18 SÉCULOS DE PENSAMENTO FILOSÓFICO ANTECEDEM AS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES EUROPEIAS | António Galopim de Carvalho

Foi nas colónias gregas da Ásia Menor, mais precisamente na Jónia, entre os séculos VII e VI a.C., que encontramos as primeiras manifestações de um pensamento dotado de exigência e compreensão racional.
Foi aqui que alguns dos seus habitantes mais letrados esboçaram as primeiras tentativas de explicar o mundo que os rodeava sem recorrerem à mitologia, o que era a prática comum da época. Só meio século, depois, Pitágoras (circa 570-495 a.C.) deu o nome de “filosofia” a essa atitude mental.

Nascido em Mileto, cidade desta colónia, Thales (c. 623-546 a.C.) terá sido o primeiro pensador a romper com o ponto de vista religioso e, como tal, o primeiro filósofo ocidental. Foi o surgir de um pensamento que virou costas à tradição mítica de deuses e heróis e começou a fundamentar-se nas realidades observadas no dia-a-dia. Dito de outra maneira, a experimentação quotidiana conduziu à laicização do conhecimento e à sua condução no caminho do racional.

Dentro deste espírito, surgiram, nas Escolas gregas dos séculos VI e V a.C, como a de Mileto, as primeiras ideias, ditas filosóficas, como o embrião de uma ciência teórica, meramente especulativa, sem qualquer apoio experimental. Estas escolas foram comunidades de pensadores (Tales, Anaximandro, Anaxágoras e Heráclito, entre outros), cujas ideias, muitas vezes divergentes, foram os primeiros passos na procura do conhecimento no mundo ocidental. Dizemos ocidental porque havia outros a oriente, não menos importantes, nomeadamente, na índia, na Mesopotâmia, na Pérsia e na China que, diga-se, tiveram influência na cultura grega.

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Cinquentenário da morte de Salazar – A andropausa da ditadura e o caruncho | Carlos Esperança

Em 3 de agosto de1968, um inseto coleóptero atingiu a apoteose na cadeira que ajudou a desconjuntar. O caruncho foi o artífice da inestimável tarefa que marcou o início do fim do ditador, que vegetou ainda até ao dia 27 de julho de 1970. Faz hoje 50 anos.

Por mérito próprio ou ansiedade de um povo, o caruncho tornou-se o celebrado autor da queda da cadeira que arrastou o mais longevo ditador europeu do século XX. Ignora-se o número de anos e de insetos cuja vocação xilófaga os conservou no interior da cadeira onde o biltre repousava, no Forte de Santo António da Barra, em São João do Estoril, e, prostrado aos pés, um calista lhe tratava regularmente os calos.

Nesse dia, o sádico ditador tornou-se um decadente ator de comédia. Presidiu a supostos Conselhos de Ministros onde os cúmplices do seu último Governo iam como figurantes. Lentamente, foi-se esquecendo de quem era e dos crimes de que foi responsável.

As memórias do cruel massacre de Batepá, em S. Tomé; da pedofilia dos ministros que não permitiu julgar; das prisões, degredos, perseguições, demissões e assassínios de adversários; da tortura de presos e da tragédia da guerra colonial, foram-se esvaindo de um corpo já sem cérebro do tirano sem princípios.

A Pide, a Legião, a GNR e os Tribunais Plenários continuavam a funcionar; nas prisões, a tortura mantinha-se; nos jornais, a censura prévia permanecia; nas prisões políticas, os espancamentos, a tortura do sono, a estátua, as queimadelas de cigarros e eletrochoques não pararam. O País continuou a coutada de alguns. O analfabetismo e a mortalidade infantil e materno-fetal competiam com países do terceiro mundo. Nem os funcionários públicos tinham qualquer assistência médica ou medicamentosa, e eram injustificadas as faltas, por motivo de parto, às mães solteiras.

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Cultura Chunga — A Nova Cultura de Massas | Carlos Matos Gomes

Em Minima Moralia, o filósofo alemão Theodor Adorno, da Escola de Frankfurt, interrogava-se, após o final da II Guerra Mundial e de ter sofrido o desterro provocado pelo nazismo, por que razão “a humanidade, em vez de subir a um estado verdadeiramente humano, se afundara numa nova espécie de barbárie.”

Adorno considerava como determinantes do embrutecimento da vida e da perda do convívio social, caraterísticos do nazismo, o esquecimento histórico dos homens.

O que nos leva a repetir os erros?

Hoje, como antes da ascensão do nazismo, vivemos tempos de perigosos esquecimentos. A vida social, escreveu premonitoriamente o filósofo alemão, após se ter deslocado para o âmbito do mundo privado, encontra-se reduzida à esfera do mero consumo. A sociabilidade pouco mais é que um apêndice do processo de produção material, uma indústria.

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Assim argumenta Habermas | JAVIER RODRÍGUEZ MARCOS 03 MAY 2020 in El País

Biografia do filósofo alemão permite rastrear as grandes polêmicas intelectuais do último meio século. Suas críticas à amnésia a respeito do passado nazista fizeram dele uma consciência moral da Europa.

Em novembro de 2004, Jürgen Habermas viajou ao Japão para receber o Prêmio Kyoto, convocado por uma empresa de tecnologia e dotado de 800.000 euros. Deu duas conferências lá. A primeira foi dedicada ao livre arbítrio e à responsabilidade do ser humano. Na segunda atendeu ao pedido de seus anfitriões: “Por favor, fale sobre o senhor”. Foi a primeira vez que o fez em público. Tinha 75 anos e estava a 9.000 quilômetros de casa. Lá ele se lembrou das dolorosas operações no palato que fez na infância em sua cidade, Düsseldorf, para tentar corrigir uma fissura congênita que marcou para sempre sua pronúncia. Também lembrou a “sensação de vulnerabilidade” que isso lhe causava. Depois falou da outra grande ferida que marcou sua vida, um passado pouco exemplar do qual sua família fez parte: os pais o alistaram aos 10 anos de idade na Juventude Hitlerista e o pai, filiado ao partido nazista, acabou nas cadeias norte-americanas como prisioneiro de guerra. E claro, falou sobre o que o fez mudar da medicina, sua primeira vocação, para a filosofia: a impressão causada pelos crimes descritos nos julgamentos de Nuremberg, a falta de autocrítica de seus compatriotas e o medo de que a Alemanha recaísse no delírio que partira pela metade a história da humanidade.

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50) – C19 Upshot | Três portuguesas contam a corrida à vacina pelas suas empresas | Rastreamento de contactos durante surto de doença por coronavírus, Coreia do Sul, 2020 | Paulo Querido

23 jul 2020 // Hoje temos escolhas de Ana Roque, Luis Grave, Nuno Andrade Ferreira.

💉 Três portuguesas contam a corrida à vacina pelas suas empresas

Há agora 163 vacinas em desenvolvimento para o novo coronavírus. O número não pára de crescer de dia para dia. À etapa dos ensaios em pessoas já chegaram 23 dessas vacinas experimentais. Mas quando chegará ao fim a corrida e teremos mesmo uma vacina? Os primeiros resultados dos ensaios começam a sair: a empresa Moderna fê-lo na última semana e a equipa de Oxford fá-lo-á esta segunda-feira.

[Teresa Firmino – Público]

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As TEVÊS e os PORQUÊS | Carlos Matos Gomes

Isto é a sério, apesar das gargalhadas e dos piscar de olho!

De repente as televisões caíram no centro da informação. Competem com as sociedades do futebol no toureio das opiniões públicas. Fabricam-se estrelas, dá-se lustro a velhos castiçais. Um setor que há um mês se apresentava falido, de barrete na mão, na sopa dos subsídios do Covid, surge, num estalar de dedos, na reabertura do mercado a fazer contratações milionárias para o entretenimento, o puro, o da alienação direta das classes mais fáceis de iludir, e o do entretenimento mais sofisticado, a do infoentretenimento, a falsa ou manipulada informação servida com aparência de seriedade e agradabilidade, com a papinha feita às classes médias. Um processo de infantilização!

Não há improvisos nem espontaneidade em movimentos desta envergadura. Alguém está por detrás desta ampla e velha manobra de pão e circo para adormecer o povo. E alguém está a investir nesta farandolada. A farandolada, a velha designação das atuações de saltimbancos e vagabundos, tem uma finalidade e antecipa o futuro. A Fox, americana e a Record, da IURD, a subida ao poder de Trump e de Bolsonaro são modelos inspiradores para a nova TVI.

A agitação no vespeiro das Têvês tem um motivo: o Poder! Veremos que resposta dará a SIC, porta-voz da velha ordem.

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49) – C19 Upshot | Preparar as novas gerações para os desafios de um mundo em mudança | Como a pandemia está a mudar os meios de comunicação social | Paulo Querido

20 jul 2020 // Hoje temos escolhas de Paulo Querido, Ana Roque.

🔮 Preparar as novas gerações para os desafios de um mundo em mudança

Como combater as alterações climáticas? Como assegurar que tecnologias como a Inteligência Artificial e a robótica servem os cidadãos em vez de se servirem deles? Como garantir a segurança e a privacidade nas redes? Como impedir pandemias e crises humanitárias de diversas ordens? Como continuar a crescer sem comprometer as futuras gerações?

[Graça Carvalho – Dinheiro Vivo]

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AMOR | Tiago Salazar

É estranho termos tão poucos laços com a natureza, com os insectos, com a rã saltitante e com o mocho que pia por entre os outeiros, chamando a sua companheira. Nunca demonstramos ter uma certa simpatia por todos os seres vivos da Terra. Se pudéssemos estabelecer uma relação intensa com a Natureza, nunca mataríamos um animal para saciar o nosso apetite, nunca feriríamos nem dissecaríamos um macaco, um cão, uma cobaia para nosso proveito. Encontraríamos outras formas de cicatrizar as nossas feridas, curar os nossos corações.

O ser humano matou e continua a matar milhões de baleias e tudo o que obtemos desse massacre pode ser conseguido por outros meios. Mas, ao que parece, o Homem gosta de matar, gosta de matar o veado em fuga, a gazela maravilhosa e o elefante pujante. Adoramos matar-nos uns aos outros. Esta chacina humana nunca se deteve em toda a história da vida do Homem na Terra. Se conseguíssemos – e é imperativo fazê-lo – estabelecer uma relação profunda e duradoura com a Natureza, com as árvores, os arbustos, as flores, a erva e as nuvens velozes, nunca mais massacraríamos outro ser humano, por motivo algum.

Assassínio organizado é sinónimo de guerra.

Tiago Salazar

Retirado do Facebook | Mural de Tiago Salazar

Mundo enfrenta risco de “fome de proporções históricas”, alerta de António Guterres

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português António Guterres, pediu hoje que o mundo crie um “Novo Contrato Social para uma nova era” e um Novo Acordo Global para combater desigualdades.

António Guterres discursou em direto, de forma virtual, para a Fundação Nelson Mandela, uma instituição da África do Sul, na comemoração do nascimento do histórico ativista pelos direitos humanos, premiado com o Nobel da Paz em 1993 e Presidente da nação sul-africana entre 1994 e 1999.

Partindo de desigualdades que não se resumem ao poder económico, mas que se observam a nível social e nas relações de poder, António Guterres disse que chegou a altura de preparar um futuro centrado em solidariedade, convidando todos a pensarem num “Novo Contrato Social” para políticas de trabalho, emprego, educação ou segurança social.

Para o sustentar, deverá ser criado também um Novo Acordo Global, acrescentou Guterres, baseado numa “globalização justa”, “vida em balanço com a natureza” e atenção aos “direitos das gerações futuras”.

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Palavras dos Evangelhos | Frederico Lourenço

O quadro de El Greco na Colecção Frick de Nova Iorque, que representa Jesus a expulsar os vendilhões do templo, deu-me recentemente que pensar por duas razões.

A primeira foi a notícia lida algures de que, estando comprovado que a contemplação de grandes obras de arte aguça e refina a capacidade de atenção, existem hoje iniciativas em grupos profissionais que ninguém esperaria (como o exército ou a polícia nos EUA) programadas para ensinar futuros militares a analisar obras de arte e a memorizar os seus pormenores. Um grupo de futuros polícias foi levado, pois, à Colecção Frick de Nova Iorque, onde uma professora de História de Arte lhes propôs a análise do quadro de El Greco que vêem na imagem. A professora perguntou ao grupo o que achavam do quadro. Um dos futuros polícias disse imediatamente que mandaria prender «the guy in pink, because he’s causing all the trouble».

Uma segunda ocasião que me pôs a pensar no quadro de El Greco foi o visionamento de uma conferência proferida pelo brilhante director da Colecção Frick, Xavier Salomon (cujos vídeos no YouTube vos recomendo vivamente). Falando deste quadro, o Dr. Salomon explicou que representava um episódio do Evangelho de Mateus. Na verdade, Jesus expulsa os vendilhões do templo em cada um dos quatro Evangelhos, mas a cena pintada por El Greco não representa o episódio de Mateus, mas sim o de João. Pois é só no Evangelho de João que Jesus expulsa os vendilhões à chicotada. A passagem de João tem um carácter individual por várias razões: uma delas é que nos dá a única ocorrência no Novo Testamento da palavra «phragéllion» (φραγέλλιον), «chicote».

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Cantem! Cantemos! | Carlos Matos Gomes

Vivemos e revivemos entre o “Lá vamos cantando e rindo, levados, levados sim!”, do hino da Mocidade Portuguesa e “o quem canta o seu mal espanta”. Os vendedores desta banha de cobra sacam os seus melhores trunfos para nos manter mansos. Cumprem o seu papel.

A realidade portuguesa é a de uma gravíssima crise, com a destruição de cerca de 15% do Produto Interno Bruto, com o turismo, que até fora a locomotiva da nossa economia de Disneylândia, agora em agonia, a exposição das fragilidades de uma sociedade de jovens precários, da UBER à venda de serviços médicos à hora e ao Alojamento Local, de velhos encafuados em lares ilegais, um desemprego de que não se conhece a verdadeira dimensão, fome nas classe médias, aumento exponencial de mortes por quebra de rotinas de prestação de serviços de saúde, mobilizadas para a pandemia, isto num sistema mundial desregulado, em que o nosso império tem à frente um imperador louco, e a União Europeia a que pertencemos está sujeita à mesquinhez de um agiota holandês e aos humores de um magarefe húngaro.

Esta é, em traços muito gerais, a nossa situação. Espero que não seja tão má. Descobrimos, com falso espanto, que em Julho de 2020 estamos como em Março de 1975, quando foi indispensável nacionalizar a banca e, por arrastamento, boa parte das empresas endividadas e inviáveis. Quando descobrimos a podridão de um sistema financeiro e económico assente em areias movediças e que flutuava sobre uma camada espuma com aparência rochosa.

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Alex Taylor | a short piece of Music called ‘Natalia’

I have composed a short piece of Music called ‘Natalia.’ I watched my first ballet in Dec 2018 and have been hooked since. I saw Natalia in ‘Pure Dance’ at Sadlers Wells last October and wrote this with her grace, elegance and beauty in mind. If Natalia sees this and wants to choreograph a dance to it? (day dreaming again) !!

Hope you like it.

O MARTELO DE THOR | José Pacheco Pereira

Eu gosto muito do meu país, mas não tenho muitas ilusões sobre ele. É um país atrasado, pouco desenvolvido, sem massa crítica, pouco culto, sem grande qualificação da mão-de-obra, muito dependente de vagas de superficialidade, onde a maioria das pessoas trabalha duramente para não receber sequer o mínimo vital, sem vida cívica autónoma do Estado, com uma economia débil, desindustrializado, com uma agricultura desigual, pouco cosmopolita, com muitos aproveitadores e alguns bandidos, mas aí como os outros.
É um país que cada vez menos tem autonomia política, dependente da transferência dos centros de decisão para Bruxelas. Aquilo em que somos melhores não coloca o pão no prato ao fim do dia, como agora se diz. Temos uma língua e uma literatura de valor universal, a melhor obra dos portugueses, mas ninguém come literatura. E temos uma democracia que é um valor que só quem sabe o que é ditadura percebe qual é. É mau? Não é mau, há muito pior, mas é sofrível, e sofrível não permite andar por aí a bater em pandeiretas.

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The data that proves the first wave of coronavirus is far from over | in https://www.wired.co.uk

It’s time to stop talking about waves of coronavirus. This is a long, lingering epidemic that is only just getting started.

Since the pandemic began, the threat of a second, deadlier wave of coronavirus has captured the public imagination. The fear, which provokes viral Facebook posts and influences government strategy, is that this pandemic will follow a trajectory similar to that of the 1918 Spanish flu. Two-thirds of the 50 million who died would do so from October to December 1918, during a so-called “second wave”. But this fear may be misdirected. T he world is still yet to hit the peak of the first wave. And, until we get a vaccine, it likely never will.

Across the world, the pandemic is still accelerating. The first case was reported in China in late December. It took three months from that date to reach one million cases. The leap from 12 million cases to 13 million cases took just five days. A Reuters tally puts the total number of dead at 570,000. Daily deaths peaked in mid-April at 10,000 a day; since then they have hovered around the 5,000 mark.

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250 anos do nascimento de Beethoven: a vitória do sublime | in esquerda.net

Quem conseguir ligar-se à música de Beethoven terá o privilégio de enfrentar algumas das maiores proezas criativas, intelectuais e sensíveis do mundo da música.

Por Guilherme de Alencar Pinto.

Tudo estava previsto para que este fosse o ano de Beethoven. Com a pandemia em andamento, os 250 anos do nascimento do pobre Ludwig vão tendo como principal celebração o som de “Para Elisa”, desafinado, nos camiões de distribuição de gás que cruzam as ruas semi-vazias. Contudo, nada nos impede de aproveitar este quarto de milénio (que se cumpre no final do ano) para resumir o que nos trouxe um dos compositores que mais contribuiu para definir o nosso vínculo com a arte.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) é talvez o compositor mais influente na história da música. A partir do século XX, a música popular alcançou uma massificação inatingível no seu tempo, mas nesta o influenciador era a interpretação, não a composição, e, além disso, a grande segmentação desse setor impediu que uma figura se destacasse, o que era possível na cultura eurocêntrica do século XIX.

Apenas Wagner (1813-1883) pode fazer-lhe mossa, mas é de notar que a idolatria suscitada por este foi sempre potenciada por uma controvérsia ardente, enquanto o caso de Beethoven é mais parecido com o do seu quase contemporâneo Artigas [NT: militar e político sul-americano, herói das independências argentina e uruguaia], ou seja, tornou-se uma figura quase intocável e reivindicada por todos (na famosa controvérsia entre Wagner e Brahms, ambos fundamentavam as suas posições evocando Beethoven).

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Rembrandt e “A Lição de Anatomia do Dr. Tulp” | Estórias da História

A Lição de Anatomia do Dr. Tulp é uma pintura a óleo sobre tela de Rembrandt, pintada em 1632. É uma de suas obras mais famosas e revolucionárias.
A obra retrata uma aula de anatomia do doutor Nicolaes Tulp. O corpo que aparece no quadro é de um marginal que havia sido condenado à morte por assalto a mão armada no dia anterior à lição. Lições de anatomia realmente existiam e aconteciam em anfiteatros, dadas por doutores anatomistas.

Algumas curiosidades sobre esta obra:

O nome do pintor e a data da conclusão da pintura podem ser vistos num quadro de avisos pendurado na parede ao fundo do laboratório de anatomia. Rembrandt, para não macular sua bela obra, preferiu não colocar sua assinatura como se faz usualmente.
O aluno mais próximo do Dr Tulp tem à mão uma folha de papel, na qual imaginava-se que estavam escritos os nomes dos músculos do antebraço que estão a ser mostrados, impressão que se desfaz quando se percebe que, imediatamente acima do chapéu do Dr. Tulp, há uma pincelada com o número 1. Assim, o primeiro nome da lista é o do Dr. Tulp, os outros sete números correspondem ao nome dos alunos presentes na aula.

O corpo dissecado pertencia a Adriaan Adriaans, também conhecido por Aris Kint, um ladrão que havia sido enforcado por roubo. Estudiosos da pintura acreditam que o braço esquerdo pintado não é o braço de Aris Kint, mas de um outro cadáver previamente dissecado por Tulp (É bastante perceptível que o antebraço esquerdo é maior que o direito).Segundo mostrou o raio X da pintura, inicialmente a mão direita do cadáver não tinha dedos. Rembrandt pintou-a posteriormente com base na mão de outra pessoa (É uma mão delicada, com unhas bem cortadas, nada lembrando a de um ladrão). Considera-se a possibilidade de Aris Kint ter tido a mão cortada quando ainda vivo, pois no século XVII, em algumas situações, havia na Holanda a prática jurídica de se amputar a mão do ladrão como pena prévia à pena capital.

A Lição de Anatomia do Dr. Tulp está exposta no Museu Mauritshuis, em Haia, na Holanda. A casa onde funciona o Museu pertenceu ao colonizador Maurício de Nassau.

https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2012/04/rembrandt-e-licao-de-anatomia-do-dr.html?spref=fb&fbclid=IwAR0Dx-iNg7UB-TsPnUM9d0uZh4BY6pES–3_ygMHFEXGJTVebvgAek4KOoE

O complexo do sobrinho mimado da tia rica | Francisco Louçã in Jornal Expresso

Há, na ofensiva desembestada da direita contra o controlo público da TAP, um rancor que contrasta curiosamente com a pedinchice de financiamento sempre que esta ou outra empresa cai em dificuldades. Se a chuva de dinheiro se limitasse a salvar Neeleman, que aliás parece ter pouco que o recomende, a considerar as provas que deu nestes anos, cantariam os anjos no céu. Se esse dinheiro fosse somente uma carita transição para a venda à Lufthansa, como mandam as leis do mercado, era um sacrifício em prol do destino, mas aleluia que o mercado está salvo.

Agora o Estado querer dirigir a empresa que comprou, haver uma companhia de bandeira em Portugal e não se desbarretar perante a soberania alemã, isso é um atrevimento, que levanta no mesmo fervor espíritos tão diversos como Júdice, Figueiredo e Rangel. Vai ser caro, anunciam, lúgubres; se pagassemos abdicando do direito de exigir a adaptação da empresa às necessidades de Portugal, então seria um fulgurante negócio, como está bom de ver. É de notar que, entre os que agora se indignam com o custo, estão alguns dos que advogaram, intermediaram, consultoraram ou aplaudiram negócios como a privatização dos CTT, da EDP, da REN e outros esplêndidos contratos que acomodaram fortunas, são portanto especialistas de cartilha passada em questões de gestão da coisa pública.

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48) – C19 Upshot | Vacina para o coronavírus: Estamos perto de encontrar uma? O que está a acontecer | Mulheres líderes e coronavírus: olhar para além dos estereótipos para encontrar o segredo do seu sucesso | Paulo Querido

8 jul 2020 // Hoje temos escolhas de Paulo Querido, Ana Roque, JL Andrade.

💉 Vacina para o coronavírus: Estamos perto de encontrar uma? O que está a acontecer

Vacinas para prevenir o COVID-19 estão a ser desenvolvidas a um ritmo recorde. Neste artigo pode encontrar tudo o que precisa de saber acerca do progresso que foi feito até agora contra esta doença potencialmente fatal.

O artigo inclui notícias recentes sobre os candidatos a vacinas a ser desenvolvidos em vários países, as investigações mais promissoras, mas também reflecte sobre as dificuldades e as várias fases antes de uma aprovação generalizada, ou a probabilidade de não se conseguir uma vacina.

[Dale Smith – CNET]

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OS TEUS SEIOS | UM POEMA INÉDITO ILUSTRAÇÃO DE MANET | CASIMIRO DE BRITO

Os teus seios parecem oh não
os teus seios são uma caixa
de música deixas-me
ouvi-la?

Pássaros matinais os teus seios
e parece que vão voar
deixas-me voar com eles?

Aves macias a caminho
do céu azul da noite clara posso
aninhar-me neles?

Aves sagradas de bico terroso
posso beijá-los?

Os teus seios são raizes
que nos separam e unem quando
nos amamos e num só
nos transformamos

47) – C19 Upshot | A política pandémica da Europa: como é que o vírus mudou a visão do mundo | Os casos de COVID estão a aumentar. As mortes por COVID estão a decrescer. Porquê? | Paulo Querido

1 jul 2020 // Hoje temos escolhas de Paulo Querido, Ana Roque, JL Andrade.

🖐️ A política pandémica da Europa: como é que o vírus mudou a visão do mundo

A crise da covid-19 é provavelmente a maior experiência social das nossas vidas. Não sabemos quando ou como irá terminar. É ainda demasiado cedo para prever como irá mudar radicalmente a forma como os europeus vêem as suas próprias sociedades. Mas já podemos ver que a pandemia transformou a forma como os europeus vêem o mundo para além da Europa, e – como consequência – o papel da União Europeia nas suas vidas.

  • Nas fases iniciais da crise, a política foi suspensa, e a opinião pública ficou atrás das acções dos governos nacionais. Os cidadãos foram enviados para o exílio interno nas suas próprias casas, muitos paralisados pelo medo e pela incerteza. Os governos avançaram rapidamente para introduzir medidas de emergência para impedir a propagação da doença, apoiar os sistemas de saúde, e salvar postos de trabalho e empresas do colapso.
  • Na próxima fase da crise, à medida que os governos angariarem vastas somas de dinheiro para financiar uma recuperação, terão de ter em conta a política. Não será suficiente desenvolver as políticas certas; os governos e os líderes da UE também terão de encontrar a linguagem e os quadros adequados para ganhar o apoio do público para as suas políticas. Para o fazerem, terão de compreender como a covid-19 mudou – ou não – os receios e expectativas do público.

[Ivan Krastev e Mark Leonard – ECFR.EU]

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