To celebrate Einstein’s birthday this past Sunday, we examine his take on religion and spirituality.
Einstein’s disapproval of quantum physics revealed his discontent with a world without causal harmony at its deepest levels: The famous “God does not play dice.”
He embraced a “Spinozan God,” a deity that was one with nature, within all that is, from cosmic dust to humans. Science, to Einstein, was a conduit to reveal at least part of this mysterious connection, whose deeper secrets were to remain elusive.
Given that March 14th is Einstein’s birthday and, in an uncanny coincidence, also Pi Day, I think it’s appropriate that we celebrate it here at 13.8 by revisiting his relationship with religion and spirituality. Much has been written about Einstein and God. Was the great scientist religious? What did he believe in? What was God to Einstein? In what is perhaps his most famous remark involving God, Einstein expressed his dissatisfaction with the randomness in quantum physics: he “God doesn’t play dice” quote. The actual phrasing, from a letter Einstein wrote to his friend and colleague Max Born, dated December 4, 1926, is very revealing of his worldview:
Quantum mechanics is very worthy of regard. But an inner voice tells me that this is not the true Jacob. The theory yields much, but it hardly brings us close to the secrets of the Ancient One. In any case, I am convinced that He does not play dice.
oi a 13 de Março de 2013 — faz agora 10 anos –, que foi eleito. E percebeu-se logo naquela tarde que vinha como cristão: simples, sem aparato, inclinou-se perante a multidão, e ficou gravada na memória de todos aquela sua saudação: “buena sera” (boa tarde), que o tinham ido “buscar ao fim do mundo para bispo de Roma” (ele não usará o título de Papa), e, antes de dar a bênção, pediu que fossem os fiéis a pedir a bênção de Deus para ele primeiro.
O nome escolhido era revelador: Francisco, lembrando Francisco de Assis a quem pareceu uma vez ter ouvido dos lábios de Cristo crucificado o pedido: “Francisco, repara a minha Igreja, que ameaça ruina.” Sim, o Papa Francisco chegou e, por palavras e obras, é o que tem feito: não foi viver para o Palácio Apostólico, utiliza um carro modesto, está com todos, começando pelos mais pobres, acolhendo prostitutas, sorrindo e abraçando, brincando com crianças que lhe roubam o solidéu…
TD Richard Boyd Barrett adresses the President of the European Commission, Ursula von der Leyen, over what he perceives as a lack of consistency over the investigation of war crimes by different states.
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, o Ocidente formou o que parecia ser uma coligação global esmagadora: 141 países apoiaram uma moção das Nações Unidas exigindo que a Rússia se retirasse incondicionalmente.
Em contraste, a Rússia parecia isolada. A Coreia do Norte foi um dos quatro únicos países que apoiaram a Rússia e rejeitaram a medida.
Mas o Ocidente nunca conquistou tanto o mundo quanto parecia inicialmente. Outros 47 países se abstiveram ou perderam a votação, incluindo Índia e China. Muitas dessas nações “neutras” desde então forneceram apoio económico ou diplomático crucial à Rússia.
E mesmo algumas das nações que inicialmente concordaram em denunciar a Rússia veem a guerra como um problema que não é seu – e desde então começaram a orientar-se para uma posição mais neutra.
Um ano depois, está ficando mais claro: embora a coligação central do Ocidente permaneça notavelmente sólida, ela nunca convenceu o resto do mundo a isolar a Rússia.
NOAM CHOMSKY: “A MAIORIA DAS PESSOAS NÃO SE DÃO CONTA DO QUE ESTÁ ACONTECENDO DE FATO E SEQUER SABEM QUE SÃO IGNORANTES A ESSE RESPEITO”
Em sua obra necessária e contundente, o filósofo estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através dos média:
1- A ESTRATÉGIA DA DISTRACÇÃO
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes. A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neuro-biologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.
A Ucrânia perdeu a guerra. É algo óbvio desde o início, mas é bom que cada vez mais se rendam ao inevitável. Agora o jornal britânico The Guardian admite que o exército russo está preparado para uma ofensiva iminente em maior medida do que o ucraniano para a defesa. A moral das tropas ucranianas, assegura o jornal, está no chão e a taxa de suicídios é muito elevada (1).
O jornal alemão Die Welt também atira a toalha: “Até que ponto é realista uma vitória ucraniana? É quase impossível que a Ucrânia saia vitoriosa desta guerra”, reconhece o jornal (2). Para Zelensky, a vitória significa a reconquista de todos os territórios ocupados, incluindo a Crimeia. Mas nas circunstâncias atuais “isso é impossível. A Rússia ocupa atualmente cerca de 18% do território ucraniano. É mais provável que este valor aumente do que diminua no futuro”, conclui Die Welt.
O jornalista e académico uruguaio Leonardo Haberkorn, desistiu de continuar a dar aulas do curso de “Comunicação” na Universidade ORT de Montevideu, através desta carta que comoveu o mundo da Educação:
“Depois de muitos anos como professor universitário, hoje dei aula na faculdade pela última vez. Estou cansado de lutar contra telemóveis, WhatsApp e Facebook. Eles venceram-me. Eu desisto. Eu atiro a toalha ao chão. Cansei-me de falar de assuntos pelos quais eu sou apaixonado, para rapazes e raparigas que não conseguem tirar os olhos de um telemóvel que não pára de receber selfies.
É verdade que nem todos são assim, mas há cada vez mais a ficar assim. Até há três ou quatro anos, o apelo para deixar o telemóvel de lado por 90 minutos – nem que fosse só para não ser desrespeitoso – ainda teve algum efeito. Já não o está a ter. Pode ser que seja eu que me tenha desgastado demais neste combate, ou que esteja a fazer algo de errado.
A montra das redes sociais permite à grande mole, que não tem acesso à escrita e vox pública (jornais, revistas, livros…), a divulgação das suas dores, revoltas, triunfos, egos, alergias e alegrias. Escrever é uma forma de terapia como dar peidos ao vento, dançar ou dar murros e pontapés num saco ou colchão. Não requer nenhuma espécie de dom ou vocação. Quem relê o que escreve (sem plágio, imitação ou recurso ao pensamento alheio), mesmo de forma atabalhoada, deve rever-se.
É aqui que está a honestidade intelectual. O facto de ter livros publicados e de me conotarem com um escritor (amador), só me obriga a uma maior responsabilidade. Parto do princípio de que vou ser lido com mais atenção (ou maior exigência). A escrita sai como me chegam os pensamentos (e as emoções que nascem dos pensamentos ou os antecedem). Para vir aqui partilhar escritos como este tenho um fundamento: uma vontade de mobilizar o(s) leitor(es) a reler, a guardar, a partilhar, a debater o tema de fundo. Para hoje, o tema de fundo é a mania dos portugueses de viverem acima das possibilidades.
Em causa estão as críticas do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, ao ministro das Relações Externas da Rússia.
O Ministério das Relações Externas da Rússia lamentou este sábado a “hipocrisia” da União Europeia, após críticas a Lavrov por declarações “antissemitas”.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, criticou o ministro das Relações Externas da Rússia, Sergey Lavrov, que afirmou que a União Europeia formou uma “coligação” ocidental para “resolver a questão russa“, de maneira semelhante à “solução final” de Adolf Hitler para exterminar os judeus.
Borrell disse que estas afirmações somam-se “aos comentários antissemitas proferidos pelo ministro Lavrov“.
Em resposta, a Rússia acusou este sábado Borrell de liderar um exercício de “hipocrisia“, recordando as declarações do chefe da diplomacia da UE, que dividiu o mundo entre “um jardim de flores“, habitado por 1.000 milhões de europeus, e “uma selva que avança sobre este“, referindo-se a Moscovo.
Estas declarações foram realizadas por Borrell em 2022 e mereceram a crítica de países como os Emirados Árabes Unidos.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, apelaram hoje ao fortalecimento da “soberania” da União Europeia e da sua capacidade para moldar a ordem internacional, posição defendida na véspera de um Conselho de Ministros franco-alemão.
A UE enfrenta um desafio essencial de “garantir que a Europa se torne ainda mais soberana e tenha capacidades geopolíticas para moldar a ordem internacional”, referiram os dois governantes no diário Frankfurter Allgemeine Zeitung, antes do 60.º aniversário do Tratado do Eliseu, que será celebrado no domingo com um programa que inclui um conselho de ministros conjunto.
Para Macron e Scholz, a Europa deve investir mais nas suas Forças Armadas e na sua indústria de armamento. “As melhores capacidades europeias e um pilar europeu mais forte dentro da NATO também nos tornam um parceiro mais forte no Atlântico e nos Estados Unidos – mais bem equipados, mais eficientes e mais poderosos”, apontaram.
O tratado com o nome do palácio presidencial francês foi assinado em 22 de janeiro de 1963, em Paris, pelos então chefe de Estado da França, Charles de Gaulle (1890-1970), e de Governo da Alemanha Ocidental, o chanceler Konrad Adenauer (1876-1967). O acordo, considerado como um exemplo de reconciliação entre antigos inimigos, estabeleceu mecanismos de consulta e cooperação em política externa, integração económica e militar, e intercâmbio de formação de estudantes.
Dois do poemas mais conhecidos de Bertolt Brecht, que de algum modo resumem as agruras da sua vida, foram dedicados a governantes em momentos cruciais da história. Um deles, da década de 1930, parodia os discursos do governo nazi, abrindo com os seguintes versos: “Todos os dias os ministros dizem ao povo/ Como é difícil governar. Sem os ministros/ O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima”, e sabem como continua. O outro foi escrito duas décadas depois, a propósito da repressão do governo estalinista contra a revolta popular que começou em Berlim-Leste, concluindo que “O povo perdeu a confiança do governo/ E só à custa de esforços redobrados/ Poderá recuperá-la. Mas não seria/ Mais simples para o governo/ Dissolver o povo/ E eleger outro?”. Nos dois casos e em circunstâncias diferentes, os poemas respondem a tiranias. No entanto, há nesta poesia um outro traço comum, para além da sátira do discurso justificativo da prepotência, que é a desconstrução da distância. Em política, e muito atento, Brecht obrava de modo contrário ao que propunha em teatro: no primeiro caso queria denunciar e destruir a opressão baseada na distância do poder, no outro queria criar distância para evitar a identificação alienada dos espetadores com quem representava uma peça que não constituía a realidade. A realidade é suja, o teatro queria ser épico; uma engana, o outro mostra.
O processo de ocultação e de justificação narcísica pelos governantes, em todo o caso, não é uma particularidade da tirania que Brecht combatia nos dois casos. Sob formas variadas, é a própria essência da ocupação do espaço público pelo discurso do poder, ou do seu investimento na criação de um senso comum conformista. A política económica portuguesa e europeia é um exemplo transparente desse modo de dominar.
Em março de 2022, os “comentadores” de serviço explicavam que a Rússia havia perdido a guerra – iniciada um mês antes, além disso tinha ficado sem munições, os soldados sem vontade de lutar, até de falta de alimentos os militares russos padeciam. Estas afirmações foram repetidas mês após mês.
Quem parasse um minuto para pensar, chegaria à conclusão que aparentemente a Rússia era indestrutível e as suas munições inesgotáveis, tal como a vontade de combater dos seus soldados. A semelhança entre os “comentadores” de serviço e papagaios falantes é mera coincidência. Podemos daqui excluir alguns analistas militares que de uma forma geral procuram interpretar o que se passa no terreno.
O ministro dos negócios estrangeiros da Rússia atacou o apoio do Ocidente a Kiev numa conferência de imprensa, em Moscovo.
Sergey Lavrov afirmou que o seu país foi “forçado” a invadir a Ucrânia devido àquilo a que chamou de “guerra híbrida” do Ocidente contra a Rússia.
“O que está a acontecer agora na Ucrânia é o resultado de muitos anos de preparação pelos Estados Unidos e dos seus aliados para iniciar uma guerra híbrida global contra a federação russa”.
Sergey Lavrov, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia
Lavrov acrescentava que “ninguém esconde isto”, acrescentando que, “recentemente”, o Presidente croata, Zoran Milanović, afirmou que se trata de “uma guerra da NATO contra a Rússia”, o que o chefe da Diplomacia russa considerava “uma declaração simples e honesta”.
O governante parecia também descartar conversações de paz, dizendo que o Ocidente impediu Kiev de negociar.
“O Ocidente decide em nome da Ucrânia. Foram eles que proibiram Zelenskyy de chegar a um acordo com a Rússia, no final de março do ano passado, quando tal acordo estava pronto. Por isso, o Ocidente decide, e decide pela Ucrânia, sem a Ucrânia”.
Discurso defendido, há muito tempo, pelo presidente russo, Vladimir Putin. O crescente apoio do Ocidente à Ucrânia está a resultar numa retórica do Kremlin cada vez mais dura. A invasão russa da Ucrânia, e de acordo com as Nações Unidas, já matou mais de 7000 civis, os EUA falam em 40 mil.
Gosto mais da frase em inglês — on my own — do que em português: só comigo.
A minha intenção ao escrever este texto sobre o ano de 2022 é a mesma dos solitários que fazem desenhos na areia: entreterem-se enquanto falam consigo próprios. Depois, quem passa olha, se lhe apetecer acrescenta, apaga, ou distorce. E segue o seu caminho. A nova maré levará a obra. O desenhador irá olhar o vazio para lá do horizonte.
Bom ano de 2023.
Personalidades portuguesas:
– Marta Temido, a sua equipa e o SNS. A frágil ministra, juntamente com o seu sereno secretário de Estado, enfrentaram o mais poderoso e desapiedado gangue do planeta: o dos industriais e comerciantes da saúde. Os Serviços Nacionais de Saúde são uma ofensa inadmissível para os mercadores dos medicamentos, dos hospitais e clinicas, dos laboratórios e fábricas de equipamentos. Marta Temido e o seu secretário, mais da Diretora Geral da Saúde enfrentaram-nos. Se tivessem a mais pequena sombra no seu currículo, nas suas vidas privadas estariam entregues aos bichos, aos liberais! E nós, os cidadãos, com eles.
– Os “uberistas”, sejam os condutores de automóveis sejam os distribuidores de comida às costas que respondem às app e aos Tm. São os novos escravos, sem esquecer os importados para os trabalhos agrícolas. Eles antecipam o futuro das sociedades ditas desenvolvidas, e neoliberais, a par dos “colaboradores” em teletrabalho e dos robôs.
A Liberdade é para mim o valor supremo. É a Liberdade que me permite ser eu. Mas apenas posso sobreviver em sociedade, o que impõe limites à minha liberdade. Vivo e vivi a lutar por me libertar, sabendo que estarei sempre preso, mas bato-me para esticar ao máximo a corda que me limita. Cheguei à conclusão (já não era sem tempo) que passei a existência como um prisioneiro que pensou constantemente em planos de fuga, e se relacionou com os outros presos e os guardas de modo a garantir a maior liberdade possível. Descobri à minha custa o segredo de conseguir equilibrar forças numa sociedade violenta. Nada de novo. Desde a antiguidade que primeira tarefa dos chefes é assegurar a obediência dos seus subordinados. Tentei e tento superar os riscos da dissidência, da desobediência. Nunca recebi um louvor por comportamento exemplar. Não me orgulho, mas sinto-me bem por ter superado a minha dissidência e, antes do tudo o mais, aprendi a distinguir os profetas da submissão por debaixo do tropel dos gritos e dos arrepelos dos cabelos. Os movimentos de extrema-direita que estão a sair da terra como os cogumelos do estrume gritam muito, mas nada mais pretendem que um regime de submissos. A insubmissão é hoje a defesa contra a berraria dos serventuários dos poderosos.
Max Weber, o sociólogo alemão, afirmou que a finalidade do poder é “a imposição da vontade de uma pessoa ou instituição sobre os indivíduos, mesmo contra resistências”. O poder é independente da aceitação dos sujeitos, mas aprendi que a utilização da força é o mais oneroso e traiçoeiro dos meios de obter um domínio e o menos fiável. Recrutar vendedores de felicidade e ilusionistas é muito mais eficaz.
′′Para sufocar antecipadamente qualquer revolta, não deve ser feito de forma violenta. Métodos arcaicos como os de Hitler estão claramente ultrapassados. Basta criar um condicionamento coletivo tão poderoso que a própria ideia de revolta já nem virá à mente dos homens. O ideal seria formatar os indivíduos desde o nascimento limitando suas habilidades biológicas inatas…
Em seguida, o acondicionamento continuará reduzindo drasticamente o nível e a qualidade da educação, reduzindo-a para uma forma de inserção profissional. Um indivíduo inculto tem apenas um horizonte de pensamento limitado e quanto mais seu pensamento está limitado a preocupações materiais, medíocres, menos ele pode se revoltar. É necessário que o acesso ao conhecimento se torne cada vez mais difícil e elitista…. que o fosso se cave entre o povo e a ciência, que a informação dirigida ao público em geral seja anestesiada de conteúdo subversivo.
Especialmente sem filosofia. Mais uma vez, há que usar persuasão e não violência direta: transmitir-se-á maciçamente, através da televisão, entretenimento imbecil, bajulando sempre o emocional, o instintivo. Vamos ocupar as mentes com o que é fútil e lúdico. É bom com conversa fiada e música incessante, evitar que a mente se interrogue, pense, reflita.
Vamos colocar a sexualidade na primeira fila dos interesses humanos. Como anestesia social, não há nada melhor. Geralmente, vamos banir a seriedade da existência, virar escárnio tudo o que tem um valor elevado, manter uma constante apologia à leveza; de modo que a euforia da publicidade, do consumo se tornem o padrão da felicidade humana e o modelo da liberdade.
Assim, o condicionamento produzirá tal integração, que o único medo (que será necessário manter) será o de ser excluído do sistema e, portanto, de não poder mais acessar as condições materiais necessárias para a felicidade.
O homem em massa, assim produzido, deve ser tratado como o que é: um produto, um bezerro, e deve ser vigiado como deve ser um rebanho. Tudo o que permite adormecer sua lucidez, sua mente crítica é socialmente boa, o que arriscaria despertá-la deve ser combatido, ridicularizado, sufocado…
Qualquer doutrina que ponha em causa o sistema deve ser designada como subversiva e terrorista e, em seguida, aqueles que a apoiam devem ser tratados como tal ′′
Queria falar-vos de esperança, deixando que apenas palavras doces e ternas surgissem no amargor da realidade diária do presente. Nós, humanos, precisamos tanto de palavras positivas, como de pão para a boca, para a digestão de ideias felizes. Mas apetece-me calar a minha voz, emudecer, fazer o meu destino mais próximo dos silêncios, deixar essa esperança em mim aparecer, sem me sentir desumano, demente. Os olhos vêem os gestos que me apetece oferecer, mas os rostos escondem-se no trapo colorido e o gesto esmorece. As minhas mãos já só praticam tarefas simples e sem bravura. Nos dias que nascem frios, as noites morrem ainda mais frias.
Pergunto a mim próprio se sou uma pessoa feliz e o que me falta para, verdadeiramente, o ser. Descubro que nada me falta e apenas falta a forma de me compreender. Um deserto não é, verdadeiramente, um vazio. O deserto está repleto de coisas. Só precisamos de as saber encontrar e usufruir daquilo que até um deserto pode oferecer. Antes mesmo de nele temermos morrer e a esperança é uma palavra que nunca se completa, se não for atravessada como um deserto que enfrentamos, buscando o que pode conter. E basta encontrar nele uma flor, uma simples e terna flor, para valer a pena a aventura da travessia ou ver a esperança acontecer.
Miguel Sousa Tavares publicou um excelente texto sobre a corrupção no Parlamento Europeu, neste caso envolvendo a eurodeputada grega Eva Kaili, a propósito de subornos feitos pelo Qatar. Este meu texto é uma adaptação do texto de Simon Tisdall, do The Guardian, que reforça a ideia de estarmos a assistir à corrupção por dentro dos regimes de democraca representativa e de Estado de Direito.
O texto de Simon Tisdall começa com uma provocação:
Boas notícias para os autocratas do mundo — a mesquinhez (corrupção e cupidez) da UE é um grande golpe contra a democracia. Artigo de Simon Tisdall (The Guardian)
O escândalo do Qatargate (que envolve a eurodeputada grega Eva Kaili) mostra como a corrupção interna e o tráfico de influência e podem corroer a confiança pública. A democracia é uma planta vulnerável, facilmente negligenciada e enfraquecida por parasitas. Ela enfrentou ataques abertos, às vezes letais, em 2022, de autocratas em lugares tão distantes quanto Estados Unidos, Brasil, China, Rússia, Irão e a Turquia. No entanto, quando a democracia é silenciosamente corrompida e subvertida por dentro — esse é o verdadeiro assassino. O caso da eurodeputada grega está nesta categoria, de inimigo interno, de cancro insidioso. Se provada, a corrupção no Parlamento Europeu constituirá uma enorme traição à confiança pública.
“Quando a guerra acabar, a gente vai casar e da terra vão nascer flores lindas como você, e o seu ventre vai carregar a menina mais linda do universo.”
Carta encontrada no bolso de um dos soldados mortos na Segunda Guerra Mundial, 1939.
Nos tempos que correm, começo a ter dificuldade em distinguir certos “activistas de grandes causas”, como a crise ambiental, a salvação do planeta, o racismo, a escravatura – em particular os dos movimentos criados nas redes sociais –, de simples vândalos, incultos e arruaceiros.
Destruir estátuas, que há séculos existem nas cidades e são testemunhos (bons e maus, mas testemunhos) da história colectiva de um povo, vandalizar obras de arte expostas em museus para usufruto de todos, alguma das quais são património da Humanidade, fazer censura e coarctar a liberdade de expressão, porque qualquer palavra que se use pode ofender alguém ou algum grupo. E há milhares e milhares de grupos de indivíduos “com grandes causas”, nas quais embarcam, muitas vezes por falta de estudo ou de reflexão, sem saberem o que elas representam no seu contexto ou porque acreditam nas mais bizarras e estapafúrdias teorias da conspiração.
Que contributo traz à defesa das alterações climáticas a destruição de uma pintura com décadas ou séculos de existência? Ou de uma estátua? Estas acções que me parecem feitas apenas para os “heróis” aparecerem nas televisões e terem os seus minutos de “fama”, com o nobre e altíssimo protesto de atirar o conteúdo de latas de sopa sobre os quadros dos grandes mestres (que eles não devem ter sequer capacidade ou sensibilidade para lhes apreciarem a beleza), irá seguramente ser continuada em mais países por outros primatas imitadores que pululam nas redes sociais.
Outra grande causa destes novos paladinos, pelo menos aqui, em Portugal, é a escravatura, não a moderna dos trabalhadores imigrantes e das mulheres e crianças para escravas sexuais – que existe a seu lado e de que estes justiceiros não tomam nota, mesmo quando vem plasmada nos jornais –, mas do tráfico de escravos de há 500 anos, uma valência económica universal nessa era (no Oriente e nos países muçulmanos existia desde tempos imemoriais; nas potências europeias que tinham impérios, como a Inglaterra, Holanda e a Bélgica, prolongou-se até ao século XX, muito depois de Portugal ter posto fim a esse comércio, em 1761).
Ora, se há países que têm de pedir desculpa pelo tráfico de escravos feito há séculos, terão de ser, antes de quaisquer outros, os países africanos cujos sobas e reis arrebanhavam os seus conterrâneos e vinham vendê-los nas feitorias, primeiro aos muçulmanos e depois aos portugueses e aos holandeses e outras potências escravagistas.
Graças a esta ignorância crassa e a um enviesado sentido do “politicamente correcto”, ficámos sem um Museu dos Descobrimentos ou da Expansão,que incluiria a escravatura, mas um museu nacional e abrangente, que o país merece e necessita (até para ensinar a que não sabe), por ser um período em que Portugal estava na dianteira da maioria dos países, quer nas ciências (como Medicina, Navegação, Geografia, Botânica, Astronomia, etc.), quer nas artes ou na literatura, em que ligou o oceano Atlântico ao Índico (um feito maior do que o de Fernão de Magalhães), contribuindo como nenhum outro para o Conhecimento do Mundo, desfazendo mitos e ignorância.
Devemos ser o único país do mundo, em que os seus naturais, em vez de mostrarem o que de melhor ele tem ou fez, não só procuram mostrar apenas o que é negativo, como mancham e aviltam tudo o que se fez de bom em 880 anos de História, uma História riquíssima de que nos devíamos orgulhar.
Eu jamais deixarei de dizer o que penso e não peço desculpa por qualquer tema, palavra ou ideia que esteja nos meus livros, que tratam precisamente destas épocas, por mais ofensivas que sejam para os defensores do “politicamente correcto”. Tenho uma vida longa que testemunha a minha luta contra as injustiças, o racismo, a misoginia, a ignorância. Não tenho pachorra para a ignorância arrogante e o circo da fama.
O Conselho Diretivo da Região Sul iniciou as suas funções a 1 de abril p.p., na sequência das eleições ocorridas a 12 de fevereiro, tendo 4 dos seus membros decidido apresentar a renúncia ao mandato, o que, nos termos do Estatuto da Ordem dos Engenheiros e do Regulamento de Eleições e Referendos, determina a ausência de quórum e a consequente obrigação de serem marcadas eleições extraordinárias para o Conselho Diretivo.
O Conselho Diretivo Nacional deliberou fixar o dia 2 de fevereiro de 2023 para a realização de Eleições Extraordinárias para o Conselho Diretivo da Região Sul, a eleger até ao final do presente mandato, nos termos de Edital hoje publicado.
O trabalho de campo decorreu entre 5 e 7 de janeiro de 2022.
Os portugueses querem manter a TAP, desde que o Estado não tenha de pagar. Uma sondagem da Aximage para a CNN Portugal conclui que 44% dos inquiridos discordam de ajudas financeiras à transportadora aérea, por oposição a 32% que aceitam a reestruturação da TAP e a consequente fatura.
Para 57% dos inquiridos não restam dúvidas de que a TAP é importante para o país, devendo-se manter a companhia aérea. Já 22% viveriam bem sem a ter.
Na discussão sobre o novo aeroporto em Lisboa, tema que atravessou governos, os portugueses tomam partido:
69% acham que não é uma prioridade.
E se não acompanham o entusiasmo pela existência de um novo aeroporto, menos ainda sobre a sua localização.
Há um dado a reter nesta sondagem:
41% dos portugueses preferem manter Humberto Delgado como aeroporto principal e Montijo como complementar, mas 29% nem tem opinião sobre o assunto.
Faço parte das pessoas – e somos bastantes, a maioria, como se tem visto – que vivem muito confortáveis com o facto de António Costa estar hoje a liderar o governo. Não vislumbro, no “mercado” político doméstico, ninguém que junte em si mais qualidades para gerir o nosso país.
Não esqueço, e agradecerei sempre, a serenidade firme com que nos conduziu durante a pandemia. O peso que tem vindo a ganhar no plano europeu – um prestígio cujos efeitos desejo que se esgotem exclusivamente no plano nacional – é a prova provada do seu êxito.
Até na gestão do “tandem” que tem feito com o presidente da República, dossiê bastante mais complexo do que parece, António Costa tem revelado uma sábia habilidade. E faço parte de quantos valorizam bastante este último conceito.
Chegado a este ponto, os leitores devem estar à espera daquela frase com que os ingleses relativizam o que acabam de afirmar: “Having said that…” Ela aqui vai: não aprecio, mesmo nada, o tom que, crescentemente, António Costa tem vindo a adotar nas suas intervenções parlamentares.
Era expectável que, com o reforço de dois partidos da direita radical nas últimas eleições, o parlamento entrasse em crescente crispação. Com ambos a apelar ao pior dos sentimentos dos portugueses – um pelo populismo mais baixo, outro pela arrogância a-social -, posso perceber que António Costa se sinta frequentemente irritado e propenso a uma reação vocal mais robusta. Mas é aqui que reside o seu erro.
O primeiro-ministro de Portugal deve demonstrar, em todas as ocasiões, que se recusa a descer ao patamar dos preconceitos, rasteiros ou sobranceiros, com que aqueles grupos de representação ideológica extrema ali sustentam as suas intervenções. Fazê-lo é entrar numa chicana que só confere visibilidade e relevância a quem procura ganhar protagonismo à sua custa.
Tratá-los com educada frieza de Estado, oferecendo-lhes os mínimos de tratamento democrático, deveria ser a posologia a adotar. É que, contrariamente ao que as Seleções do Reader’s Digest defendem, rir, mesmo que deles, nem sempre é o melhor remédio.
Esta é a minha opinião. E, pelo que vou ouvindo, não estou sozinho, mesmo em quantos, como eu, continuam a apreciar muito António Costa.
A garantia foi dada pelo primeiro-ministro.Outros deixariam o neo-liberalismo actuar contra as famílias.
O primeiro-ministro afirmou esta quarta-feira que já foram investidos 5,6 mil milhões de euros em apoio às famílias e controlo dos custos da energia, estando para breve legislação para proteção face à alta dos créditos à habitação.
Estas posições sobre a atual conjuntura económica e financeira do país foram transmitidas por António Costa na abertura do debate parlamentar na generalidade da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2023.
“Já investimos 5,6 mil milhões de euros entre medidas de apoio ao rendimento das famílias e medidas de controlo do custo da energia. Por isso, atualizamos o indexante de apoio sociais, o salário mínimo nacional acima da inflação. Por isso, prosseguimos o aumento do complemento solidário para idosos para convergir com o limiar de pobreza”, declarou.
Perante os deputados, o líder do executivo referiu que o seu Governo respondeu à atual trajetória de aumento da inflação com o congelamento do preço dos transportes públicos e limitou em 2% o aumento das rendas de casa.
“Vamos aprovar legislação que protege as famílias com crédito à habitação. Sim, cuidamos de responder às necessidades do presente, do mesmo passo que mantemos, com toda a determinação, o rumo que traçámos para a legislatura”, sustentou.
Em relação à presente proposta orçamental, António Costa disse que as verbas para o Serviço Nacional de Saúde serão reforçadas em 7,8%.
“Vamos instalar os primeiros 108 dos 365 centros tecnológicos especializados que vão modernizar o ensino profissional até 2025; aumentamos o apoio sustentado às artes em 114%; o investimento da lei de programação nas forças de serviços de segurança cresce 33%; a PJ tem o maior reforço de sempre em meios humanos e capacidade pericial para dar combate à criminalidade económica e financeira, em especial à corrupção”, apontou.
Também de acordo com o primeiro-ministro, o orçamento da Defesa é “robustecido, fortalecendo as Forças Armadas e honrando os nossos compromissos internacionais, num contexto marcado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia”.
Depois, referiu-se ao acordo de médio prazo, assinado em sede de concertação social pelo seu executivo com os parceiros sociais, salientando que assume como meta para 2026 acelerar para 2% o crescimento da produtividade.
“Esta é uma condição necessária para garantirmos melhores empregos, com melhores salários. Para produzirmos mais e com mais valor acrescentado, estabelecemos como prioridades o investimento nas qualificações e na inovação”, sustentou.
“O financiamento às empresas aumenta 90% do Portugal 2020 para o conjunto das verbas que lhes são destinadas no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência e no Portugal 2030, para apoiar a sua modernização e internacionalização, para as apoiar na dupla transição energética e digital. E no acordo firmado com os parceiros sociais reforçámos as medidas de redução seletiva do IRC, que no seu conjunto representam uma descida de impostos sobre as empresas superior à descida transversal de 2 pontos percentuais na taxa de IRC”, assinalou.
Na presente proposta de Orçamento, segundo o líder do executivo, são “melhorados os incentivos fiscais à inovação, ao investimento, à localização no interior e à capitalização do nosso tecido empresarial; é reduzida a carga fiscal das pequenas e médias empresas (PME); e reforçam-se os incentivos aos ganhos de escala, alargando a taxa reduzida das PME a todas as empresas até 500 trabalhadores e assegurando que as empresas que resultem da fusão de PME mantêm a taxa reduzida de IRC”.
“Estes são os incentivos certos para as empresas melhorarem a sua produtividade”, vincou António Costa, referindo-se indiretamente às diferenças entre a via fiscal do Governo e a dos partidos à direita do PS.
“Mas é essencial acompanhar o esforço das empresas com o reforço do investimento público, para melhorar a competitividade e, assim, elevar o peso das exportações no PIB para 53% até 2030”, acrescentou.
«A Ucrânia está ainda muito longe de poder vir a ser um membro da UE e, mais do que isso, não é ainda claro que tenha condições para o poder vir a ser um dia. É impopular dizer isto? Talvez, mas eu digo.» – Emb. Seixas da Costa, in Observador, 15 de Junho de 2022.
Há uns tempos, no início deste conflito, chamámos a atenção para a pobreza e atraso extremos da Ucrânia – o país mais pobre da Europa – e para o facto de os indicadores económicos e de desenvolvimento social do país só encontrarem termo de comparação em países africanos. O estranho, ou nem tanto, é que na Ucrânia – outrora o centro da indústria aeroespacial, das tecnologias de computação, da investigação médica de ponta, da indústria de construção naval e metalurgia da era soviética – o tempo tenha parado em 1991 e que aquele país imenso que foi até 1980 a 5ª economia europeia em termos brutos, estar hoje 40 anos atrasado em relação à Europa ocidental. Desde a independência, o país perdeu 6 milhões de habitantes para a emigração, metade dos quais procuraram refúgio na Rússia.
Para lá das três dezenas de capítulos e das 88.000 páginas de cerradas exigências para o cumprimento das condições, o país é o inferno do trabalho infantil, da indústria da pedofilia, das barrigas de aluguer, do tráfico de carne branca, da desistência escolar e das 200.000 crianças deficientes reduzidas a esconsos pútridos ali chamados orfanatos; o Estado mais negligente da Europa, o mais pobre e violento apontado até 2020 por todos os relatórios da UNICEF, da Human Rights Watch, da Organização Internacional do Trabalho e outros centos de agências internacionais e ONG’s.
Os trinta democratas liberais no Congresso dos EUA leram Francisco Seixas da Costa
É nos Estados Unidos que reside a chave de um eventual novo tempo neste processo, pelo que compete aos europeus lembrar-lhes que é só deste lado do Atlântico que, por agora, continua a guerra.
A História mostra que, para pôr termo a um conflito, ou se derrota totalmente o inimigo (e a Rússia não é derrotável, enquanto potência, como sabe quem sabe destas coisas) ou se fala com ele para ir aferindo das hipóteses de um acordo. Pensar que o tempo corre sempre a nosso favor é uma ingenuidade perigosa.”
Fez ontem cinco meses, publiquei este artigo no “Expresso”. Algumas coisas estão datadas e ocorreu a alteração de certas circunstâncias, mas, mesmo assim, hoje apetece-me relembrá-lo, porque o essencial não mudou e continuo a pensar exatamente o mesmo: :
”Esta guerra já não é apenas entre a Rússia e a Ucrânia. É cada vez maior o envolvimento, através de ajuda militar e de sanções, de muitos países que passaram a ser parte, embora por ora não beligerante, no conflito. Em moldes todavia nunca comparáveis ao sofrimento da população da Ucrânia, as respetivas sociedades estão a começar a sentir as consequências do prolongamento da guerra.
Parece não ter sentido que os países envolvidos no apoio à Ucrânia fiquem a aguardar o resultado, cada vez mais duvidoso, de um processo negocial, aparentemente suspenso, entre Kiev e Moscovo. Há dimensões do conflito, como fica evidente na questão das armas nucleares, que vão muito para além da situação concreta da Ucrânia, embora com ela interligada.
“redobrando os esforços para buscar uma estrutura realista para um cessar-fogo”
Trinta democratas liberais no Congresso dos EUA pediram ao presidente Joe Biden na segunda-feira que mude sua estratégia para a guerra Rússia-Ucrânia, buscando um acordo negociado junto com sua atual provisão de apoio militar e económico a Kyiv.
“Dada a destruição criada por esta guerra para a Ucrânia e o mundo, bem como o risco de escalada catastrófica, também acreditamos que é do interesse da Ucrânia, dos Estados Unidos e do mundo evitar um conflito prolongado”, disseram os 30 membros democratas da Câmara dos Deputados numa carta dirigida a Joe Biden.
“Por esta razão, nós pedimos que você junte ao apoio militar e apoio económico que os Estados Unidos forneceram à Ucrânia um impulso diplomático proativo, redobrando os esforços para buscar uma estrutura realista para um cessar-fogo”, disse a carta dos democratas.
Alguns republicanos também já alertaram que pode haver um controle mais rígido do financiamento para a Ucrânia se o seu partido ganhar o controle do Congresso.
A carta foi liderada pela deputada Pramila Jayapal, que preside ao Congressional Progressive Caucus.
Um artigo de hoje, meio escondido pelas peripécias de Boris Johnson, refere os negócios dos oligarcas americanos escondidos na guerra na Ucrânia.
A propaganda que justificava a guerra do Ocidente contra A Rússia como uma ação não só legítima, como virtuosa e em defesa dos mais nobres princípios morais, da defesa do Bem contra o Mal está a esboroar-se a olhos vistos e a deixar a nu os grandes negócios e os interesses da oligarquia americana, e as suas lutas internas.
Elon Musk, o oligarca dono da rede de 3000 satélites da sua empresa Starlink que asseguram as comunicações de banda larga para uso civil e militar deu um pontapé na apregoada defesa dos princípios ocidentais, a cargo do arcanjo Zelenski e reclamou o seu pagamento.
Parece que a administração americana se adiantou e começou a pagar por conta dos biliões que já gastou na guerra indireta com a Rússia. As rotativas de imprimir dólares funcionam e nos EUA tudo é pago, não há auxílios desinteressados.
O alarme soou quando Musk se intrometeu na estratégia de poder de outras fações da oligarquia e se propôs comprar a rede Twiter, com capitais das monarquias petroleiras do Golfo.
Silvio Berlusconi afirmou que o presidente Volodymyr Zelenskiy “provocou” a invasão da Ucrânia pela Rússia, desencadeando uma nova disputa política e ameaçando a estabilidade do novo governo da Itália poucos dias antes deste assumir o poder.
Berlusconi, três vezes ex-primeiro-ministro e líder do partido Forza Italia – um parceiro menor de uma coligação de extrema-direita que venceu as eleições gerais de setembro – está no centro da turbulência política após uma série de gravações de áudio vazadas nas quais ele diz que ele se reconectou com Vladimir Putin e culpa Zelenskiy por ter provocado a invasão de Moscovo.
No último clipe publicado pela agência La Presse na quarta-feira, Berlusconi pode ser ouvido defendendo seu “velho amigo” Putin e dizendo que Zelenskiy provocou a invasão de Moscovo ao “triplicar os ataques” contra os separatistas apoiados pela Rússia no Donbass.
O jornalista e académico uruguaio Leonardo Haberkorn, desistiu de continuar a dar aulas do curso de “Comunicação” na Universidade ORT de Montevideu, através desta carta que comoveu o mundo da Educação:
Depois de muitos anos como professor universitário, hoje dei aula na faculdade pela última vez. Estou cansado de lutar contra telemóveis, WhatsApp e Facebook. Eles venceram-me. Eu desisto. Eu atiro a toalha ao chão. Cansei-me de falar de assuntos pelos quais eu sou apaixonado, para rapazes e raparigas que não conseguem tirar os olhos de um telemóvel que não pára de receber selfies.
É verdade que nem todos são assim, mas há cada vez mais a ficar assim. Até há três ou quatro anos, o apelo para deixar o telemóvel de lado por 90 minutos – nem que fosse só para não ser desrespeitoso – ainda teve algum efeito. Já não o está a ter. Pode ser que seja eu que me tenha desgastado demais neste combate, ou que esteja a fazer algo de errado.
Seis países da UE em junho restauraram simultaneamente as exportações e importações com a Rússia para pelo menos o nível de fevereiro, de acordo com análise de dados dos serviços nacionais de estatística realizada pela RIA Novosti.
Assim, as exportações de sete países europeus para a Rússia no início do verão superaram os valores de fevereiro: são eles: Letónia (em 67%), Eslovénia (37%), Croácia (28%), Bulgária (25%), Estónia (19%), Chipre (12%) e Luxemburgo (7%).
Ao mesmo tempo, as importações de mercadorias da Rússia superaram os níveis de final do inverno passado em dez estados: Eslovénia (4,4 vezes), Croácia (2,7 vezes), República Checa (duas vezes), Malta (88%), Espanha (46%), Bélgica (39%), Luxemburgo (22%), Chipre (13%), Estónia (11%) e Bulgária (10%).
Em geral, no primeiro semestre do ano, as exportações de bens da UE para a Rússia diminuíram 31% – para 28,4 bilhões de euros, de 41,1 bilhões um ano antes. Já as importações cresceram 83% para 121,7 bilhões de euros, contra 66,4 bilhões antes.
Alguns questionam aqui a autenticidade desta informação, já que a fonte é uma agência estatal russa.
A esses, digo: Como jornalista, habituei-me a consultar sempre diversas fontes, sejam privadas ou estatais, seja de que países forem. É essa diversidade de fontes que muitas vezes nos fornece pistas que de outra forma nos poderiam escapar. Neste, como noutros casos, a veracidade ou inverdade dos dados será demonstrada mais à frente.
De qualquer forma, se fosse mentira o que diz a RIA-Novosti, os países indicados já teriam desmentido – o que não aconteceu.
Aguardemos. Mas anátemas à priori, não. Já bastou o tempo da outra senhora em que havia um programa na velha Emissora Nacional intitulado – “A verdade é só uma – Rádio Moscovo não fala verdade!”
1. Bruxelas decidiu introduzir sanções petrolíferas, embora após a eclosão da guerra ainda houvesse um acordo de que as sanções contra a Rússia não se estenderiam à energia. No entanto, Bruxelas decidiu em junho proibir a importação de petróleo e derivados da Rússia. A Hungria lutou por uma isenção porque levaria vários anos e centenas de bilhões de forints para substituir o petróleo bruto russo. No caso da Hungria, um embargo de petróleo levaria a sérios problemas de abastecimento e representaria um enorme fardo para a economia. A primeira pergunta da consulta nacional é: Você concorda com as sanções petrolíferas de Bruxelas?
2. Os líderes de Bruxelas também querem estender as sanções às entregas de gás. A economia europeia é significativamente dependente do gás russo (no caso da Hungria, o grau de dependência é de 85%). A flutuação das sanções de gás trouxe aumentos de preços de energia mais altos do que o facto de que a guerra eclodiu. As consequências já são graves. As contas de serviços públicos subiram para níveis recordes em toda a Europa. A Rússia ameaça cortar o fornecimento de gás em resposta às sanções. Isto põe em perigo o aquecimento dos apartamentos e o funcionamento da economia europeia. A segunda pergunta, portanto, é a seguinte: Você concorda com a sanção aos embarques de gás?
3. Bruxelas também proibiu a importação de combustíveis sólidos (como carvão) da Rússia. A proibição também se aplica ao aço e à madeira, e eles querem estendê-la também a outras matérias-primas. A medida resultou em grandes aumentos de preços, aumentando ainda mais a carga sobre as famílias. Como resultado da crise energética, a Europa precisa de uma quantidade maior de combustível sólido do que antes e não pode cobrir suas necessidades com sua própria produção. A terceira pergunta: Você concorda com a sanção sobre matérias-primas?
4. O Parlamento Europeu e vários estados membros querem estender as sanções também aos elementos de aquecimento nuclear. As centrais nucleares desempenham um papel incontornável no abastecimento de eletricidade na Europa. Uma parte significativa deles trabalha com elementos de aquecimento russos, que não podem ser substituídos a curto prazo devido às condições técnicas. Portanto, se as sanções fossem estendidas aos elementos de aquecimento nuclear, isso ameaçaria o fornecimento estável de energia e aumentaria os preços. A quarta pergunta é, portanto, a seguinte: Você concorda com a sanção sobre elementos de combustível nuclear?
5. A Central Nuclear de Paks é a garantia de eletricidade mais barata na Hungria. Está sendo expandido com a ajuda de empresas russas. Muitas pessoas querem estender as sanções nucleares à expansão da Usina Nuclear de Paks. De acordo com o Parlamento Europeu e alguns partidos da oposição, a cooperação para o desenvolvimento com empresas russas deve ser encerrada. Suspender a expansão pode levar a novos aumentos de preços e interrupções no fornecimento. A quinta pergunta da consulta nacional: Você concorda que o investimento do Paks também deve ser coberto pelas medidas sancionatórias?
6. As sanções também prejudicam o turismo europeu, que de qualquer forma não está em uma situação fácil no período pós-pandemia. Devido às restrições de entrada, o número de turistas da Rússia caiu significativamente. A medida também afeta a Hungria, especialmente considerando que o número de pessoas que chegam do exterior ainda está abaixo do nível pré-epidémico. É um setor que dá trabalho a centenas de milhares de pessoas em nosso país. Por isso a sexta pergunta: Você concorda com as sanções que restringem o turismo?
7. As sanções também têm um sério impacto na oferta de alimentos. O aumento dos preços do gás aumenta muito os custos da produção agrícola, e as sanções também se estendem a determinados componentes do fertilizante. O aumento dos preços dos alimentos nos países em desenvolvimento aumenta o risco de fome. Isso levará a ondas ainda maiores de migração e aumentará a pressão nas fronteiras da Europa. A pergunta final da consulta: Você concorda com as sanções que fazem subir os preços dos alimentos?
(Fonte: Site oficial do governo húngaro – kormany.hu)
Retirado do Facebook | Mural deCarlos Fino| 16-10-2022
Workers on strike gather in front of the French oil giant TotalEnergies refinery in Donges near Saint-Nazaire, France October 12, 2022. REUTERS/Stephane Mahe
D’un conflit sur les salaires, la grève dans les raffineries s’est muée en problème politique d’envergure nationale. La lenteur du gouvernement à réagir et le symbole que représente TotalEnergies ont attisé les colères, observe la presse étrangère.
Todos os olhos podem estar postos nos resultados das eleições italianas desta manhã, mas a Europa tem problemas muito maiores nas suas mãos do que a perspetiva de um governo de direita. O Inverno está a chegar, e as consequências catastróficas da crise energética europeia autoimposta já estão a ser sentidas em todo o continente.
À medida que os políticos continuam a elaborar planos irrealistas de racionamento energético, a realidade é que o aumento dos preços da energia e a queda da procura já fizeram com que dezenas de fábricas numa gama diversificada de indústrias intensivas em energia – vidro, aço, alumínio, zinco, fertilizantes, químicos – cortassem na produção ou encerrassem mesmo, provocando o despedimento de milhares de trabalhadores. Até mesmo o New York Times pró-guerra foi recentemente forçado a reconhecer o impacto “paralisante” que as sanções de Bruxelas estão a ter sobre a indústria e a classe trabalhadora na Europa. “Os elevados preços da energia estão a atacar a indústria europeia, forçando as fábricas a cortar rapidamente a produção e a colocar dezenas de milhares de trabalhadores em licença”, relatou o New York Times.
Os cortes na produção de zinco, alumínio e silício (que representam uns espantosos 50% da produção) já deixaram os consumidores das indústrias siderúrgica, automóvel e da construção europeia a enfrentar graves carências, que estão a ser compensadas por remessas da China e de outros países. Entretanto, as fábricas de aço em Espanha, Itália, França, Alemanha e outros países – mais de duas dúzias no total – estão a começar a abrandar ou a parar completamente a sua produção.
Subitamente — e contra todos os prognósticos — o FMI, o xerife da ordem económica capitalista condenou o novo favor do governo inglês aos super-ricos. Turbulências sugerem: um novo repique da crise global aberta em 2008 pode estar próximo.
Em 30 de setembro, o Fundo Monetário Internacional assustou os mercados e surpreendeu os comentaristas ao repreender o governo conservador do Reino Unido por irresponsabilidade fiscal. O choque foi evidente. A crítica do FMI ao governo de uma grande economia ocidental é como um zelador repreendendo o proprietário por colocar em risco o valor avaliado do prédio. Essa sensação de inversão da ordem usual das coisas foi ainda mais nítida porque, não esqueçamos, foram os conservadores britânicos, sob a rígida liderança de Margaret Thatcher, que ditaram a regra sobre a probidade fiscal como alicerce do neoliberalismo. O FMI passou mais de quatro décadas impondo essa ortodoxia a governos em todo o mundo.
Como numa tentativa de amplificar a agitação que certamente causaria, o comunicado do FMI chegou a censurar o governo britânico por introduzir grandes cortes de impostos (agora parcialmente cancelados após a intervenção do Fundo), porque eles iriam principalmente “beneficiar os que ganham mais” e “provavelmente aumentar a desigualdade”. Os conservadores leais à sitiada nova primeira-ministra da Grã-Bretanha, Liz Truss, os republicanos mais vigorosos dos EUA, analistas econômicos internacionais e até mesmo alguns de meus camaradas de esquerda ficaram brevemente unidos por uma perplexidade comum: desde quando o FMI se opõe a mais desigualdade? Seria difícil identificar um único “programa de ajuste estrutural” do FMI que não aumentou a desigualdade. Se duvidar, pergunte à Argentina, Coreia do Sul, Irlanda ou Grécia (onde fui ministro das Finanças e tive que negociar com o FMI) sobre as restrições associadas a seus empréstimos. Os burocratas intransigentes do Fundo teriam passado por um momento como o da “estrada de Damasco”?
A Guerra dos Corredores Econômicos entrou em território incandescente e inexplorado: Terror do Oleoduto.
Uma sofisticada operação militar – que exigiu um planejamento exaustivo, possivelmente envolvendo vários atores – explodiu quatro seções separadas dos gasodutos Nord Stream (NS) e Nord Stream 2 (NS2) esta semana nas águas rasas dos estreitos dinamarqueses, no Mar Báltico, perto da ilha de Bornholm.
Sismólogos suecos estimaram que o poder das explosões pode ter atingido o equivalente a até 700 kg de TNT. Tanto ns quanto NS2, perto das fortes correntes ao redor de Borholm, são colocados no fundo do mar a uma profundidade de 60 metros.
Os tubos são construídos com concreto reforçado em aço, capazes de suportar o impacto das âncoras do porta-aviões, e são basicamente indestrutíveis sem graves cargas explosivas. A operação – causando dois vazamentos perto da Suécia e dois perto da Dinamarca – teria que ser realizada por drones subaquáticos modificados.
Todo crime implica motivo. O governo russo queria – pelo menos até a sabotagem – vender petróleo e gás natural para a UE. A noção de que a inteligência russa destruiria os oleodutos da Gazprom é além de ridícula. Tudo o que tinham que fazer era desligar as válvulas. O NS2 nem sequer estava operacional, baseado em uma decisão política de Berlim. O fluxo de gás na SNS foi dificultado pelas sanções ocidentais. Além disso, tal ato implicaria que Moscou perderia uma importante vantagem estratégica sobre a UE.
As mulheres são as mães da Humanidade. Até os membros da Igreja Católica o “esquecem”. Todos, menos Jesus Cristo. O único que as respeitou e verdadeiramente amou. | [vítor coelho da silva]
Quando eu era jovem assistente na Faculdade de Letras de Lisboa, atrevi-me a perguntar a um catedrático de História (senhor de fama já lendária) porque é que tínhamos tantas colegas professoras na área da Literatura e tão poucas (ainda que distintíssimas) na área da História. A resposta que ele me deu há trinta anos parece hoje impensável: «a História chama menos as senhoras porque requer muito estudo».
A misoginia da atitude é arrepiante, mas (como todos sabemos) não é surpreendente. Mais tarde, já como professor em Coimbra, foi-me dito que havia dois professores catedráticos (também de geração salazarenta) que nunca tratavam a sua colega catedrática Maria Helena da Rocha Pereira por «Senhora Doutora» (como é normal entre colegas em Coimbra), mas sim por «Dona Maria Helena», embora eles entre si se tratassem por «Senhor Doutor» e ela própria os tratasse com essa deferência académica.
Se isto retrata a universidade portuguesa no século XX, estamos a ver bem o ambiente em que se teria desenrolado a discussão sobre se uma mulher tem capacidade para desempenhar as funções que, na Igreja Católica, são assumidas por padres, bispos, cardeais e papas.
AI PORTUGAL, PORTUGAL I De que é que estamos à espera? Por ora, da enxurrada de turistas, que encham os hotéis, os Airbnbs, os restaurantes, bares, clubes, tabernáculos, botequins, feirinhas, toda a sorte de veículos de animação turística de lés a lés, que larguem o pilim e não se chorem dos preços upa upa, pois isto não é Marrocos. Tudo se vende, em última instância, como num bordel.
Lava-se dinheiro. Compra-se a Imprensa e a visibilidade nas redes sociais. Vende-se a quem der mais. Vendem-se histórias de façanhas, de heróis, de lendas e narrativas. Amália, Eusébio, Pessoa, Camões, Saramago… de pins a livros. Quem não se ajeita na mercância do Comércio e das malhas tecidas pelo defunto Império, vende o cu por 7 tostões, vende o corpinho, como se vendeu o cinema Império, o Condes, o Monumental… Comprem, comprem… atraem-se os turistas e os investidores como abelhas a favos, com a lengalenga do sol, do país seguro, do inefável fado de terra santa. O Santander agradece.
E assim vamos caminhando, endividados, agarrados a empréstimos, ao correr da bola nos relvados, esperando ter um púbere Ronaldo a germinar no salão nobre da casa arrendada a um agiota e especulador que um dia garanta o sustento e orgulho das Donas Dolores. O crescimento económico reverte para as grandes empresas e seus associados, o crime compensa. Os preços sobem e o povo, triste, deixa andar. Come menos ou vai para a fila do Sidónio, deixa andar até lhe vir o cancro.
Olha o mar, o Oceano, pensa em emigrar, mas já não tem forças. E também, para onde há de ir? Os filhos que tentem a sorte. Nós por cá ficamos, submissos aos tostões do turista inculto, desinteressado e emproado, que compra suvenirs na loja do chinês made in China, que se está cagando para as belas e duras frases de Sophia, a verve visionária de Natália, quer é gastar pouco e que o sol lhe bata levemente na moleirinha.
“A NATO, criada como organização defensiva, no início da «guerra fria», está a tornar-se, por pressão dos neo-cons americanos, uma ameaça à paz. Cuidado União Europeia!” | Out 06, 2008
Observadores da política internacional reconhecem que o mundo está inquietante. O Afeganistão, em que a administração Bush envolveu a NATO – o que considerei um «precedente perigoso» –, está porventura pior do que antes. As forças armadas eram, então, compostas por americanos e ingleses. Hoje, a participação alargou-se, incluindo até um contingente português. No entanto, a situação militar, expulsos os talibans, não é melhor: os talibans comandam uma guerrilha terrível; a Al Qaeda – e Bin Laden – não só sobreviveu como está mais forte, algures no seu santuário.
O Paquistão, depois da renúncia do Presidente Musharraf, está em risco de mergulhar no caos. E o pior é que dispõe, esse sim, da bomba atómica…
Para o Ocidente, a situação no Afeganistão é mais grave do que a no Iraque. Apesar de o Iraque estar praticamente destruído, dividido, a braços com uma guerrilha infindável, entre sunitas, xiitas e curdos, fustigado pelo terrorismo da Al Qaeda ou associados e tenha deixado de ser, por longos anos – o que é péssimo – um Estado laico e tampão relativamente ao Irão.
No Iraque estão hoje quase só militares americanos e mercenários, numa situação que lembra o Vietname. Mais tarde ou mais cedo, serão obrigados a retirar as suas tropas. Enquanto o desastre do Afeganistão/Paquistão está a corroer e a desacreditar a NATO – o que do meu ponto de vista não tem grande importância, visto que hoje é uma organização que não faz sentido – e afectará gravemente os europeus, se os seus dirigentes não tiverem a coragem e a lucidez de retirarem de lá as suas tropas, quanto antes…
A NATO, QUE SE TORNOU um verdadeiro braço armado dos Estados Unidos, está a fazer também estragos noutras regiões do mundo. Refiro-me ao Cáucaso, às zonas do Cáspio e do mar Negro e aos países limítrofes da Rússia Ocidental.
Estes quiseram logo entrar para a NATO, com a ilusão de que teriam mais garantias de segurança, sob o chapéu americano, do que na União Europeia… E a NATO, cercando a Rússia e instalando na Polónia e na República Checa bases de mísseis, começa a ser uma ameaça para a Rússia, que a pode tornar agressiva. Um perigo!
O vice-presidente Dick Cheney, em fim do mandato, fez uma recente visita, altamente desestabilizadora, para dar, em nome da NATO, apoio à Geórgia. Mas, felizmente, ficou tudo em retórica inconsequente. Após a provocação do Presidente da Geórgia – e da guerra –, os russos reagiram e os europeus procuraram pacificar a situação. Ainda bem. Se a guerra não acabasse, os europeus seriam os primeiros a ser atingidos, com o corte do petróleo e do gás; e pior: entrariam numa fase com grandes riscos para a paz na Região. Putine não é Hitler e não ressuscitemos a «guerra fria»…
CHENEY FOI À UCRÂNIA, onde tentou também dividir os dirigentes políticos, estimulando a primeira-ministra, Iúlia Timoshenko, anti-russa, contra o Presidente, Victor Yushchenko, mais apaziguador.
Tudo em nome da NATO. Isto é: a NATO, criada como organização defensiva, no início da «guerra fria», está a tornar-se, por pressão dos neo-cons americanos, uma ameaça à paz. Cuidado União Europeia!
Moratinos, o ministro espanhol dos Estrangeiros, bem advertiu, numa entrevista ao El País: «A Rússia actual não é a soviética, mas também não é a de Ieltsin. Devemos evitar que nos imponha uma agenda do tempo da guerra fria.» E eu acrescento: não ameaçar a Rússia, negociar, com firmeza, com ela.
Enquanto isto, a ONU esteve estranhamente ausente e silenciosa. Que diferença entre este secretário-geral, Ban Ki-moon, um homem, até agora, apagado e quase invisível, mais burocrata do que político, e o seu antecessor, o saudoso, prudente e corajoso Kofi Annan… A ONU vai ter de se reestruturar e democratizar, após as eleições americanas, para desempenhar o seu tão decisivo papel na construção de uma nova ordem internacional e da paz, neste nosso novo século tão conturbado.
[ Adenda pessoal ao título ; provavelmente não haverá guerra nuclear – Joe Biden/CIA/FBI/CMI são uns “brincalhões/cínicos” – está visto – provocam esta guerra sem sentido usando os ucranianos como bolas de ping-pong/carne para canhão e, depois, organizam passeios ao espaço com a “inimiga” Rússia! | uma peça de humor negro e maquiavélica (vcs) ]
Numa altura em que as relações entre Washington e Moscovo estão tremidas devido à guerra na Ucrânia.
Um foguetão Soyouz descolou esta quarta-feira rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) a partir do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, com um norte-americano e dois russos a bordo, em plena tensão ligada à ofensiva na Ucrânia.
“A estabilidade é boa (…), a equipa sente-se bem“, declarou um comentador da NASA após a descolagem, transmitida em direto simultaneamente nos sites das agências espaciais norte-americana e russa.
O foguetão russo descolou à hora prevista (12:54, hora de Portugal), das estepes do Cazaquistão. A missão do americano Frank Rubio, da NASA, e dos russos Sergueï Prokopiev e Dmitri Peteline, da agência espacial russa Roscosmos, é um raro exemplo de cooperação entre Moscovo e Washington, quando as suas relações estão ao nível mais baixo devido à guerra na Ucrânia.
Frank Rubio é o primeiro astronauta norte-americano a deslocar-se à Estação Espacial Internacional num foguetão russo desde o início da intervenção militar russa na Ucrânia. Também é o seu primeiro voo, e de Dmitri Peteline também, já para Sergueï Prokopiev será o segundo.
A equipa deverá passar seis meses a bordo da ISS, onde encontrará os cosmonautas russos Oleg Artemiev, Denis Matveïev e Sergueï Korsakov, os astronautas norte-americanos Bob Hines, Kjell Lindgren e Jessica Watkins, e a astronauta italiana Samantha Cristoforetti.
A chegada ao segmento russo do ISS está prevista após um voo de três horas do Soyouz. | 21-09-2022
Com as agressões que Zelenski agravou contra os povos do Donbass, estes viriam a pedir uma intervenção russa que lhes garantisse a sua segurança.
Com a importação de grandes arsenais de “países amigos” Zelenski anunciou que se destinavam a conter as ameaças russas.
Zelenski viabilizou a morte até agora de muitas dezenas de milhares ucranianos e russos, e permitiu que os EUA – uma vez mais! – não vissem soldados seus tombar (excetuam-se os oficiais de espionagem que, em bunkers de diversos centros de comando morreram como pessoal de inteligência de outros países, devido a bombardeamentos russos).
Hoje, no terreno, quem dirige os combates ucranianos são os oficiais de informações norte-americanos.
Porque tem este dedo sido apontado tantas vezes aos EUA?
Usamos o Blog de Washington, de 20 de fevereiro de 2015 para ilustrar a resposta.
Desde que os Estados Unidos foram fundados em 1776, ela esteve em guerra durante 214 dos seus 235 anos de existência. Em outras palavras, houve apenas 21 anos civis em que os EUA não travaram nenhuma guerra.
“Russos esgotam bilhetes de avião para fugir do país, após discurso de Putin” – Titula num dos seus artigos o centenário DN de hoje. Oh, DN, como te compreendo – a idade não perdoa…
Da Rússia, segundo os nossos queridos media, há sempre que esperar o pior: ou um poder militar ameaçador que pode destruir a civilização ocidental e o mundo inteiro, ou uma incompetência monumental (o outro lado da mesma moeda) ou, neste caso, uma instabilidade social assustadora, capaz de gerar milhões em fuga. Esta reação dos russos a sair em massa do país foi mais rápida que aquele internauta anónimo que antes ainda de receber o post que você vai enviar já colocou a reação dele no FB…
Alemanha, França, Itália, Espanha e até a Suíça preparam-se para apagões programados. Mais tarde ou mais cedo teria de acontecer: a falta de luz nas cabecinhas das lideranças teria de extravasar para o exterior.
Entretanto, esses mesmo e outros países Europeus, falam de aumentarem despesas militares. Há muito que andam armados em parvos e portanto não me espanta que pensem que tudo será possível ao mesmo tempo: cair na produção industrial e agrícola, enquanto se cresce na produção de armas.
Enviar mais armas para a Ucrânia e ter mais armas em casa. Combater os russos e reprimir internamente as populações descontentes. Reforçar a coesão da União Europeia, enquanto se ameaçam as vozes discordantes dessa fingida União.
Tantas contradições obviamente produzirão choques e ruturas mas parece haver uma certeza no caminho de degradação, confirmada de resto pela contínua degradação das lideranças.
O facto de estar de pensionato, mas não por motivos de saúde ou de justiça, em quarto com televisão, permitiu-me assistir ao discurso da querida líder da União Europeia, Ursula Von der Leyen sobre o estado da União, no magnífico auditório do Parlamento Europeu, muito composto de público.
A senhora Von der Leyen vestia um espampanante conjunto de saia e casaco com as cores gloriosas do azul da União e as Estrelas amarelas dos estados europeus.
Boa tarde a Carlos Fino e participantes ! Um certo “cansaço” instala-se para continuar a comentar sobre esta matéria. Será a próxima evolução do conflito da Ucrânia que “ditará” que caminho o Mundo está a seguir pois, enquanto “discutimos” a questão da “operação especial”, outros embriões conflituosos se colocam em áreas próximas, como o caso da Sérvia/Kosovo e o agora da Arménia.
Bem dizia Mário Soares, astuto dirigente europeu que, para lá dos seus “defeitos” de um “socialismo” demasiado metido na gaveta, conhecia os meandros de certas politicas internacionais, nomeadamente as americanas.
Para os russos, a questão sobre se a OTAN é ofensiva ou defensiva não será o ponto. Para entender o ponto de vista de Putin, temos de considerar duas coisas que geralmente são negligenciadas pelos comentaristas ocidentais: o alargamento da OTAN em direção ao Oriente e o abandono incremental do quadro normativo da segurança internacional pelos EUA.
Na verdade, enquanto os EUA não lançavam mísseis nas proximidades de suas fronteiras, a Rússia não se preocupava tanto com a extensão da OTAN. A própria Rússia considerou-se candidatar à adesão, o que só não ocorreu pelo “medo” americano de abrir mão dos “segredos” da organização.
Os problemas que declararam-se em 2001, quando Bush decidiu retirar-se unilateralmente do Tratado ABM e implantar mísseis antibalísticos (ABM) na Europa Oriental. O Tratado ABM destinava-se a limitar o uso de mísseis defensivos, com a justificativa de manter o efeito dissuasivo de uma destruição mútua, permitindo a proteção de órgãos decisórios por um escudo balístico (a fim de preservar uma capacidade de negociação). Assim, limitou a implantação de mísseis antibalísticos a certas zonas específicas (notadamente em torno de Washington DC e Moscovo) e proibiu-o fora dos territórios nacionais.
Desde então, os Estados Unidos têm-se progressivamente retirado de todos os acordos de controle de armas estabelecidos durante a Guerra Fria: o Tratado ABM (2002), o Tratado de Céu Aberto (2018) e o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) (2019). Em 2019, Donald Trump justificou a sua retirada do Tratado INF por supostas violações do lado russo. Mas, como observa o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI), os americanos nunca forneceram provas dessas violações. Na verdade, os EUA estavam simplesmente tentando sair do acordo a fim de instalar os seus sistemas de mísseis AEGIS na Polónia e Roménia. De acordo os EUA, esses sistemas são oficialmente destinados a interceptar mísseis balísticos iranianos. Mas há dois problemas que claramente colocam em dúvida a boa fé dos americanos:
. A primeira é que não há indicação de que os iranianos estejam a desenvolver tais mísseis, como Michael Ellemann da Lockheed-Martin declarou perante um comitê do Senado americano.
. A segunda é que esses sistemas usam lançadores Mk41, que podem ser usados para lançar mísseis antibalísticos ou mísseis nucleares. O sítio radzikowo, na Polónia, fica a 800 km da fronteira com a Rússia e a 1.300 km de Moscovo.
As administrações Bush e Trump disseram que os sistemas implantados na Europa eram puramente defensivos. No entanto, mesmo que teoricamente verdadeiro, é tecnicamente e estrategicamente falso. Pois a dúvida, que lhes permitiu a instalação, é a mesma dúvida que os russos poderiam legitimamente ter em caso de conflito. Esta presença nas proximidades do território nacional da Rússia pode de fato levar a um conflito nuclear. Em caso de conflito, não seria possível saber precisamente a natureza dos mísseis carregados nos sistemas – deveriam os russos esperar por explosões antes de reagir ? Na verdade, sabemos a resposta: sem tempo de aviso antecipado, os russos praticamente não teriam tempo para determinar a natureza de um míssil disparado e, portanto, seriam forçados a responder preventivamente com um ataque nuclear.
Vladimir Putin não só vê isso como um risco para a segurança da Rússia, mas também observa que os Estados Unidos estão cada vez mais desrespeitando o direito internacional para prosseguir uma política unilateral. É por isso que Vladimir Putin diz que os países europeus podem ser arrastados para um conflito nuclear sem querer. Este foi o conteúdo de seu discurso em Munique em 2007, e ele veio com o mesmo argumento no início de 2022, quando Emmanuel Macron foi a Moscovo em fevereiro.
Mário Soares não falava de “borla”. Ele sabia que, no fundo, o processo de expansão da hegemonia dos EUA em relação à Europa se destinava a pressionar a Rússia e a obrigá-la a ceder ou encontrar as respostas que defendessem o seu ponto de vista estratégico. Ora, Putin optou pela segunda delas e, quem estiver atento à “história” dos desenvolvimento bélicos americanos, só pode estar de acordo com essa posição.
É preciso ser demasiado ingénuo ou excessivamente cínico para imaginar que o nível de vida dos europeus se manterá durante e depois da guerra que a Rússia trava com a Nato, na Ucrânia, agora com apoio explícito da UE e dificuldades crescentes da Rússia.
Só o delírio de quem duvida das alterações climáticas e ignora as catástrofes que, ano após ano, aumentam a frequência, duração e intensidade, pode levar a acreditar que as economias europeias vão resistir aos aumentos brutais da energia e de bens essenciais de cuja importação dependem.
A exaltação de quem pensou ter encontrado uma causa nobre, por que valia a pena lutar, impediu de prever que as sanções europeias à Rússia e as contrassanções desta à Europa destruiriam as economias de ambas e levariam o caos e o desespero aos seus países, e o colossal sacrifício de vidas aos ucranianos e russos. A inflação galopante, a subida dos juros e a escassez de bens essenciais são o ónus que, independentemente da bondade ou leveza das decisões tomadas, todos pagaremos, com especial sofrimento dos países e das pessoas mais pobres.
Surpreende que os que mais demonizaram a Rússia não tenham ponderado a loucura de quem é capaz de recorrer à chantagem nuclear e, quiçá, à utilização desesperada do seu último recurso. Há quem prefira a guerra à paz, com o risco nuclear a agravar-se. Não se pode ver a supremacia ucraniana na vontade de combater como uma vitória, pois o risco de um ato desesperado da Rússia agrava o perigo para a Humanidade.
Há quem acredite que a Rússia bombardeia as suas próprias tropas na central nuclear de Zaporizhzhia. A censura e a propaganda são armas poderosas de que não prescindem as partes em conflito, seja qual for a guerra, quaisquer que sejam os beligerantes.
Perigoso é ignorar esta verdade, tautologicamente demonstrada ao longo dos tempos e, hoje, com meios nunca antes disponíveis. Perante a incúria coletiva para procurar fontes de informação alternativa, criam-se entusiasmos com as primeiras verdades perfilhadas, que conduzem à divulgação acrítica e, em muitos casos, à negação dos factos e à recusa obstinada dos argumentos que as contrariem.
É este o ambiente propício às verdades únicas, à intolerância e ao maniqueísmo numa deriva que cria o húmus onde medram os totalitarismos, não faltando censores e bufos voluntários para a sua defesa. O medo está a encostar os europeus à extrema-direita.
Julgando defender a liberdade, movidos por entusiasmos solidários, podemos tornar-nos cúmplices da repetição de regimes autoritários que, no passado, combatemos.
Em nome do humanismo reabilitamos uns e execramos outros, capazes de escolher, entre crápulas, os heróis e os vilões, os anjos e os demónios, os amigos e os inimigos, exonerando todas as dúvidas e recusando os factos que, por mais evidentes que sejam, nos contrariem.
Imagina-se a felicidade de quem acredita sem ver e a dilaceração de quem se interroga, sabendo-se que é feliz quem tem certezas e se angustia quem carrega dúvidas.
Para defesa das ditaduras bastavam os que sempre as apoiaram, e as ditaduras são mais baratas do que as democracias.
Os Estados Unidos mandam. A Europa obedece. O CMI factura. O “povão” infeliz bate palmas.(vcs)
O presidente da Assembleia Nacional da Hungria (parlamento), Laszlo Kover, disse no domingo que a União Europeia pode ser considerada uma perdedora no conflito ucraniano, já que o bloco tem atuado contra seus próprios interesses económicos.
Hoje, a União Europeia “está sob pressão externa, é incapaz de restabelecer a paz diplomaticamente, está agindo contra seus interesses fundamentais e pode ser considerada uma perdedora independentemente de qual dos lados diretamente envolvidos em operações militares se apresente no inverno ” – disse Kover, segundo a agência de notícias MTI da Hungria.
Para Kover, nas circunstâncias actuais, Bruxelas tem “servido a grupos de interesses não europeus”, o que condena a UE e seus países membros à “vulnerabilidade militar, dependência política, inviabilidade económica e energética e desintegração social”.
O Papa Francisco alertou, este sábado, que são cada vez maiores os riscos de uma guerra nuclear e pediu à comunidade científica que se una pelo desarmamento e numa força para a paz.
“Os riscos para as pessoas e para o planeta são cada vez maiores”, afirmou o Papa, citado pela agência EFE, na cerimónia em que recebeu em audiência, no Vaticano, representantes da Academia Pontifícia das Ciências.
Francisco lembrou que João Paulo II “deu graças a Deus porque, pela intercessão de Maria, o mundo tinha sido salvo da guerra atómica”, para acrescentar que “infelizmente é necessário continuar a rezar por este perigo, que devia ter sido evitado há muito tempo”.
Após o bombardeamento do Serviço Nacional de Saúde, com cessar-fogo após a demissão da ministra, numa aberta no dilúvio sobre a Ucrânia, a opinião pública portuguesa foi convocada nos últimos dias para dois acontecimentos significativos do estado em que vivemos: a substituição do primeiro-ministro do Reino Unido e a celebração dos 200 anos do Brasil.
Um cidadão de mediana cultura e interesse pelo que se passa à sua volta perguntaria, com razão, porque diabo me enchem o telejornal com as peripécias da mudança de inquilino da casa do chefe de governo inglês e da celebração dos 200 anos da independência da antiga colónia do Brasil? À primeira vista nada. A Inglaterra é hoje um anexo dos Estados Unidos, o estado vassalo por excelência na Europa; e o Brasil é hoje um enorme Estado com contradições internas — étnicas e sociais — que o inibem de ser uma potência dominante no grande espaço do Atlântico Sul. Esta redução a cinzas dos dois impérios que ampararam Portugal determina o seu (nosso) presente. Pela primeira vez na história Portugal está sem um anteparo, sem um tutor. A União Europeia esvaiu-se e dela restam cinzas.
Estamos tão idiotizados que discutimos os tostões da esmola e não quem nos colocou na condição de pedintes, se foram idiotas, ou traidores.
Na minha vida solicitaram-me várias vezes um FIR (First Impression Report), um relatório de primeiras impressões. O meu FIR (não o meu feeling) após ouvir a conferência do primeiro-ministro a anunciar medidas extraordinárias de apoio à crise que já vivemos e que se vai agravar foi lembrar-me de uma obra clássica da literatura russa (tinha de ser), «O Idiota», de Dostoievsky.
Não, o idiota não é António Costa. O Idiota é quem nos meteu nesta camisa de onze varas de empobrecimento, miséria que necessita de uma esmola nacional e transeuropeia para ser suportável. De repente os europeus estamos todos a esmolar, de Portugal à Polónia, à Hungria, aos países bálticos, todas de mão estendida para receber uma esmola maior ou menor.
E ninguém se questiona quem foi o Idiota que nos colocou nesta situação?
O enredo do romance de Dostoievski gira em torno do príncipe Míchkin, criado longe da Rússia devido a epilepsia que após longa permanência na Suíça decide regressar à aos seus domínios, sem a menor ideia do que o aguarda. O príncipe é atirado para situações sobre as quais pouco entende e nas quais as suas supostas qualidades, ou idiotia, causam mais tumulto do que solução. Em diversas passagens da história, a ingenuidade do príncipe roça a estupidez crassa e espanta o leitor, como quando escuta com paciência inacreditável as mentiras do velho general Ívolguin, que jura ter sido pajem de Napoleão; ou quando é acusado por um grupo de jovens liderado por um moribundo de dever metade de sua fortuna a um filho ilegítimo. As referências de Dostoievski para a construção do protagonista foram duas figuras que ultrapassam os limites do senso comum: Dom Quixote e Jesus Cristo.
O Idiota, neste caso, no caso que deu origem às nossas esmolas, é uma figura dúplice, como Janus: a NATO e a UE.
Devemos a estas duas entidades, que podiam ser o idiota do príncipe Míchkin, estarmos hoje a discutir a esmola dos governos. Mas ninguém na Europa, ao anunciar o estado de pedincha em que os cidadãos foram colocados, falou nos idiotas que nos colocaram nesta situação de indignidade.
Estamos tão idiotizados que discutimos os tostões da esmola e não quem nos colocou na condição de pedintes, se foram idiotas, ou traidores.
(Publico este texto como demonstração de que, nos EUA, também há gente acordada opondo-se à política externa de Biden e dos seus sequazes. Ou seja, aqueles que defendem a melhoria das condições de vida na América, para os americanos. E os pastorinhos não venham dizer que o autor, também é putinista…
Estátua de Sal, 24/08/2022)
Há um videoclipe a circular que mostra o presidente Biden falando numa recente cimeira da NATO sobre os sete biliões de dólares que o governo dos EUA havia – há época – fornecido à Ucrânia. Em contraponto há também outro clipe que mostra o estado horrível de várias grandes cidades dos EUA, mormente na Pensilvânia, Califórnia e Ohio. O vídeo das cidades americanas é chocante: paisagens intermináveis de sujeira, lixo, pessoas sem-abrigo, fogueiras na rua, zombies viciados em drogas. Não há qualquer semelhança com a América de que a maioria de nós se lembra.
Ver Biden gabar-se de enviar biliões de dólares para líderes corruptos no exterior, existindo cidades americanas que parecem o Iraque ou a Líbia bombardeados, é em síntese a política externa dos EUA. As elites de Washington dizem ao resto da América que devem “promover a democracia” numa qualquer terra distante. Qualquer um que se oponha é considerado aliado do inimigo escolhido do dia. Este já foi Saddam, depois Assad e Gaddafi. Agora é Putin. O jogo é o mesmo, apenas se alteram os nomes.
En prévision de la hausse de la consommation de gaz en Chine, Gazprom lance un nouveau pipeline qui répondrait à cette demande croissante. La décision a été rendue publique sur fond de suspension des livraisons en Europe via le Nord Stream 1.
Le groupe énergétique russe Gazprom commence les travaux de conception d’un gazoduc supplémentaire en direction de la Chine, a déclaré ce 1er septembre son directeur, Alexeï Miller. Le géant gazier russe prévoit une croissance importante de la consommation du combustible bleu dans l’Empire du milieu.
«Au cours des 20 prochaines années, selon les prévisions, l’augmentation de la consommation de gaz en Chine représentera 40% de l’augmentation de la consommation mondiale de gaz. Par conséquent, nous avons signé un autre contrat pour la fourniture de gaz à la Chine. C’est la route de l’Extrême-Orient», a précisé M.Miller.
Alors que les livraisons de gaz russe en Chine semblent avoir de belles perspectives, les volumes des approvisionnements en Europe restent au plus bas depuis plusieurs décennies.
Le ministre des Affaires étrangères russe a précisé que l’objectif des pays occidentaux était « d’affaiblir » et « démembrer » le système de son pays.
Il a déclaré : « Comme nous pouvons le constater, la réaction de l’Occident à la mise en œuvre des objectifs de l’opération militaire spéciale montre clairement que, dès le début, les tâches de l’Occident étaient globales et visaient à affaiblir, et, comme certains politologues occidentaux l’admettent, à démembrer notre pays. »
Il a ajouté : « À l’époque que nous vivons actuellement, et c’est précisément une époque, une longue période historique, nous devons être prêts à réaliser que nous ne pouvons compter que sur nous-mêmes. »
Le politique a aussi rappelé que 80% des pays n’adhèrent pas aux sanctions imposées à la Russie.
Il a expliqué : « Et ce, malgré les pressions colossales exercées quotidiennement sur les gouvernements de ces pays afin de les forcer à rejoindre le courant dominant de la politique anti-russe et russophobe. »
Saunas e banhos turcos em países nórdicos como a Finlândia são lugares realmente públicos. Não se despir completamente é visto como puritano. (in msn.com)
De acordo com uma sondagem publicada pelo Carter Center, 75% dos entrevistados chineses concordam que apoiar a Rússia é do interesse nacional da China.
Parte da opinião pública chinesa vê a invasão da Ucrânia como uma ação legítima por parte da Rússia, face à rivalidade comum contra o “hegemonismo ocidental”, encabeçado pelos Estados Unidos, e ao paralelismo com Taiwan.
Na visão dos chineses que defendem a invasão russa, os intitulados grandes países têm o direito a desfrutar de segurança nas suas fronteiras.
“O povo ucraniano devia culpar sobretudo os seus líderes por terem provocado a Rússia ao aproximarem-se dos Estados Unidos”, aponta Weiwei, agente imobiliária em Nanning, cidade do sudoeste da China, em declarações à Lusa.
Para o taxista Wang Tao, também ouvido pela Lusa, Moscovo teve que agir, perante a “iminência” de a Ucrânia ser armada por Washington para “lançar um ataque” contra a Rússia.
De acordo com uma sondagem publicada pelo Carter Center, organização sem fins lucrativos fundada pelo ex-Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, 75% dos entrevistados chineses concordam que apoiar a Rússia é do interesse nacional da China.
Cerca de 60% dos entrevistados esperam, no entanto, que a China desempenhe um papel na mediação do fim da guerra.
Uma madrassa de colaboracionistas para formar “colaboradores”
O regresso. Os ideólogos do restauração do integrismo estão aí, agora atrás da máscara neoliberal. Em Portugal o neoliberalismo é o regresso ao poder absoluto dos senhores e das elites sobre a sociedade. É o miguelismo com telemóvel e a doutrina do sucesso. Há dias António Barreto, um destes adaptados a extremos direitos, fez uma exposição sobre a ideologia da velha ordem no que respeita à educação. Sobre os objetivos da educação na formatação ideológica das novas gerações. A pretexto da desideologização, da neutralidade, da higienização, da desinfeção da educação na escola publica (as escolas privadas podem vender os seus produtos ideológicos à vontade — existem para isso), propunha a ideologia do salazarismo, em resumo, a teses de que para quem é (os destinados ao trabalho assalariado e sem direitos) bacalhau basta.
Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força.
Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
(…) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.
Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.
Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida – da sua, claro – para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal… sempre foi.
Alexandre O’Neill, in “Uma Coisa em Forma de Assim”
A verdade é o que queremos acreditar. E é a verdade que os clientes querem.
A verdade sobre os ataques à central nuclear de Zaporizhia, na Ucrânia.
A verdade oficial para clientes já convertidos é a de que a central, situada em território ocupado pelas Forças Russas está a ser bombardeada pelas forças Russas;
A verdade oficial para quem quer ficar de bem com a sua consciência e para isso necessita de acreditar é a de que o Ocidente (os EUA, ea NATO) não sabem quem ataca, se os russos atiram sobre si próprios, em operações de falsa bandeira, como defendeu um general português vindo da NATO, na TVI. Ou se serão, de facto os ucranianos.
O busilis das verdades dos EUA e da NATO (acolitadas pela ONU, que remédio) é que é muito difícil de acreditar que um sistema de observação por satélite tão eficaz e rigoroso que permite aos EUA matar o lider da Al-Qeda – al-Zawahiri – na varanda sua casa, num prédio indistinto da confusa cidade que é Cabul, disparando um míssil tão certeiro que poupou a pobre família do homem, não consiga saber com certeza quem dispara misseis contra a central nuclear, ainda para mais com as armas que lhe forneceu!.
Pois é nesta elevada competencia em rastrear movimentos de um homem e atingi-lo na varanda da sua casa, em Cabul e na elevada incompetencia em saber quem dispara há dias armas pesadas em direção a uma central nuclear que os “amigos de Zelenski” querem que os pobres de espirito, nós, acreditemos.
Em conclusão, biblica, é mais fácil um camaelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico ir para o Céu. Ou, é mais fácil aos americanos descobrirem um homem à varanda de casa em Kabul do que uma bateria de mísseis e artilharia pesada na Ucrânia!
Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes
Nas planuras ucranianas, que os soldados hitlerianos calcaram até serem parados, cercados, derrotados e humilhados já nas margens do Volga, trava-se hoje uma guerra civil, entre os nacionalistas ucranianos de Kiev, apoiados pelo chamado agora Ocidente alargado, e os independentistas do Donbass, ucranianos russófonos, apoiados pela Rússia.
Como se chegou aqui parece hoje tudo muito claro.
Quando o general secretário de estado da defesa americano declarou urbi et orbi que o objectivo dos EUA era quebrarem a espinha dorsal da resistência russa, que querendo ou não, se havia metido naquela armadilha, as dúvidas desvaneceram-se.
Face ao acelerar da globalização e consequente acréscimo do poderio chinês condicionar a Rússia, para os americanos, era o passo essencial para tornar as fronteiras terrestres da China, na imensidão asiática, altamente vulneráveis.
Começa a ser evidente que os neoconservadores norte-americanos conseguiram impor na Europa, através de uma guerra de informação sem precedentes, uma vertigem bélica e anti-russa, cujas consequências levará tempo a avaliar. É, no entanto, possível identificar os sinais do que vem por aí.
Derrotados. Não se sabe ainda quem ganhará esta guerra (se é que alguém a ganhará, para além da indústria do armamento), mas já se sabe quem mais perde com ela. São o povo ucraniano e os restantes povos europeus. A Ucrânia em ruínas e os milhões de refugiados e a descida da cotação do euro são os sinais mais claros da derrota.
Nas sete décadas que se seguiram à destruição causada pela Segunda Guerra Mundial, a Europa, então designada como ocidental, reergueu-se. Liderada por governantes de alto nível intelectual e apoiada pelos EUA em sua cruzada para travar o comunismo, a Europa Ocidental conseguiu impor-se como uma região de paz e de desenvolvimento, ainda que muito deste fosse à custa do capital colonial que acumulara durante séculos. Bastou uma guerra fantasma – travada na Europa, mas não protagonizada pela Europa e nem sequer no interesse dos europeus – para pôr tudo isto a perder.
“É simplesmente desmoralizante. Ver e ouvir os serviços de notícias das três ou quatro estações de televisão é pena capital. A banalidade reina. O lugar-comum impera. A linguagem é automática. A preguiça é virtude. O tosco é arte. A brutalidade passa por emoção. A vulgaridade é sinal de verdade. A boçalidade é prova do que é genuíno. A submissão ao poder e aos partidos é democracia. A falta de cultura e de inteligência é isenção profissional.
Os serviços de notícias de uma hora ou hora e meia, às vezes duas, quase únicos no mundo, são assim porque não se pode gastar dinheiro, não se quer ou não sabe trabalhar na redacção, porque não há quem estude nem quem pense. Os alinhamentos são idênticos de canal para canal.
Quem marca a agenda dos noticiários são os partidos, os ministros e os treinadores de futebol. Quem estabelece os horários são as conferências de imprensa, as inaugurações, as visitas de ministros e os jogadores de futebol.
Os directos excitantes, sem matéria de excitação, são a jóia de qualquer serviço. Por tudo e nada, sai um directo. Figurão no aeroporto, comboio atrasado, treinador de futebol maldisposto, incêndio numa floresta, assassinato de criança e acidente com camião: sai um directo, com jornalista aprendiz a falar como se estivesse no meio da guerra civil, a fim de dar emoção e fazer humano.
Jornalistas em directo gaguejam palavreado sobre qualquer assunto: importante e humano é o directo, não editado, não pensado, não trabalhado, inculto, mal dito, mal soletrado, mal organizado, inútil, vago e vazio, mas sempre dito de um só fôlego para dar emoção! Repetem-se quilómetros de filme e horas de conversa tosca sobre incêndios de florestas e futebol. É o reino da preguiça e da estupidez.
É absoluto o desprezo por tudo quanto é estrangeiro, a não ser que haja muitos mortos e algum terrorismo pelo caminho. As questões políticas internacionais quase não existem ou são despejadas no fim. Outras, incluindo científicas e artísticas, são esquecidas. Quase não há comentadores isentos, ou especialistas competentes, mas há partidários fixos e políticos no activo, autarcas, deputados, o que for, incluindo políticos na reserva, políticos na espera e candidatos a qualquer coisa! Cultura? Será o ministro da dita. Ciência? Vai ser o secretário de Estado respectivo. Arte? Um director-geral chega.
Repetem-se as cenas pungentes, com lágrima de mãe, choro de criança, esgares de pai e tremores de voz de toda a gente. Não há respeito pela privacidade. Não há decoro nem pudor. Tudo em nome da informação em directo. Tudo supostamente por uma informação humanizada, quando o que se faz é puramente selvagem e predador. Assassinatos de familiares, raptos de crianças e mulheres, infanticídios, uxoricídios e outros homicídios ocupam horas de serviços.
A falta de critério profissional, inteligente e culto é proverbial. Qualquer tema importante, assunto de relevo ou notícia interessante pode ser interrompido por um treinador que fala, um jogador que chega, um futebolista que rosna ou um adepto que divaga.
Procuram-se presidentes e ministros nos corredores dos palácios, à entrada de tascas, à saída de reuniões e à porta de inaugurações. Dá-se a palavra passivamente a tudo quanto parece ter poder, ministro de preferência, responsável partidário a seguir. Os partidos fazem as notícias, quase as lêem e comentam-nas. Um pequeno partido de menos de 10% comanda canais e serviços de notícias.
A concepção do pluralismo é de uma total indigência: se uma notícia for comentada por cinco ou seis representantes dos partidos, há pluralismo! O mesmo pode repetir-se três ou quatro vezes no mesmo serviço de notícias! É o pluralismo dos *papagaios no seu melhor!
Uma consolação: nisto, governos e partidos parecem-se uns com os outros. Como os canais de televisão.
Responsável da Amnistia Internacional em Kiev demite-se criticando organização
(clicar no URL em baixo)
O relatório, divulgado na quinta-feira, alertava que as forças ucranianas colocam em perigo a população civil quando estabelecem bases militares em zonas residenciais e lançam ataques a partir de áreas habitadas por civis.
As forças ucranianas põem civis em perigo quando montam bases e operam sistemas de armas “em zonas habitadas por civis, incluindo em escolas e hospitais, para repelir a invasão russa que começou em fevereiro”, refere a organização no documento, acrescentando que essas táticas violam o direito internacional e tornam zonas civis em objetivos militares contra os quais os russos retaliam.
A Europa Ocidental tem apenas mais 20 a 30 anos de democracia; depois disso deslizará sem motor e sem leme sob o mar envolvente da ditadura (…) Willy Brandt, chanceler da República Federal da Alemanha, 1974
Willy Brandt, polémico mas suficientemente lúcido para não fechar pontes em plena guerra fria, era um estadista, espécie entretanto desaparecida como os dinossauros. Governou nos tempos em que se pensava existir uma coisa chamada «social-democracia», que durante as últimas décadas também «deslizou sem motor e sem leme» para a selvajaria neoliberal, a ditadura da economia sobre a política, passo decisivo para a extinção da democracia – como estamos a perceber.
Brandt não era um bruxo; limitou-se a reflectir sobre perspectivas a médio prazo com base na percepção, leitura objectiva das realidades, experiência e intuição que não lhe faltavam porque era um praticante de política, actividade que é um direito geral de cidadania entretanto «promovida» a uma espécie de «ciência oculta» actualmente apenas ao alcance de uma seita de predestinados com capacidade para governar, dominada pela arrogância, a frieza desumana, a irresponsabilidade e a mediocridade, particularidades afinal essenciais num regime autoritário.
As palavras do antigo chanceler alemão, proferidas pouco antes de deixar o cargo, projectam-se na actualidade de maneira tão evidente como inquietante. Acertam em cheio no «deslizamento» da Europa para a ditadura política, completando-se assim o cenário aberto pelo totalitarismo da economia (ditadura do mercado), embora mantendo aparências formais em matéria de direitos cívicos, entretanto ferozmente vigiados e combatidos passo-a-passo por meios antidemocráticos.
Terá sido suicídio ou crime? – interroga o inspetor. A dra. Nikki Alexander (protagonista na série Silent Witness) afirma que a vítima estava em estado terminal devido ao abuso de drogas, mas a sua morte foi induzida. A análise revelou que estava viciada em neoliberalismo e atlantismo, de que não se conseguiu libertar.
Daniel Vaz de Carvalho
Vassalagem total da UE.
1 – UE, propaganda e distopia
Na UE o que salta à vista desde logo é a incompetência, a ineficácia dos seus dirigentes. Mas não só. Pelos media proliferam comentadores cuja nulidade é aflitiva, autênticos moinhos de palavras, repetem-se exaustivamente sobre os mesmos temas, incapazes de se debruçarem sobre as causas.
A UE entrou no campo da distopia, a utopia negativa, deixou de representar os interesses dos seus países, deixou-se arrastar pela arrogância belicista do que mais negativo veio do outro lado do Atlântico: os neocons, que forjaram uma “ameaça russa”, nova versão da “ameaça russa” do tempo da União Soviética. Neste contexto, a NATO quer que os países dediquem 2% do PIB para o orçamento militar. Mau vai quando o orçamento militar é maior que o da cultura, em Portugal 0,25% da despesa da Administração Central.
Que ameaça representava a Rússia quando nos finais de 2021, propôs um tratado de segurança coletiva aos países ocidentais, dada a expansão da NATO – ao contrário do acordado com Gorbatchov – e o intenso rearmamento da Ucrânia para prosseguir o conflito contra os independentistas antifascistas do Donbass e a Crimeia?
Entre as tentativas de diabolização da Rússia e as imagens de gente a receber os soldados russos de braços abertos, nos territórios de onde os ucranianos tiveram de fugir, a verdade há de estar nas duas versões.
1. Reunido em mangas de camisa num castelo alemão, o G7 actualizou as sanções à Rússia e as novas verdades sobre a guerra. De facto, foi o G7+1, pois, como sempre, Zelensky esteve presente por vídeo para pedir mais e mais sofisticadas armas, a tempo de poder decidir a guerra antes do Inverno.
Ficou-se a saber que, só dos americanos, ele recebe todos os meses armamento no valor de 7,5 mil milhões de dólares — um festim para as Lockheed Martin dos Estados Unidos. No final e sobre um horizonte de ruínas, alguém há-de ter de pagar isto e suponho que não sejam só os contribuintes americanos, mas todos os da NATO.
2. Na sua intervenção, Zelensky informou os outros de que na véspera os russos tinham atacado com mísseis um centro comercial onde se encontravam mil civis: dez tinham morrido nesse dia, 18 até hoje. Os russos argumentaram que não tinham atacado nenhum centro comercial mas sim um depósito de armas que ficava ao lado e que, ao incendiar-se, atingira com destroços o centro comercial. Como é óbvio, essa versão foi imediatamente descartada, em favor do “crime de guerra”.
3. Ao mesmo tempo que acrescentava o ouro à lista de bens russos cuja exportação passa a ficar proibida, o G7 insurgiu-se contra “o roubo e impedimento das exportações de cereais” ucranianos por parte da Rússia.
Quem defende o SNS já não pode escapar ao dilema entre ignorar o colapso e recusar a continuidade da ilusão sobre a estratégia presente, pois a evidência demonstra que o governo não enfrentará o problema. É preciso virar a agulha. Apresentar o atual SNS como o modelo da virtude democrática custa a derrota, pois a realidade do desespero dos profissionais, da desorganização das unidades e dos tormentos dos utentes em centros de saúde ou em urgências impõe-se sem mais argumentos e cada ano será pior, com a aposentação de mais especialistas. Graças a estes fracassos programados, os privatizadores têm a estrada aberta e, apesar de alguns floreados alucinados (descobriram a “sovietização” do SNS, seguindo o guião ideológico da associação de médicos dos EUA, que no século passado conseguiu, na vaga da Guerra Fria, impedir que fosse instalado um serviço público de saúde no seu país), insistem na proposta mais simples: deem dinheiro aos nossos amigos que eles tratam de mais utentes do SNS.
Nesse caminho, a estratégia de desmantelamento do setor público tem-se imposto. Os investimentos são adiados, os concursos ficam parcialmente vazios, os tarefeiros recebem três a cinco vezes mais do que os seus ex-colegas numa urgência, os serviços navegam na imprevisibilidade. Na incerteza, os seguros cresceram e são um florescente ativo financeiro, que promete lucros confortáveis, graças ao controlo dos preços. A consequência é uma saúde mais cara para as pessoas: dois grupos privados já realizam a maioria dos partos na Grande Lisboa, naturalmente promovendo a cesariana como método preferencial, o que salga as contas finais; durante a fase aguda da pandemia, os hospitais privados ofereceram a sua disponibilidade por 13 mil euros e, se fosse caso grave, o doente era recambiado para o público; e as PPP, que transformaram em arte a regra do afastamento dos doentes mais caros, são elogiadas como se essa manigância fosse boa gestão. Apesar destes resultados, está montado o cenário da atrevida proposta dos grupos privados e dos seus liberais: aguentem o custo dos hospitais públicos desde que nos paguem mais, queremos os vossos impostos.
Fracasso na guerra contra a Rússia pode acelerar um longo declínio. Mas com ele vêm arrogância e ambições irreais. E há perigo à frente – porque os impérios não se admitem nem como espaços subalternos, nem em relações igualitárias.
que os ocidentais designam por Ocidente ou civilização ocidental é um espaço geopolítico que emergiu no século XVI e se expandiu continuamente até ao século XX. Na véspera da Primeira Guerra Mundial, cerca de 90% do globo terrestre era ocidental ou dominado pelo Ocidente: Europa, Rússia, as Américas, África, Oceânia e boa parte da Ásia (com parciais excepções do Japão e da China). A partir de então o Ocidente começou a contrair: primeiro com a revolução Russa de 1917 e a emergência do bloco soviético, depois, a partir de meados do século, com os movimentos de descolonização. O espaço terrestre (e logo depois, o extraterrestre) passou a ser um campo de intensa disputa. Entretanto, o que os ocidentais entendiam por Ocidente foi-se modificando. Começara por ser cristianismo, colonialismo, passando a capitalismo e imperialismo, para se ir metamorfoseando em democracia, direitos humanos, descolonização, auto-determinação, “relações internacionais baseadas em regras” – tornando sempre claro que as regras eram estabelecidas pelo Ocidente e apenas se cumpriam quando servissem os interesses deste – e, finalmente, em globalização.
O jornal inglês The Guardian titulava um artigo de opinião a propósito da reunião do G/ na Alemanha do seguinte modo: “G7 com agenda cheia num mundo virado de cabeça para baixo” — Em inglês:” G7 grapples with packed agenda of world turned upside down”.
“A agenda da reunião do G7 revela como o mundo virou de cabeça para baixo desde que os líderes dos estados industrializados se encontraram pela última vez na Cornualha, há um ano, numa cimeira presidida pela Grã-Bretanha, em grande parte para se concentrar na ameaça representada pela China.
Antes da cimeira na Alemanha, Boris Johnson emitiu um alerta para que o Ocidente não demonstre fadiga de guerra, um ponto que será ecoado quando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, discursar na reunião por videoconferência. Espera-se que ele saliente as dificuldades que as suas tropas enfrentam no leste da Ucrânia, bem como a necessidade de armas mais pesadas de longo alcance.”
Entretanto, a 27 de Junho, decorrerá em Lisboa a Conferência dos Oceanos. “As Nações Unidas, com o apoio dos Governos de Portugal e do Quénia, acolhem a Conferência dos Oceanos, em Lisboa, de 27 de junho a 1 de julho de 2022. A Conferência é um apelo à ação pelos oceanos — exortando os líderes mundiais e todos os decisores a aumentarem a ambição, a mobilizarem parcerias e aumentarem o investimento em abordagens científicas e inovadoras, bem como a empregar soluções baseadas na natureza para reverter o declínio na saúde dos oceanos. A Conferência dos Oceanos acontece num momento crítico, pois o mundo procura resolver muitos dos problemas profundamente enraizados nas nossas sociedades e evidenciados pela pandemia da covid-19. Para mobilizar a ação, a Conferência procurará impulsionar as muito necessárias soluções inovadoras baseadas na ciência, destinadas a iniciar um novo capítulo na ação global pelos oceanos.” (do site da ONU)
Nenhum dos participantes da cimeira do G/ estará presente na Conferência dos Oceanos, embora estes representem 70% da superfície do planeta!
Mais de três toneladas de ouro russo foram importadas para a Suíça no mês passado. A primeira desde o início da invasão.
Madeira, cimento, caviar: tomando um Pacote de sanções da UE Em abril passado, a Suíça proibiu a importação de uma série de mercadorias que eram uma importante fonte de renda para a Rússia. O ouro, no entanto, não estava na lista.
Ainda assim, a compra de ouro russo tornou-se um tabu desde o início da guerra na Ucrânia. A London Bullion Market Association, autoridade que supervisiona o mercado global de barras, removeu os fabricantes russos de sua lista de acreditação após a invasão.
Desde então, a maioria das refinarias desistiu de aceitar ouro da Rússia. A Suíça também parou completamente as importações.
Ashish Shuklaé um autor indiano de geopolítica e terrorismo que administra um site de notícias sobre relações internacionais, o Newsbred.
O Ocidente é forçado a negociar com a Rússia após três meses da intervenção deste na Ucrânia para se livrar dos Ukronazis e dos passos rastejantes da OTAN em suas portas.
Francamente, não há outra opção para West.
Não pode forçar um confronto com a Rússia, apesar de bilhões de ajuda e fornecimento de armas para Kiev, pois, se o fizer, Vladimir Putin fecharia as torneiras de petróleo e gás para a Europa, o que mergulharia o Velho Continente na escuridão, carros em garagens, modo de transporte para trilhas enferrujadas etc.
Isso forçaria os gigantes manufatureiros como BMW ou Bayer a fechar ou se localizar fora da Europa, de qualquer forma causando um desemprego maciço e agitação pública que forçaria mudanças de regime de Berlim a Paris a Genebra, o que você quiser.
A Europa não está em posição de se livrar do suprimento de energia da Rússia. A mistura típica de diesel que a Rússia fornece e para a qual as unidades de processamento da Europa são orientadas para isso não pode ser substituída da noite para o dia.
O efeito halo é um termo cunhado pelo psicólogo Edward Thorndike na década de 1920. Ele se dá quando desenvolvemos uma impressão geral positiva de alguém por causa de uma de suas qualidades ou atributos.
De modo geral, esse efeito pode nos levar a colocar as pessoas em um pedestal sem perceber. Isso porque estamos construindo uma imagem de uma pessoa com base em informações limitadas.
Viés de confirmação
O viés de confirmação é a tendência de buscar e usar informações que confirmem os próprios pontos de vista de um indivíduo e as expectativas que essa pessoa tem. Em outras palavras, trata-se da tendência de selecionar informações para validar hipóteses.
No entanto, esse viés afeta nossa capacidade de pensar de forma crítica e objetiva. Por consequência, pode levar a termos interpretações tendenciosas de informações e ignorar pontos de vista opostos.
Viés de conformidade
O viés de conformidade, também conhecido como “pressão dos pares”, faz com que um indivíduo se conforme com a opinião dominante. Decorre desse medo de sermos mal percebidos se pensamos diferente dos outros e, portanto, nos torna suscetíveis à influência.
L’École de la transmission des savoirs et de la formation des citoyens est à l’agonie. Elle accomplit aujourd’hui ce pour quoi on l’a programmée voici un demi-siècle : adaptée aux nécessités du marché, elle fabrique à la chaîne une masse de consommateurs semi-illettrés et satisfaits d’eux-mêmes.
Soucieuse d’élaborer enfin l’égalité promise par la République en nivelant par le bas, elle a réussi à détruire ce que la France avait mis deux cents ans à élaborer. Pourquoi l’Éducation nationale a-t-elle autorisé les dérives successives qui ont amené à l’apocalypse scolaire ?
Jean-Paul Brighelli, agrégé de Lettres, qui a enseigné pendant 45 ans, répond à cette question dans son dernier ouvrage “La fabrique du crétin – Vers l’apocalypse scolaire”, le tome 2 de son succès d’édition, déjà vendu à 150 000 exemplaires.
A “realeza” britânica não terá nada a ver com a dignidade do seu país? Com a vileza? Com a subserviência? São extra-terrestres? Eu conheço o argumento de que esta gente, dita real, é irreal, como os deuses gregos, não se intrometem nos assuntos dos homens a não ser para fazer filhos e causar guerras.
Mas há um mínimo de decoro que se lhes exige, além da exibição dos exóticos chapeus, as damas, e das fatiotas de domadores de circo, dos cavalheiros.
Não têm nada a dizer sobre a deportação de Assange para os Estados Unidos, o território da boa justiça?
“Como sempre acontece com tudo, a guerra na Ucrânia vai perdendo aos poucos o monopólio das atenções. Para tudo dizer em poucas e cruéis palavras, já estamos todos fartos da guerra na Ucrânia.
Mas seguramente ninguém mais do que os ucranianos: mais de 4 milhões permanecem ainda exilados no estrangeiro e, embora muitos tenham já regressado, o que encontram em muitos casos e muitos lados é um país desfeito e cujo futuro próximo não parece ser outro senão o contínuo troar dos canhões e a destruição paulatina de qualquer hipótese de regresso a uma vida normal.
Todas as noites as televisões repetem imagens de prédios, escolas, hospitais em ruínas, campos minados e cidades semidesertas, e servem-nos intermináveis entrevistas com habitantes que apenas pedem o fim da guerra e uma oportunidade para retomarem as suas vidas. Todavia, invocadas sondagens cuja origem é misteriosa garantem-nos o contrário: que a grande maioria dos ucranianos deseja que a guerra prossiga até à derrota total do invasor russo.
E todas as noites Zelensky, o Presidente dos ucranianos, aparece-lhes na televisão, vestido com a sua eterna T-shirt verde-militar, a prometer mais guerra e a pedir aos amigos da NATO novas e mais mortíferas armas para combater os russos.
Fora isso, e das raras vezes que vai ao terreno, curiosamente só vemos Zelensky entre militares — discursando-lhes, condecorando-os, exortando-os a prosseguir o combate —, mas jamais o vemos entre os civis, prometendo-lhes mais sangue, suor e lágrimas e encorajando-os a sofrer mais morte e destruição sem fim à vista. Uma falha na meticulosa operação de imagem do Churchill dos tempos modernos.
O primeiro-ministro defendeu hoje que um alargamento da União Europeia vai exigir uma reflexão sobre a “futura arquitetura institucional e orçamental”, dizendo esperar que todos estejam conscientes desse caminho coletivo.
António Costa e o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, receberam hoje durante todo o dia os partidos com representação parlamentar para preparar o Conselho Europeu da próxima semana, em que se discutirão as candidaturas à adesão à União Europeia da Ucrânia, República da Moldova e Geórgia.
No final, o primeiro-ministro anunciou que Portugal irá acompanhar o parecer da Comissão Europeia para que seja concedido à Ucrânia e à Moldova o estatuto de país candidato à União Europeia, mas fez questão de deixar alguns alertas.
“Esta perspetiva de futura integração, não só da Ucrânia e Moldova, mas também dos países dos Balcãs ocidentais, exige uma reflexão sobre a futura arquitetura institucional e orçamental da União Europeia, de forma a criar boas condições para termos uma UE forte, unida, capaz de cumprir os seus objetivos e acolher novos países candidatos”, defendeu.
Agora querem que acabe. E vão rogar ao Zelensky de joelhos. Não é bonito de se ver.
PROFISSIONALISMO NA COMUNICAÇÃO SOCIAL FALAR VERDADE, não mentir !
O PÓS-GUERRA QUE AÍ VEM| Não será de admirar que António Costa venha a ter papel fulcral no futuro da União Europeia. Tem Humanismo e InteligênciaNegocial.
Em mais uma inadmissível tentativa de CENSURA, o FB não deixa transcrever o link da revista Strategic Culture em que vem este artigo, mas fazendo a tradução, sem o link – como fizemos – é possível levá-lo ao conhecimento dos leitores. Aqui fica, portanto. Leia, antes que o bloqueiem:
“A Europa agora está presa “até às goelas” com amplas sanções económicas à Rússia e incapaz de enfrentar as consequências.
Emmanuel Macron irritou muita gente (assim como Kissinger fez no WEF), quando disse: ‘não devemos humilhar Vladimir Putin’, porque deve haver um acordo negociado.
Esta tem sido a política francesa desde o início desta saga. Mais importante, é a política franco-alemã e, portanto, pode acabar também por tornar-se política da UE.
A qualificação “pode” é importante – como na política da Ucrânia, a UE está mais rancorosamente dividida do que durante a Guerra do Iraque. E em um sistema (o sistema da UE) que insiste estruturalmente no consenso (por mais que ele seja fabricado), quando as feridas são profundas, a consequência é que uma questão pode travar todo o sistema (como ocorreu no período que antecedeu a guerra do Iraque). Ora a verdade é que as fraturas na Europa hoje são mais amplas e mais amargas (ou seja, acerbadas pelas forças do Estado de Direito).
Embora o rótulo “realista” tenha adquirido (nas circunstâncias atuais) a conotação de “apaziguamento”, o que Macron simplesmente está dizendo é que o Ocidente não pode e não irá manter seu atual nível de apoio à Ucrânia indefinidamente.
Um dia de 1997, em Lisboa, durante uma reunião do conselho de ministros, António Guterres deu conta da surpresa que tinha tido, numa sua recente visita à Polónia, ao constatar que todos os seus interlocutores locais estavam convencidos de que Portugal iria ser o país que mais dificuldades iria criar aos futuros alargamentos da União Europeia. E, voltando-se para o secretário de Estado dos Assuntos Europeus que eu então era, e que ali estava ocasionalmente por qualquer razão de agenda, alertou: “Espero que, em Bruxelas, os nossos funcionários clarifiquem bem a nossa posição”. Aquela perceção não era apenas polaca: muitos dos países do centro e do leste europeu estavam sinceramente convencidos que iriam encontrar em nós um grande obstáculo à sua pretensão de se juntarem à União.
A lógica dos interesses apontava, de facto, para que Portugal tivesse uma posição muito defensiva no tocante ao efeito, quer em matéria de fundos, quem em termos de vantagens competitivas, que a presença de um elevado número de novos parceiros iria implicar. Mas António Guterres via um pouco mais longe: o alargamento era um irrecusável objetivo estratégico da Europa “deste lado”, o qual, desde o final da Guerra Fria, entendia como imperativo conseguir dar resposta ao anseio de muitos Estados “do outro lado”, recém-libertos da tutela soviética, que pretendiam ancorar a sua liberdade e o seu desenvolvimento no quadro de um projeto que, durante décadas, lhes fora mostrado como paradigma de modelo exemplar de cooperação e de integração económica e, cada vez mais, de cidadania e de valores comuns, que os “critérios de Copenhague” haviam entretanto consensualizado.
Estava a ler textos sobre a “guerra da comunicação” em que estamos envolvidos, felizmente sem os custos em sangue e destruição da que ocorre na realidade do campo de batalha, na Ucrânia. Parti de um filósofo cujo pensamento conhecia um pouco, Paul Virílio, francês, autor de livros sobre as tecnologias da comunicação, e deste cheguei a um outro, desconhecido, Slajov Zizek, esloveno. Paul Virílio, com formação base em arquitetura, define a sociedade da informação como perigosa, já que a informática nos leva à perda da noção da realidade ao proporcionar uma quantidade gigantesca de dados. É sobre a relação entre a realidade e a imagem que dela nos é transmitida que se travam hoje os combates da informação, desinformação, manipulação que nos são apresentados pelos meios de comunicação, que pretendem camuflar a sua qualidade de armas, atrás de um colete com a palavra PRESS, de uma direção editorial, ou de pastores com a pele de comentadores .
Para Zizek, com formação em sociologia, professor nas universidades de Lubiana e de Londres, o “real” é um termo que corresponde a um conceito enigmático, e não deve ser equiparado com a realidade, uma vez que a nossa realidade está construída simbolicamente; o real, pelo contrário, é um núcleo que não pode ser simbolizado, isto é, expresso com palavras ou com imagens. Só existe como abstrato. Para Žižek, a realidade tem a estrutura de uma ficção. Ou seja, acaba sendo apenas uma espécie de interpretação da “coisa em si”. Há quem não se limite a interpretá-la, mas a fabrique.
O conflito geopolítico e ao mesmo tempo tribal que decorre presentemente na Ucrânia criou um novo (ou velho?) fenómeno, cada vez mais inegável e incontornável: o recurso, por parte das democracias, a métodos fascistas, a fim de imporem os seus pontos de vista e conquistarem “simpatias” para a sua causa. É o que eu chamo de “demofascismo”.
A recusa liminar em discutir a complexidade da situação na Ucrânia e em reconhecer que a história não começou no dia 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o país vizinho, foi a primeira manifestação desse fenómeno.
Seguiu-se-lhe a onda de russofobia que assolou o Ocidente, com a discriminação de todo e qualquer cidadão russo, o cancelamento de artistas e desportistas, a proibição de obras literárias russas nas escolas e outras aberrações.