A “NOVA NORMALIDADE” | José Pacheco Pereira in Abrupto

É por isso que, quando os governantes dizem que é apenas porque são obrigados pelatroika a tomar medidas como os cortes retrospectivos nas pensões e reformas, estão de facto a enganar-nos. Na verdade, é intencional e faz parte de um plano. É ali que atacam, não pelo peso dessas prestações sociais, (o mesmo se passa no processo paralelo do embaratecimento do valor do trabalho), mas sim porque isso é um elemento do seu plano. Podiam ter todo o ouro do mundo para pagar as dívidas, que não o usariam. Eles têm um alvo.

Ler tudo aqui:

http://abrupto.blogspot.pt/2014/01/a-nova-normalidade-alguns-dos-autores.html

Citando Amélia Vieira

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São tão bonitos os Poetas! Há neles uma luz, uma doçura, uma força…. Aquilo tudo é esculpido pelo espírito, mesmo Baudelaire tinha algo no meio daquela zanga aparente…uma pureza qualquer indefinida. Têm a alma lavada do dejecto sulforoso do mundo… têm asas no olhar e olham-nos como crianças disponíveis, assombradas, mas sempre cheios de amor. São frágeis nas suas lianas mais subtis…são desprotegidos e acreditam que um Anjo os conduz eternamente pela mão. Os dedos enrijecem-lhes de frio e de pavor, por vezes, depois levantam-se e dão, acrescentam a vida das coisas do futuro, estão enamorados da visão alta e bela do para além, e o seu lema é não prestarem atenção, porém, darem testemunho de tudo. São criaturas dentro de si, felizes e dignas de serem contempladas. Estão perto das fontes e não sabem porquê. Só sabem que lhes traz responsabilidades e deveres tão rigorosos como se vivessem em terreno alheio. Amam, e não sabem porque prender é uma forma de pronunciar o verbo que lhes sobe em forma de presente eterno.

Um dia isto tinha que acontecer | Mia Couto

id_331_2Um dia isto tinha que acontecer Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor. Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos…), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.

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Edgar – Poe(mas) em estórias de Eduíno de Jesus | Onésimo Teotónio Almeida

Está a circular por aí uma preciosa colecção de pequenos volumes vestidos de capas divinalmente desenhadas por um poeta chamado Eduardo Bettencourt Pinto que, na lonjura de Vancouver, sempre me pareceu o açoriano mais plantado nas ilhas que nem sequer lhe foram berço. Eduardo Bettencourt Pinto deu em editor de preciosidades e fez questão de primar conseguindo para cada volume uma apresentação gráfica correspondente. Depois de A Sagração do Amor, de Anabela Mimoso, e de Aubrianne, do próprio Eduardo Bettencourt Pinto, surge-nos a surpresa de Edgar, de Eduíno de Jesus.

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Citando Bruno Vieira Amaral

As primeiras coi

“Da mãe, os filhos só vêem o que é mãe. Só conhecem a mãe. A mãe é sopa e o cheiro dos refogados. A mãe é a mão que esfrega as costas no banho, que escova o cabelo enriçado, que seca o cabelo molhado, a mão que afaga, que estraga. A boca que sopra a sopa, que sopra a ferida. Os filhos são os parasitas da mãe. Comem-lhe o coração que cresce da noite para o dia para que nunca lhes falte o pão-coração. O que é que a mãe quer? A mãe não quer nada. Quem tem mãe, tem tudo, diz a quadra, e quem é tudo não precisa de nada.”

Excerto de uma nota de rodapé do livro As Primeiras Coisas, de Bruno Vieira Amaral, Quetzal.

 

Atacaram o Portugal futuro | Rui Tavares in “Jornal Público”

Rui TavaresEste governo, decididamente, está a deixar obra para lá do seu mandato. Não quer só destruir o país agora. Quer deixá-lo sem possibilidades de se reconstruir depois.

Em três anos, deve haver poucas coisas que escapem à sanha empobrecedora deste governo. Àquelas a que o memorando da troika não obriga lá chegarão eles certamente. É essa a diferença entre um governo de incompetentes e um governo de fanáticos. E que jeito nos dava agora um governo que fosse só de incompetentes.

É pois perfeitamente adequado que a última vítima do governo tenha sido o investimento em ciência. Porque não? Uma das poucas coisas que se poderia atravessar no caminho da estratégia do governo seria a possibilidade de uma economia portuguesa mais especializada, produzindo mais valor, fixando mais conhecimento e exportando melhor. Não é isso que o governo quer. Vou até mais longe. O governo quer o contrário disso: o governo quer uma economia de baixos salários, comprimidos pelo desemprego alto, e produzindo barato para exportar mais (mas não melhor), um país a meio-gás para recursos a meio-gás, e tudo isto complementado por serviços públicos a quem se apertou o torniquete.

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Cidade Proibida – nas livrarias.

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No ginásio que frequentava havia quem conhecesse Lisboa, uma cidade, diziam, «cheia de sol e de moscas», onde os bares fecham «praticamente de manhã» e as pessoas «vão de carro
à mercearia da esquina». Num bar de Old Compton Road também lhe disseram que os rapazes portugueses eram bonitos e, por norma, cooperantes.
– Cooperantes como? Como em Marrocos?
– Não é a mesma coisa. Os magrebinos são insistentes. Os portugueses empatam, raramente sorriem, preferem ser seduzidos… Quando estão no ponto, vale tudo.
– E são mesmo bons…?
– Gorgeous!

Eduardo Pitta revela-nos, numa linguagem áspera, sem nunca perder a elegância, uma realidade que muitas das vezes nos passa ao lado, ou não, mas que insistimos em não reparar, como se nos fosse proibido ver. Quando acreditávamos que certos tabus haviam caído em desuso, eis que, em pleno retrocesso civilizacional, assistimos ao regresso de todas as fobias. O jogo institucional dos capados impõe a sua visão de uma sociedade homofóbica.

O mais que fez (o gato Teddy) foi esperar três dias. Assim que intuiu o carácter definitivo da mudança, urinou sem complacência na porta do quarto do dono. Passava a ser o macho da casa.

Todos temos os nossos rituais de afirmação, mais ou menos exuberantes.

Cidade Proibida de Eduardo Pitta chega hoje, quarta-feira, às livrarias. Leitura obrigatória.

Citando John Wolf

Um porta-chaves que não é uma coisa nem outra. Porque a ranhura é um perigo. Parece insignificante, mas já vi muitos e bons homens desaparecerem por esse buraco que anunciam como fenda, a passagem estreita de um gargalo mentiroso. Daqui a umas horas, quando regressarem a casa, dirão algo que soa a absurdo: que nunca tinham ouvido falar. Que nunca tinham estado na presença de um homem que se revisita sem despudor. Que nunca poderiam imaginar uma língua cumprida à risca, instruída por problemas de consciência.

Contagem Descrente é o mais recente livro de John Wolf, um pungente testemunho de quem não se conforma. Numa lucidez verbalizada, estamos perante um ato de rebelião, um acordar de consciências mas só para não descrentes.

leia mais no Acrítico – Leituras dispersas.

A cultura de direita em Portugal in “blog Malomil”

A direita portuguesa contemporânea:
itinerários socioculturais  (1)
Em 1983 foi criado o jornal Semanário por Marcelo Rebelo de Sousa, Daniel Proença de Carvalho, José Miguel Júdice, João Lencastre, Vítor Cunha Rego, João Amaral, entre outros (2). Nos outdoors da campanha publicitária de lançamento surgiam, o que é significativo, os rostos dos fundadores desse jornal. Mais tarde, em 1988, O Independente usaria Winston Churchill nos seus outdoors promocionais, um outro sinal de que Portugal mudara – e muito – desde os tempos do PREC (3). O Semanário teria como repórter, que entrevistava em Paris figuras da «grande direita» europeia, sobretudo francesa (e não anglo-saxónica, note-se), um jovem chamado Paulo Sacadura Cabral Portas.
Não era uma estreia:  com uma notável precocidade, Paulo Portas já tinha trabalhado no jornal A Tarde, dirigido por Vítor Cunha Rego, ao lado de personalidades como Vasco Pulido Valente, António Barreto, Manuel de Lucena ou Francisco Saarsfield Cabral. Regressemos aoSemanário. Além da política, num tempo em que o jornalismo económico era muito incipiente – até por efeito colateral da incipiência da actividade privada nos sectores-chave da economia – o Semanário, a dada altura, a altura das privatizações e das Ofertas Públicas de Venda (OPV’s) (4), teria um papel importante na informação económica ou na orientação dos compradores de acções.
Ler tudo aqui:  
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Cidade Proibida – Eduardo Pitta

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Sete anos depois da primeira publicação, regressa finalmente às livrarias Cidade Proibida, um romance desassombrado que retrata com intensidade e mestria o universo gay, o prazer erótico e a transgressão.

Uma história de amor e sexo passada em Lisboa, entre um filho de muito boas famílias, da melhor sociedade lisboeta, e um inglês que aqui trabalha como professor.
Com a homossexualidade como pano de fundo, Eduardo Pitta retrata neste romance singular uma Lisboa de privilegiados, onde o amor ocupa um lugar sempre periclitante.

Esta edição da Planeta chega às livrarias no próximo dia 23 de Janeiro.

Eduardo Pitta Nasceu em 1949. É poeta, escritor, ensaísta e crítico. Tem poemas, contos e ensaios publicados em revistas de Portugal, Brasil, Espanha, França, Itália, Colômbia, Inglaterra e Estados Unidos.
É colunista da revista LER, crítico literário da revista Sábado e autor do blogue Da Literatura.
Tudo sobre o autor em www.eduardopitta.com

Ensina RTP

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Um ponto de encontro com o conhecimento.

O novo portal de educação da RTP junta vídeos, áudios, fotos, textos e infografias produzidos pelo serviço público de rádio e televisão nos últimos anos. Integra também uma área infantil onde os mais pequenos podem encontrar músicas, jogos e vídeos.

Conheça o portal aqui

Muito Cá de Casa com Agualusa

Agualusa2Quando a água cobre todo o planeta e a temperatura sobe, o homem é expulso da terra. E para onde vai o homem quando perde o chão? VAI PARA O CÉU.
Esta sexta-feira, na Casa da Cultura de Setúbal, foi noite de Agualusa. Quando lhe foi dada a palavra, usou-a como uma balsa salva-vidas, dessas que entram no seu mais recente romance, A Vida no Céu. Elevou-se, então, aos céus e convidou-nos a acompanhá-lo. Tranquilo, dotado de um sentido de equilíbrio, típico dos nefelibatas, Agualusa falou com desassombro, não evitando as perguntas do “politicamente incorreto”, ciente que o poder, em qualquer parte do mundo, não lê. Apenas se incomoda com as entrevistas.

O seu discurso tem o tom aveludado da escrita que imprimiu a este romance. Escritor do mundo, Agualusa, lança sobre a vida um olhar rico de experiência, temperado pela multiculturalidade de quem vive entre três países e o resto do mundo. O escritor, nas suas palavras, transformou-se em caixeiro-viajante dos livros, com todo o seu lado enriquecedor.
Foi uma sessão com a sala a transbordar, pessoas a assistir de pé, algumas à porta. Embarcámos nesta aventura e estendemos o nosso olhar sobre as lonjuras apenas possíveis de alcançar nas grandes planícies africanas. Fomos todos nefelibatas por uma noite.

O que dizem de Francisco por ANSELMO BORGES in “Diário de Notícias”

Não há dúvida de que o Papa Francisco é hoje uma figura de impacto global, talvez a figura mais popular no mundo, na qual se põe mais esperança e confiança. Foi proclamado como personalidade do ano 2013 pela revista Time, que escolhe, desde 1927, a pessoa que considera ter tido mais influência nas notícias em todo o mundo no respectivo ano. Designou-o como “o Papa das pessoas”, concretizando que “o que o torna tão importante é a rapidez com que captou a esperança de milhões de pessoas que tinham abandonado toda a esperança na Igreja”.

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Agualusa na Casa da Cultura de Setúbal

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José Eduardo Agualusa vai estar hoje à noite no casarão da cultura setubalense. “Depois que o mundo acabou fomos para o céu”. Assim começa o seu mais recente livro. Um livro que fala de umas cidades que circulam nos céus. A vida na Terra torna-se impossível. A humanidade encontra a solução nos ares. “A Vida no Céu” é um belíssimo romance. E vai dar uma bonita conversa com o autor. Digo eu, que estou com os pés bem assentes na terra.

O Muito cá de Casa é uma iniciativa da DDLX e da Câmara Municipal de Setúbal – Divisão de Cultura, e conta com a colaboração de PNet Literatura, livraria Culsete, Ler de Carreirinha e BlogOperatório.

 

Citando Cristina Carvalho

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(…) Por esta altura do dia em que já era noite, os teus pais dormiam, todos dormiam em todo o lado excepto tu que pé ante pé e com dedos de veludo abrias a porta da rua e deixavas entrar esse rapaz. Ele tinha subido a escada quase invisível e no maior silêncio. Entrava. Não havia o menor ruído, nem beijos, nem afagos, nada! Deslizavam, então, para a cozinha e fechavas a porta. Um risco! A vida era arriscada! Uma aventura de ovos mexidos com rodelas de chouriço e os restos do pão do jantar. Esfomeados! Vocês andavam esfomeados! Havia o risco do cheiro das rodelas do chouriço a fritar na pequena frigideira, havia o risco do ruído produzido pelos maxilares a triturar o pão já ressequido, o risco dos ovos a ser partidos, o risco do garfo a bater os ovos, o risco da vontade de comer, o risco da vontade de beijar, o risco da vontade de tu mexeres no corpo dele, o risco da vontade dele mexer no teu corpo, o risco dos dois corpos, o risco do desejo, o risco de o conter, o risco de o não conter, o risco do risco. A tua vida era um risco.

Cristina Carvalho em “ANA DE LONDRES” – publicado por Parsifal. No PNL (Plano Nacional de Leitura) para o ensino secundário (10º, 11º e 12º anos)

Leia a recensão no Acrítico- leituras dispersas.

 

Citando Ana Saragoça

Quando fores mae

Se engolires a pastilha, morres.

E de repente – glup! – engoli a porcaria da pastilha. Senti-a nitidamente descer-me o esófago e chegar-me ao estômago, cada vez mais comprida e rarefeita, colando-se-me às entranhas e paralisando-as. Nem tive força para gritar: ergui a cabeça de supetão e fiquei a olhá-las às duas, a minha mãe e a minha avó, de agulhas em movimento e a terem conversas insignificantes, sem fazerem a mínima ideia de que dentro de momentos EU IA MORRER! Tive tanta pena delas… Comecei a imaginar os seus choros e gritos, o meu funeral num caixãozinho branco (sim, com a minha idade as crianças iam a velórios e funerais e estavam familiarizadas com tudo aquilo), o cortejo infindável de vizinhos e amigos, os soluços, o meu enterro na campa onde já estava o meu avô…
Foi uma surpresa imensa encontrar-me viva e na minha cama na manhã seguinte. E passaram anos até voltar a atrever-me a comer uma pastilha.

Quando Fores Mãe, Vais Ver, de Ana Saragoça

Leia mais sobre este livro no Acrítico – Leituras dispersas.

Tertúlias de Lisboa | Livraria Ler Devagar | Sábado, 11 Janeiro, 17 h | João Queiroz e Francisco Monteiro | Tema: O Discurso Moderno na Arte

Francisco Monteiro é pianista, compositor, investigador e professor. Fez primeiras audições absolutas de compositores nacionais e estrangeiros. O seu trabalho está centrado na música do século XX, em particular a Música Erudita Portuguesa, e dedica-se à recuperação e tratamento de partituras de Jorge Peixinho.
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João Queiroz é artista plástico, professor na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Está representado nas coleções de arte da Caixa Geral de Depósitos, Fundação de Serralves, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Coleção António Cachola, entre outras. Segundo o Júri do prémio AICA/SEC/MILLENNIUM BCP 2011, a sua obra «explora a relação do sujeito com as coisas, com os sentidos e os gestos, afirmando o desenho e a pintura como modos únicos e insubstituíveis de experienciar, ver e pensar».

TAS – A Estrela de Seis Pontas

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O TAS-Teatro Animação de Setúbal, vai estrear no próximo dia 10 de Janeiro às 22h a sua 122ª produção, “A Estrela de Seis Pontas” de Manuel Tiago.
A dimensão humana, do presidiário, foi sendo transformada através de vários personagens e episódios/situações pontuais, o relato de vida na prisão nos anos de 1940-50 e da resistência dos comunistas à ditadura de Salazar e Marcelo Caetano, das prisões políticas e das perseguições da PIDE/DGS.”

O Texto “Estrela de Seis Pontas” da autoria de Manuel Tiago (Álvaro Cunhal), tem adaptação de Carlos Curto, que o concebeu e dirigiu, e é interpretado pelo Ator José Nobre, contando igualmente com a  participação de Carlos Curto.

“A Estrela de Seis Pontas” estará em cena durante o mês de Janeiro às sextas e sábados às 22:00h e domingos às 16:00h. Após o Mês de Janeiro, ficará disponível para digressão.

TAS – Teatro de Animação de Setúbal

 

Citando Sónia Cravo

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Os olhos dela espelham um misto de nervos e humilhação e desordem. É um derrame infinito, é um desejo quase constante de estar noutro lugar qualquer, sinta embora que, nesta vida, há muito a suportar.
É uma vontade imensa de beber, beber também por isto. A governanta, sentada ao seu lado, está em silêncio; arruma a caixa de costura.
– Estou a … – balbucia Lia.
– Vou para o escritório, chama-me quando o jantar estiver pronto – interrompe Custódio, cortando pela raiz o que quer que ela fosse dizer.

Deste Lado do Mar Vermelho, de Sónia Cravo

Este é um livro sobre o medo. O medo da loucura, da normalidade, do segredo, o medo do medo. Neste livro existe um cão que se chama Pide e que é espancado. Este livro não é sobre o medo, é sobre a possibilidade de renascermos. (Acrítico – Leituras dispersas)

 

 

Pantera Negra – Eusébio 1942-2014

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Eusébio da Silva Ferreira deixou-nos a 5 de janeiro de 2014 mas as memórias prevalecem.

Aqui recolhemos alguns tributos em sua memória:

Sim: também tenho os meus heróis. Este viverá para sempre. Vi-o, pela primeira vez, a jogar tinha sete anos de idade. Continuarei para sempre a vê-lo jogar.E a vencer. Obrigado, Eusébio!
Luís Carmelo, professor universitário e escritor (do Facebook)

Encontrei-o uma vez em Maputo, conversámos por uns instantes. Mesmo tendo ficado um bocado apardalado com aquele encontro inesperado, impressionou-me principalmente aquele jeito tão simples e tão humano e tão contrário à soberba parva de alguns. No último ano da sua vida, integrou a Comissão de Honra das Comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal. Era uma montanha de generosidade, de humildade, de integridade – e era o Eusébio.
Bruno Dias, Deputado da Assembleia da República pelo PCP (do Facebook)

Só uma vez, dois anos atrás, vi Eusébio pessoalmente. Eu estava num restaurante, e olhava a rua através da montra. Vi Eusébio sair de um automóvel, com enorme dificuldade, ajudado por um amigo. Atravessou a estrada, em direcção ao restaurante, apoiado no outro homem, com uma debilidade imensa, as pernas frouxas como papel ao vento. Foi nas pernas que fixei o olhar e o pensamento. Com aquelas pernas ele tinha conquistado o mundo, as mesmas pernas que agora se recusavam a deixá-lo avançar senão arrastando-se. É nesse momento em que vi Eusébio que penso hoje, sem me admirar, sem me entristecer. Um homem, por muito grande que tenha sido, começa a morrer muito antes da sua morte. Nós é que nos recusamos a pensar nisso.
Licínia Quitério, escritora e poeta (do Facebook)

Foi um grande futebolista, uma pessoa bem formada e fiquei sempre com a ideia de que era um homem muito modesto e muito simpático.
Mário Soares, ex-presidente da república (jornal Record)

Rui Zink – Casa da Cultura de Setúbal

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Dois homens batem à porta. «Bom dia, minha senhora, viemos para instalar o medo. E, vai ver, é uma categoria».
RUI ZINK. A INSTALAÇÃO DO MEDO

O escritor vai estar hoje em sessão Muito Cá de Casa, na casa da Cultura, em Setúbal. A instalação deste medo começa às 22 horas. E acabará quando a gente quiser. Que a gente não tem medo das horas.

O Muito cá de Casa é uma iniciativa da DDLX e da Câmara Municipal de Setúbal – Divisão de Cultura, e conta com a colaboração de PNet Literatura, livraria Culsete, Ler de Carreirinha e BlogOperatório.

A Misteriosa Mulher da Ópera

A Misteriosa Mulher da ÓperaA Misteriosa Mulher da Ópera by Afonso Cruz

Quantas mortes pode sofrer uma mulher? Uma mulher que regressa, ainda que num estranho jogo de espelhos ou de memória, é uma mulher que se torna múltipla de si. Este livro, um quase policial, abre com o Roda que mantém a mãe, já cadáver, deitada na cama. Roda também se esqueceu do rosto da mulher por quem se apaixonou. Desesperadamente procura encontrá-la, já não consegue ser feliz, pois não reconhece a cara da felicidade mesmo que passe por ela na rua.

A misteriosa mulher da Ópera, mais do que um rosto esquecido por Roda, é uma má tradução de uma história que alguém já não está disposto a viver: a segunda oportunidade que, acontecendo, é repudiada. Tudo, afinal, se resume a viver uma vida boa.

Ler mais em Acrítico – leituras dispersas

O Zelota

frenteK_ZELOTAO livro de Reza Aslan, O Zelota: A Vida e o Tempo de Jesus de Nazaré, vai ser adaptado ao cinema. A produtora Lionsgate adquiriu os direitos de adaptação da polémica biografia que mostra o lado mais humano e político de Jesus.

Após uma entrevista concedida à Fox News que se tornou viral nas redes sociais, Reza Aslan, um académico muçulmano de 41 anos, viu disparar o interesse no seu livro, catapultando-o para o top do New York Times e garantindo a venda dos direitos para dezenas de países. A notícia da adaptação ao cinema é o corolário dessa onda de atenção mediática em redor do livro. De acordo com um dos produtores, Aslan “escreveu um livro notável que consegue trazer o mundo antigo para o nosso tempo.”

O Zelota: A Vida e o Tempo de Jesus de Nazaré será publicado pela Quetzal em fevereiro de 2014.

Da Literatura – 9 anos

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Da Literatura, o blogue de Eduardo Pitta faz hoje nove anos. Cidadania e cultura, porque uma não sobrevive sem a outra.

Um olhar atento, disposto a correr riscos e a grande literatura, enchem as páginas deste blogue. Em tempos de retrocesso civilizacional, eis um dos grandes resistentes. Há que não ceder à indigência dos tempos e lutar pela cultura e pelos valores humanos. Uma leitura obrigatória. Crescemos nestas páginas.

daliteratura.blogspot.pt