Poesia e poema de autor americano. Charles Bukowski (1920-1994). Poeta, contista, romancista e novelista foi considerado o último “escritor maldito” da literatura norte-americana. Henry Charles Bukowski Jr. (1920-1994) nasceu em Andernach, Com 15 anos de idade começou a escrever suas primeiras poesias. Em 1939 ingressou o curso de Literatura na Los Angeles City College, onde permaneceu durante dois anos. Com 24 anos Charles Bukowski escreveu seu primeiro conto “Aftermath of a Length of a Rejectio Slip”, que foi publicado na Story Magazine. Dois anos mais tarde publica “20 Tanks From Kasseidown”. Depois de escrever durante uma década desilude-se com o processo de publicação de seu trabalho e resolve viajar pelos Estados Unidos fazendo trabalhos temporários e morando em pensões baratas. Em 1952 emprega-se como carteiro no Correio Postal de Los Angeles, onde permanece durante 3 anos. Entrega-se à bebida e em 1955 se hospitalizasse com uma úlcera hemorrágica muito grave. Quando deixou o hospital começou a escrever poesias. No início dos anos 60 voltou a trabalhar nos correios. Mais tarde viveu em Tucson, onde fez amizade com Jon Webb e Gypsy Lon, que o incentivaram a publicar e viver de sua literatura. Começou a publicar alguns poemas em revistas de literatura. Loujon Press publicou “It Catches My Heart in Its Hands” (1963) e “Crucifix in a Deathhand” (1965).Em 1969, foi convidado pelo editor John Martin da Black Sparrow Press, por uma boa remuneração, para se dedicar integralmente a escrever seus livros. A maioria de seus livros foi publicada nessa época. Em 1971 publicou “Cartas na Rua”, em que o protagonista, seu alter ego, o acompanhou em quase todos os seus romances. Em 1976 conhece Linda Lee Beighle e se mudou para São Pedro, no sul da cidade de Los Angeles, onde permaneceram juntos até 1985. Bukowski fala dela em suas novelas “Mulheres” (1978) e “Hollywood” (1989), através do personagem Sara. Charles Bukowski deixou uma vasta obra marcada por seu humor ferino e seu estilo obsceno, sendo comparado com Henry Miller, Louis-Ferdinand e Ernest Hemingway. A sua forma descuidada com a escrita, onde predominam personagens marginais, como prostitutas, corrida de cavalos, pessoas miseráveis etc. Foi visto como um ícone da decadência norte-americana e da representação niilista característica presente após a Segunda Guerra Mundial. Publicou: “Notas de Um Velho Safado”, “Crônicas de Um Amor Louco”, “Ao Sul de Lugar Nenhum” e “O Amor é Um Cão dos Diabos”, entre outros. Charles Bukouwski faleceu em São Pedro, Califórnia, Estados Unidos, no dia 9 de março de 1994.
Obra de Kenneth Maxwell reconstitui a saga do estudioso inglês que desvendou a vida colonial no Brasil e foi acusado de traidor em seu país
I
O livro Kenneth Maxwell on Global Trends – an historian of the 18th century looks at the contemporary world (Kenneth Maxwell sobre tendências globais: um historiador do século 18 olha para o mundo contemporâneo), publicado em 2023, em Londres, por Robbin Laird, editor (SecondLineofDefense), acaba de ganhar edição em capa dura (hardcover) acrescida de prefácio deste articulista, de um artigo de dezembro de 2023 (“Thenewhistoricaleraseenfromspace: thecaseoftheMiddleEast”) e de mais dois instigantes ensaios de 2001 (“Trapand blankcheck: acautionarynoteaboutBushandAfghanistan” e “TheC. R.Boxeraffair: heroes, traitors, andtheManchesterGuardian”.
Dentro do limitado espaço que oferece uma resenha e por sua inegável importância para os estudos da História do Brasil, vai-se destacar aqui apenas o ensaio dedicado ao historiador britânico Charles Ralph Boxer (1904-2000), grande conhecedor da história colonial de Portugal e Holanda. Em linhas gerais, o que se pode adiantar é que Boxer foi educado no Wellington College e no Royal Military College, em Sandhurst, tendo sido tenente no regimento do Lincolnshire de 1923 a 1947.
Quinta-feira, 9 de maio, decorre a sessão de lançamento do livro Piero Solidão, de Leonor Baldaque, às 18h30, na Casa do Comum, em Lisboa. Com apresentação de Raquel Marinho, de o poema ensina a cair.
Piero Solidão, um romance terno, melancólico, em busca da beleza pura, marca a estreia de Leonor Baldaque como romancista em Portugal, com tradução de Antonio Sabler.
Os governos de Portugal lá saberão de si. E saberão, porventura, porque esqueceram ou temem vir recitar em público o «Alma minha gentil» ou esse outro verso «Que eu canto o peito ilustre Lusitano / A quem Neptuno e Marte obedeceram»!
E, no entanto, diz-nos Jorge de Sena, explicando-nos tudo com uma arrebatadora erudição e com uma devastadora sedução, Camões é um poeta do futuro. Não o poeta do passado, anacrónico, imperial, colonial (e despejem-se aqui os ismos que se queiram), mas um poeta que transcende hagiografias nacionais e que, n’Os Lusíadas e sobretudo n’Os Lusíadas, apela a toda a humanidade. Camões é um expoente de universalidade, diz, quase nos fazendo o desenho, Jorge de Sena.
Em Todos Os Jardins Hei-de Florir | Poema de Sophia De Mello Breyner, com Narração. Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de novembro 1919 no Porto, onde passou a infância.Em 1939-1940 estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Publicou os primeiros versos em 1940, nos Cadernos de Poesia. Foi mãe de cinco filhos, para quem começou a escrever contos infantis. Além da literatura infantil, Sophia escreveu também contos, artigos, ensaios e teatro. Traduziu Eurípedes, Shakespeare, Claudel, Dante e, para o francês, alguns poetas portugueses. Aqui vos deixamos um dos seus poemas mais marcantes de uma autora que tinha com o mar uma relação muito especial. O poema tem narração em português.
Apesar das suas muitas afinidades com os dois maiores poetas da Roma antiga, Camões foi mais longe do que Vergílio e Horácio. Mais longe na poesia e mais longe na vida. Vergílio nunca escreveu poesia lírica; Horácio nunca escreveu poesia épica: mas Camões triunfou nos dois géneros. Na vida, Vergílio e Horácio viajaram de Itália para a Grécia e voltaram depois a Itália. Mas Camões foi o primeiro génio da literatura ocidental a passar a linha do Equador: foi o primeiro a conhecer o hemisfério sul. Viu gentes e paisagens novas; sentiu climas diferentes; e experimentou costumes com que nenhum Grego ou Romano alguma vez sonhara. Além disso, Camões foi o primeiro autor europeu a escrever um poema de amor dedicado a uma mulher não-europeia.
PS: Na imagem: «Olympia» do genial pintor francês Édouard Manet
there are worse things than being alone but it often takes decades to realize this and most often when you do it’s too late and there’s nothing worse than too late.
Uma das razões pelas quais a vida de Camões continua a ser um objecto de permanente fascínio é o facto de sobre ela sabermos quase nada.
Além da realidade material do livro «Os Lusíadas» publicado em 1572, são poucas as provas documentais que atestam acontecimentos na vida de Camões (note-se que, na sequência do Concílio de Trento, a obrigatoriedade dos registos de baptismo só entrou em vigor no reinado do cardeal D. Henrique). O que temos então de concreto? Há o documento do perdão concedido por D. João III (7 de Março de 1553), depois de Camões ter sido preso por causa da briga em que se envolveu perto do Rossio (em Lisboa), documento esse que também refere a partida iminente de Luís para a Índia. E há vários documentos relacionados com a pensão («tença») que lhe foi concedida por D. Sebastião.
Poeta, que sobreviveu a muito custo à pandemia, arranca versos da tragédia e mostra que é possível fazer poesia mesmo em situações de desafio.
I Autor de vastíssima obra, que inclui 24 obras publicadas e mais três por publicar, Eduardo Fontes (1947), poeta cearense bastante conhecido no Nordeste, talvez porque em seus versos nada herméticos e extremamente líricos sempre se mostrou muito preocupado em exaltar suas origens, está de novo no mercado com um livro de poemas, escrito entre os anos de 2020 e 2022, como resultado da reclusão forçada pela incidência da pandemia de coronavírus (covid-19), que também o atingiu, mas da qual a muito custo escapou. Por isso, dedica a obra às vítimas da pandemia, “sobreviventes da hecatombe, tratada como mimimi”, mas que matou mais de 700 mil pessoas no Brasil.
A Grécia teve Homero e Roma teve Vergílio. Itália teve Dante. Na literatura portuguesa, há um autor que não fica um milímetro abaixo destes três génios supremos da arte poética: Luís de Camões. Na verdade, os três génios supremos da poesia são quatro: Homero, Vergílio, Dante e Camões.
Sabemos que Dante nasceu em Florença e que Vergílio veio ao mundo perto de Mântua. Até sabemos a data exacta em que Vergílio nasceu: 15 de Outubro de 70 a.C. Mas, na incerteza sobre o lugar do seu nascimento, Camões é um pouco como Homero. Havia tradicionalmente sete cidades gregas que reivindicavam a honra de terem sido o berço de Homero; mas, na realidade, ninguém sabia onde e quando o grande poeta grego nascera. No caso de Camões, não serão sete as cidades que reclamam (de forma realista…) a sua naturalidade: na contenda estão apenas Coimbra (referida como local do seu nascimento por Domingos Fernandes em 1607); e Lisboa (referida nas biografias que vieram depois).
Neste livro, País de Abril – Uma Antologia, estão reunidos os poemas de Manuel Alegre que previram e anunciaram a Revolução de Abril. Poemas que falam de Abril antes de Abril e de Maio antes de Maio.
Em O Canto e as Armas, escrito em 1967, há aqueles quatro versos de «Poemarma» que, decerto, anunciam o primeiro comunicado da Revolução:
Que o poema seja microfone e fale uma noite destas de repente às três e tal para que a lua estoire e o sono estale e a gente acorde finalmente em Portugal.
Nas livrarias a 25 de Março ( publicado pela 1ª vez no blog em 20-03-2014 )
Solitário
por entre a gente eu vi o meu país.
Era um perfil
de sal
e abril.
Era um puro país azul e proletário.
Anónimo passava. E era Portugal
que passava por entre a gente e solitário
nas ruas de Paris.
Vi minha pátria derramada
na Gare de Austerlitz. Eram cestos
e cestos pelo chão. Pedaços
do meu país.
Restos.
Braços.
Minha pátria sem nada
sem nada
despejada nas ruas de Paris.
E o trigo?
E o mar?
Foi a terra que não te quis
ou alguém que roubou as flores de abril?
Solitário por entre a gente caminhei contigo
os olhos longe como o trigo e o mar.
Éramos cem duzentos mil?
E caminhávamos. Braços e mãos para alugar
meu Portugal nas ruas de Paris.
Manuel Alegre | 04-08-2023 (1ª publicação no blog)
Nuno Júdice, um dos maiores nomes da poesia contemporânea nacional, morreu este domingo aos 74 anos. Deixamos aqui cinco poemas sobre o amor, a vida e a morte para o conhecer melhor. Só um pouquinho melhor. Portanto: podíamos saber um pouco mais acerca de Nuno Júdice. Mas não seria isso que nos impediria de ir comprar mais logo os livros dele.
Princípios
Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.
Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.
Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
Em livro de estreia, a poeta surpreende por sua sutileza verbal em seu anseio por dias melhores
I Depois de participar de várias coletâneas e antologias como designer gráfica, Rose Araujo, como poeta, estreia em livro solo com Quando Vida Poesia (Curitiba, Selo Inside/Editorial Casa, 2022), obra concebida a partir de 2017, mas que tomou forma final nos anos da pandemia de coronavírus (covid-19) e traz como prefácio um ensaio do poeta Tanussi Cardoso e texto de apresentação assinado pelo escritor e revisor Ricardo Alfaya. São versos ligeiros, que, por seu lirismo e concisão, apr oximam-se do gênero haicai, modelo literário de origem nipônica que no Brasil teve como ilustres representantes Guilherme de Almeida (1890-1969), Millor Fernandes (1923-2012) e Paulo Leminski (1944-1989), entre outros.
Patrícia Reis apresenta o seu mais recente trabalho literário, “A Desobediente – Biografia de Maria Teresa Horta”, a ser lançado pela Contraponto no próximo dia 7 de março. Este é o sexto volume da coleção de Biografias de Grandes Figuras da Cultura Contemporânea e o primeiro que envolve diretamente, por meio de entrevistas, a própria personalidade biografada. O livro inclui revelações importantes sobre a vida e obra de uma das figuras mais proeminentes da literatura nacional.
Mais do que uma narrativa biográfica, esta obra é uma conversa íntima, em vários momentos sussurrada ao ouvido, com uma mulher, poetisa, mãe, ativista política e uma das vozes mais influentes e inquebrantáveis de Portugal. Maria Teresa Horta, desde tenra idade, enfrentou as vicissitudes da vida com intrepidez, sobrevivendo não apenas às adversidades pessoais, mas erguendo-se também como uma fervorosa defensora dos direitos das mulheres e uma figura proeminente na cena política nacional.
Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer, como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso, como este ribeiro manso, em serenos sobressaltos, como estes pinheiros altos, que em oiro se agitam, como estas aves que gritam em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho é vinho, é espuma, é fermento, bichinho alacre e sedento, de focinho pontiagudo, que foça através de tudo num perpétuo movimento.
Sin duda, Charles Baudelaire, es hoy por hoy un destino ineludible en todo aquel que persiga la poesía, la filosofía, y la belleza. El autor de Las flores del mal, el dandy oscurecido que desafío la moral y los conceptos de belleza es un nombre destinado a reverberar para siempre.
Poemas do israelense Rami Saari chegam ao Brasil pela primeira vez e encantam por seu viés multicultural.
I Um hebreu que nasceu em Israel, filho de um romeno e de uma argentina, que vive entre Helsinque e Atenas, fala um perfeito castelhano e conhece mais de uma dezena de idiomas, e ainda é poeta, só podia produzir uma obra multilinguística e multicultural, como bem a definiu o jornalista, ensaísta e poeta Moacir Amâncio, doutor em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo (USP). Esse poeta chama-se Rami Saari (1963), tradutor para o hebraico de uma centena de livros das literaturas albanesa, catalã, espanhola, estoniana, finlandesa, grega, húngara, turca, portuguesa e brasileira, que agora, pela primeira vez, tem uma antologia de seus versos publicada no Brasil, com texto de apresentação de Moacir Amâncio, professor titular da USP, que fez também algumas adaptações para o Português do Brasil na tradução do hebraico, de autoria do tradutor português Francisco da Costa Reis.
Escritor e poeta, Fernando Pessoa é considerado, ao lado de Luís de Camões, o maior poeta da língua portuguesa e um dos maiores da literatura universal. O crítico literário Harold Bloom afirmou que a obra de Fernando Pessoa é o legado da língua portuguesa ao mundo.
Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, em junho de 1888, e morreu em novembro de 1935, na mesma cidade, aos 47 anos, em consequência de uma cirrose hepática. A sua última frase foi escrita na cama do hospital, em inglês, com a data de 29 de Novembro de 1935: ‘I know not what tomorrow will bring’ (Não sei o que o amanhã trará).
«Dois escritores, nascidos no mesmo ano, com carreira no jornalismo, um em Lisboa e outro no Porto, correspondem-se durante os primeiros 40 dias do confinamento de 2020. As missivas são uma maneira de enfrentar e manter a sanidade durante a Pandemia.
E falam de amores, traições, sexo, dinheiro, poesia, família, política e do sentido da vida – ou da sua falta. Uma escrita pura e dura, sem rodeios. Há esperança e desespero. Ninguém sabe se vai ficar tudo bem. Tiago Salazar e Frederico Duarte Carvalho deixam-nos um documento histórico e que irá perdurar para além do tempo.»
Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra – mistério profundo – de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.
Mãe! São três letras apenas As desse nome bendito: Três letrinhas, nada mais… E nelas cabe o Infinito E palavra tão pequena – confessam mesmo os ateus – É do tamanho do Céu! E apenas menor que Deus…
I Crítico e ensaísta que segue as pegadas de autores renomados como Massaud Moisés (1928-2018) e Wilson Martins (1921-2010), André Seffrin (1965) reuniu em O demônio da inquietude (Santarém, Portugal, Rosmaninho Editora de Arte, 2023) resenhas, memórias, apresentações de livros, crônicas, pequenos ensaios e prefácios publicados em três décadas de atividade literária, que inclui não só textos que saíram à luz em jornais impressos, revistas e sites como a organização de antologias e obras completas de grandes poetas e pensadores brasileiros. Analista de fina imaginação e estilo em que se sobressai uma “linguagem limpa, clara, concisa, direta, rica de timbres e tonalidades”, como observou o poeta, memorialista, historiador, ensaísta e diplomata Alberto da Costa e Silva (1931), ex-presidente da Academia Brasileira de Letras e ex-embaixador do Brasil em Portugal, Seffrin oferece ao leitor um panorama da Literatura Brasileira e das artes visuais dos dois últimos séculos que equivale a um curso de Letras completo.
A Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) será o cenário de um evento imperdível para os amantes da poesia, marcado para o dia 28 de outubro de 2023, às 16hs, no auditório da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). O renomado escritor Valdeck Almeida de Jesus revelará seu mais novo livro de poemas, Poemário aos meus Deuses – ou Cate-Cisma, durante um encontro que promete ser um marco na literatura brasileira, com mediação da professora, poeta e escritora Sandra Liss.
Valdeck Almeida de Jesus é conhecido por sua poesia crua e impactante, e este livro não é exceção. Poemário aos meus Deuses – ou Cate-Cisma reúne 40 poemas que mergulham na diversidade da experiência humana, explorando temas que variam desde família, religião, até questões sociais contemporâneas e dilemas existenciais profundos. O autor constrói uma narrativa poderosa e crítica que toca o leitor em vários níveis.
Esta crônica não tem compromisso com o presente, nem com uma ou outra circunstância que possa sitiar o cronista enquanto a escreve ou a você, leitor, quando estiver a lê-la – e o tempo já terá consumido a ânsia de escrevê-la. O tempo se estará consumindo agora que você a lê, similarmente a quando foi composta. Ora, sabemos através de Santo Agostinho que “o tempo é a imagem móvel da Eternidade”. Nada haverá, pois, que possa resistir à memória fugaz da crônica que não seja o olhar do Eterno e para o Eterno. Tudo flui, ensinava Heráclito de Éfeso, retomado pelo filósofo (e bom cronista) Vicente Ferreira da Silva[1]. E tudo flui porque “existir é coexistir”. Tudo flui porque “uma só coisa é em nós o vivo e o morto, o desperto e o adormecido, o jovem e o velho; unicamente que ao inverter-se umas resultam as outras e, ao inverter-se estas, resultam aquelas.”
Amo cada minuto onde o teu coração respira longe do meu e tão perto.
Anda o sol desvairado a encher os espaços e são barcos o que procuro para navegar numa praia impossível.
Amo – te com o pensamento colado ao coração e são quentes as memórias onde vives.
Não ouço aves. Tudo no silêncio que abrasa são beijos quentes que nunca te darei em mais nenhum verão, que a juventude escondeu-se de nós, em águas indomáveis de lonjura.
Toda a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen, em nova edição, com inéditos da autora.
A presente edição reúne toda a obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen, seguindo e atualizando os critérios de fixação de texto adotados nas edições anteriores, graças ao notável trabalho de Maria Andresen de Sousa Tavares e Carlos Mendes de Sousa, que assinam, respetivamente, o prefácio a esta edição, e a Nota de Edição. O presente volume inclui alguns poemas inéditos que integram o espólio da autora, em depósito na Biblioteca Nacional. Como nos diz Maria Andresen Sousa Tavares, no Prefácio a esta edição, há «poetas mais peritos, mais cultistas, mais destros e liricamente sofisticados, mais modernos, mais anti-modernos e pós-modernos, melhores pensadores. Mas aqui há uma força. Uma força muito raramente atingida. Há o vislumbre de um excesso não muito cauteloso, umas vezes iluminado, outras vezes rouco (“às vezes luminoso outras vezes tosco”). Mas há, sobretudo, o poder de uma simplicidade difícil de enfrentar, por vezes inconfortável, não pela dificuldade conceptual, mas porque a simplicidade é a coisa mais complexa e, neste caso, a mais difícil, porque nem sempre oferece o flanco ao diálogo, quando busca o “dicível” do esplendor e do terror, e só esse, sem literatura, onde “as Ménades dançam”.»
Para Sophia, Deus não está ausente do mundo: está dentro dele, em cada milímetro quadrado do mundo. Basta estarmos atentos para captarmos a presença de «esse deus que se oferece, como um beijo, nas paisagens» (Dia do Mar).
Hoje de manhã, ao acordar, o pensamento levou-me à lembrança de seis anos atrás, quando tive o grato prazer de participar numa conversa íntima (só que diante de 400 pessoas) sobre a obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen. Os meus interlocutores eram Ana Luisa Amaral e Miguel Sousa Tavares. Fomos admiravelmente moderados por Anabela Mota Ribeiro. O auditório da Biblioteca Almeida Garrett (Porto) encheu-se para nos ouvir – e tanto a Ana Luísa como o Miguel deram pistas extraordinárias para a compreensão da poesia de uma autora que, cada vez mais, se revela aos falantes de língua portuguesa como criadora de uma obra que, na sua aparente e desarmante simplicidade, está, como a de Mozart, ao nível do maior conseguimento artístico em termos absolutos.
A grande Inteligência é sobreviver. As tartarugas portanto não são teimosas nem lentas, dominam; SIM, a ciência. Toda a tecnologia é quase inútil e estúpida, porque a artesanal tartaruga, a espontânea TARTARUGA, permanece sobre a terra mais anos que o homem. Portanto, como a grande inteligência é sobreviver, a tartaruga é Filósofa e Laboratório, e o Homem que já foi Rei da criação não passa, afinal, de um crustáceo FALSO, um lavagante pedante; um animal de cabeça dura. Ponto.
já ninguém morre de amor, eu uma vez andei lá perto, estive mesmo quase, era um tempo de humores bem sacudidos, depressões sincopadas, bem graves, minha querida. mas afinal não morri, como se vê, ah não passava o tempo a ouvir deus e música de jazz, emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes, ah, sim, pela noite dentro, minha querida.
a gente sopra e não atina, há um aperto no coração, uma tensão no clarinete e tão desgraçado o que senti, mas realmente, mas realmente eu nunca tive jeito, ah não, eu nunca tive queda para kamikaze, é tudo uma questão de swing, de swing minha querida, saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber, e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
há ritmos na rua que vêm de casa em casa, ao acender das luzes. uma aqui, outra ali. mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha no lusco-fusco da canção parar à minha casa, o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente, minha querida, toda a gente do bairro, e então murmurarei, a ver fugir a escala do clarinete:- morrer ou não morrer, darling, ah, sim.
charles chaplin | virginia cherrill|luzes da cidade
there are worse things than being alone but it often takes decades to realize this and most often when you do it’s too late and there’s nothing worse than too late.
Bruma de oro, el Occidente alumbra La ventana. El asiduo manuscrito Aguarda, ya cargado de infinito. Alguien construye a Dios en la penumbra. Un hombre engendra a Dios. Es un judío De tristes ojos y de piel cetrina; Lo lleva el tiempo como lleva el río Una hoja en el agua declina. No importa. El hechicero insiste y labra A Dios con geometría delicada; Desde su enfermedad, desde su nada, Sigue erigiendo Dios con la palabra. El mas pródigo amor le fue otorgado, El amor que no espera ser amado.
Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Genebra, 14 de junho de 1986 foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Nasceu a 24 Agosto 1899 (Buenos Aires, Argentina), Morreu em 14 Junho 1986 (Genebra, Suíça)
Guillaume Apollinaire de Kostrowitzky nait à Rome le 26 août 1880 de père inconnu. Il est probablement le fils d’un noble officier italien dont sa jeune mère d’origine polonaise, Angelica Kostrowitzky, est la maitresse et avec qui elle aura aussi un autre enfant.
En 1887, Angelica, accro aux jeux de hasard, déménage à Monaco avec ses deux enfants. Mère négligente, elle ne s’occupe pas du tout de l’éducation de ses enfants. Guillaume, enfant à l’intelligence très vive et passionné de lecture, est placé en pension au Collège Saint Charles de Monaco. Il étudie ensuite au lycée Stanislas de Cannes et puis au lycée Masséna de Nice. C’est un élève brillant, mais pourtant il échoue au bac.
En 1900, la famille déménage à Paris. La situation économique précaire de son foyer le pousse à trouver un emploi. Il devient le précepteur d’une jeune aristocrate. Cet emploi l’amène à voyager beaucoup dans une ambiance cultivée et cosmopolite. Il commence à se consacrer à l’écriture. Il tombe amoureux de la gouvernante anglaise de la famille où il est précepteur, mais la jeune fille le rejette.
É muito bela esta mulher desconhecida que me olha longamente e repetidas vezes se interessa pelo meu nome
Eu não sei mas nos curtos instantes de uma manhã ela percorreu ásperas florestas estações mais longas que as nossas a imposição temível do que desaparece e se pergunta tantas vezes o meu nome é porque no corpo que pensa aquela luta arcaica, desmedida se cravou: um esquecimento magnífico repara a ferida irreparável do doce amor.
Deixa- me lembrar de ti. Sei que nunca virás, por isso vai devagar onde houver sombras , a mão na minha e uma lua alta a escorrer de sedução para que possa morrer nos teus braços ou morrermos os dois na dança de todos os sonhos.
A noite é a sede do teu nome no meu pensamento, por isso danço, canto, deslizo no porto do destino onde nunca desembarcámos.
Estou a olhar o calor noturno e uma leve luz ilumina os meus pensamentos.
Vens então devagar para que nunca chegues e eu possa continuar a rodar na valsa quimérica da meia noite envolta nos teus braços de neblina.
Amo cada minuto onde o teu coração respira longe do meu e tão perto.
Anda o sol desvairado a encher os espaços e são barcos o que procuro para navegar numa praia impossível.
Amo – te com o pensamento colado ao coração e são quentes as memórias onde vives.
Não ouço aves. Tudo no silêncio que abrasa são beijos quentes que nunca te darei em mais nenhum verão, que a juventude escondeu-se de nós, em águas indomáveis de lonjura.
Novo livro da poeta de Brasília denota influência de José Régio e Fernando Pessoa
I Desde o seu primeiro livro, Gota de barro (São Paulo, Poeco Editora, 1982), nunca faltaram a Aglaia Souza (1943) leitores encantados e admirados com a simplicidade e a beleza de sua poesia. E, mais de 40 anos depois, ainda é esse mesmo sentimento de admiração com o seu discurso poético que essa musicista, professora e diretora de escola de música desperta, ao publicar Canto marinho (Brasília, Observatório do Texto, 2022), novo livro em que exercita sua arte, exibindo uma poesia de caráter marcadamente musical, como assinalou o poeta Anderson Braga Horta no prefácio que escreveu para esta obra. Além disso, a autora deixa explícita a influência que recebeu de poetas portugueses consagrados, especialmente de José Régio (1901-1969), a quem o grande ensaísta, professor filósofo luso Eduardo Lourenço (1923-2020) definiu como “o último dos grandes solitários”.
A poesia, após a libertação das amarras formais pelo movimento Modernista, é hoje uma das expressões artísticas mais livres e ecléticas, que tanto pode retomar o clássico, quanto flertar com o popular, com o coloquial. De uma forma ou outra, o sucesso na composição de uma obra dependerá do talento do poeta e de como ele utiliza o tradicional ou o popular com nova roupagem. O poeta goiano Adalberto de Queiroz, ao buscar no clássico e no erudito sustentação para a sua escrita, é um bom exemplo de como, na era da pós-modernidade, o artista pode trilhar diferentes vertentes e encontrar validade em suas estratégias a partir de um trabalho bem elaborado.
Derramo os meus ‘ais’, nem sei tão pouco porque o faço, simplesmente esvazio as intempéries da alma, lanço fogos de artifício sem espetáculo, declamo na surdez vivida, pinto na tela vazia e… timbro sílabas, palavras e frases em forma de poesia.
Perguntam porque o faço, afinal estão desprovidas de vida…dizem…, meras palavras soltas numa profunda desordem gramatical…, talvez seja eu, um caso perdido; num caos corrompido, atracado num cais desencardido.
Sou, sim…um caso inexplicável, um turbilhão de sentimentos desordenados, uma mulher que esvazia a alma perdida, que toca – de mansinho – o seu DIZER, E..que pouco lhe importa que a consigam entender.
Gosto das mulheres que envelhecem, com a pressa das suas rugas, os cabelos caídos pelos ombros negros do vestido, o olhar que se perde na tristeza dos reposteiros. Essas mulheres sentam-se nos cantos das salas, olham para fora, para o átrio que não vejo, de onde estou, embora adivinhe aí a presença de outras mulheres, sentadas em bancos de madeira, folheando revistas baratas. As mulheres que envelhecem sentem que as olho, que admiro os seus gestos lentos, que amo o trabalho subterrâneo do tempo nos seus seios. Por isso esperam que o dia corra nesta sala sem luz, evitam sair para a rua, e dizem baixo, por vezes, essa elegia que só os seus lábios podem cantar.
“Soltar, entregar, deixar ir Deixar partir, fluir…”
Viver no presente, sem o peso do passado Sem expectativas para o futuro… Saber da nossa finitude. Sem posses, sem medo, sem culpa, Saber que somos passageiros de uma vida passageira.
Valentina tem consciência claríssima da vida. E é engraçado como essa lucidez não rouba seus sonhos, sua alegria, seu fazer, seu ser, seu estar.Ela está pro mundo assim como o ar está pra vida.
Relaciona-se bem com o que perdeu, embora sinta saudades… Mas, não é uma saudade doída, é uma saudade cheia de lembranças boas; as más parecem que nunca existiram, ou então sua memória as deletou no tempo. Nisto somos parecidas, sempre digo que no tempo da memória, mando eu.
Não sei dizer como Valentina ficou assim, tão desencanada com tudo. Valentina também não consegue estabelecer um ponto de partida para este seu devir no mundo. Quer saber? Isto não tem a mínima importância. Esta história de ficar querendo entender tudo, saber o profundo de todos os eus que nos habitam, já não faz parte das necessidades de Valentina.