ma vie de Pensée. J’en doute. Pour le moment, et au plus tôt, je veux organiser cette vie de Pensées et de travail qui m’est personnelle. Si je n’arrive pas à l’organiser, il est évident que je ne penserai même pas à songer  à me marier. Si je l’organise de telle sorte que le mariage me semble encombrant, il est évident que je ne me marierai pas. Mais il est probable qu’il n’en sera pas ainsi. Le futur — et il s’agit d’un futur proche — le dira.

Voilà ce que j’avais à vous dire et, par hasard, c’est la vérité. Adieu, petite Ophélia. Dormez, mangez et ne perdez pas trop de poids.

Votre très dévoué,

Fernando

Lettre d’Albert Einstein au philosophe Eric Gutkind, 1954 | in “The Dissident”

alberteinstein-620x400Régulièrement, Pollens vous propose la lecture d’un extrait d’œuvre d’un philosophe, d’un intellectuel, d’un poète, d’un écrivain, d’un artiste ou d’un citoyen engagé dont la portée nous parait essentielle à (re)découvrir. Ici, une lettre d’Albert Einstein dans laquelle il expose ses réflexions relative à l’existence de Dieu et l’interprétation des textes sacrés.

Janvier 1954

Cher Mr Gutkind,

Poussé par les suggestions répétées de Brouwer, j’ai bien lu votre livre et je vous remercie beaucoup de me l’avoir prêté. J’ai été frappé par ceci : nous avons beaucoup en commun dans notre approche factuelle de l’existence et de la communauté humaine. Notamment, votre idéal personnel selon laquelle les désirs égoïstes luttent pour la liberté et rendre la vie « belle et noble, avec une emphase sur l’élément purement humain ». C’est ceci qui nous unit dans une « attitude non-américaine ».

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Carta ao Ministro das Finanças | Joaquim António Ramos

quitoExmo Senhor Ministro das Finanças
Excelência:
Depois de ter percorrido várias Repartições de Finanças, de ter perdido grande parte dos meus ultimos dias em filas com senhas das mais diversas cores, sem conseguir resposta às minhas angústias fiscais,atrevo-me a vir junto de V. Excia para ser esclarecido sobre as novas regras que se anunciam para o IMI. Toda a gente diz que as vistas e a exposição solar vão agravar o IMI, mas ninguém sabe em que medida ou como minimizar o impacto. Por isso recorro a V. Excia. Passo a expôr:
1. Eu vivo numa casa que só tem vistas para um lado, e a paisagem que tenho à frente é o portal da igreja – bem bonito, por sinal…Se me pendurar na janela ainda consigo vislumbrar o pelourinho e a Câmara Municipal. Isto tudo virado a Nascente, logo com alguma exposição solar. De resto, a Sul dou logo de trombas com o muro do Padre, a Norte com uma casa que ardeu e a Poente com o muro dos Barretos, donde só saem pulgas, osgas e ratos, porque a casa está abandonada há uma porrada de anos. Consequentemente, em termos de vistas, dos quatro pontos cardeais, só o Oriente Próximo me aterroriza. Estou assim mais ou menos como a Europa.
2. Falando de vistas, pelo exposto em 1, e como a Igreja está isenta de IMI, pensei que esta isenção poderia alargar-se à minha fachada Nascente. Caso não seja este o entendimento do Fisco, posso fazer uma declaração com assinatura reconhecida e tudo, a jurar que fecho os olhos de cada vez que assomo a uma janela da fachada Nascente – arejo os quartos às apalpadelas – ou mesmo a trancar as janelas com protecções de madeira inamovíveis e a mandar demolir a varanda donde expio procissões e casamentos. Os senhores das Finanças poderão ir lá verificar. E de vistas estamos falados, pois não acredito que o muro do Senhor Prior, mais o dos Barretos e a casa ardida tenham atributos paisagísticos suficientes para me agravar o IMI.

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Guimarães Rosa | Carta com letra “C” | Revista Pazes

assinado-rosa-250Consul caro colega Cabral
Compareço, confirmando chegada cordial carta.

Contestando, concordo, contente, com cambiamento comunicações conjunto colegas, conforme citada consolidação confraria camaradagem consular.

Conte comigo: comprometo-me cumprir cabalmente, cabralmente condições compendiadas cláusulas contexto clássico código. (Contristado, cumpre-me consolidação coligar cordialmente conjunto colegas?… crês?… crédulo!… considera:… ”cobra come cobra!…” coletividade cônsules compatrícios contém, corroendo cerne, contubérnios cubiçosos, clãs, críticos, camarilhas colitigantes… contrastando, contam-se, claro, corretos contratipos, capazes, camaradas completos.) Concluindo: contentemo-nos com correspondermo-nos, caro Cabral, como coirmãos compreensivos, colaborando com colegas camaradas, combatendo corja contumaz!…

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Lettre de Marilyn Monroe à JFK, président des États-Unis,

Marilyn - 2006 juillet 1962

Bonsoir M. JFK,

Je vous écris ce soir pour vous dire que je suis vraiment désolée, mais cela doit cesser. Ça ne pourra jamais marcher. En réalité, je ne veux pas être uniquement la femme d’à côté — je veux aussi quelqu’un pour être l’homme à mes côtés.

Et le fait est que moi je ne suis pas mariée. J’ai passé des moments incroyables à vous voir nu tout en sachant que vous étiez notre président, mais je crois que jusqu’à ce que je me marie, ça ne pourra jamais fonctionner. Je suis vraiment désolée M. JFK. Je le suis vraiment profondément.

J’avais réservé une chambre au nom de « Aloha, Señora Baise est de retour et vous invite à la nuit de la baise », mais je l’ai annulée ce matin. J’espère seulement que vous penserez à moi la prochaine fois que vous aurez une maîtresse.

Avec tout mon amour,

Marilyn

VER AQUI:  Des Lettres

Lettre de Prince à une fan

Prince - 200Prince, véritable légende du rock, s’est éteint le jeudi 21 avril 2016. En juin 1984, il adresse cette lettre à une jeune fan, Annalisa Masters, juste après la sortie de son sixième album, Purple Rain — une note émouvante longtemps restée accrochée aux murs du Hard Rock Cafe de Minneapolis.

Chère Annalisa,

C’est vraiment sympa de ta part de m’avoir écrit. Je n’ai pas toujours le temps de répondre mais tes lettres ont véritablement ensoleillé ma journée.

Tu es adorable. Je suis heureux de t’avoir pour amie. Si tu apprécies la vidéo, attends de voir le film. J’en suis très fier. J’espère que toi aussi.

Félicitations pour avoir fini le lycée. Je suis sûr que tu t’en es mieux sorti que moi. Je n’étais pas très bon à l’école, j’étais trop occupé à écouter l’herbe pousser.

Merci encore de m’avoir écrit.

À la prochaine,

Prince 

Lettre de Victor Hugo à Lamartine

victor hugo - 200Victor Hugo (26 février 1802 – 22 mai 1885 ), géant de la littérature française et universelle, symbole de la modernité dans la littérature du XIXème siècle, esprit visionnaire et écrivain engagé avant l’heure, est l’auteur, entre autres, des Misérables. Roman historique, social et philosophique teinté des idéaux du romantisme et des exigences du socialisme, œuvre totale, maintes fois adaptée au cinéma, l’histoire de Jean Valjean et de Cosette est entrée dans la mythologie universelle. Dans cette missive adressée à son ami Alphonse de Lamartine, l’homme de lettres énonce haut et fort à son tour l’origine radicale de cette oeuvre, à hauteur des idéaux et des rêves de la nature humaine. Une lettre-coup de poing du père de la littérature française!

Mon illustre ami,

Si le radical, c’est l’idéal, oui, je suis radical. Oui, à tous les points de vue, je comprends, je veux et j’appelle le mieux ; le mieux, quoique dénoncé par le proverbe, n’est pas ennemi du bien, car cela reviendrait à dire : le mieux est l’ami du mal. Oui, une société qui admet la misère, oui, une religion qui admet l’enfer, oui, une humanité qui admet la guerre, me semblent une société, une religion et une humanité inférieures, et c’est vers la société d’en haut, vers l’humanité d’en haut et vers la religion d’en haut que je tends : société sans roi, humanité sans frontières, religion sans livre. Oui, je combats le prêtre qui vend le mensonge et le juge qui rend l’injustice. Universaliser la propriété (ce qui est le contraire de l’abolir) en supprimant le parasitisme, c’est-à-dire arriver à ce but : tout homme propriétaire et aucun homme maître, voilà pour moi la véritable économie sociale et politique. Le but est éloigné. Est-ce une raison pour n’y pas marcher ? J’abrège et je me résume. Oui, autant qu’il est permis à l’homme de vouloir, je veux détruire la fatalité humaine ; je condamne l’esclavage, je chasse la misère, j’enseigne l’ignorance, je traite la maladie, j’éclaire la nuit, je hais la haine.
Voilà ce que je suis, et voilà pourquoi j’ai fait Les Misérables.
Dans ma pensée, Les Misérables ne sont autre chose qu’un livre ayant la fraternité pour base et le progrès pour cime.
Maintenant jugez-moi. […]

VER AQUI: Des Lettres

Lettre de Vladimir Nabokov à Véra | “Je t’aime, je te veux, j’ai insupportablement besoin de toi…”

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Vladimir Nabokov (1899-1977), sulfureux écrivain d’origine russe et américain d’adoption, est notamment connu pour ses romans Lolita (1955), La Méprise (1934) ou Feu Pâle (1962). Il rencontre Vera Slonim en mai 1923 et fait d’elle sa dactylo et sa traductrice avant de l’épouser en 1925. En plus de lui dédier la quasi-totalité de ses œuvres, Nabokov lui adresse également des lettres d’amour d’une rare beauté.

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Victor Hugo | J’ai donc dit qu’il fallait aimer le peuple.

Victor_Hugo - 150Victor Hugo (26 février 1802 – 22 mai 1885) est un homme aux multiples facettes : écrivain, féministe, socialiste etc. Mais l’auteur des Misérables est surtout un humaniste. Chacun de ses combats ont été avant tout motivés par le besoin de remettre l’homme au centre de la vie politique et sociale. Dans cette lettre qu’il adresse au rédacteur de La Ruche populaire et ouvrier, l’homme de Lettres clame haut et fort l’importance d’adopter un regard universel sur l’essence de l’homme, peu importe son origine sociale.

 

 

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APELO AOS AMIGOS DO EPHEMERA | José Pacheco Pereira

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Neste momento, o ritmo das ofertas e das aquisições semanais subiu muito, e tem havido um crescente número de voluntários para trabalhar no ARQUIVO / BIBLIOTECA. Torna-se necessário uma espécie de entreposto em Lisboa, onde se possa recolher material, dar-lhe um primeiro tratamento e organização e ter um posto de digitalização. Por isso, precisamos da cedência de um espaço que não precisa de ser muito grande, com condições mínimas para que se possa fazer estes trabalhos, ou pro bono, o que seria ideal para não agravar as despesas, ou com uma renda nominal. De nossa parte, podíamos fazer pequenas obras de manutenção, garantir os gastos de electricidade e água e cuidar da segurança do espaço. Há por toda a cidade espaços vazios, lojas e pequenos apartamentos vagos, que podem servir para este objectivo,. A acessibilidade é também importante. O período da cedência seria de cerca de dois anos.

Obrigado.

Dernière lettre de Virginia Woolf à son mari Leonard

VirginiaWoolf

Virginia Woolf s’est suicidée le 28 mars 1941. L’immense écrivaine anglaise, romancière hors pair et féministe de la première heure, a épousé très jeune Léonard, auteur mineur qui eut la grandeur de s’effacer devant le talent de sa femme et de la protéger des appels de la folie. Si ce mariage fut non consommé, si Virginia trouva des âmes sœurs féminines où s’adonner à la sensualité, c’est à cet époux dévoué et exemplaire qu’elle adresse ses derniers mots avant de se noyer dans un lac, de nuit. Voici sa dernière lettre d’amour.

Mon chéri,

J’ai la certitude que je vais devenir folle à nouveau : je sens que nous ne pourrons pas supporter une nouvelle fois l’une de ces horribles périodes. Et je  sens que je ne m’en remettrai pas cette fois-ci. Je commence à entendre des voix et je ne peux pas me concentrer.

Alors, je fais ce qui semble être la meilleure chose à faire. Tu m’as donné le plus grand bonheur possible. Tu as été pour moi ce que personne d’autre n’aurait pu être. Je ne crois pas que deux êtres eussent pu être plus heureux que nous jusqu’à l’arrivée de cette affreuse maladie. Je ne peux plus lutter davantage, je sais que je gâche ta vie, que sans moi tu pourrais travailler. Et tu travailleras, je le sais.

Vois-tu, je ne peux même pas écrire cette lettre correctement. Je ne peux pas lire. Ce que je veux dire, c’est que je te dois tout le bonheur de ma vie. Tu t’es montré d’une patience absolue avec moi et d’une incroyable bonté. Je tiens à dire cela – tout le monde le sait.

Si quelqu’un avait pu me sauver, cela aurait été toi. Je ne sais plus rien si ce n’est la certitude de ta bonté. Je ne peux pas continuer à gâcher ta vie plus longtemps. Je ne pense pas que deux personnes auraient pu être plus heureuses que nous l’avons été.

VOIR ICI: http://www.deslettres.fr/lettre-de-virginia-woolf-son-mari-leonard-ce-que-je-veux-dire-cest-que-je-te-dois-le-bonheur-de-ma-vie/

J’accuse! | Lettre d’Emile Zola à Félix Faure

Zola_Jaccuse_Manuscrit 25013 janvier 1898

Monsieur le Président,

Me permettez-vous, dans ma gratitude pour le bienveillant accueil que vous m’avez fait un jour, d’avoir le souci de votre juste gloire et de vous dire que votre étoile, si heureuse jusqu’ici, est menacée de la plus honteuse, de la plus ineffaçable des taches?

Vous êtes sorti sain et sauf des basses calomnies, vous avez conquis les cœurs. Vous apparaissez rayonnant dans l’apothéose de cette fête patriotique que l’alliance russe a été pour la France, et vous vous préparez à présider au solennel triomphe de notre Exposition universelle, qui couronnera notre grand siècle de travail, de vérité et de liberté. Mais quelle tache de boue sur votre nom – j’allais dire sur votre règne – que cette abominable affaire Dreyfus ! Un conseil de guerre vient, par ordre, d’oser acquitter un Esterhazy, soufflet suprême à toute vérité, à toute justice. Et c’est fini, la France a sur la joue cette souillure, l’histoire écrira que c’est sous votre présidence qu’un tel crime social a pu être commis.

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Lettre d’Egon Schiele à Anton Peschka

egonL’œuvre de l’artiste autrichien Egon Schiele (1890-1918) constitue une véritable ode au mouvement, à la chair, à l’érotisme et à la nature. Si l’on connaît de lui de nombreuses toiles et dessins, ses poèmes et lettres restent plus confidentiels. Dans ce billet qu’il adresse à son ami le peintre Anton Peschka, cet « éternel enfant » témoigne d’une admiration sans cesse renouvelée pour toutes les beautés que le monde est en mesure de prodiguer.

1910

(Vienne)

Peschka ! […] Je brûle d’envie d’aller dans la forêt de Bohême. Mai, juin, juillet, août, septembre : il faut absolument que je voie quelque chose de nouveau, que je l’explore ; je veux déguster les eaux sombres, voir craquer des arbres, des airs sauvages, regarder ébahi des haies de jardin pourrissantes, y surprendre le foisonnement de la vie, entendre bruire les bouquets de bouleaux, frémir les feuilles ; je veux voir la lumière, le soleil, et savourer les humides vallées du soir au vert bleuissant, épier l’éclat fugace des poissons dorés, voir se former les blancs nuages, je voudrais parler aux fleurs. Scruter l’intimité des brins d’herbe, des hommes au teint rose, parler de dignes vieilles églises, de petites chapelles, je veux parcourir sans trêve des collines verdoyantes, parmi de vastes plaines, je veux baiser la terre, humer les tendres, chaudes fleurs des mousses. Alors je donnerai forme à de belles choses : des champs de couleurs…

Au petit matin, je voudrais revoir le soleil se lever, être libre de regarder la terre respirer, dans la lumière vibrante.

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Lettre d’Albert Einstein à Django Reinhardt

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15 Septembre 1946

Cher Monsieur Reinhardt,

En Juillet dernier, je fus convié à participer à New York à un colloque sur la paix dans le monde. Le soir venu, avec quelques amis, nous nous sommes rendus au Café Society à Greenwich village afin d’assister au concert donné par Duke Ellington, car on nous avait informé que vous étiez maintenant membre de son orchestre et telle ne fut pas notre surprise de constater votre absence. À la fin du concert, j’allais féliciter Monsieur Ellington pour sa prestation pianistique et la grande qualité de son orchestre.

Il nous présenta la très chaleureuse Rosetta Tharpe qui assurait la première partie de la soirée. C’est une femme très douée, pourvue de grandes qualités morales s’accompagnant d’une étrange guitare, possédant en son centre une espèce de couvercle de métal vibrant engendrant un son envoûtant correspondant parfaitement à son répertoire au caractère très spirituel.

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Bluebird

Bluebird é uma animação de um poema de Charles Bukowski, criada por Monika Umba, estudante de Cambrigde School of Art. Sobe esta animação, Marina Franconeti escreveu o seguinte:

Com uma perfeição visual muito bem desenvolvida pela artista, a trilha de poucas notas dá o toque melancólico que soa na leitura. Os personagens possuem um corpo meio rígido, parecem feitos de recortes de jornal. Por isso, tem algo de cotidiano neles. O pássaro e o azul, os grandes protagonistas da animação, dão o tom aos eventos e brilham pela imagem, trazendo à vida a magia do poema.

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Historiquement, les Israéliens et les Arabes sont cousins | Natalie Portman

Natalie_Portman_251Lettre de Natalie Portman aux éditeurs du Harvard Crimson

Natalie Portman est cette célèbre actrice israélo-américaine que ses premiers succès, dans Léon, de Luc Besson et Star Wars (La Menace fantôme) n’ont pas empêchée d’être diplômée de très réputée Université d’Harvard. Etudiante engagée, elle réagit, en avril 2002, à un article de Faisal Chaudry sur le conflit israélo-palestinien et fait connaître, au travers du Harvard Crimson, ses positions sur un sujet qui la touche et la préoccupe particulièrement. Un message de paix trop rarement lu par ces temps de guerre continue.

Aux éditeurs :

Faisal Chaudry a écrit sur le désir qu’ont les Américains et les Israéliens de « reconstruire le système idéologique » de l’actuel Moyen-Orient, avant d’en déduire et de mettre en scène de manière inventive une opposition entre « blancs » et « bruns » (Op-Ed, « Une idéologie de l’Oppression », 11 avril). A un moment, Chaudry compare même cette situation à l’Apartheid. C’est une déformation des faits étant donné que la plupart des Israéliens et des Palestiniens sont impossibles à distinguer physiquement.

Le gouvernement israélien lui-même est composé d’un grand nombre de Juifs séfarades dont certains sont originaires de pays Arabes. Le chef du personnel des armées, le ministre de la défense (qui est le nouveau leader du parti travailleur), le ministre des finances et le président d’Israël sont tous « bruns. » Chacun devrait se faire une idée de la ressemblance physique entre Arabes et Israéliens en examinant cette semaine la couverture de Newsweek sur laquelle une jeune kamikaze palestinienne de 18 ans et sa victime israélienne de 17 ans auraient pu passer pour jumelles.

Historiquement, les Israéliens et les Arabes sont cousins. Tant que nous n’aurons pas accepté le fait que nous sommes les constituants d’une même famille, nous serons prisonniers d’une erreur si nous pensons qu’une perte pour un « camp » – ou, comme Chaudry l’appelle, une « couleur » – n’est pas une perte pour l’ensemble de l’espèce humaine.

Scandaleuse et erronée, la dénonciation est une tactique infantile qui méprise la responsabilité de chacune des parties concernées, c’est-à-dire, en plus d’Israël et des autorités Palestinienne, l’Europe, les Nations Arabes et les Etats-Unis.

Nous devons avoir honte de chaque acte de violence et pleurer chaque enfant comme s’il était le nôtre. Je prie pour la sûreté de tous ceux qui sont dans cette région et j’espère que nous parviendrons un jour à utiliser les spécificités humaines de langage et d’empathie plutôt que des technologies militaires ou de propagande pour résoudre ce conflit.

Natalie Portman | 12 avril 2002

http://www.deslettres.fr/lettre-natalie-portman-aux-editeurs-du-harvard-crimson-historiquement-les-israeliens-les-arabes-cousins/ … (FONTE)

Lettre de Charles de Gaulle à sa mère | L’Allemagne se redressant deviendra plus arrogante, et finalement ne nous paiera pas à beaucoup près ce qu’elle nous doit.

Ma chère Maman,

Voici donc la paix signée. Il reste à la faire exécuter par l’ennemi, car tel que nous le connaissons, il ne fera rien, il ne cédera rien, il ne paiera rien, qu’on ne le contraigne à faire, à céder, à payer, et non pas seulement au moyen de la force, mais bien par la dernière brutalité. C’est le seul procédé à employer à son égard. Ses engagements sont une fumée, sa signature une mauvaise plaisanterie. Heureusement nous tenons, et il nous faut absolument garder, la rive gauche du Rhin. Les motifs d’y demeurer ne manqueront certes pas, car je ne crois pas une seconde à des paiements sérieux d’indemnités de la part de l’Allemagne. Non pas certes qu’elle ne puisse payer, mais parce qu’elle ne le veut pas. Nous allons donc nous heurter de suite à toute cette science de chicanes gémissantes, de délais prolongés, d’entêtements sournois, qui est la plus claire aptitude de cette race. Nous avons éprouvé cette science à mainte occasion, et notamment à propos de chacun des articles du traité d’armistice qu’il fallut plusieurs interventions impatientées du maréchal Foch pour faire exécuter à peu près.

Seulement nous n’allons plus avoir à brandir d’épée flamboyante, avec nos troupes démobilisées, et celles de nos alliés rentrées chez elle. Au fur et à mesure des années, l’Allemagne se redressant deviendra plus arrogante, et finalement ne nous paiera pas à beaucoup près ce qu’elle nous doit. Il faut craindre du reste que nos alliés ne soient d’ici à très peu de temps nos rivaux et ne se désintéressent de notre sort. La rive gauche du Rhin devra donc nous rester.

Lettre du Général de Gaulle au Président du Conseil Paul Reynaud

Laissez-moi dire sans modestie que je suis le seul capable de commander ce corps qui sera notre suprême ressource.

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Quelques jours avant l’appel du 18 juin, et d’écrire l’une des plus glorieuses pages de l’histoire de France, le général de Gaulle s’adressait une dernière fois au Président du Conseil, Paul Reynaud. Dernière tentative avant l’inéluctable ou mise au clair de ses idées, voici l’une des dernières lettres du général de Gaulle avant de devenir le sauveur de la France et le héros de la seconde guerre mondiale.

Monsieur le Président,

Nous sommes au bord de l’abîme et vous portez la France sur votre dos. Je vous demande de considérer ceci :

1. Notre première défaite provient de l’application par l’ennemi de conceptions qui sont les miennes et du refus de notre commandement d’appliquer les mêmes conceptions.

2. Après cette terrible leçon, vous qui, seul, m’aviez suivi, vous êtes trouvé le maître, en partie parce que vous m’aviez suivi et qu’on le savait.

3. Mais une fois devenu le maître, vous nous abandonnez aux hommes d’autrefois. Je ne méconnais ni leur gloire passée ni leurs mérites de jadis. Mais je dis que ces hommes
d’autrefois – si on les laisse faire – perdront cette guerre nouvelle.

4. Les hommes d’autrefois me redoutent parce qu’ils savent que j’ai raison et que je possède le dynamisme pour leur forcer la main. Ils vont donc tout faire aujourd’hui comme hier – et peut-être de très bonne foi – , pour m’empêcher d’accéder au poste où je pourrais
agir avec vous.

5. Le pays sent qu’il faut nous renouveler d’urgence. Il saluerait avec espoir l’avènement d’un homme nouveau, de l’homme de la guerre nouvelle.

6. Sortez du conformisme, des situations « acquises », des influences d’académie. Soyez Carnot, ou nous périrons. Carnot fit Hoche, Marceau, Poreau.


7. Venir près de vous comme irresponsable ? Chef de cabinet. Chef d’un bureau d’étude ? Non ! J’entends agir avec vous, mais par moi-même. Ou alors, c’est inutile et
je préfère commander !

8. Si vous renoncez à me prendre comme sous-secrétaire d’Etat, faites tout au moins de moi le chef – non point seulement d’une de vos quatre divisions cuirassées – mais bien du corps cuirassé groupant tous ces éléments.

Laissez-moi dire sans modestie, mais après expérience faite sous le feu depuis vingt jours, que je suis le seul capable de commander ce corps qui sera notre suprême ressource. L’ayant inventé, je prétends le conduire.

Général de Gaulle

Lettre de Georges Pompidou à Jacques Chaban Delmas

PompidouLa sauvegarde des arbres plantés au bord des routes, […] est essentielle pour la beauté de notre pays.

Mon cher Premier Ministre,

J’ai eu, par le plus grand des hasards, communication d’une circulaire du Ministre de l’Equipement — Direction des routes et de la circulation routière — dont je vous fais parvenir photocopie. Cette circulaire, présentée comme un projet, a en fait déjà été communiquée à de nombreux fonctionnaires chargés de son application, puisque c’est par l’un d’eux que j’en ai appris l’existence. […] Bien que j’ai plusieurs fois exprimé en Conseil des Ministres ma volonté de sauvegarder « partout » les arbres, cette circulaire témoigne de la plus profonde indifférence à l’égard des souhaits du Président de la République. Il en ressort, en effet, que l’abattage des arbres le long des routes deviendra systématique sous prétexte de sécurité. Il est à noter par contre que l’on n’envisage qu’avec beaucoup de prudence et à titre de simple étude, le déplacement des poteaux électriques ou télégraphiques.

C’est que là, il y a des administrations pour se défendre. Les arbres, eux, n’ont, semble-t-il, d’autres défenseurs que moi-même et il apparaît que cela ne compte pas. La France n’est pas faite uniquement pour permettre aux Français de circuler en voiture, et, quelle que soit l’importance des problèmes de sécurité routière, cela ne doit pas aboutir à défigurer son paysage. La sauvegarde des arbres plantés au bord des routes  — et je pense en particulier aux magnifiques routes du Midi bordées de platanes — est essentielle pour la beauté de notre pays, pour la protection de la nature, pour la sauvegarde d’un milieu humain. La vie moderne dans son cadre de béton, de bitume et de néon créera de plus en plus chez tous un besoin d’évasion, de nature et de beauté. L’autoroute sera utilisée pour les transports qui n’ont d’autre objet que la rapidité. La route, elle, doit redevenir pour l’automobiliste de la fin du vingtième siècle ce qu’était le chemin pour le piéton ou le cavalier : un itinéraire que l’on emprunte sans se hâter, en en profitant pour voir la France. Que l’on se garde donc de détruire systématiquement ce qui en fait la beauté !

Georges Pompidou

http://www.deslettres.fr … (FONTE)

The Skills of Leonardo da Vinci

Leonardo

Some time in the 1480s (experts tend to agree with 1483/84, at which point he was approximately 32-years-old) Leonardo da Vinci applied for a job at the court of Ludovico Sforza, the then de facto ruler of Milan. He did so by way of the following application letter — essentially a fascinating CV which, in an effort to appeal to Sforza’s needs at the time, is dominated by his undeniably impressive military engineering skills and doesn’t even hint at his artistic genius until the end.
Da Vinci’s efforts paid off, and he was eventually employed. A decade later, it was Sforza who commissioned him to paint The Last Supper.

(Source: Leonardo on Painting: An Anthology of Writings by Leonardo da Vinci with a Selection of Documents Relating to His Career; Image: Leonardo da Vinci, a self-portrait, via.)

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Je ne voulais pas te laisser partir sans t’avoir connue | Lettre de Georges Simenon à sa mère décédée

Ma chère maman,

Voilà trois ans et demi environ que tu es morte à l’âge de quatre-vingt onze ans et c’est seulement maintenant que, peut-être, je commence à te connaître. J’ai vécu mon enfance et mon adolescence dans la même maison que toi, avec toi, et quand je t’ai quittée pour gagner Paris, vers l’âge de dix-neuf ans, tu restais encore pour moi une étrangère.

D’ailleurs, je ne t’ai jamais appelée maman mais je t’appelais mère, comme je n’appelais pas mon père papa. Pourquoi ? D’où est venu cet usage ? Je l’ignore.

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À l’heure, si sombre encore, de la civilisation où nous sommes, le misérable s’appelle l’homme.

Lettre de Victor Hugo sur les Misérables à M. Daelli

Vous avez raison, monsieur, quand vous me dites que le livre les Misérables est écrit pour tous les peuples. Je ne sais s’il sera lu par tous, mais je l’ai écrit pour tous. Il s’adresse à l’Angleterre autant qu’à l’Espagne, à l’Italie autant qu’à la France, à l’Allemagne autant qu’à l’Irlande, aux républiques qui ont des esclaves aussi bien qu’aux empires qui ont des serfs. Les problèmes sociaux dépassent les frontières. Les plaies du genre humain, ces larges plaies qui couvrent le globe, ne s’arrêtent point aux lignes bleues ou rouges tracées sur la mappemonde. Partout où l’homme ignore et désespère, partout où la femme se vend pour du pain, partout où l’enfant souffre faute d’un livre qui l’enseigne et d’un foyer qui le réchauffe, le livre les Misérables frappe à la porte et dit : Ouvrez-moi, je viens pour vous.

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“Comment as-tu pu partir sans moi?” | Lettre d’une veuve à son mari défunt

En 1998, un groupe d’archéologues découvrait en Corée du Sud le cercueil de Eung-Tae Lee, mâle membre de la dynastie des Goseong Yi (XVIème siècle) : une lettre écrite par sa veuve, enceinte de Won, leur futur enfant, accompagnait les restes du mari défunt. Une sublime lettre d’amour par-delà la mort, découverte 5 siècles plus tard.

1 juin 1586

Au père de Won,

Le 1er juin 1586

Tu disais toujours « Mon amour, vivons ensemble jusqu’à ce que nos cheveux deviennent gris et que nous mourrions le même jour ». Comment as-tu pu mourir sans moi ? Qui allons-nous écouter moi et notre petit garçon et comment allons-nous vivre ? Comment as-tu pu partir sans moi ?

Ler mais:

http://www.deslettres.fr/lettre-dune-veuve-a-son-mari-defunt-comment-as-tu-pu-partir-sans-moi/ (FONTE)

lettre

Tu es avec moi, en mes pensées toujours, avec le petit bébé | Lettre de Marlon Brando à Tarita

Eté 1963

Ma cher [sic] petite Tarootu,

Tout d’abord, je t’embrasse bien fort et le [sic] petite chose, là que nous avons fait. Je suis tellement fier de toi. Comme j’ai regretté que je ne peux […] pas être avec toi pour t’aider et tenir ta main à ce moment-là. Tu as fait une chose belle, la plus belle chose qu’une femme peut [sic] faire. Je suis très heureux. ça m’étonne que quand [sic] tu as accouché il a été si vite. Une demi-heure, Léo m’a dit. Est-ce qu’il me ressemble ? Qu’est ce qu’il a comme yeux, cheveux, peau ? J’espère qu’il a ton [sic] couleur parce que tu sais que j’aime pas les blanc [sic] Tahitiens. Je suis tellement anxieux pour [sic] le voir. Il faut que tu m’envoies une jolie photo de lui, comme ça [suit un portrait dessiné à la plume]. Est-ce qu’il a des yeux chinois ?

S’il vous plaît, dis-moi la note pour la maternité et toutes les dépenses, je vais t’envoyer de l’argent pour tout ça.

Je vais arriver vers le 14 de juillet. Le moment que [sic] je finis [sic] mon travail, j’arriverai. Je veux que cette lettre arrive avec l’avion, jeudi, et c’est mieux que je m’arrête maintenant pour être sûr.

Tarita, tu es vraiment la Reine maintenant. Tu es avec moi, en mes pensées toujours, avec le petit bébé. Je vais te voir bientôt maintenant.

Je t’embrasse tendrement, j’ai adoré ta lettre.

Tout mon amour, à toi et lui,

Marlon.

P.S. Alice t’embrasse et tout le monde est heureux.

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Je t’aime avec fureur | Lettre d’Auguste Rodin à Camille Claudel

D’Auguste Rodin, né le 12 novembre 1840, qu’a retenu la postérité ? Son œuvre monumentale, la porte de l’Enfer, le Baiser, le Rodin balzacien ou son idylle tragique et sublime avec Camille Claudel. De cette relation passionnée et déchirante, qui conduira la jeune femme à la folie, l’asile et la mort, le maître exprime dans cette lettre la fureur et la violence d’un amour dévorant.

1886

Ma féroce amie,

Ma pauvre tête est bien malade, et je ne puis plus me lever le matin. Ce soir, j’ai parcouru (des heures) sans te trouver nos endroits. que la mort me serait douce ! et comme mon agonie est longue. Pourquoi ne m’as-tu pas attendu à l’atelier. où vas-tu ? à quel douleur, j’étais destiné. J’ai des moments d’amnésie où je souffre moins, mais aujourd’hui, l’implacable douleur reste. Camille ma bien aimée malgré tout, malgré la folie que je sens venir et qui sera votre oeuvre, si cela continue. Pourquoi ne me crois-tu pas ? J’abandonne mon Salon [ou : Dalou ?] la sculpture ; Si je pouvais aller n’importe où, un pays où j’oublierai, mais il n’y en a pas. Il y a des moments où franchement je crois que je t’oublierai. Mais en un seul instant, je sens ta terrible puissance. Aye pitié méchante. Je n’en puis plus, je ne puis plus passer un jour sans te voir. Sinon l’atroce folie. C’est fini, je ne travaille plus, divinité malfaisante, et pourtant je t’aime avec fureur.

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Lettre d’Albert Camus à René Char | “On parle de la douleur de vivre. Mais ce n’est pas vrai, c’est la douleur de ne pas vivre qu’il faut dire.”

Albert Camus, né il y a exactement 100 ans, restera comme une figure singulière dans la culture et l’histoire : immense écrivain, penseur à la fois engagé et en rupture avec son époque et, fait rare, homme d’exception, à la hauteur d’une oeuvre lumineuse et nécessaire. Son chemin aura croisé l’aventure d’un autre homme d’exception, René Char, poète sibyllin et résistant. Après la publication de L’homme révolté, attaqué de toutes parts, c’est dans cette amitié que Camus se réfugie, comme en témoigne cette lettre magnifique.

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Lettre de Frederico Fellini à un Jésuite : « Mes films ne naissent pas sur une trame logique, mais sur une dimension d’amour ».

Frederico Fellini, né le 20 janvier 1920 et décédé le 31 octobre 1993, fut l’un des plus grands réalisateurs du cinéma européen : pilier du néoréalisme italien, auteur de chefs-d’œuvre tels que La Dolce VitaLa Strada ou Huit et demi, sa personnalité joviale et sa  production artistique marginale en font une figure à part. Dans cette lettre à un Jésuite – correspondant très éloigné de l’univers du réalisateur – Fellini s’attache alors à définir son œuvre et les enjeux magnifiques de son travail : « faire se dessiner un sourire sur un visage en pleurs ».

fellini

Mon Père, vous avez bien voulu me demander quelques notes sur la conception spirituelle de mon monde filmique.

Il n’est pas facile de répondre à cette question, car je ne me suis jamais donné pour tâcher d’exposer, dans mes films, une conception particulière de la vie.

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Lettre de Paul Newman à sa femme Joanne Woodward : « Etre heureux dans son mariage n’arrive pas par hasard. »

Il y a 5 ans, en octobre 2008, décédait le mythique Paul Newman, acteur aux visages multiples, il fut notamment remarqué pour sa performance incendiaire dans le film La chatte sur un toit brûlant et plus tard dans Les Sentiers de la Perdition. Si son regard bleu a marqué l’histoire du cinéma, l’acteur lui n’avait d’yeux que pour sa femme Joanne Woodward. Mariés en 1958, les deux époux ne se sont plus quittés jusqu’à la mort de l’acteur. Le jour de son mariage, Paul Newman écrivait cette lettre touchante et émouvante à sa femme où il explique sa vision du mariage idéal.

Newman

1958

Être heureux dans son mariage n’arrive pas par hasard. Un bon mariage se construit. Dans l’Art du Mariage, les petites choses sont les choses importantes. C’est n’être jamais trop vieux pour se tenir par la main. C’est se souvenir de dire “Je t’aime” au moins une fois par jour. C’est ne jamais se coucher fâchés. C’est ne jamais considérer l’autre comme acquis, la séduction ne s’arrête pas après la lune de miel; elle doit se poursuivre à travers les ans. C’est avoir les mêmes valeurs et des objectifs communs. C’est affronter le monde ensemble. C’est former un cercle d’amour qui rassemble la famille entière. C’est faire des choses l’un pour l’autre, non pas par sens du devoir ou du sacrifice, mais avec joie. C’est dire combien on apprécie l’autre et montrer sa reconnaissance par de petites attentions. C’est ne pas voir son mari comme un saint ni donner des ailes d’anges à son épouse. C’est ne pas chercher la perfection chez l’un et l’autre. C’est cultiver la flexibilité, la patience, la compréhension et le sens de l’humour. C’est être capable de pardonner et d’oublier. C’est créer un climat où l’un et l’autre peuvent évoluer. C’est trouver une place à la spiritualité. C’est une recherche commune de bonté et de beauté. C’est établir une relation où l’indépendance est partagée, où la dépendance est mutuelle et l’obligation réciproque. Ce n’est pas seulement épouser le partenaire idéal mais aussi être le partenaire idéal.

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Lettre de Lou Reed à Delmore Schwartz : « Je voulais écrire. Une phrase aussi bonne que l’une des vôtres. »

Lou Reed s’est éteint le dimanche 27 octobre 2013, à l’âge de 71 ans. Figure mythique de la musique et des cultures de l’underground, star presque malgré lui, ce compositeur-chanteur-guitariste d’exception, fondateur des Velvet Underground, qui créa les immortels Take a walk on the wild side, Vicious, Perfect day ou encore Satellite of love, était un féru de littérature. Prince du punk et du rock, il doit sa passion poétique, son amour des mots, l’amenant à écrire des recueils de poèmes et à consacrer l’une de ses dernières tournées à lire en public Edgar Allan Poe, à son professeur de littérature, le poète Delmore Schwartz. En hommage à ces deux personnages, voici la lettre posthume de l’élève au maître : une exclusivité deslettres !

Lou-reed

1er juin 2012

Ô Delmore, comme vous me manquez. C’est vous qui m’avez insufflé l’envie d’écrire. Vous êtes le meilleur homme que j’aie jamais rencontré. Vous saviez saisir les émotions les plus profondes avec les mots les plus simples. Vos titres étaient plus que suffisants pour éveiller en moi des muses enflammées. Vous étiez un génie. Maudit.

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Lettre de François Mitterrand à Marie-Louise, sa fiancée : « Mon bonheur ne dépend que de toi, et je ne suis pas malheureux de constater ma dépendance »

François Mitterrand, figure incontournable, aussi adulée que détestée de la société française, a fait couler beaucoup d’encre. Si sa vie intime et publique a été révélée au grand jour par de nombreux témoignages, scandales, et autres publications sulfureuses, si son passé est empreint de polémiques, il est un visage de Mitterand qui reste méconnu : l’amoureux. En pleine seconde guerre mondiale, François Mitterand est fiancé à une certaine Marie-Louise Terrasse, qui deviendra par la suite Catherine Langeais, présentatrice de télévision qui fera date. Le goût de la littérature et l’amour ont enivré l’intrépide Mitterand dans cette lettre pour le moins surprenante à sa Dulcinée.

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5 mars 1940

Ma fiancée chérie, tu le vois, j’ai peine à me séparer de toi. D’un seul coup, ce vide où je suis précipité loin de toi, m’effraie. Et je tente de continuer notre conversation. J’essaie de croire que tu es là et que tu m’entends. Ce qui rend une lettre si difficile, c’est qu’elle ne peut tenir compte du silence : près de toi, les paroles sont douces, mais pas nécessaires ; il semble que je puis t’exprimer aussi bien mon amour en me taisant. Comment rendre avec des phrases ce qui est si terriblement simple ? Comment te dire je t’aime alors que je le sens si profondément ?

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Lettre de Pablo Picasso sur l’art : « Je ne cherche pas, je trouve ».

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Pablo Picasso est l’un des peintres majeurs du XXè siècle, et l’une des figures de proue du cubisme ; tant et si bien que l’un de ses camarades, le mathématicien Maurice Princet, dit de lui qu’il était « l’accoucheur » du cubisme. Sa notoriété, qui n’est pas à démentir, et son talent indéniable l’amènent en 1926 à écrire pour le magazine moscovite Ogoniok une lettre ouverte sur sa conception de l’art et la création de ses contemporains. A l’occasion de son anniversaire, deslettres.fr vous en partage sa retranscription, confession de l’un des plus grands génies de notre époque.

1926

On me prend d’habitude pour un chercheur. Je ne cherche pas, je trouve.

On veut faire du cubisme une espèce de culture physique. On voit tous les jours des tas de gens décrépits qui se donnent pour des “costauds” ; ils prétendent arriver à la puissance en réduisant tout à un carré.

Mon  œuvre parfaitement logique, mon  œuvre à laquelle je consacre tous mes efforts, ne leur sert qu’à faire quelque chose d’artificiel, dénué de toute réalité.

Voyez, par exemple, X… En voilà un qui est vraiment “arrivé”.

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Lettre de François Truffaut à Jean-Luc Godard : « Selon moi tu te conduis comme une merde ».

Membres emblématiques de La Nouvelle Vague, après avoir fait les beaux jours desCahiers du Cinéma, Jean-Luc Godard, célèbre pour A Bout de Souffle, Le Mépris ou La Chinoise, et François Truffaut, réalisateur des 400 Coups  allaient éprouver un jour les affres de la rupture de leur si belle amitié. En 1973, une lettre d’insulte, faisant état de divergences irréconciliables, du gentil et doux François Truffaut sera le détonnant final de leur relation.

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Mai-juin 1973

Jean-Luc.

Pour ne pas t’obliger à lire cette lettre désagréable jusqu’au bout, je commence par l’essentiel : je n’entrerai pas en co-production dans ton film. Deuxièmement, je te retournerai ta lettre à Jean-Pierre Léaud : je l’ai lue et je la trouve dégueulasse. C’est à cause d’elle que je sens le moment venu de te dire, longuement, que selon moi tu te conduis comme une merde.

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Lettre de Camille Claudel au Docteur Michaux : « C’est affreux d’être abandonnée de cette façon, je ne puis résister au chagrin qui m’accable. »

Camille Claudel, l’une des premières sculptrices, d’un talent reconnu et envié par le maître incontesté de l’époque, Auguste Rodin -son professeur et amant-, artiste pionnière et femme libérée des conventions sociales et familiales de son temps, est décédée le 19 octobre 1943, après 30 ans d’internement psychiatrique. Enfermée de force le 10 mars 1913 à la demande de sa famille, elle ne cessera de demander sa remise en liberté, de dénoncer les motifs et les conditions misérables de son incarcération, et plongera peu à peu dans la folie, nourrie de délires de persécution. En hommage à cette martyre de l’art, à cette immense artiste écrasée par la société et son époque, voici une lettre de supplication adressée au docteur Michaux, véritable cri de souffrance et appel au secours pour fuir la misère sordide qui l’étouffe et finalement, l’emportera.

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15 juin 1918

Monsieur le Docteur,

Vous ne vous souvenez peut-être plus de votre ex-cliente et voisine, Mlle Claudel, qui fut enlevée de chez elle le 3 mars 1913 et transportée dans les asiles d’aliénés d’où elle ne sortira peut-être jamais. Cela fait cinq ans, bientôt six, que je subis cet affreux martyre. Je fus d’abord transportée dans l’asile d’aliénés de Ville-Evrard puis, de là, dans celui de Montdevergues près Montfavet (Vaucluse). Inutile de vous dépeindre quelles furent mes souffrances. J’ai écrit dernièrement à monsieur Adam, avocat, à qui vous aviez bien voulu me recommander, et qui a plaidé autrefois pour moi avant tant de succès ; je le prie de vouloir bien s’occuper de moi. Mais dans cette circonstance, vos bons conseils me seraient nécessaires car vous êtes un homme de grande expérience et, comme docteur en médecine, très au courant de la question. Je vous prie donc de vouloir bien causer de moi avec monsieur Adam et de réfléchir à ce que vous pourriez faire pour moi. Du côté de ma famille il n’y a rien à faire ; sous l’influence de mauvaises personnes, ma mère, mon frère et ma sœur n’écoutent que les calomnies dont on m’a couverte.

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