ENTREVISTA COM VASCO LOURENÇO – conduzida por Henrique Prior e Paulo F. Silva

A Viagem dos Argonautas

Esta entrevista é transcrita, com a devida vénia, do site INCOMUNIDADE. Agradecemos a Henrique Prior, a Paulo Silva, ao INCOMUNIDADE e ao Coronel Vasco Lourenço.   A foto é da autoria de Armando Isaac.

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Estamos num tempo em que recordar e comemorar o 25 de Abril não chega. Aquele mesmo povo que agora canta o “Grândola, Vila Morena” como grito de revolta contra o sofrimento a que o poder actual o condena precisa como nunca que sejam lembrados os valores de Abril e que, para lá da simples revolta, sejam apontados os caminhos para alcançar os grandes desígnios do Movimento dos Capitães, que resgatou a Pátria para a Liberdade: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

 Cumprindo o que sente ser o seu dever, a INCOMUNIDADE não poderia encontrar melhor para pensar o tempo presente e apontar os caminhos do futuro do que entrevistar Vasco Lourenço, que foi não só um dos heróis de…

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Haunted in the Best Way: A STRANGER IN OLONDRIA

BookPeople

A Stranger in Olondria by Sofia Samatar
~post by Raul M. Chapa

There are many books written about the love of books, and I want to celebrate the arrival of another to the genre: Sophia Samatar’s A Stranger in Olondria.  Though set in a totally imaginary world, it is the author’s beautiful use of language that will suck you into this story about books and the love of reading.

Shall I say it is the cadence of her sentences that grab you? Or is it the rich imagery she weaves when she describes her world?  It is almost poetry – free verse of the best kind.  There are literally whole passages that beg to be read aloud, and if you have a love of the English language, there is not one paragraph you can pass up.  She becomes a sorceress of words, and in their beguiling attraction, one can…

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New Releases

BookPeople

HC FICTION

The Woman Upstairs by Claire Messud
Nora Eldridge, an elementary school teacher in Cambridge, Massachusetts, long ago compromised her dream to be a successful artist, mother and lover. She has instead become the “woman upstairs,” a reliable friend and neighbor always on the fringe of others’ achievements. Then into her life arrives the glamorous and cosmopolitan Shahids—her new student Reza Shahid, a child who enchants as if from a fairy tale, and his parents: Skandar, a dashing Lebanese professor who has come to Boston for a fellowship at Harvard, and Sirena, an effortlessly alluring Italian artist. When Reza is attacked by schoolyard bullies, Nora is drawn deep into the complex world of the Shahid family; she finds herself falling in love with them, separately and together. Nora’s happiness explodes her boundaries, and she discovers in herself an unprecedented ferocity—one that puts her beliefs and her sense of self…

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ORGIAS | Célia Moura

Cubram-me com organza,
um pouco de seda preta nos seios já desnudados
e muitas rendas a condizer,
por favor,
de preferência pretas!

Não me digam vozes
que desconheço
nem pérolas ou diamantes
que jamais sentirei.

Eis-me aqui,
finalmente nua,
finalmente serva
perante o céu,
perante o inferno,
ou pior,
perante vós somente
e coisa nenhuma!

Cubram-me com a gentileza de mimos,
por obséquio!

Sim!

Quero rendas pretas, sedas finas, carícias que me faltaram,
já que não poderei ter os diamantes!

Quero o meu fado!
Somente o meu alegre e triste fado!
O meu fado tão mal cantado!
Aquele que o povo cantarolava quando saia do trabalho, ou enquanto laborava,
em qualquer lado!
Aquele que eu sempre cantei e me fez muito feliz enquanto tive a coragem de ser eu e de ser povo, e que me fez sentir Eu no meio da minha cidade e do meu mundo…

Quero-o soletrado em jeito de poesia no baixar do meu caixão
o meu fado, a minha poesia.
Apenas isto!

Mas, tenham a gentileza
de me cobrir toda a nudez
nesta derradeira orgia manifesta
Tão exposta!

Que terá sido feito de mim?
Sabereis vós?
Vós que hoje me acompanhais, ter-me-eis conhecido algum dia?
Soubestes porventura da minha agonia um só instante?

Desculpai-me o mau aspecto, a palidez do rosto,
a falta de maquilhagem,
esta falta de cuidado…

Não me digam mais
desafios ou maré alta,
nem tão pouco,
término!

A propósito,
quem disse que eu queria coroas de flores?

São uma fortuna,
e sinceramente para mim
são uma ofensa!

Será que nada mais vos mereço
que uma bela, ornamentada e encomendada coroa de flores?

Que tal um punhado de sementes lançadas à terra do meu chão
para depois poderem florir ao vento, e às primeiras chuvas de Outono?
Que tal uma roseira?
Ai, que excentricidade – dirão vós!

Será que nem depois de morta deixará de ter caprichos?

Não é nada disso, meus queridos ,
só porque belas flores
de encomenda – tanto que sempre as desejei –
tive sede, tive fome tantas vezes!
Mordia-lhes a cor de as querer!
No auge da minha miséria, olhava-as e sorria-lhes nas montras das floristas, ansiando que alguém me oferecesse nem que fosse um botão de rosa num dia especial – mas ninguém o fazia.
Porque tendes que me dar agora, belas rosas,
as mais rubras rosas,
as mais puras rosas?!
Porquê,
Para que as quero eu
quando tão prostrada estou
neste profundo exílio de mim?

Vós, afinal não sois como os hipócritas, certo!
Vivi a vida inteira amando-vos sem flores,
agora, deixai-me ir embora, sem elas também.

Inundai-me de luar.

Quero o meu longo vestido de noiva negro,
ao qual tantos sorriram,
sobre mim.
Embrulhai-me nele, entre papoilas, hinos, fotografias velhas
e vento norte…

Cubram-me com a fúria dos amantes traídos
e todas as flores silvestres.

Cubram-me com a poesia,
quero os mais belos poemas
Os eleitos!
Colocai-os como um terço sagrado entre as minhas mãos!

Que capricho o meu,
o de uma morta!

Não vos pedirei mais nada, prometo!

Não acreditais, é verdade!

Juro!
Juro por tudo o que existe de mais sagrado!
Exijo-vos a Palavra de meu Aba Pai.

Porque agora até posso jurar pelo Divino e pelo sagrado já que efectivamente estou morta, porque em princípio não irei morrer outra vez, certo! E, também não tenho que estar com medo que alguma coisa me caia em cima, porque na realidade, por aquilo que ainda estou a sentir agora já morta é observar-vos muito chorosos sem poder falar ou me expressar de forma alguma. Será que é isto a tão famigerada morte, ou eu estou apenas eufórica com esta nova situação na minha vida e me esteja a dar para isto, para o sentido de humor, coisa que no meu caso, penso que nunca foi o meu atributo principal, nem sequer gostava de grandes piadas, no entanto, agora neste momento aqui onde me colocaram tão bem arranjadinha dentro disto a que sempre se chama de caixão, digamos que ao ver o espectáculo de outro prisma, estou a achar uma certa graça.
A observação de vós.

A sala onde decorre o meu velório não é muito espaçosa, talvez daí se explique a tremente necessidade da entrada e saída de pessoas. Somente algumas permanecem. São os familiares mais próximos, entre eles estão os meus pais. E, perante meu corpo já sem vida, continuam sem se falar, num ódio que permanece há mais de vinte anos, e, que só a morte de um deles conseguirá apagar. Como não tive mais irmãos, somos só nós ali, os três como há mais de vinte anos isso não acontecia, nós somente, separados pelas circunstâncias da vida que torna os homens incompreensíveis e impotentes uns para com os outros por muito que se amem – como foi o caso. Mas, por mais bizarro e triste que seja, eu, ali, no meu caixão, com a beleza que a violência da morte não tinha conseguido apagar totalmente, consegui a minha grande façanha, o meu sonho de adolescente, voltar a ver os meus pais juntos, unidos, ao lado um do outro, no mesmo banco, ainda que fosse de uma simples capela mortuária que acolhia a semente única do grande amor que haviam vivido e jurado na juventude, e que havia feito a alegria de um casamento – ver nascer, crescer um filho para depois o ver morrer – não deveria haver dor pior no coração humano.
Quis abraçá-los, dizer-lhes uma vida inteira de palavras que nunca consegui dizer a nenhum, por mais que os tivesse amado, embora de maneiras bem diferentes. O ódio de um para com o outro que inevitavelmente recaíra sobre mim, tornava tudo o que eu tivesse vontade de fazer ou falar, numa autêntica impossibilidade, e eu apenas sofria, e sofri até estar aqui bem aconchegadinha neste branco bordado a cetim, lindo, com flores tão bonitas por todos os lados.
Somente o meu amor por ambos foi o elo espiritual que os uniu ainda em vida e hoje finda aqui comigo, mas estou finalmente liberta e feliz.

Célia Moura – Excerto de I Cap. “Orgias” – Contos
Imagem – Annamaria Kowalsky

cm

O amante da China do Norte, de Marguerite Duras

Ele diz:
-Vou magoar-te.
Ela diz que sabe.
Ele diz também que às vezes as mulheres gritam. Que as Chinesas gritam. Mas que só magoa uma vez na vida, e para sempre.

Neste livro existe uma palavra a partir da qual se ergue toda a história. Essa palavra é «criança», a criança. A paixão de um adulto por uma menina. A palavra criança enche este relato de inocência.

Um chinês adulto apaixona-se por uma menina. É rico e ocioso. Dedica-se às mulheres, ao jogo e a fumar ópio. “Não fazer nada é uma profissão. Muito difícil.” Um ambiente dócil e intencionalmente indolente, sem julgamentos. Era comum os chineses gostarem “das meninas pequenas”.

(in Acrítico)

Relaunch (KW Institute for Contemporary Art)

Making Art Happen

> 25.08.2013

KW Institute for Contemporary Art (Berlim)

No seu primeiro projecto como curadora do KW – Instituto de Arte Contemporânea, em Berlim, Ellen Blumensteinanalisa o potencial da instituição. Durante quatro meses revela o que KW deseja ser, o que poderia ser e o que, eventualmente, será. Com Relaunch, Blumenstein testa a viabilidade destas ideias in situ: quais os interesses do público? o que o inspira e impressiona? que tipo de projectos (ainda) não podem ser concretizados, seja por razões financeiras ou por dificuldades externas, internas, políticas ou outras?

Inicialmente, o espaço de KW estará, simultaneamente, vazio e transbordante: vazio, porque não estará patente nenhuma exposição de arte, no sentido tradicional; transbordante, porque o seu potencial futuro será estabelecido e os conteúdos programáticos começam a assumir forma, mesmo que, em alguns casos seja apenas na imaginação do visitante.

O programa de actividades propaga-se, literalmente, por todo o edifício – da entrada…

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Contos Capitais

Neste livro, como uma página em branco, confiou-se uma cidade a cada escritor. Trinta escritores para trinta contos, para trinta capitais, um mundo de Contos Capitais.

São histórias que crescem dentro de nós, espreitando o momento em que se soltam e ganham vida própria.

Tantos e tantos outros contos a reinventar outras tantas capitais, a atrever-se na sua escrita e na forma de ilustrar essas narrativas. A experiência capital de cada escritor. Com este livro a Parsifal estreou-se como editora. Está de parabéns.

(mais in Acrítico)

 

As palavras do corpo

O lado interdito e incómodo do nosso corpo liberta-se pela palavra. Maria Teresa Horta resgata-o num banquete de partilha onde o amor assume o seu lado carnal. As palavras são esse corpo desvendado sem falsos pudores. Onde o poema se despe e se deita ao nosso lado. Poesia maior e de maioridade que resgata para todo o sempre a mulher (poeta) de qualquer laivo de menoridade; morreram as poetizas, nasceu a poesia completa, com o seu lado homem e o seu lado mulher.

(in acrítico)

O DESEMPREGADO COM FILHOS | Gonçalo M. Tavares

“Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.

Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.

Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.

Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão que te resta.

Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.

Mais tarde foi despedido e de novo procurou emprego.

Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a cabeça.

Ele estava desempregado há muito tempo; tinha filhos, aceitou.”

Gonçalo M Tavares (de “O Senhor Brecht”)

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O medo está ao leme por VIRIATO SOROMENHO-MARQUES in “Diário de Notícias”

Viriato Soromenho MarquesO Presidente da República leu no 39.º Aniversário do 25 de Abril o mais aporético e contraditório discurso da história da III República. Denunciou a incompetência da troika, mas saudou o doloroso cumprimento do seu insensato programa pelo esforçado povo português. Apelou a uma mudança do rumo da Europa, mas concordou com a tese do Governo que condena a nação a carregar a albarda dos credores até ao fim dos tempos. O discurso de Cavaco, com as suas oscilações de 180º, é um raro exemplo do medo como política pública. O País está à deriva, pois quem toma decisões está paralisado pelo pânico, em estado quimicamente puro. A única maneira de a História ser benevolente para com Cavaco Silva, o político que deu rosto a todos os pecados e omissões da III República, é a de ela nunca ser escrita. Seria a benevolência do esquecimento, resultante do desaparecimento de Portugal como sujeito histórico, como lugar onde a aventura da vida comum se cristaliza em memória. Será essa a esperança do Presidente?

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3188363 … (FONTE)

Citando Agustina Bessa-Luis

“Eu, por exemplo, só tenho por amigos aqueles que possuem senso de humor. Não importa serem ricos, pobres, doutos ou ignorantes. Interessa o espírito fantástico, o amor da pirueta, e o espírito diligente e capaz de riso. O riso, essa bênção deixada aos homens quando os anjos selaram as portas do paraíso, é o que me liga seriamente às pessoas.”

Agustina Bessa-Luis

Audrey Tautou

Audrey Tautou

Canção de Mim Mesmo – Walt Whitman

SINFONIAESOL

1.
Eu celebro o eu, num canto de mim mesmo,
E aquilo que eu presumir também presumirás,
Pois cada átomo que há em mim igualmente habita em ti.

Descanso e convido a minha alma,
Deito-me e descanso tranqüilamente, observando uma haste da relva de verão.

Minha língua, todo átomo do meu sangue formado deste solo, deste ar,
Nascido aqui de pais nascidos aqui de pais o mesmo e seus pais também o mesmo,
Eu agora com trinta e sete anos de idade, com saúde perfeita, dou início,
Com a esperança de não cessar até morrer.

Crenças e escolas quedam-se dormentes
Retraindo-se por hora na suficiência do que não, mas nunca esquecidas,
Eu me refugio pelo bem e pelo mal, eu permito que se fale em qualquer casualidade,
A natureza sem estorvo, com energia original.

2.
Casas e cômodos cheios de perfumes, prateleiras apinhadas de perfumes,
Eu mesmo respiro a fragrância…

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Citando Carlos Matos Gomes “in facebook”

visaoDo MFA ao FMI, a capa da Visão toca a essencia da atual situação de Portugal: de dependencia. O ponto essencial do programa do MFA (o movimentos dos militares que derrubaram a ditadura) era devolver o poder (a sobernia ao povo e retirá-lo do restrito grupo que o ocupva). O MFA considerava que o poder devia ser do povo e que detinha em si a capacidade para decidir do seu destino, tudo se passava e se resolvia dentro desta lógica. O FMI, pelo contrário considerava que os povos são meros organismos de produzirem os movimentos que fazem agitar os fluxos financeiros. Para o FMI não existe o poder nem a sobernia popular. O poder é de quem gere expetativas de lucros e impulsiona os movimentos de capitais. O MFA prtia do principio da existencia de poderes nacionais e de sociedades organizadas, o FMI segue a interpretação de Margaret Tatcher de que a sociedade não existe, mas sim o individuo (com o seu cartão de crédito, já agora e a sua estupidez para cumprir o papel de consumidor). O programa do MFA baseava-se num governo saído da vontade dos povos. O FMI funciona como um diretório apátrida que nomeia funcionários seus para conduzirem os diferentes agregados de consumidores.
Carlos Matos Gomes “in facebook”

New meets Old

hovercraftdoggy

Convent de Sant Francesc remodeled by architect David Closes is a church located in Santpedor, SpainConvent de Sant Francesc remodeled by architect David Closes is a church located in Santpedor, SpainConvent de Sant Francesc remodeled by architect David Closes is a church located in Santpedor, SpainConvent de Sant Francesc remodeled by architect David Closes is a church located in Santpedor, Spain

Convent de Sant Francesc remodeled by architect David Closes is a church located in Santpedor, Spain. Built between 1721 and 1729 by Franciscan priests the church was long abandoned and its convent complex was demolished in 2000. The church renovation began in 2003 and the original building that stood in ruins was enhanced with some modern elements yet the traces of time and wear were preserved as part of the building’s history. The church was turned into an auditorium, cultural space while the upper levels of the chapels are to be turned into a historical archive.

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Gritar….

Bulimunda's Blog

 

Aqui a acção simplifica-se
Derrubei a paisagem inexplicável da mentira
Derrubei os gestos sem luz e os dias impotentes
Lancei por terra os propósitos lidos e ouvidos
Ponho-me a gritar
Todos falavam demasiado baixo falavam e
                                                             [escreviam
Demasiado baixo

Fiz retroceder os limites do grito

A acção simplifica-se

Porque eu arrebato à morte essa visão da vida
Que lhe destinava um lugar perante mim

Com um grito

Tantas coisas desapareceram
Que nunca mais voltará a desaparecer
Nada do que merece viver

Estou perfeitamente seguro agora que o Verão
Canta debaixo das portas frias
Sob armaduras opostas
Ardem no meu coração as estações
As estações dos homens os seus astros
Trémulos de tão semelhantes serem

E o meu grito nu sobe um degrau
Da escadaria imensa da alegria

E esse fogo nu que me pesa
Torna a minha força suave e dura

Eis aqui a amadurecer um fruto
Ardendo…

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Ela foi encontrada! Quem? A eternidade. É o mar misturado Ao sol…

Bulimunda's Blog

 

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
        Ao sol.

Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.

Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...

— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.

Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
           O dever
           É vosso ardor.

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
       Ao sol.

Rimbaud

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um porto sentido

na bicicleta

 

“E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa” 

um porto sentido

Foi com este pedaço de prosa do grande poeta Carlos Tê a ecoar na minha cabeça, eternizado no Porto Sentido do grande Rui Veloso, que aqui cheguei e aqui parei, quedo e calado, junto ao Douro com aquela sensação de sempre, da primeira vez. Depois de inspirar fundo o aroma da maresia, que se sentia, depois de seguir o rio deixando-me empurrar pelo movimento no regresso ao meu porto de abrigo, por estes caminhos de solidão, por este cruzeiro portuense, aqui gosto de abrandar o ritmo e apreciar o casamento perfeito do rio e das azáfamas. Aqui o tempo passa devagar, ritmado pela própria cadência do Douro que parece contrariar o burburinho da cidade. Aqui fico a assentar ideias, a libertar pensamentos, a alongar o tempo um pouco mais…

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ANDRÉ BRUN – A MALTA DAS TRINCHEIRAS, MIGALHAS DA GRANDE GUERRA, 1917-18.

A Viagem dos Argonautas

No livro A Malta das Trincheiras, André Brun refere uma série de episódios sobre a sua dura experiência na I Guerra Mundial, na frente da Flandres, incorporado no C.E.P. – Corpo Expedicionário Português. Há dias, a 9 de Abril, passou mais um aniversário, o 95º, da batalha de La Lys, um terrível desastre para as forças portuguesas, que tem sido muitas vezes ocultado ou mitificado. Será oportuno transcrevermos aqui algumas das impressões que André Brun nos deixou, escritas em Biarritz, em 1918. Logo na introdução, num trecho que julgamos particularmente significativo,  ele conta-nos: 

Sobreveio o mês de Março, cujos dias cruéis não poderá olvidar a minha brigada encurralada sem justificação táctica na situação mais dolorosa de quantas até então tínhamos conhecido. Seguiram-se os primeiros dias de Abril, que fizeram sangrar dolorosamente o meu coração de soldado, e chegou esse dia nove, cuja história documentada um dia há de…

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Isto é Arte!

Gataescondida's Blog

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(Concepção do espaço por Atelier de Arquitetura Likearchitects)

 

A Arte Chegou ao Colombo, exposição “Andy Warhol – Icons” Psaier and the Factory Artworks. (11 de Abril a 11 de Julho)

 

Cerca de 30 obras de Andy Wharol e Pietro Psaier. Provando que não é necessário criar nada de novo, a partir do zero, Wharol “apenas” usou nos seus trabalhos novas directrizes conceptuais e artísticas. Um génio.

 

Andy

 

 

 

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Estamos Neuróticos | José Saramago

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Faz sentido que se esteja a enviar para o espaço uma sonda para explorar Plutão enquanto aqui as pessoas morrem de fome? Estamos neuróticos. Não só existe desigualdade na distribuição da riqueza como também na satisfação das necessidades básicas. Não nos orientamos por um sentido de racionalidade mínima. A Terra está rodeada de milhares de satélites, podemos ter em casa cem canais de televisão, mas para que nos serve isto neste mundo onde tantos morrem? É uma neurose colectiva, as pessoas já não sabem o que é que lhes é essencial para a sua felicidade.

José Saramago, in ‘Zero Hora (1997)’

Rafael Trobat

Caixa Negra

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trobat92

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Rafael Trobat é mais um fascinante fotógrafo da nova geração da fotografia espanhola.

O seu trabalho mais conhecido, dado à estampa no livro “Aquí, junto al agua. Nicaragua” corresponde a um projecto que, ao longo de 16 anos (1990-2006) desenvolveu no país.

O período escolhido não é, de todo, arbitrário. De facto, retrata a sociedade da Nicarágua nos anos de mudança que caracterizaram o consulado político da Presidente Violeta Chamorro, ou seja, o período que media o final da Revolução Sandinista (que, pela via armada, derrubou Anastacio Somoza em 1979 e governou o país durante uma década) e o regresso ao poder, pela via eleitoral, de Daniel Ortega, um dos comandantes sandinistas (Ortega, um dos cinco membros da Junta Sandinista, foi eleito presidente da Nicarágua em 1984. Foi derrotado, em eleição democrática, por Violeta Chamorro em 1990. Foi candidato vencido em 1996 e 2001, antes de ser novamente eleito presidente…

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Kim’s Review of Losing It (Losing It #1) by Cora Carmack

Reflections of a Book Addict

li1ccBack in December 2012 the New York Times published an article about the advent of a new genre in publishing, new adult.  In simplistic terms they say new adult novels are young adult novels with sex.  My own personal feelings, however, run a bit deeper.  First let me say that this new genre is being marketed to 18-25 year-olds.  Nobody doubts that being a teenager is hard, but so is coming into your own and becoming an adult.  Those in the 18-25 age bracket are usually entering college/graduating college, thinking about sex, their future, taking care of themselves financially, mature relationships, and beginning life on their own two feet.  As someone who can seriously relate to all of these thoughts, having gone through them myself fairly recently (I’m 26),  I’ve been happy about the explosion of this genre.  Books written with honesty and depth about the problems this age bracket…

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Nó Cego | Carlos Vale Ferraz in “Babélia” do “El Pais”

Nó Cego, Carlos Vale Ferraz (Casa das Letras, 2008). “Puta compañía… maricones, chulos, seminaristas, niños de papá, vagabundos…”, así describe el Capitán a su grupo de comandos destinado en Mozambique. La novela relata con extrema crudeza las operaciones del grupo e indaga en las vidas de sus miembros. La historia de un joven campesino alentejano que se fue a buscar la vida a Lisboa, pero que en la capital solo encontró dolor y miseria, y que acabó enrolado en el Ejército, es el ejemplo de muchas vidas de jóvenes portugueses que acabaron implicados en las guerras africanas. Carlos Vale Ferraz, cuyo nombre es Carlos Matos Gomes, fue oficial del Ejército portugués y participó en operaciones especiales en Angola, Mozambique y Guinea Bisáu.

in “Babélia” do “El Pais”

Nó Cego

Era uma vez os intelectuais | António Guerreiro

Numa das suas últimas crónica, no “Público”, fazendo uma crítica feroz deste Governo, J. Pacheco Pereira evocava “os intelectuais” e a tarefa que Emerson lhes atribuía: anular o destino, pelo pensamento. Pacheco Pereira é suficientemente lúcido, culto e conhecedor da história para não cair na nostalgia pelos intelectuais universais do tempo das visões do mundo, a que muita gente se abandona ciclicamente. Ele sabe muito bem que esse intelectual universal, que desempenhou um papel tão importante no final do século XIX e princípio do século XX, deu lugar a uma outra figura a que Foucault chamou o “intelectual específico”, com outro significado político. Mas o facto de evocar a obrigação do antigo intelectual – recordando também os erros e os crimes de que este foi autor ou cúmplice – mostra que se tornou inevitável, em certas circunstâncias, revisitar esta figura depositada nas caves da história, quando as circunstâncias reclamam mais do que escritores, artistas e filósofos que se limitam a gerir as regras autónomas do seu próprio campo.   ¶ 

Como mostra Bauman num livro sobre a “decadência dos intelectuais”, estes passaram de legisladores modernos a intérpretes pós-modernos, e a elite intelectual é hoje um grupo social que se ocupa preferencialmente de si ou, na melhor das hipóteses, do sector específico a que pertence. Assim, a cultura já não pode ter uma função crítica relativamente à sociedade, pondo em confronto valores e modos de vida, na medida em que se tornou um mero sector ‘produtivo’, rendido às argúcias teológicas da mercadoria como fetiche. Sob administração de burocratas e comissários políticos que só pensam em termos de consenso, este território inofensivo luta apenas para se manter e reproduzir. A sua tarefa é fazer a síntese total, onde tudo é compatível com tudo, e não a cesura crítica que “anula o destino”.
António Guerreiro, «Ao pé da letra», Expresso-Atual, Portugal, 1.12.2012.

A aliança Marx/Maomé/Maçonaria/Plutocracia

perspectivas

Por fim, alguém da classe política e da direita atreve-se a ser politicamente incorrecto. José Ribeiro e Castro arrisca-se a levar uma “bordoada” da irmandade aventaleira.

EURSS png webO anti-cristianismo (e não “cristofobia”, porque tal como uma fobia é irracional, o termo “cristofobia” é também irracional porque e multilateral anti-cristã) é um fenómeno político multilateral; ou seja, não existe uma só forma de anti-cristianismo: antes, existem várias formas que se conjugam no mesmo esforço anti-cristão na Europa.

Em primeiro lugar, temos o laicismo radical promovido pela irmandade aventaleira (que apoia incondicionalmente François Hollande) que concebe a sociedade sob um modelo gnóstico, em que existe uma elite de eleitos Pneumáticos (que têm direito à sua religião e estão automaticamente “salvos”) e os Hílicos que são a maioria e que não têm direito à “salvação”. O avental jacobino é intrinsecamente fascista mas acoberta-se e esconde-se sob uma “política de direitos humanos”…

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AS LEIS FUNDAMENTAIS DA ESTUPIDEZ HUMANA, de ANSELMO BORGES

A Viagem dos Argonautas

Ao Anselmo Borges e ao Diário de Notícias, a devida vénia e os nossos cumprimentos. Obrigado por este interessante artigo.

anselmo_borgesEste – “as leis fundamentais da estupidez humana” – é o título de um livrinho famoso, publicado há muitos anos, mas sempre actual. Apareceu em inglês, depois em italiano. Acabo de lê-lo em francês. O seu autor, Carlo M. Cipolla (1922-2000), historiador da economia, foi professor na Universidade de Berkeley e na Escola Normal Superior de Pisa.

Para estabelecer as leis fundamentais da estupidez, é preciso, primeiro, definir quem é o estúpido. Para isso, ajudará a comparação com outros tipos de gente. Diz o autor que, quando temos um indivíduo que faz algo que nos causa uma perda, mas lhe traz um ganho a ele, estamos a lidar com um bandido. Se alguém realiza uma acção que lhe causa uma perda a ele e um ganho a nós, temos um…

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Dois Relâmpagos Deslumbrantes em mais uma Semana Maldita

Praça do Bocage

Há semanas assim!

No meio do caos instituído pelo (des)governo, as idas e vindas da troika, a Merkel a atribuir ao salário mínimo as culpas da brutal taxa de desemprego ( que é que ela quer? pouco a pouco chegar à escravatura? os custos de mão de obra reduzem-se ao combustível, a máquina humana tem que comer minimamente para poder continuar a produzir, uma chatice que não baixa o custo de mão de obra para zero), ouvir os dislates costumeiros dos comentadores e jornalistas e os elogios àquela que em vida foi uma besta humana. No meio deste caos, desta cacofonia, que nos invade os dias, contra o que temos que lutar, dois momentos luminosos.

Um em Sintra, onde 6ª feira, foi dado o primeiro passo para, finalmente, a obra de Bartolomeu Cid dos Santos, acompanhada pela sua preciosa colecção de artistas seus amigos, alunos e ex-alunos, um total de…

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Conferências do Casino

As Conferências do Casino podem considerar-se um manifesto de geração.

Denominam-se assim por terem tido lugar numa sala alugada do Casino Lisbonense e foram uma série de cinco palestras realizadas em Lisboa no ano de 1871 pelo grupo do Cenáculo formado, por sua vez, pelas mesmas pessoas, mais ou menos, que constituem a Geração de 70. Foi, então, um grupo de jovens escritores e intelectuais, reunidos em Lisboa após acabarem os seus estudos em Coimbra. Antero aparece como grande impulsionador desde 1868, iniciando os outros membros do grupo em Proudhon.

A ideia destas palestras surgiu na casa da Rua dos Prazeres, onde na época reunia o Cenáculo. Antero e Batalha Reis alugaram a sala do Casino Lisbonense, situado no Largo da Abegoaria, presentemente de Rafael Bordalo Pinheiro. Foi no jornal “Revolução de Setembro” que foi feita a propaganda a estas Conferências. A 18 de Maio foi divulgado o manifesto, já anteriormente distribuído em prospectos, e que foi assinado pelos doze nomes que tinham intenções organizadoras destas Conferências Democráticas.

22 de Maio de 1871

1ª Conferência: “O Espírito das Conferências”

Conferência proferida por Antero de Quental, de certa forma introdutória daquelas que se seguiram. De acordo com os relatos dos jornais da época, único testemunho que resta, esta palestra consistiu num desenvolvimento do programa que tinha sido previamente apresentado.

Antero começou por se referir à ignorância e indiferença que caracterizava a sociedade portuguesa, falando da repulsa do povo português pelas ideias novas e na missão de que eram incumbidos os “grandes espíritos” e que consistia na preparação das consciências e inteligências para o progresso das sociedades e resultados da ciência. Referiu o exemplo que constitui a Europa e a excepção formada por Portugal em face deste exemplo.

Para Antero o ponto fulcral que iria ser focado nas futuras Conferências seria a Revolução, o seu conceito, que Antero define como um conceito nobre e elevado.

A conclusão da palestra termina com o apelo que Antero faz às “almas de boa vontade” para meditarem nos problemas que iriam ser apresentados e para as possíveis soluções, embora estas últimas se constituíssem como opostas aos princípios defendidos pelos conferencistas.

27 de Maio de 1871

2ª Conferência: “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos”

Esta Conferência foi também proferida por Antero de Quental. Na introdução Antero pressupõe três atitudes ou pontos de partida. Em primeiro lugar “O Peninsular”, falar da Península como um todo; em seguida uma aceitação – os Povos obedecem a um estatuto anímico colectivo, estrutural – é a crença no génio de um Povo; e, por fim, uma atitude judicatória – Antero julga a História, como uma entidade, o juízo moral, social e político.

Em seguida enumera e discute as causas da decadência. A primeira causa apontada por Antero foi o catolicismo transformado pelo Concílio de Trento (1545-1563), com a Contra-Reforma e a Inquisição, que desvirtuara a essência do Cristianismo, conduzindo a uma atrofia da consciência individual; de seguida, aponta o Absolutismo, a Monarquia Absoluta que constituía a “ruína das liberdades sociais”, o centralismo imperialista viera coarctar as liberdades nacionais, levando a “raça” ibérica a uma cega submissão; por fim, a última causa é o desenvolvimento das conquistas longínquas, as conquistas ultramarinas, que exauriram as energias do país, levando à criação de hábitos prejudiciais de grandeza e ociosidade e que conduziram ao esvaziamento de população de uma nação pequena, substituindo o trabalho agrícola pela procura incerta de riqueza, a disciplina pelo risco, o trabalho pela aventura.

Para Antero a solução destes problemas é a seguinte:

“Oponhamos ao catolicismo (…) a ardente afirmação da alma nova, a consciência livre, a contemplação directa do divino pelo humano (…), a filosofia, a ciência, e a crença no progresso, na renovação incessante da humanidade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento, sempre inspirado. Oponhamos à monarquia centralizada (…) a federação republicana de todos os grupos autonómicos, de todas as vontades soberanas, alargando e renovando a vida municipal (…). Finalmente, à inércia industrial oponhamos a iniciativa do trabalho livre, a indústria do povo, pelo povo, e para o povo, não dirigida e protegida pelo Estado, mas espontânea (…), organizada de uma maneira solidária e equitativa…”*

A conclusão insere uma dimensão progressista, a instauração de uma revolução, a acção pacífica, a crença no progresso inspirado numa moralização social (Proudhon), sendo proferida num tom idealista e retórico.

5 de Junho de 1871

3ª Conferência: “A Literatura Portuguesa”

Conferência proferida por Augusto Soromenho, professor do Curso Superior de Letras.

Nesta palestra faz uma crítica aos valores da literatura nacional, concluíndo que ela não tem revelado originalidade. Há uma negação sistemática dos valores literários nacionais, exceptuando escritores como Luís de Camões, Gil Vicente e poucos mais, atacando os poetas, dramaturgos, romancistas e jornalistas seus contemporâneos. Transmite uma visão decadentista, ao negar originalidade e peculariedade à literatura nacional.

Tem a sua vertente revolucionária ao inculcar a ideia de que a literatura portuguesa deverá sofrer um processo de reconstrução que deverá partir de uma sociedade revitalizada.

Uma literatura com carácter nacional mas que se paute por valores universais.

O modelo e guia desta renovação salvadora da literatura nacional seria Chateaubriand, com o conceito de Belo absoluto como ideal da literatura, constituindo esta um retrato da Humanidade na sua totalidade.

12 de Junho de 1871

4ª Conferência: “A Literatura Nova ou o Realismo como Nova Expressão de Arte”

Conferência dada por Eça de Queirós e que encontra a sua inspiração em Proudhon e, no aspecto programático, no espírito revolucionário destas Conferências referido por Antero nas palestras que proferiu.

Eça salientou a necessidade de operar uma revolução na literatura, semelhante àquela que estava a ter lugar na política, na ciência e na vida social. A revolução é um facto permanente, porque manifestação concreta da lei natural de transformação constante, e uma teoria jurídica, pois obedece a um ideal, a uma ideia. É uma influência proudhoniana. O espírito revolucionário tem tendência a invadir todas as sociedades modernas, afirmando-se nas áreas científica, política e social. A revolução constitui uma forma, um mecanismo, um sistema, que também se preocupa com o princípio estético. O espírito da revolução procura o verdadeiro na ciência, o justo na consciência e o belo na arte.

A arte, nas sociedades, encontra-se ligada à seu progresso e decadência, sendo condicionada por causas permanentes, como o solo, o clima e a raça e causas acidentais – ideias que formam os períodos históricos e determinam os costumes, também denominadas históricas.

O artista encontra-se sob a influência do meio, dos costumes do tempo, do estado dos espìritos, do movimento geral, em conclusão às causas acidentais ou históricas. A arte obedece, então, às ideias directrizes da sociedade, ao seu ideal, à sua ideia-mãe, conduzindo esta situação à harmonização entre a arte e o ideal social. Esta teoria indicia a conciliação da teoria determinista de Taine, com a influência do meio e do momento histórica na criação artística, e o príncipio moral de Proudhon, que refere o papel social do artista e a utilidade da arte.

A revolução, que inspirara tantos escritores, como Rabelais e Beaumarchais, é renegada e esquecida pela arte contra-revolucionária. Faz uma crítica cerrada ao Romantismo, a Chateaubriand, refere a separação entre o artista e a sociedade que conduz à arte pela arte e, por fim, anuncia o príncipio da reacção salutar que começava a acontecer contra a “impostura oficializada” – o Realismo, que coincide com o despertar do espírito público.

“Que é, pois, o realismo? É uma base filosófica para todas as concepções do espírito – uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo. Assim considerado, o realismo deixa de ser, como alguns podiam falsamente supor, um simples modo de expor – minudente, trivial, fotográfico. Isso não é realismo: é o seu falseamento. É o dar-nos a forma pela essência, o processo pela doutrina. O realismo é bem outra coisa: é a negação da arte pela arte; é a proscrição do convencional, do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão dos tropos. É a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o realismo é uma reacção contra o romantismo: o romantismo era a apoteose do sentimento; o realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.” **

Dando uma noção mais concreta, Eça sistematiza:

“1º – O Realismo deve ser perfeitamente do seu tempo, tomar a sua matéria na vida contemporânea.(…);

2º – O Realismo deve proceder pela experiência, pela fisiologia, ciência dos temperamentos e dos caracteres;

3º – O Realismo deve ter o ideal moderno que rege a sociedade – isto é: a justiça e a verdade”***

Foca aqui as relações da literatura, da moral e da sociedade. A arte deve visar um fim moral, auxiliando o desenvolvimento da ideia de justiça nas sociedades. Fazendo a crítica dos temperamentos e dos costumes, a arte auxilia a ciência e a consciência. O Realismo conduzirá à regeneração dos costumes. Concluindo:

“A arte presente atraiçoa a revolução, corrompe os costumes. De tal forma, ou se há-de tornar realista ou irá até à extinção completa pela reacção das consciências. – O modo de a salvar é fundar o realismo, que expõe overdadeiro elevado às condições do belo e aspirando ao bem, – pela condenação do vício e pelo engrandecimento do trabalho e o da virtude.”****

19 de Junho de 1871

5ª Conferência: “A Questão do Ensino”

Palestra proferida por Adolfo Coelho que se inicia com uma posição de ataque às coisas portuguesas. Traça o quadro desolador do ensino em Portugal, mesmo o superior, através da História.

A solução proposta passa pela separação completa da Igreja e do Estado e por uma mais ampla liberdade de consciência, solução que, no entanto, era restrita a uma zona da vida nacional.

Para Adolfo Coelho a Igreja deprime o povo e do Estado nada havia a esperar. Tomando isto em consideração, o remédio seria apelar para a iniciativa privada, para que esta difundisse o verdadeiro espírito científico, o único que beneficiaria o ensino.

26 de Junho de 1871

Quando Salomão Saragga se preparava para realizar a sua Conferência “História Crítica de Jesus”, o Governo, por portaria, mandou encerrar a sala do Casino Lisbonense e proibir as Conferências.

No mesmo dia Antero redige um protesto no café Central, hoje Livraria Sá da Costa.

*QUENTAL, Antero de, 2ª Conferência: Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, Casino Lisbonense, 27 de Maio de 1871 in MEDINA, João, Eça de Queiroz e a Geração de 70, Lisboa, Ed. Moraes, 1980, 1ª ed., pp. 157-158.

**QUEIRÓS, José Maria Eça de, 3ª Conferência: A Literatura Nova ou O Realismo como Nova Expressão da Arte, Casino Lisbonense, 12 de Junho de 1871 (Reconstituição por António Salgado Júnior, o texto original perdeu-se) in MATOS, A. Campos (org. e coordenação), Dicionário de Eça de Queirós, Lisboa, Ed. Caminho, 1988, s/ed., pág. 127.

***Op. Cit., pág. 127.

****Op. Cit., pág. 128.

http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/eca_queiroz/conferencias_casino.html … (FONTE)

Revolução Paraíso

Revolução Paraíso foi oficialmente apresentado na FNAC Chiado.

Mário de Carvalho referiu-se aos três planos em que esta obra se desenvolve, o histórico, o da acção dos personagens e o onírico (que está para além do sonho de um Portugal melhor, aportado pelo 25 de Abril). Encontrou características picaras nos personagens e lançou perguntas em jeito de desafio ao autor.
O autor respondeu com humor, embora não tenha corrido o risco de se afastar do que tinha preparado como sua apresentação, e deixou-nos uma visão, não da sua obra, mas de como esta nasceu e cresceu com ele. Paulo M. Morais tinha dois anos no 25 de Abril e, claro está, não soube responder à pergunta vinda da assistência: “Onde estavas tu no 25 de Abril?”.
Como se constrói um livro sobre um período histórico tão recente e do qual não se têm uma memória? O autor teve a sorte de receber um álbum de recortes das mãos da sua avó. Construiu assim, sobre o relato dos outros, as suas próprias memórias. Será esse o plano onírico de que falava o Mário de Carvalho? Não sei, mas talvez seja bom ler o livro primeiro antes de me sentir tentado a chegar a alguma conclusão.

Conheça o incrível trabalho de manipulação de fotos por THOMAS BARBEY

SINFONIAESOL

Photo-Manipulations-by-Thomas-Barbey-10Photo-Manipulations-by-Thomas-Barbey-12Photo-Manipulations-by-Thomas-Barbey-11Manipulação de fotos têm sido um pilar da fotografia, mesmo antes do advento do Photoshop, mas com o uso onipresente do programa por todos o mundo tornou-se inundado com trabalhos de seriedade questionável e dúvidosa. Felizmente o trabalho de Thomas Barbey nos enche de esperança. Suas peças trazem de volta uma qualidade surreal clássica, talvez porque ele faça seu trabalho a moda antiga – com fotografias de cinema cuidadosamente planejadas com base, seleção de negativos e até um pouco de aerografia.

Anos de viagem e artistas como René Magritte, MC Escher ou Roger Dean inspiraram Barbey a criar suas peças . Seus trabalhos em preto e branco jogam com escala e perspectiva de maneiras que torcem a realidade sem distorcer seus elementos individuais. Simplesmente fantástico!

Fonte: http://newshunter.blog.com)

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David Mourão-Ferreira | Nádegas

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Entre as duas nádegas
o pávido sulco
tem aroma de áfricas
e de uvas de outubro
Dirias que fora
um silvo de morte
a penetrar toda
a nocturna flora
até hoje intacta
que ainda aí tinhas
Respira Não fales
Murmura Não grites
Que travo
de amoras
Que túnel escuro
Que paz no que sofres
por mais uns minutos
o pescoço vergas
submissa e frágil
tal o de uma
égua que vai beber
água
mas encontra a
lua
E junto da cama
a rosa viúva
com lágrimas brancas
já pede os meus dedos
sacudido apoio
para a viuvez
em que a deixo hoje
Muito mais a
norte os queixumes
calas
E nem gemes Gozas
enquanto te invade
o suco da vara
vertido no sulco
Vê como foi fácil
Respira mais
fundo

Chrys CHRYSTELLO | Novo colaborador do site PNETliteratura

Chrys GChrys CHRYSTELLO (n. 1949-) é um cidadão australiano que não só acredita em multiculturalismo, como é um exemplo vivo do mesmo. Nasceu no seio duma família mesclada de Alemão, Galego-Português (942 AD), Brasileiro (carioca) do lado paterno e Português e marrano do materno. Publicou aos 23 anos o livro “Crónicas do Quotidiano Inútil, vol. 1” (poesia). Viveu em Timor (1973- 75) e dedicou-se sempre ao jornalismo (rádio, televisão e imprensa). Durante décadas escreveu sobre o drama de Timor Leste enquanto o mundo se recusava a ver essa saga.

Na Austrália esteve envolvido nas instâncias oficiais que definiram a política multicultural daquele país, divulgou a descoberta de vestígios da chegada dos Portugueses (1521-1525, mais de 250 anos antes do capitão Cook) e difundiu a existência de tribos aborígenes falando Crioulo Português (há quatro séculos).

È ACADÉMICO correspondente da AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa). Tem vários livros publicados do ensaio, à crónica e à poesia. Traduziu inúmeras obras de autores açorianos para Inglês. Organiza desde 2001-2002, os Colóquios Anuais da Lusofonia [Bragança; Lagoa, Ribeira Grande e Maia (S. Miguel); Vila do Porto (Sta Maria, Açores), Brasil, Galiza e Macau]. É Editor dos CADERNOS (DE ESTUDOS) AÇORIANOS,publicação trimestral, online, dos Colóquios da Lusofonia, coordenados por Helena Chrystello e Rosário Girão.http://www.lusofonias.net/conteudo/estudos-acorianos/

Cadernos Italianos, de Eduardo Pitta, Tinta da China, 2013

Cadernos_ItaNum registo tão elitista quanto a elegância o permite, Eduardo Pitta, deixa-nos um relato das suas viagens a Itália na forma de um quase diário. Não são viagens de turismo no seu sentido convencional. O autor recusa entregar-se à multidão, a essa horda de turistas basbaques e ao seu frenesi compulsório, ou à espontaneidade de uma opção de última hora. Este é o percurso estudado de um homem culto. Um percurso destinado a satisfazer o seu gosto pelo requinte, seja por uma paisagem, um apontamento arquitectónico ou uma refeição num restaurante de excelência (onde o preço, obviamente, não é impedimento).

O percurso divide-se por duas cidades, Veneza e Roma.

Da primeira, Eduardo Pitta, afirma: “Veneza é música e é luz”. E descobrimos ser também a sua gastronomia e os locais onde os seus ícones marcaram presença. Os restaurantes merecem um olhar demorado. “O ambiente é glamoroso, distendido, bem-humurado, sentimos que estamos envoltos numa aura de privilégio”. Ou, “caras bonitas, vozear controlado”.

Existe um percurso que é o olhar de Eduardo Pitta e é fácil deixarmo-nos enamorar por ele. Talvez, porque “a intimidade alheia sempre espicaçou os homens”, como refere a propósito da multidão de turistas que visitam o palácio dos Doges. A elegância dos ambientes é depurada como a prova de um grande vinho. Os aromas, a cor, a extensão dos saberes, o registo prolongado da memória, tudo avaliado com a mestria de um entendido, sem o deslumbramento do turista em excursão organizada.

Apontamentos breves são-nos servidos com um impecável sentido de humor. “…um bando de rapazes improvisara uma desastrada versão de Great Bird de Keith Jarrett. A temeridade é um atributo dos inocentes. Eles são jovens e pareciam dispostos a comer os dentes do piano. O poeta teria gostado”.

Quando se trata das suas desilusões é impiedoso, “o Babington’s Tea Room, tornou-se uma decepção: criadas mal resolvidas, pretensioso e caro. As freiras que vi no Vaticano têm melhor astral”.

Este livro é uma “abstracção da realidade”, mas não na sua forma de divertimento simples para consumo imediato, é antes um desafio ao bom gosto, ao grande relato das coisas simples da vida, mas belas. O relato sóbrio de uma certa forma de se estar. Depois de o ler nunca mais a Fontana de Trevi terá o mesmo encanto.

“Quem conhece, sabe do que falo. Quem não conhece, deve ir conferir”. Ou, neste caso, ler.

GIRO DO HORIZONTE – O PARCEIRO BOM DO ARCO DA GOVERNAÇÃO – por Pedro de Pezarat Correia

pezaratHá uma manobra em marcha nos escombros da política nacional, às vezes mais camuflada, outras vezes mais descarada, que merece ser seguida com alguma atenção e com não menos preocupação. De resto nem sequer é totalmente inédita, tem antecedentes, que radicam mesmo no limiar do sistema democrático desta Segunda República Constitucional.

A manobra passa por fazer crer que, neste (des)governo Passos Coelho/Paulo Portas há, desde a sua posse, o parceiro bom e o parceiro mau. É um pouco a reediçãoda história do bom ladrão e do mau ladrão. O parceiro mau é o PPD/PSD, o partido maioritário do primeiro-ministro e chefe do bando, do Miguel Relvas oportunista e sinistro manipulador dos bastidores políticos e de Vítor Gaspar, o frio tecnocrata e infiltrado da tróika no executivo nacional onde impõe as receitas da austeridade custe o que custar. O parceiro mau é o da insensibilidade social, que despreza as pessoas, impõe a ditadura das finanças, falha todas as previsões, joga despudoradamente com o desemprego galopante como factor determinante do modelo económico que perfilha, a competitividade externa baseada em baixos salários.

O parceiro bom é o CDS/PP, o partido minoritário de Paulo Portas que se serve do seu cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros para se por a recato nos momentos mais comprometedores, dum ministro da caridadezinha que tenta passar despercebido e distanciar-se dos calamitosos efeitos sociais dos golpes desferidos contra o Serviço Nacional de Saúde, contra a Escola Pública, contra o factor trabalho, contra os direitos mínimos dos desempregados, dos doentes, dos aposentados. O parceiro bom é o que tenta transmitir a imagem do sacrificado, do que está no governo sem prazer e sem benefícios mas por missão, que reconhece os pecados da governação mas se esforça por minimizá-los, que tenta introduzir as boas medidas ou atenuar as más medidas. Preocupa-se com o desemprego mas não domina a pasta da economia, é contra os enormes aumentos de impostos mas não tem nada a ver com a pasta das finanças, empenha-se no fomento das exportações mas vê-se bloqueado pela ineficácia do responsável pela economia, pela avareza do senhor das finanças, pela incompetência do chefe do governo. É contra a marginalização da oposição e dos sindicatos, pelo diálogo aberto, maschoca-se com a arrogância e a inépcia do parceiro maioritário. Apela por uma remodelação profunda do executivo, mas contenta-se com um superficial arranjinho. É muito sensível às carências, às desigualdades, às ruturas sociais, mas não pode levar as críticas às últimas consequências para evitar abrir uma crise política. O parceiro bom intriga nos corredores, lança recados pela comunicação social, deixa pairar ameaças, mas acaba sempre por ceder. Por necessidade. Por patriotismo.

Este é o quadro que se pretende exibir e que tem como principal promotor, obviamente, o CDS/PP e o seu inteligente mentor, Paulo Portas. Nada de novo.

O mais interessante é que o principal destinatário desta mensagem não só se mostra receptivo como até, por sua iniciativa, se encarrega de a alimentar. Também aí, nada de novo. É recorrente, no discurso do PS, a tentativa de demarcar o CDS do PSD, o bom do mau. E não apenas com a intenção de tentar fragilizar a coligação, dividi-la, provocar a rutura. O objectivo é mais longínquo, visa o pós-governo, assegurar o parceiro à direita, no mal-afamado “arco da governação”, quando de novas eleições lhe vier a cair no regaço um poder precário de maioria relativa.

O CDS está na mesma jogada. A sua ambiguidade de parceiro bom num governo péssimo visa assegurar a futura aliança com o PS. A lógica do arco da governação que tanto gosta de proclamar é essa, manter-se como parceiro menor, mas pivot da alternância entre PS e PSD. É este o pilar do maquiavelismo realista de Paulo Portas e já está em marcha.

O eleitorado português tem embarcado neste equívoco e com que preço. Tarda a acordar para a dura realidade, a ver que tem sido este arco da governação que, desde 1976, vem sistematicamente cavando o buraco em que nos vimos enterrando. É um arco em túnel e sem saída.

15 de Abril de 2013

http://aviagemdosargonautas.net/2013/04/15/giro-do-horizonte-o-parceiro-bom-do-arco-da-governacao-por-pedro-de-pezarat-correia/ … (FONTE)

Andaluzia decreta função social da propriedade e expropria bancos

É um acontecimento histórico o que se está neste momento a passar no Estado Espanhol, onde um movimento de massas se organiza para defender o direito à habitação e conseguiu demonstrar que quando se luta, com tenacidade e persistência, se conseguem vitórias.

(…)

http://www.esquerda.net/opiniao/andaluzia-decreta-fun%C3%A7%C3%A3o-social-da-propriedade-e-expropria-bancos/27478#.UWrMz-1xkwI.facebook … (FONTE)

Citando Henrique Monteiro

henrique-monteiro-3f6bEm cada eleitorado aparelhístico há uma pequena Coreia do Norte que ama o seu grande líder.

Esta gente, estas autênticas quadrilhas têm um papel mais pernicioso na política atual que a corte tinha nas monarquias absolutas. Um desafio importante é saber como nos podemos livrar desta canga.

Ler mais no Expresso,

http://expresso.sapo.pt/a-quadrilha-dos-aparelhos-partidarios=f800192#ixzz2QROyLsHw

Bar Casa da Música

OPORTOCOOL

No último piso do edifício da Casa da Música, as noites de sábado estendem-se quando o restaurante se transforma no Bar Casa da Música, com que partilha o espaço. Entre copos e conversas, num ambiente informal e de certa forma alternativo, dança-se noite dentro ao som das últimas tendências da música electrónica. A programação a cargo de Rui Trintaeum aposta em DJ’s nacionais, sendo que nas noites de Clubbing o bar tem uma dimensão mais internacional.

O espaço tem um ar industrial, com tecto alto e disforme, como o próprio edifício onde se insere, de onde pendem painéis metálicos. Por baixo fica a pista de dança, ao longo do bar propriamente dito onde se destaca a instalação multicolor de Pedro Cabrita Reis. Existe ainda o privilégio de se desfrutar da esplanada exterior, que nos dias mais quentes nos presenteia com uma vista de excelência sobre a cidade, voltada para…

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Tenham medo, ele agora está do vosso lado

Aventar

Manuel Buiça e Alfredo Costa- herois nacionais

Perante uma afirmação de Mário Soares, por menos do que se está a fazer caiu Carlos de Bragança, a extrema-direita entrou em pânico. O problema desta gente é a noção de impunidade que imaginam protegê-los. Não há impunidade. Nem num ciclo político normal, onde se paga nas urnas, muito menos no golpe de estado que vão orquestrando, que conduz inevitavelmente a outras urnas.

Aquilo que estão a tentar fazer em Portugal falha sempre em democracia, seja porque esta funciona, seja porque deixa mesmo de funcionar.

Por enquanto não apareceu um Manuel Buiça e um Alfredo Costa, ilustres portugueses que sacrificaram a sua vida em combate contra uma ditadura, apenas porque ainda não foi tempo disso. Quem ataca doentes e  desempregados com a desfaçatez de saberem que isso não os atinge, quem pensa que a humanidade é uma selva darwinista,  arrisca-se a levar com a selva em cima e está a fabricar…

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Portugal não pode ter êxito sem mudança no enquadramento europeu | Maria João Rodrigues

Portugal não pode ter sucesso sem uma mudança do enquadramento europeu, defendeu nesta sexta-feira Maria João Rodrigues, conselheira do presidente da Comissão Europeia, na conferência “Portugal na Balança da Europa e do Mundo”.

Portugal só poderá superar a crise em que se encontra se a União Europeia avançar no sentido de completar a união económica e monetária, defendeu a economista, acrescentando que o Governo português devia apresentar uma proposta nesse sentido nas instâncias europeias.

“Não podemos ter sucesso sem uma mudança do enquadramento europeu”, disse Maria João Rodrigues, acrescentando que a crise está actualmente a gerar níveis de divergência inaceitáveis entre os países da zona euro.

“Já não é um problema de crise financeira e um problema de crise da integração europeia”, declarou Maria João Rodrigues, para quem “o mais urgente é completar a união bancária e normalizar o acesso ao crédito nas empresas dos países da zona euro em situação problemática”

“O modelo português tem de ser mais competitivo, não pela via da compressão de salários mas da criação de produtos de valor acrescentado. Há ajustamentos a fazer mas não podemos pôr em causa funções sociais do Estado”, defendeu.

“O nosso objectivo central é evitar cair na espiral recessiva para consolidar as finanças públicas, o crescimento e o pleno regresso aos mercados. O caso português pode dar um contributo para resolver o problema europeu e temos o capital de contribuição para a construção europeia que nos permitirá ser ouvidos”, afirmou ainda.

http://www.publico.pt … (FONTE)

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Casanova em Setúbal.

Casanova

No Muito cá de casa, na Casa da Cultura de Setúbal, foi noite de Casanova.

António Mega Ferreira encontrou seis cartas que Casanova escreveu – em francês – a partir de Lisboa, no ano de 1757 (dois anos após o terramoto) e acrescentou-lhes umas brevíssimas notas de rodapé, dando-lhes corpo de livro.
Foi disso e muito mais o que se falou ontem; ou o convidado não fosse o AMF.

A sessão abriu com um interlúdio musical a que se seguiu a leitura parcial de uma dessas cartas, num momento de extrema elegância – digno dos mais nobres salões da corte – abrilhantado pelo ator José Nobre.

Em 1998, afogueado com a insistente pergunta sobre os seus projetos a seguir à Expo 98 (que liderou), AMF respondeu ter como propósito traduzir a “Histoire de ma vie” de Giacomo Casanova. Não o chegou a fazer, mas acrescentou-lhe estas seis cartas.
O romance “Cartas de Casanova, Lisboa 1757”, a que o AMF deu uma forma epistolar (tão ao gosto do séc. XVIII), preenche um hiato de três meses, em que nada é referido na “Histoire de ma vie”.

Casanova só podia ter estado em Lisboa e ter escrito aquelas seis cartas (em francês) que, agora, com brio e desenvoltura de homem de filosofia, AMF, deu ao prelo.

Como sempre, no Muito cá de casa, o José Teófilo brindou-nos com uma noite animada, digna de um renascimento português, onde se falou de literatura e do seu processo criativo, se evocou Bocage…

E mais não digo. Tivessem aparecido.

A opressão para-totalitária da classe política em relação ao povo | Orlando Braga in “Perspectivas”

politicamente-incorrectoA classe política decidiu que vivemos em liberdade, e como que por acção de uma varinha mágica, passamos a “viver em liberdade”.
Mas a verdade é que não é porque a classe política “decide” que vivemos em liberdade que, por sua alta recreação, passamos de facto a viver em liberdade. Para que vivamos em liberdade não chega a manipulação sistemática da opinião pública por parte da classe política: é preciso também que a classe política respeite o senso-comum e uma ética racional.

Quando a opinião pública muda tão rapidamente como tem mudado em assuntos tão diversos como a submissão canina e indigna à União Europeia ou ao “casamento” gay, então, ou a opinião não mudou de facto, ou a sociedade não é livre — porque a opinião pública, numa sociedade que seja de facto livre, não muda com a rapidez que tem mudado nos últimos dez anos. Já não vivemos em democracia; e a “liberdade” é apenas aquilo que a classe política quer que seja.

A classe política — tal como Rousseau preconizou mediante o conceito abstracto, abstruso e absurdo de “vontade geral” — “obriga os cidadãos a serem livres”. O povo é obrigado a ser livre em conformidade com o conceito exclusivista de “liberdade” imposto pelas elites.

http://espectivas.wordpress.com/2013/04/13/a-opressao-para-totalitaria-da-classe-politica-em-relacao-ao-povo/ … (FONTE)

O Inferno de Dante capitalista e pós-moderno | António Pinho Vargas

111apv 01Os media, as tvs, tratam com o mesmo entusiasmo, todos os acontecimentos que seleccionam como se todos tivessem a mesma importância. A expressão que há uns anos se tentou introduzir na área cultural, “indústria de conteúdos”, que, aliás, desapareceu com a mesma velocidade com que foi introduzida por algumas luminárias industriais, aplica-se com mais propriedade a esta máquina diária de produção de eventos; o que disse fulano é tratado como o que disse sicrano; a crise financeira de Chipre tem a mesma importância da crise financeira do Sporting; a remodelação de dois ministros é tratada como idêntica – como assunto propulsor de discursos – a uma manifestação de um milhão de pessoas; a gritaria da Assembleia de manhã é transposta para uma pequena gritaria à noite em vários canais em simultâneo sobre os mesmos assuntos que foram discutidos à tarde. E todos, mas todos os “acontecimentos” servem para uma tempestade imparável de comentários, debates, entrevistas, seguidas de análises das entrevistas anteriores e assim sucessivamente. Com uma variante: a crise de todos os dias é suspensa todas as segundas-feiras para se juntarem vários grupos de 3 pessoas e falarem de futebol à mesma hora, não de futebol propriamente dito, mas da vária miséria que anda à sua volta, da qual esses programas fazem parte integrante.
O inferno não deve ser muito diferente de tudo isto (somado multiplicado, amplificado e eternizado).
Quanto tudo é equivalente a qualquer outra coisa é o mesmo que qualquer coisa ser equivalente ao nada.
Claro que não é verdade. Mas parece. É uma indústria de “conteúdos” florescente, produtora de um stress síncrono no qual todos participamos (dentro ou fora) com maior ou menor alegria, ou com maior ou menor fúria.

Falta apenas um aspecto a constatar: a arte nunca existe.

António Pinho Vargas