DESABAFOS | Tiago Salazar

A montra das redes sociais permite à grande mole, que não tem acesso à escrita e vox pública (jornais, revistas, livros…), a divulgação das suas dores, revoltas, triunfos, egos, alergias e alegrias. Escrever é uma forma de terapia como dar peidos ao vento, dançar ou dar murros e pontapés num saco ou colchão. Não requer nenhuma espécie de dom ou vocação. Quem relê o que escreve (sem plágio, imitação ou recurso ao pensamento alheio), mesmo de forma atabalhoada, deve rever-se.

É aqui que está a honestidade intelectual. O facto de ter livros publicados e de me conotarem com um escritor (amador), só me obriga a uma maior responsabilidade. Parto do princípio de que vou ser lido com mais atenção (ou maior exigência). A escrita sai como me chegam os pensamentos (e as emoções que nascem dos pensamentos ou os antecedem). Para vir aqui partilhar escritos como este tenho um fundamento: uma vontade de mobilizar o(s) leitor(es) a reler, a guardar, a partilhar, a debater o tema de fundo. Para hoje, o tema de fundo é a mania dos portugueses de viverem acima das possibilidades.

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