O erótico na literatura portuguesa | Manuel Frias Martins | in Companhia dos Livros

O professor universitário, ensaísta e crítico Manuel Frias Martins analisa a literatura erótica portuguesa num artigo em que passa também em revista o impacto dos fatores sociais, políticos e religiosos na nossa perceção sobre os valores morais dominantes em cada época.

As práticas censórias da ditadura salazarista, amparadas pela norma clerical que moldou a cultura moral portuguesa, e que continua subterraneamente presente em vários recantos do inconsciente da nação, sufocaram a imaginação erótica e muitas das suas expressões literárias possíveis. Cidadãos “virtuosos”, porque inimigos de representações artísticas do corpo, do desejo e do sexo, ocuparam lugares-chave da cultura oficial ou a ela ligados, e a partir dos quais expulsaram a experiência de Eros, denegando em consequência os múltiplos aspetos e possibilidades artísticas do sexo. Esta é a explicação mais simples, mas também a mais adequada, para a escassez de cultores literários do erotismo em Portugal.

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Pela frente ou por trás? | Manuel S. Fonseca in “A Página Negra”

(…) mas umas costas nuas! Nada se com­para ao ves­tido de finas alças nos ombros, estuá­rio aberto que se vem fechar sobre as cinco fun­di­das vér­te­bras do sacro – incom­pa­rá­vel é a geo­gra­fia de umas cos­tas nuas. (…)

(…) se há prazer que merece ser celebrado, é o das costas nuas. À frente, há uma planície venu­si­ana, certo? Mas atrás! Espa­ços aber­tos, duas rasas margens de um vale com um rio de vértebras ao meio. Ebúrneas e delicadas, castanhas e bronzeadas, de acetinado ébano, cantemos, de uma mulher, e logo desta mulher, as costas nuas. (…)

(…) Mas as cos­tas nuas! As cos­tas nuas pedem a didác­tica tensão de um Oví­dio, a per­sis­tên­cia do lento apren­diz de uma “Ars Amatoria”. (…)

Manuel S. Fonseca

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Pela frente ou por trás?

Engates e virgens ofendidas | Jorge Alves

Volta e meia deparo aqui no face com posts a desancar na escassez de neurónios do género masculino e no total desinteresse que a minha espécie merece da raça contrária. Para além disso, uma parcela das autoras dos referidos posts colocam-se num pedestal e arvoram-se em virgens ofendidas, alardeando aos sete ventos que andam a ser convidadas para isto e para aquilo. Pessoalmente, já recebi vários convites para cafés ou jantares. A todos disse uma simples palavra – não. E não me senti na pele de virgem ofendida. Que não sou, nunca fui nem pretendo ser. Servem estas linhas para uma leve lembrança a essas falsas beatas, catequistas arrependidas e santinhas de altar – isto é uma rede social, um canal aberto, onde aparece de tudo, inclusive prostituição descarada e gajos menos bem formados, é verdade. Basta pô-los no lugar e, se necessário, bloqueá-los. Sendo o inverso também verdadeiro. É tão simples como isso. Lembremo-nos também que essa coisa de ser gajo e andar no mercado é muito bonita, mas é tudo menos fácil.

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