Sozinho Com Todo O Mundo | Poema de Charles Bukowski com narração de Mundo Dos Poemas

Poesia e poema de autor americano. Charles Bukowski (1920-1994). Poeta, contista, romancista e novelista foi considerado o último “escritor maldito” da literatura norte-americana. Henry Charles Bukowski Jr. (1920-1994) nasceu em Andernach, Com 15 anos de idade começou a escrever suas primeiras poesias. Em 1939 ingressou o curso de Literatura na Los Angeles City College, onde permaneceu durante dois anos. Com 24 anos Charles Bukowski escreveu seu primeiro conto “Aftermath of a Length of a Rejectio Slip”, que foi publicado na Story Magazine. Dois anos mais tarde publica “20 Tanks From Kasseidown”. Depois de escrever durante uma década desilude-se com o processo de publicação de seu trabalho e resolve viajar pelos Estados Unidos fazendo trabalhos temporários e morando em pensões baratas. Em 1952 emprega-se como carteiro no Correio Postal de Los Angeles, onde permanece durante 3 anos. Entrega-se à bebida e em 1955 se hospitalizasse com uma úlcera hemorrágica muito grave. Quando deixou o hospital começou a escrever poesias. No início dos anos 60 voltou a trabalhar nos correios. Mais tarde viveu em Tucson, onde fez amizade com Jon Webb e Gypsy Lon, que o incentivaram a publicar e viver de sua literatura. Começou a publicar alguns poemas em revistas de literatura. Loujon Press publicou “It Catches My Heart in Its Hands” (1963) e “Crucifix in a Deathhand” (1965).Em 1969, foi convidado pelo editor John Martin da Black Sparrow Press, por uma boa remuneração, para se dedicar integralmente a escrever seus livros. A maioria de seus livros foi publicada nessa época. Em 1971 publicou “Cartas na Rua”, em que o protagonista, seu alter ego, o acompanhou em quase todos os seus romances. Em 1976 conhece Linda Lee Beighle e se mudou para São Pedro, no sul da cidade de Los Angeles, onde permaneceram juntos até 1985. Bukowski fala dela em suas novelas “Mulheres” (1978) e “Hollywood” (1989), através do personagem Sara. Charles Bukowski deixou uma vasta obra marcada por seu humor ferino e seu estilo obsceno, sendo comparado com Henry Miller, Louis-Ferdinand e Ernest Hemingway. A sua forma descuidada com a escrita, onde predominam personagens marginais, como prostitutas, corrida de cavalos, pessoas miseráveis etc. Foi visto como um ícone da decadência norte-americana e da representação niilista característica presente após a Segunda Guerra Mundial. Publicou: “Notas de Um Velho Safado”, “Crônicas de Um Amor Louco”, “Ao Sul de Lugar Nenhum” e “O Amor é Um Cão dos Diabos”, entre outros. Charles Bukouwski faleceu em São Pedro, Califórnia, Estados Unidos, no dia 9 de março de 1994.

A CANÇÃO DA VIDA | Mário Quintana

A vida é louca

a vida é uma sarabanda

é um corrupio…

A vida múltipla dá-se as mãos como um bando

de raparigas em flor

e está cantando

em torno a ti:

Como eu sou bela

amor!

Entra em mim, como em uma tela

de Renoir

enquanto é primavera,

enquanto o mundo

não poluir

o azul do ar!

Não vás ficar

não vás ficar

aí…

como um salso chorando

na beira do rio…

(Como a vida é bela! )

Elegia das Águas Negras para Che Guevara | por Eugénio de Andrade

Atado ao silêncio, o coração ainda

pesado de amor, jazes de perfil,

escutando, por assim dizer, as águas

negras da nossa aflição.

Pálidas vozes procuram-te na bruma;

de prado em prado procuram

um potro mais libre, a palmeira mais alta

sobre o lago, um barco talvez

ou o mel entornado da nossa alegria.

Olhos apertados pelo medo

aguardam na noite o sol do meio-dia,

a face viva do sol onde cresces,

onde te confundes com os ramos

de sangue do verão ou o rumor

dos pés brancos da chuva nas areias.

A palavra, como tu dizias, chega

húmida dos bosques: temos que semeá-la;

chega húmida da terra: temos que defendê-la;

chega com as andorinhas

que a beberam sílaba a sílaba na tua boca.

Cada palavra tua é um homem de pé,

cada palavra tua faz do orvalho uma faca,

faz do ódio um vinho inocente

para bebermos, contigo

no coração, em redor do fogo.

PROCURA-SE UM AMIGO | Vinicius de Morais

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

VINICIUS DE MORAES em ESCRITAS

“Poema à Mãe”, Eugénio de Andrade, dito por Manuel Capitão

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha – queres ouvir-me? –
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda ouço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio de um laranjal…

Mas – tu sabes – a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Fatma Said records “Aatini Al Naya Wa Ghanni” أعطنى الناى وغنى

La soprano égyptienne, formée dans les écoles prestigieuses de musique berlinoises, chante en arabe , en français et espagnol, aussi bien des airs d’opéra, que des chants du patrimoine arabe et européen. Le mariage magique entre l’Orient et l’Occident. Ouarda, fayrouz, Oum keltoum, etc. ont une jeune héritière. Écoutez. [Souad Khodja]