Joaninha é conhecida como “Milagre de Deus” entre os povos europeus | História Cultura e Curiosidade no Mundo/Facebook

Este apelido vem de uma lenda que remonta ao século X.

Um homem que afirma sua inocência é condenado à morte por um assassinato cometido em Paris.

De acordo com a disposição da administração pública, a cabeça do homem será decepada pelo carrasco.

Pouco antes da execução, uma joaninha aparece e pousa no pescoço do homem.

O carrasco tenta afastá-lo, mas o inseto volta diversas vezes ao mesmo lugar.

Então, Rei II. Robert (972-1031) aceita isso como uma intervenção divina e perdoa o homem.

Poucos dias depois, quando o verdadeiro assassino foi encontrado, a história se espalhou rapidamente e desde então a joaninha é considerada um amuleto da sorte que “não deve ser esmagado”.

A arte e as fábulas | in Alta Cultura, Facebook

Título: “A albarda” | Autor: Pierre Subleyras | Realização: 1730 | Localização: Museu Hermitage, São Petersburgo | #pag.altacultura, in Facebook

O grande literato Jean de la Fontaine escreveu uma fábula sobre um pintor muito ciumento que suspeitava que a sua esposa lhe era infiel.

Para impedir que a sua esposa tivesse relações com outro homem na sua ausência, pintava-lhe um burro debaixo do seu umbigo, desta forma, se lhe fosse infiel, o burro seria apagado e o engano seria descoberto. Certamente, sua esposa o traiu, o que o marido não contava é que o amante também era pintor e além disso, estava tão confiante no seu talento que, a esposa e ele fizeram amor, pois tinha certeza que seria capaz de copiar perfeitamente o jumento que tinha pintado o marido.

Quando terminam, o pintor começa a pintar um burro na barriga da esposa, entusiasmado com a sua obra, pinta ao burro uma albarda (mochila que carregam ao burros de carga) Quando o marido chega, descobre o engano, pois ele não tinha pintado nenhuma albarda  no burro…

Moral? Talvez… Se copiarmos seremos descobertos ou talvez a vontade de superar o próximo possa nos prejudicar… Excesso de criatividade, talvez? Tire suas próprias conclusões! 

I asked an elderly woman once | Author Unknown, Photograph is Tasha Tudor

“I asked an elderly woman once what it was like to be old and to know that the majority of her life was now behind her.

She told me that she has been the same age her entire life. She said the voice inside of her head had never aged. She has always just been the same girl. Her mother’s daughter. She had always wondered when she would grow up and be an old woman.

She said she watched her body age and her faculties dull but the person she is inside never got tired. She never aged. She never changed.

Remember, our spirits are eternal. Our souls are forever. The next time you encounter an elderly person, look at them and know they are still a child, just as you are still a child and children will always need love, attention and purpose.”

Retirado do Facebook | Mural de Cristina Branco

EXPRESSÕES POPULARES E OUTRAS ESTÓRIAS (74) | CARAPAU DE CORRIDA | por Vítor Manuel

Poderá haver outras explicações para a expressão “carapau de corrida” mas esta que li e vou contar tem bastante lógica.

Tradicionalmente nas lotas o peixe é vendido pelo sistema de leilões invertidos em que o leiloeiro começa por um preço elevado e vai, numa toada rápida, descendo o preço até um comprador dizer “Chui” que é o sinal que a dada caixa foi arrematada.

Outra caixa se seguirá e o processo é repetido. Nas lotas o primeiro peixe a ser leiloado é o de maior qualidade sendo, por isso, vendido a preço mais elevado.

Mas há sempre varinas que tentam comprar ao menor preço e se deixam ficar para os últimos leilões. Comprar ao menor preço nas lotas é praticamente sinónimo de arrematar o peixe de menor qualidade.

Estas varinas que se deixaram ficar para o fim tentam recuperar o tempo perdido correndo para as vilas e cidades para vender o seu peixe, o seu carapau, tentando vendê-lo ao preço do de maior qualidade.

Nem todas as freguesas se deixam enganar. As mais conhecedoras identificam logo o peixe de menor qualidade chamando-lhe que é peixe de corrida ou melhor que é “carapau de corrida”.

Nem sempre a destreza e esperteza das varinas compensa.

O termo, no entanto, passou para outros domínios. Hoje chamar alguém de “carapau de corrida” refere-se a alguém que se julga mais esperto do que os outros, pessoa convencida. Também se usa o termo “armar-se em carapau de corrida” para se referir a alguém que tenta impressionar os outros com manifestações de exibicionismo.

Do Facebook Vitor Manuel

EXPRESSÕES POPULARES E OUTRAS ESTÓRIAS | ÍNDICE : 1 A 100 (textos já publicados no facebook) | Autor : Vítor Manuel | 28/03/2022

Lista de títulos provisória – contamos publicar 3 por semana, com a devida explicação de cada expressão.

Maria vai com as outras (nº1)

Nem sempre galinha nem sempre rainha (nº2)

A árvore das patacas (nº3)

Ir para o Maneta (nº4)

Meter a mão no fogo (nº5)

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Katharine Hepburn, en sus propias palabras. O Humanismo, essa atitude bela!

“Una vez, cuando era adolescente, mi padre y yo estábamos haciendo fila para comprar entradas para el circo. Finalmente, solo había otra familia entre nosotros y el mostrador de entradas.

Esta familia me causó una gran impresión.

Había ocho niños, todos ellos menores de 12 años. De la forma en que estaban vestidos se podía decir que no tenían mucho dinero, pero su ropa era limpia, muy limpia. Los niños eran muy bien educados, todos ellos parados en la fila, de dos en dos detrás de sus padres, tomados de las manos.

Estaban emocionados por los payasos, los animales y todos los actos que verían esa noche.

Por su emoción, podías percibir que nunca antes habían estado en un circo. Sería un punto culminante en sus vidas.

El padre y la madre estaban a la cabeza de la manada de pie, orgullosos como podría ser. La madre estaba sosteniendo la mano de su marido, mirándolo como si dijera: ‘Eres mi caballero en armadura brillante’.

El estaba sonriendo y disfrutando viendo a su familia feliz.

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A BÍBLIA | UMBERTO ECO

TEXTO DE UMBERTO ECO SOBRE A BÍBLIA

Via José Gabriel:

“Dolenti declinare(relatórios de leitura para um editor)

Anónimos. A Bíblia.

Devo dizer que quando comecei a ler o manuscrito, e ao longo das primeiras centenas de páginas, fiquei entusiasmado. Tudo é acção, e acção é tudo o que o leitor de hoje pede a um livro de evasão: sexo (em profusão), com adultérios, sodomia, homicídios, incestos, guerras, massacres, e assim por diante.

O episódio de Sodoma e Gomorra, com os travestis que os dois anjos querem fazer-se, é rabelaisiano; as histórias de Noé são Salgari puro, a fuga do Egipto é uma história que aparecerá mais cedo ou mais tarde nos écrans… Em resumo, um verdadeiro romance-rio, bem construído, que não economiza os golpes de teatro, cheio de imaginação, com a dose de messianismo suficiente para agradar, mas sem cair no trágico.

Depois, seguindo para diante, dei-me conta de que estava, afinal, perante uma antologia de vários autores, com numerosos, excessivos, trechos de poesia, alguns francamente lamentáveis e aborrecidos, perfeitas jeremíadas sem pés nem cabeça.

O resultado é um conjunto monstruoso, arriscando-se a não agradar a ninguém, por tanto ter de tudo. E, depois, será um problema tratar de todos os direitos dos diversos autores, a menos que o organizador trate disso, ele próprio. Mas do organizador nunca consegui descobrir o nome, nem sequer no índice, como se fosse proibido nomeá-lo.

Eu diria que se fizessem contactos a ver se será possível publicar separadamente os primeiros cinco livros. Seria andarmos mais pelo seguro. Com um título como “Os Desesperados do Mar Vermelho”.

Umberto Eco, “Diário Mínimo”

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Fino

Natal | A origem e o significado da comemoração | Paulo Nogueira in “Histórias com História”

Contar a história e as origens do Natal, é algo controverso, e discutível por muitos entendidos assim como estudiosos da matéria, no entanto, e segundo a tradição da religião católica, é comemorado anualmente em 25 de dezembro. Já nos países eslavos e ortodoxos cujos calendários eram baseados no calendário juliano, o Natal é comemorado no dia 7 de janeiro. A data é o centro das festas de fim de ano e no cristianismo, o marco inicial do ciclo de Natal que dura 12 dias, pois segundo a lenda, este foi o tempo que levou para os três reis Magos chegarem até a cidade de Belém e entregarem os presentes (ouro, mirra e incenso) ao menino Jesus.

Originalmente destinada a celebrar o nascimento do Deus Sol no solstício de inverno, na Roma antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. A Escandinávia pagã comemorava um festival de inverno chamado Yule, realizado do final de dezembro ao período de início do janeiro. Como o Norte da Europa foi a última parte do continente a ser cristianizada, as suas tradições pagãs tinham uma grande influência sobre o Natal. Os escandinavos continuam a chamar ao Natal  Jul. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal e por volta do séc. III, para estimular a conversão dos povos pagãos sob o domínio do império romano, a igreja Católica passou a comemorar o nascimento de Jesus da Nazaré neste dia. Esta comemoração começou em Roma, enquanto no cristianismo oriental o nascimento de Jesus já era celebrado em conexão com a Epifania (revelação ou a primeira aparição de Jesus aos reis magos), em 6 de janeiro.
A comemoração em 25 de dezembro foi importada para o oriente mais tarde, por João Crisóstomo já no final do séc. IV provavelmente, em 388, e em Alexandria, somente no século seguinte. Mesmo no ocidente, a celebração da Natividade de Jesus em 6 de janeiro parece ter continuado até depois de 380. No ano de 350 o Papa Júlio I, levou a efeito uma investigação pormenorizada, fazendo proclamar o dia 25 de dezembro como data oficial e o Imperador Justiniano em 529 declarou-o feriado nacional. Do ponto de vista cronológico, o Natal é uma data de grande importância para o Ocidente, pois marca o ano 1 da nossa História.

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Reza uma lenda do Séc. XIX que um dia a Verdade e a Mentira encontraram-se | Autor desconhecido

Reza uma lenda do Séc. XIX que um dia a Verdade e a Mentira encontraram-se. Diz a Mentira à Verdade: “Está um dia tão bonito”. E estava de facto um dia muito bonito. Passam algum tempo juntas até que chegam junto de um poço. ” A água está tão agradável, porque não tomamos um banho as duas?” sugere a Mentira. A Verdade, embora reticente, lá toca na água e a água estava realmente agradável. Despem-se então e banham-se. De repente a Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge. A Verdade salta do poço e corre todos os lugares para encontrar a Mentira e recuperar as suas vestes. O Mundo, vendo-se confrontado com a nudez da Verdade, revira os olhos, entre o desprezo e a raiva. A Verdade volta então ao poço onde desaparece para sempre, escondendo a sua vergonha.
Desde então a Mentira tem percorrido o Mundo com as roupas da Verdade, satisfazendo os caprichos das pessoas e das sociedades, e o Mundo, esse, continua a recusar-se a encarar a Verdade nua.

(A Verdade a sair do poço, Jean-Léon Gérôme, 1896)​

Pourquoi les femmes kabyles portent elle Amendil ?(foulard kabyle) | Fadette Aiache

Selon la légende, l’histoire débute dans les montagnes de Tiggoura au nord de la ville de Bejaïa , des cavaliers faisaient le tour de la région à cheval , malheureusement ils se sont piégés dans un torrent terrible celui de Bousallem ou une avalanche d’eau surpuissante s’abattait sur eux . Pour essayer de s’en sortir ils decidèrent de s’accrocher les uns aux autres. Pris de panique ils crièrent “À l’aide ! À l’aide”. Par chance un groupe de femmes aux longues tresses étaient en train de ceuillir des olives non loins de là. En kabylie durant cette période avoir de long cheveux étaient un signe de beauté . Elles accoururent et les vies ensanglantés , écorchés , elles décidèrent donc de couper leur grandes et magnifique tresses et d’en faire une longue corde afin que les cavaliers puissent s’échapper du torrent. En kabylie les cheveux de la Femme sont sublimés , on leur donne encore aujourdhui beaucoup d’admiration. Depuis cette histoire les femmes kabyles se couvrent La tête ( ce n’est donc pas un signes religieux ) pour protéger du froid , des cassures ou de la chaleur du soleil en été. Le foulard est admirablement porté avec un noeud sur le côté , un pan derrière qui laisse apparaître la longue tresse de la femme.

Fadette Aiache

Retirado do Facebook | Mural de Fadette Aiache

Frases e expressões do povo no Brasil | Marcia Lailin Mesquita

NAS COXAS
As primeiras telhas dos telhados nas Casas aqui no Brasil eram feitas de Argila, que eram moldadas nas coxas dos escravos que vieram da Africa. Como os escravos variavam de tamanho e porte físico, as telhas ficavam todas desiguais devido as diferentes tipos de coxas.
Daí a expressão fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer jeito.

VOTO DE MINERVA.
Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado pelo assassinato da mãe. No julgamento, houve empate entre os acusados. Coube a deusa Minerva o voto decisivo, que foi em favor do réu. Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo.

CASA DA MÃE JOANA
Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a
menoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no país, a frase casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.

CONTO DO VIGÁRIO
Duas igrejas de Ouro Preto receberam uma imagem de santa como presente. Para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários contariam com a ajuda de Deus, ou melhor, de um burro. O negócio era o seguinte:
Colocaram o burro entre as duas paróquias e o animalzinho teria que caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E foi isso que aconteceu, só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burro. Desse modo, conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.

FICAR A VER NAVIOS
Dom Sebastião, rei de Portugal, havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir, mas seu corpo nunca foi encontrado.
Por esse motivo, o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei.
Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios.

NÃO ENTENDO PATAVINAS
Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova, sendo assim, não entender patavina significa não entender nada.

DOURAR A PILULA
Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar o aspecto do remedinho amargo.
A expressão dourar apílula,significa melhorar a aparência de algo.

SEM EIRA NEM BEIRA
Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter “eira nem beira” significa que a pessoa é pobre, está sem grana.

O CANTO DO CISNE
Dizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão canto do cisne representa as últimas realizações de alguém.

  O facebook também é cultura 

Marcia Lailin Mesquita 

ANOS 30 E 40, EM ÉVORA | O BALNEÁRIO | António Galopim de Carvalho

À saída de Évora para Lisboa a cerca de 500 m da antiga Porta de Alconchel, o “balneário” ou como também de chamava o “Aquário das Bravas” (ver nota no final do texto) era um tanque de forma mais ou menos quadrada que a memória me diz ter uns 12 a 15 metros de largo, entre muros altos. Visto de fora mais parecia uma casa de um só piso e sem telhado, como hoje ainda se pode ver. Colado a um dos mais antigos chafarizes de Évora, o histórico Chafariz das Bravas (já documentado em finais do século XV) recebia dele a água que fazia as delícias dos adolescentes e de alguns homens, nos verões desses anos. Pouco fundo, dava para “ter pé” aos rapazes da minha geração. Mais seguro do que os pegos do Degebe, o afluente do Guadiana que mesmo nos verões secos represava alguma água nos sítios mais fundos, foi no balneário que muitos apenderam, sem escola e mal, a nadar de bruços ou às braçadas, mas o que mais rapidamente se aprendia era nadar “à cão”.
Este tanque foi a nossa piscina, mas diga-se, só para o sexo masculino e em cuecas, pois que calções de banho só um ou outro sabiam o que isso era. Não por regra estabelecida, mas pela imensa força dos bons costumes, raparigas e mulheres nem se aproximavam da porta. Foi preciso esperar cerca de duas décadas para se quebrar esse tabu, o que teve lugar com a inauguração, em 1964, das Piscinas Municipais.
Lembro-me que se falava do “tanque do Alexandre”, mas quase que só retive este nome. Tenho uma vaga ideia que era um daqueles tanques que havia nas quintas, destinados à rega, onde alguns iam nadar, ou melhor, iam meter-se na água.
Nota: – “Bravas” eram as mulheres que, na Idade Média, provocavam “arruídos” e zaragatas, uma espécie de “tendeiras” da minha geração. Em oposição às “Bravas”, existiu, nesse tempo, à porta de Alconchel, o “poço da Boa Mulher”

Retirado do Facebook | Mural de António Galopim de Carvalho

Há 1 ano | Uma memória | Inês Salvador

Estava aqui a olhar para o terror das imagens que puseram nos maços de cigarros e a lembrar-me de uma vez que estive em Birmingham com uns amigos. Chegámos ao hotel e tratamos de fazer o habitual check in. Um a um, iam perguntando se éramos fumadores ou não fumadores. Isto já foi há uns anos, no tempo que ainda se fumava dentro dos aviões, e a questão de ser ou não fumador, colocada ali, no check in de um hotel, era para nós uma novidade. Aos que se davam à morte, dizendo que eram fumadores, propunham um quarto para fumadores, pelo que cobravam uma taxa extra. Os meus amigos deixaram imediatamente de fumar. Ter de pagar uma taxa extra foi remédio santo para que ali, e imediatamente, ainda que de forma temporária, abandonassem o vício do fumo. Fui eu a única que, por uns “couple of pounds”, não abdiquei temporariamente de ser quem era, e disse que sim, fumo e quero um quarto para pessoas como eu. Chaves distribuídas, dirigimo-nos aos quartos. Era um hotel de charme e todo o cenário parecia de filme, com as típicas remodelações inglesas, de alcatifa sobre alcatifa a afundar os sapatos e as paredes revestidas a papel de parede sobre papel de parede, criando espessura, em estonteantes e imensas e pirosas estampagens, as alcatifas e o papel de parede, nada batendo certo com nada, mas tudo batendo certo com tudo. E lá fomos, ao longo do alegórico corredor encontrando a porta do quarto que nos estava reservado. Chegada a minha vez, entrei e todo um mundo de deslumbramento não me deixava fechar a boca. O meu quarto era belíssimo. Imenso. Podia correr-se lá dentro. As janelas eram enormes e davam para um jardim. A casa de banho era outro imenso quarto, com mais janelas enormes a dar para o mesmo jardim. E sem bidé, tipicamente sem bidé. Essa maravilhosa erotizante peça que os ingleses desprezam. Essa peça de maravilhosa fonética onde se refrescam os pipis. O desprezo dos ingleses pelo bidé sempre me fez desconfiar da sexualidade dos ingleses, mas isso seria outra conversa. E continuava distraída pela decoração que acumulava história, tudo era contemplação. Havia águas, frutas, cafeteira para chás e chás, rebuçados de mentol e uma infinidade de mimos e detalhes que me faziam pensar que podia ficar ali para sempre. Saí porta fora à procura dos meus amigos. O hotel era extraordinário, tínhamos de partilhar aquilo. Desatei a bater-lhes à porta e a desolação foi chegando. Os quartos deles eram feios, pequenos, escuros, acanhados. Mostrei-lhes o meu. Fomos todos à recepção saber se havia engano. Não havia. Os fumadores precisam de espaço, de ar, de janelas. É importante prevenir que não causem incêndios. Os fumadores fumam e depois têm sede, que fumar faz sede. Fumam e depois querem livrar-se do cheiro do tabaco e, por isso, num quarto para fumador, de tudo havia para resolver as necessidades de um fumador. Fomos todos para o meu quarto fumar e beber chá com vistas para o jardim e, ali, concluímos que fumar, afinal, era uma coisa boa.

Retirado do Facebook | Mural de Inês Salvador

O Ti Aurélio | Joaquim António Ramos

O Tio Aurélio representa a antítese daquela frase feita de que marinheiro tem uma mulher em cada porto por onde costuma atracar. Muitas vezes até uma família, porque quando se passa muitos dias no mar sem fêmea à vista – nos tempos em que marinheiro não era profissão também de mulher – a urgência da carne na chegada a terra firme, por cujas docas se rebolavam mulheres apetitosas e disponíveis, não se compadecia com precauções nem meias tintas. Brancas, pretas, mulatas, cabritas, de olhos pretos como a noite ou dum azul dinamarquês. Não havia marujo português que não tivesse a fama de ter mulher e filhos em Vigo, Roterdão e Hamburgo, se a rota era para norte, ou no Funchal, no Mindelo e na Cidade do Cabo, se a rotina da navegação aproava para a costa leste de África ou para as Índias.
O Tio Aurélio cozia redes de xávega, sentado nos areais da Nazaré, fosse Inverno ou Verão, camisa de xadrez e barrete preto, calças pela canela apertadas com atilhos, sempre de beata ao canto da boca. Já há anos que não ia ao mar, que isso é tarefa para gente nova e destemida, como ele fora em tempo. Sim, o tio Aurélio já fora uma estampa de homem, forte e desempenado e, nos seus tempos áureos, fizera rebolar por baixo de si, na clandestinidade duma barraca de pano corrido ou no quarto dum hotel tolerante, mulheres suecas, francesas, dinamarquesas, inglesas ou doutras nacionalidades menos vulgares, que visitavam a Nazaré atraídas pela propaganda oficial das agências turísticas. Mas também excitadas por aquela lenda que se espalhara em surdina, da boca para o ouvido, por entre as turistas dessa Europa inteira : “ Ah, les hommes de Nazaré…, “, “Oh, dear, the men from Nazaré!”, suspiravam francesas e inglesas, de olhos saudosos e peito arfante, para as amigas, quando regressavam a casa. As suecas e dinamarquesas não imagino como suspiram, nunca lhes aprendi a fala! Mas imagino que diriam a mesma coisa, que a linguagem da paixão é universal.

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(…) as coisas da bola (…) | José Teixeira

O meu pai António nunca leu um jornal desportivo – lá em casa lia-se o “Século” de manhã e o “Diário de Lisboa” à tarde, e as coisas da bola eram-lhe indiferentes, até incomodativas. Nas férias, em São Martinho, eu ia-lhe buscar os jornais à papelaria na “rua dos cafés” e ele dava-me dinheiro para que eu também comprasse “A Bola”, que saía 3 vezes por semana. Ele achava piada (ou seja, bem) que eu lesse jornais, eu queria-os pelos nomes do ciclismo, do “Tour” e também da “Vuelta”, com os quais decorávamos as caricas para os “grandes prémios” nas pistas de praia, e também pelas notícias de Deus Nosso Senhor Vítor Damas, do Yazalde, do Nelson, do Marinho e Manaca, do Dinis e Bastos e Alhinho, e depois do Fraguito (sempre) de meias-caídas, também do Carlos Lopes, Aniceto Simões, Nelson Albuquerque, da belíssima Conceição Alves, Jorge Theriaga, Manuel Brito, Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Xana e Livramento e tantos outros.

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a revolução abanava as paredes e gritava-se viva la france | Inês Salvador

Em tempos, sempre que chegava a Primavera chegava o francês para passar uma temporada em casa da minha então vizinha de cima. Era a época em que o colchão da vizinha rangia das molas todas as noites. Caiam objectos, soltavam-se ais e gemidos, a revolução abanava as paredes e gritava-se viva la france com a bastilha a ser tomada várias vezes pela noite dentro. De manhã, calhava-me encontrar o francês no elevador e na circunstancial conversa lá arriscava “vacances?”, “oui”, respondia ele lascivo e meio desgrenhado de sorriso morno, como se a revolução ainda lhe estivesse no pêlo. Uma temporada, uma manhã, encontrei o francês no elevador e soltei o tradicional camarada de circunstância “vacances?”, “comme ci comme ça” foi tudo o que disse à procura de um ponto onde assentar os olhos. Nunca mais vi o francês.

Retirado do Facebook | Mural de Inês Salvador

Os caridosos nunca deixarão os pobres sair da pobreza | Inês Salvador

Cilinha sabia que de tudo que sabia o que mais lhe valia era a beleza da juventude. Foi no tempo da revolução, era eu ainda muito miúda. Muito miúda era o disfarce do tempo com que rematava a existência. Nunca poderia ter muita idade, se tudo o que sabia lhe vinha de ter de sido muito miúda a todo o tempo de todas as datas. Mas muito miúda já não lhe servia. Sempre que dizia muito miúda sentia os olhos interlocutores percorrerem-lhe o socalco das rugas. Os caridosos nunca deixarão os pobres sair da pobreza, diz-me a minha intuição. Cilinha passou a fazer da longevidade da própria vida um oráculo, uma bola de cristal que consultava por intuição. Cilinha nunca envelheceu. Morreu bela e jovem, como um vampiro da vida.

Retirado do Facebook | Mural de Inês Salvador

(…) não estive à altura da Revolução | Ana Cristina Pereira Leonardo

anacristinaleonardo-cvEu estou aqui a compor umas coisas para a B Hierro Lopes e dei comigo a rir de mim própria pela segunda vez…

De como fui confundida com uma puta no 28 de Setembro.

Como toda a gente sabe, houve o 5 de Outubro, o 28 de Maio, o 25 de Abril, o 28 de Setembro, o 11 de Março e o 25 de Novembro. Nas duas primeiras datas ainda não era nascida e tudo o que sei foi de ouvir dizer. O 25 de Abril já está ultra-batido… quanto às duas últimas, despindo a coisa de atavios, foi mais ou menos assim: no 11 de Março, os cabrões do PCP não tomaram o poder por pouco; no 25 de Novembro, os cabrões dos reaças tomaram o poder e pronto. As eventuais divergências quanto a este apanhado histórico agora não interessam nada porque vou contar uma história. A história passa-se a 28 de Setembro (dia em que a maioria silenciosa perdeu o pio..) e é uma história verídica
O nosso quartel-general, que o tínhamos, ficava nas instalações da Faculdade de Ciências de Lisboa, ali à rua da Escola Politécnica, onde muitos anos depois se vieram a expor restos de dinossauros e cadáveres chineses completos. Era um bom quartel-general. Tinha música (na «sonora»), uma cantina – que apesar das baratas e dos ratos podia ser tardiamente assaltada –, e era muito central. A mim dava-me bastante jeito porque vinha de Cascais e saía no Cais-do-Sodré.

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Isto do Euro foi bom… | Inês Salvador

Ines Salvador -200

Isto do euro foi bom, mas não foi assim tão bom. A euforia não chegou para postar nudes, nem uma ameaça de nude se viu. Nem umas maminhas a assomar no feed, nem um tronco nu de moço a cerveja exibiu por aqui. Parece que foi bom, mas não foi assim tão bom. É que, como sabemos, para ser bom, mesmo bom, tem de fazer tirar a roupa.

Retirado do Facebook | Mural de Inês Salvador

O HOMEM A ARDER | txt/ img ptn | 28/03/2016 | Pedro Teixeira Neves

Telefonam-me e dizem-me: vem depressa, está um homem prestes a arder. Pedi calma, acabara de começar a escrita de um texto. Havia muito que a simpática inspiração não me visitava. Calma, por favor, não será fumo sem fogo? – ainda perguntei antes de terminar uma frase com a qual ia chegando a acordo. Que não, asseguravam-me num estado de agitação que por um triz não me passava para as palavras. Pensei então num homem a arder. E depois na rua onde esse homem se encontrava a arder. E depois no bairro onde esse homem se encontrava a arder. E depois na cidade onde esse homem se encontrava a arder. E depois pensei que daria uma bela fotografia. Olho a parede branca da minha sala e vejo o homem a arder. Levantei-me então, peguei na máquina fotográfica e fui a correr. Cheguei mesmo antes dos bombeiros. As chamas acariciavam o homem e ainda olharam para mim, vermelhas, rubras. Mal tive tempo para uma fotografia. Hoje, a fotografia do homem na parede da minha sala aquece-me no rigor do inverno. O homem, dizem que deu cinza. Mas se eu fechar os olhos, na parede de minha casa o homem também desaparece. Não há fogo sem fumo.

PTN

O Amor está no virtual | Inês Salvador

Ines - 200A gosta da foto de perfil de B
A gosta de mais uma foto de perfil de B
A gosta de várias fotos de perfil de B
A gosta de posts B
A gosta da página da empresa onde trabalha B
A comenta fotos e posts de B com elogios superlativos e graçolas e (im)pertinências dispensáveis
A gosta da foto de perfil de C
A gosta de mais uma foto de perfil de C
A gosta de várias fotos de perfil de C
A gosta de posts C
A comenta fotos e posts de C com elogios superlativos e graçolas e (im)pertinências dispensáveis
A tornou-se amigo D, E, F, H…
A gosta da foto de perfil de D
A gosta de mais uma foto de perfil de D
A gosta de várias fotos de perfil de D
A gosta de posts D
A comenta fotos e posts de D com elogios superlativos e graçolas e (im)pertinências dispensáveis
A foi bloqueado por B
B é agora amigo de C
A repete a receita com E, F, G, H…
A falou no chat com B, C, D, E, F, G, H…
I, J L, M, N sabem quem é A
A arrasta-se no alfabeto virtual da sua não existência.
A morreu de amor virtual.

Retirado sem autorização do Facebook | Mural de Inês Salvador

APELO AOS AMIGOS DO EPHEMERA | José Pacheco Pereira

ephemera02 - 200

Neste momento, o ritmo das ofertas e das aquisições semanais subiu muito, e tem havido um crescente número de voluntários para trabalhar no ARQUIVO / BIBLIOTECA. Torna-se necessário uma espécie de entreposto em Lisboa, onde se possa recolher material, dar-lhe um primeiro tratamento e organização e ter um posto de digitalização. Por isso, precisamos da cedência de um espaço que não precisa de ser muito grande, com condições mínimas para que se possa fazer estes trabalhos, ou pro bono, o que seria ideal para não agravar as despesas, ou com uma renda nominal. De nossa parte, podíamos fazer pequenas obras de manutenção, garantir os gastos de electricidade e água e cuidar da segurança do espaço. Há por toda a cidade espaços vazios, lojas e pequenos apartamentos vagos, que podem servir para este objectivo,. A acessibilidade é também importante. O período da cedência seria de cerca de dois anos.

Obrigado.

«SEXALESCENTES»

actriz

Se estivermos atentos, podemos notar que está a surgir uma nova faixa social, a das pessoas que estão em torno dos sessenta/setenta anos de idade, os sexalescentes – é a geração que rejeita a palavra “sexagenário”, porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica – parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta/setenta, teve uma vida razoavelmente satisfatória.

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A História da Caralhota de Almeirim | in “O Culto da Mesa”

caralhotas_zorate‘Para quem não sabe o que é uma caralhota, é um pão caseiro, idêntico à merendeira, muito guloso e saboroso. Deixa água na boca quando acompanhado com sopa de pedra, com uma bifana ou simplesmente com um pequeno pedaço de manteiga.

O nome desta iguaria vem de tempos passados, “culpa” da tradição popular. Antigamente, em Almerim, os populares chamavam caralhotas aos borbotos da lã. Nessa altura, em quase todas as casas existia um forno e cozia-se o pão. Quando se tirava a massa, para depois ir para o forno, no fundo do alguidar ficavam bocadinhos de massa, idênticos a borbotos de lã. A essas pequenas bolas os populares chamavam de caralhotas. Daí vem o nome actual do pão que pode saborear nos restaurantes de Almeirim.

http://cultodamesa.blogspot.pt/2011/04/historia-da-caralhota.html

Varoufakis: “Não abandonei o navio. Ele é que mudou de rumo” | Por Christos Tsiolkas, The Monthly

varoufakis_11Numa longa entrevista a um escritor grego-australiano, o ex-ministro das Finanças faz revelações surpreendentes, como o ambiente de depressão que encontrou no gabinete do primeiro-ministro na noite da vitória do “não”, em contraste com a euforia das ruas, e a confidência pessoal de Schäuble de que não assinaria o acordo se fosse o ministro grego. Por Christos Tsiolkas, The Monthly

(Retirado do site Esquerda.net)

Descendo a rua do meu estúdio, nos subúrbios do Norte de Melbourne, há um pequeno café ao lado de uma tabacaria. Ambos são propriedade de australianos de origem grega. Na semana anterior ao povo grego ter votado se queria aceitar a nova rodada de medidas de austeridade exigidas pela troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) de forma a libertar fundos de resgate, os donos dos estabelecimentos afixaram nas montras uma série de folhas A4 em preto e branco. Cada folha tinha uma palavra em destaque, OXI – “não” em grego.

Na manhã de 6 de julho, levantei-me antes do amanhecer, entrei na Internet e liguei a televisão, ao mesmo tempo cheio de ansiedade e temeroso de saber as notícias: o resultado teria consequências não só para a manutenção da Grécia na eurozona mas também para a própria definição de uma Europa unida. O resultado do referendo foi um OXI esmagador. Uma hora depois ainda tentava identificar porque sentia esta combinação de medo, temor e êxtase, enquanto observava as imagens vindas de Atenas de multidões em júbilo, percebi que estava a experimentar sensações que quase esquecera que podiam existir: esperança e otimismo políticos. A nação grega tinha refutado uma lógica económica quase universal, que exonerava o sistema financeiro da responsabilidade pela maior catástrofe económica desde a Grande Depressão. Era uma lógica que exigia que as pessoas comuns pagassem os erros de cálculo dos mercados globais, uma lógica que limpava as dívidas dos bancos mas não permitia tal indulgência em relação aos efeitos paralisantes da dívida nas nações individuais.

Uma semana depois, as minhas esperança e otimismo tinham-se dissipado, na medida em que o governo de coligação, dirigido pelo partido de esquerda Syriza de Alexis Tsipras, parecia à beira de aceitar os termos de um resgate que fora rejeitado pelo seu próprio povo.

Yanis Varoufakis está ao telefone. O carismático ministro das Finanças renunciara ao cargo logo a seguir à divulgação dos resultados do referendo. Varoufakis, economista de extensa carreira académica, tem dupla nacionalidade grega e australiana, depois de ter passado uma década a trabalhar na Universidade de Sydney. O seu estatuto de outsider no clube político da União Europeia, a sua recusa de usar linguagem tecnocrática ou de conformar-se com o estilo burocrático, provocavam uma constante irritação nas negociações com a troika. Mas, de muitas formas, o forte resultado do referendo pode ser visto como uma validação da sua tática e frontalidade.

A primeira coisa que lhe perguntei foi como se sentiu na noite da votação, e como se sente uma semana depois.

“Permita-me que descreva o momento que se seguiu ao anúncio do resultado” [do referendo de 5 de julho], começa. “Faço uma declaração no ministério das Finanças e depois dirijo-me às instalações do primeiro-ministro, o Maximos [residência oficial do primeiro-ministro grego], para encontrar-me com Alexis Tsipras e o resto do Ministério.”

“Posso dizer que estava eufórico. Este ‘não’ – Oxi – sonante, inesperado, era como um raio de luz que atravessa uma escuridão espessa e muito profunda. Estava encantado. Passeava pelas salas, alegre, trazendo comigo essa incrível energia do povo no exterior. Tinham superado o medo, e esse sentimento fazia-me sentir a flutuar no ar. Mas no momento em que entrei no Maximos, toda essa sensação simplesmente desapareceu. Reinava lá também uma atmosfera elétrica, mas carregada de negatividade. Era como se a direção tivesse sido deixada para trás pelo povo. E a sensação que senti foi de terror: ‘Que fazemos agora?’”

E a reação de Tsipras? As palavras de Varoufakis são medidas. Insiste que não diminuiu a sua amizade e respeito pelo primeiro-ministro cercado. Mas a tristeza e o desapontamento são evidentes na sua resposta.

“Podia dizer que ele estava desalentado. Era uma grande vitória, que eu creio que ele realmente saboreava, profundamente, mas que não podia gerir. Sabia que o seu gabinete não podia geri-la. Era claro que havia elementos no governo que o pressionavam. Em poucas horas, ele já fora pressionado pelas principais figuras do governo para transformar o ‘não’ num ‘sim’, para capitular”.

Por lealdade a Tsipras e para honrar uma promessa que lhe fez, Varoufakis não cita nomes. Mas diz-me que havia eminências pardas no interior do frágil governo de coligação “que estavam a contar com o referendo como uma estratégia de saída, não como uma estratégia de combate”.

“Quando me dei conta disso, disse-lhe que tinha uma escolha clara: usar os 61,5% de votos ‘não’ como uma energia, ou capitular. E disse-lhe, antes que pudesse responder, ‘se optares pela segunda, vou-me embora. Renunciarei se escolheres a estratégia de desistir. Não vou puxar o tapete, mas vou evaporar-me na noite.”

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O riso, o sexo e os palavrões | HUGO GONÇALVES | DN 22-08-2015

Hugo GoncalvesPorque estou a traduzir o romance American Psycho, de Bret Easton Ellis, voltei a pensar em como a língua inglesa tem muito mais palavras do que a nossa para o verbo sorrir – to smile, to grin, to smirk, to simper – e para o verbo rir ou o ato de dar gargalhadas – to laugh, to chukle, to giggle, guffaw, to crack up. Em inglês, estes signos captam diferentes características e gradações. Um sorriso gozão, pretensioso: to smirk. Dar uns risinhos: to giggle. Uma gargalhada forte: guffaw.

De que forma, em Portugal, séculos de Inquisição, de pudor católico, da ideia de transgressão e castigo, e quase meio século de ditadura salazarista – uma polícia política, os bufos, o medo de falar, o “respeitinho é muito bonito” -, podem ter limitado a nossa habilidade de expressar felicidade e humor? Talvez se William Baskerville, protagonista de O Nome da Rosa, usasse o seu engenho neste mistério não se afastasse muito de um dos temas do romance de Umberto Eco: o riso como uma forma subversiva contra o poder. Ou, no nosso caso, a falta dele. Toda a gente faz comédia com Hitler, poucas vezes vi Salazar como protagonista de um sketch ou uma anedota.

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Da experiência nas esplanadas | Inês Salvador in Facebook

InesAcredito pouco na qualidade do silêncio. Quem não diz nada é porque não tem nada para dizer. É ver o desembaraço a falar dos sapatos da zara e das almofadas do ikea, do Benfica e da cor do carro. Sobre política, religião e sexo não se fala, porque disso não se fala. Está tudo dito. Nos Estados Unidos é tudo bom, a religião islâmica é toda má e só não vimos de Paris no bico de uma cegonha, porque as pessoas agora já fazem o que querem. Mas das pessoas também não se fala, não vá isso descambar para a política, religião ou sexo. Dos outros é que já se fala com o mesmo desembaraço com que se fala das almofadas do ikea, “essa gaja anda desaparecida, deve andar metida com algum”. E nisto continuam todos de acordo. Sobre o que suscite opinião diversa é que não se fala. Se não estiverem todos de acordo estraga-se a tarde. Este país, Portugal, é uma vergonha, só neste país é que isto acontece. “Isto” é uma abstração que serve para tudo neste Portugal que é de outros portugueses, nunca dos portugueses intervenientes na conversa. Ser português parece ter a fatalidade de uma visita de estudo da lição que não se estuda. Uma espécie de turismo conformado em que os outros é que sabem. Os outros, os políticos, que eles é que quiseram ir para lá. Os caracóis é que não estão maus. E a gaja que não atende o telefone, deve andar mesmo metida com algum. Chegam os cafés que se tomam em separado. Mulheres para um lado, homens para o outro, sentados à mesma mesa, porque a conversa tem género e fora do género não há nada para dizer.

Caiu o homem da cadeira, mas pouco.

Os 15 Cavaleiros da Tábua não redonda | De La Salle | Rudolfix Miguezz

Abrantes - Colégio La SalleDispostos a tudo e de novo chamados a acudir ao reino em dificuldades, reuniram pelo dia VI do mês do inverno do ano IV da desgraça DPPC, 15 cavaleiros discípulos do Rei Artur de La Salle. No castelo da grande Ordem da Engenharia do Sul, Sir Percival de Aires recebia a cavalaria que à medida que se despojava das armaduras e alinhava as espadas, se dirigia à tábua de queijos e enchidos. Sir Lancelot Vitix deu nas vistas envergando uma reluzente armadura, cerca de 10 números abaixo do habitual.
Haviam subido pelo El Vador ao sexto plano da Ordem,os cavaleiros:
Sir Rodrigo de Farin -Sir Zuniga Santo- Sir Roldan Felicius- Sir Alex de Camelot (vestia armadura de pele de camelo) -Sir Lopez Condeço -Sir Gillis Man -Sir Lucianus d`Àlmeida – Sir Paulus de Souza -Sir Parreirix -Sir Rudolfix Miguezz -Sir Antonius Senra- Sir Agria de Torres I- Sir Agria de Torres II,e os “grandes lideres” Sir Percival de Aires e Sir Lancelot Vitix
Devido a imprevistos logísticos, não puderam estar presentes, Sir Miguel De Bap Tista, Sir El Vino e Sir Paim de Bruges. Registámos no livro de honra, de entre outros, os nomes de Sir Taveira de Pinto em missão nos mares da china e Sir Zalberto Katarino de Medicis, ausentes por batalhas longínquas e maiores.
O mago Merlim servia pelo cálice Graal um místico elixir e dispunha a mesa em rectângulo, contrariando a tendência das mesas redondas que pululavam então, pelo reino da asneira.
Ser membro cavaleiro da ordem da Engenharia foi o ideal de muitos jovens de La Salle. Para honrar esse objectivo, conseguido por muitos, sentaram-se na tábua não redonda, 15 cavaleiros que tinham em comum e juraram defender, o espírito de La Salle. Para tanto, é necessário abater, periodicamente, uns tachos de favas, feijoadas, caldeiradas, ou tachos de outra natureza, o que fazem com destreza, e alegria, manejando habilmente facas e garfos, e contando dez Enas de vezes as mesmas anedotas do reino de La Salle!
O repasto servido e regado sem parcimónia, estava “ao ponto”, e teve como um dos pontos altos a introdução, pelo mago Merlim, da poção líquida piri-piri AGRA VI, vinda directamente daquele que viria a ser o reino dos All Graves. A condição respiratória de alguns cavaleiros, com largas horas de montada a cavalo, melhorou, e tornou o debate ainda mais “acalorado”
Lady Guinevere, fez uma rápida e discreta aparição, para registar, em “pixels”,coloridas gravuras para a posteridade.
O Castelo da Ordem da Engenharia, beneficiado de novas e polidas pedras, metais e madeiras por acção de Sir Percival de Aires, tem majestosa vista sobre os condados em redor. Com posição estratégica invejável, esteve tomado durante largas horas por 15 cavaleiros da tábua não redonda, com domínio nas engenharias, nas ciências, nas artes e nas letras que, com emoção recordaram duelos e torneios antigos, em defesa de suas damas, ou na procura incessante do elixir da juventude. Uma amarguinha com gelo picado e limão foi ensaiada, mas o efeito foi fugaz.
Envergados os elmos e armaduras e embainhada a excalibur, cada cavaleiro retornou aos seus domínios, montando fogosos cavalos. Novas lutas estão prometidas para a Prima Vera. Até lá faremos um torneio na zona histórica de Abra Antes. Que não nos falte o elixir…
Aos VII do mês do Inverno do ano IV DPPC

Rudolfix Miguezz

Filipe Morato Gomes – Cronista de Viagens

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Filipe Morato Gomes define-se como uma espécie de viajante profissional.

Tenho, atualmente, 43 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, estive em quase 100 países e estou certo de que essa experiência pode ser útil para os que, como tu, querem também descobrir o mundo. Estejas a dar os primeiros passos ou a desbravar novas e mais desafiantes geografias.
Quero, especialmente, inspirar-te.

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CAVE CANEM | Mário de Carvalho

No Século V A.C. houve em Atenas um político e militar brilhante, ambicioso e destituído de escrúpulos chamado ALCIBÍADES, que estava a cair em desgraça. Tinha um cão caríssimo, enorme, bonito. Certo dia, mandou cortar a cauda ao cão. Toda a gente se indignou e na cidade não se falava de outra coisa: «Óptimo! É o que eu queria» – disse o cínico Alcibíades aos amigos. «Enquanto falarem do cão, não falam de mim. MdC

https://www.facebook.com/mariodecarvalho.escritorpagina?hc_location=stream … (FONTE)

cao

Conversa com Mia Couto | Anabela Mota Ribeiro.

Estava a ocorrer-me um excerto de um livro carregado de humor onde é muito evidente a corrupção ao mais alto e ao mais baixo nível. Há uma cadeira de rodas da ajuda humanitária usurpada por um dos personagens que a aluga a outros que queiram dar umas voltinhas. E há o tráfico de armas conectado com os administradores, que são brancos e portugueses. A corrupção grassa no país de alto a baixo?

Não de maneira diferente que grassa noutros casos. É mais descarada. Tal e qual como a escravatura ou a colonização, a corrupção é a continuação de uma relação que tem sempre dois lados. Não há os corruptos de um lado e os honestos do outro. A escravatura foi feita com cumplicidades internas. Havia elites africanas que enriqueceram muito. Esta leitura da história que hoje há é muito simplista. Como há um certo sentimento de culpa dos europeus, ela passa bem. Mas deve ser interrogada, porque criou da parte dos africanos o discurso vitimista, de ser preciso fazer valer na Europa aquilo que perdemos durante séculos.

Ler mais:

http://www.buala.org/pt/cara-a-cara/conversa-com-mia-couto

mia_couto

Publicó un mensaje buscando un marido millonario y un millonario le respondió de una forma genial

Una mujer publicó un mensaje en el portal financiero de un diario de los Estados Unidos pidiendo consejos sobre la manera idónea de encontrar un marido millonario. Si la situación ya de por si es de risa, lo mejor fue la respuesta que recibió de un hombre que asegura que tiene mucho dinero. Gracias Aleks por el aporte.

Mensaje que escribió la mujer:

”Soy una chica hermosa (yo diría que muy hermosa) de 25 años, bien formada y tengo clase. Quiero casarme con alguien que gane como mínimo medio millón de dólares al año.

¿Tienen en este portal algún hombre que gane 500.000 dólares o más? Quizás las esposas de los que ganen eso me puedan dar algunos consejos.

Estuve de novia con hombres que ganan de 200 a 250 mil, pero no puedo pasar de eso, y 250 mil no me van a hacer vivir en el Central Park West.

Conozco a una mujer, de mi clase de yoga, que se casó con un banquero y vive en Tribeca, y ella no es tan bonita como yo, ni es inteligente.

Entonces, ¿qué es lo que ella hizo y yo no hice? ¿Cómo puedo llegar al nivel de ella?

Rafaela S.”

Respuesta del millonario:

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Exposição | Torreão Poente do Terreiro do Paço

Uma exposição a visitar no torreão poente (antigo Min. do Exército) do Terreiro do Paço. Comissariada por Margarida Magalhães Ramalho e António Mega Ferreira. Como era o quotidiano de Lisboa no tempo da guerra, com milhares de refugiados onde se podem vi os vistos de imensos artista que por cá passaram como Max Ernst, Peggy Guguenheim, Chagal, Gulbenkian entre outros.

Exposição

albert-einstein

 

Einstein recebeu uma carta da miss New Orleans que lhe dizia: ” Prof. Einstein, gostaria de ter um filho seu… A minha justificativa baseia-se no facto de eu ser um modelo de beleza, e tendo um filho com o senhor certamente que o garoto teria a minha beleza e a sua inteligência”. Einstein respondeu: ” Querida miss New Orleans, o meu receio é que o nosso filho tenha a sua inteligência e a minha beleza.

são dois para lá, dois para cá | Patrícia Reis

Foto de Helmut Newton

Foto de Helmut Newton

O bar podia estar vazio, para ela pouco fazia.

Era um bar de hotel e não tinha história. Era internacional e não asiático, podia ser mais interessante. Não era. A mulher pediu um martini.

Depois desistiu.

Pediu um vodka preto e, na casa-de-banho, verificou que tinha a boca preta, a língua de fora, mesmo perto do espelho, riu-se de si e depois chorou.

Chorou pela língua preta.

Deveria ter bebido o martini e fingir que era uma bond girl nas arábias.

Há dias assim.

http://vaocombate.blogs.sapo.pt/470802.html … (FONTE)