Papa Francisco e os jovens | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

«É triste» quando os jovens pensam que Igreja não lhes diz nada que sirva para a sua vida
A uma semana do início do sínodo dos bispos, que de 3 a 28 de outubro, no Vaticano, se vai centrar nos jovens, o papa assumiu que a Igreja tem andado distante das suas expetativas, quer por não os saber escutar, por não ter nada de relevante para lhes transmitir ou devido aos escândalos que a têm atravessado.

«Quando nós, adultos, nos fechamos a uma realidade que é já um facto, dizeis-nos com ousadia: “Não o vedes?”. E alguns mais decididos têm a coragem de dizer: “Não vos dais conta de que já ninguém vos escuta, nem crê em vós?”. Verdadeiramente precisamos de nos converter, de descobrir que, para estar ao vosso lado, devemos derrubar muitas situações que, em última análise, são aquelas que vos afastam», afirmou Francisco esta terça-feira, em Tallinn, capital da Estónia.

O papa está consciente de que grande parte da juventude não pede nada aos católicos porque não os «consideram interlocutores significativos na sua existência», e revelou sentir-se «triste» quando uma Igreja «se comporta de tal maneira que os jovens pensem: “Estes não me dirão nada que sirva para a minha vida”».

«Antes, alguns [jovens] pedem expressamente para serem deixados em paz, sentem a presença da Igreja como algo molesto e até irritante. Isto é verdade! Indignam-lhes os escândalos económicos e sexuais contra os quais não veem uma clara condenação, o não saber interpretar adequadamente a vida e a sensibilidade dos jovens por falta de preparação, ou o papel simplesmente passivo que lhes atribuímos», apontou.

Diante de uma assembleia ecuménica, o papa afirmou que na consulta preliminar do sínodo muitos jovens pediram alguém que «os acompanhe e compreenda sem julgar e saiba escutar, bem como dar resposta» às suas inquietações, porque não raras vezes os adultos «não sabem o que querem ou esperam» da juventude, ou quando a veem feliz «ficam desconfiados», ao mesmo tempo que «relativizam» as suas angústias.

«Às vezes, as nossas Igrejas cristãs carregam consigo atitudes nas quais nos é mais fácil falar, aconselhar, propor a partir da nossa experiência, do que escutar, do que se deixar interpelar e iluminar por aquilo que vós viveis»

«Muitas vezes, sem dar por isso, as comunidades cristãs fecham-se e não escutam as vossas inquietações. Sabemos que vós quereis e esperais ser acompanhados, não por um juiz inflexível nem por um pai receoso e superprotetor que gera dependência, mas por alguém que não tem medo da sua própria fraqueza e sabe fazer resplandecer o tesouro que guarda dentro de si, como num vaso de barro», observou.

Igreja e jovens avançam na vida num diálogo de surdos, com a primeira impenetrável às preocupações dos segundos, mantendo imperturbável a sua rota: «Às vezes, as nossas Igrejas cristãs – e ousaria dizer todo o processo religioso estruturado institucionalmente – carregam consigo atitudes nas quais nos é mais fácil falar, aconselhar, propor a partir da nossa experiência, do que escutar, do que se deixar interpelar e iluminar por aquilo que vós viveis».

Francisco reiterou que a Igreja quer dar resposta aos jovens, tornando-se uma «comunidade transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa, isto é, uma comunidade sem medo» e elogiou a fé dos mais novos, que, não obstante a «falta de testemunho», «continuam a descobrir Jesus» nas comunidades cristãs.

Mas não é só no interior do pequeno mundo das igrejas que Cristo está: por não ter medo das periferias, porque «Ele mesmo se tornou periferia», pode ser encontrado «na vida do irmão que sofre e é descartado» se os cristãos «tiverem a coragem de sair de si mesmos, dos seus egoísmos, das suas ideias fechadas».

Ao comentar o verso de uma música interpretada por uma cantora famosa na Estónia, «o amor está morto, o amor foi-se embora, o amor já não mora aqui», o papa pediu: «Isso não, por favor! Façamos com que o amor permaneça vivo, e todos nós devemos trabalhar por isso».

Rui Jorge Martins 
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: viewapart/Bigstock.com
Publicado em 26.09.2018

(FOTO – Museu de Cera de Fátima – http://mucefa.pt)

http://www.snpcultura.org

Centro Ciência Viva do Alviela – CARSOSCÓPIO | 25 de Setembro de 2018

No dia 29 de setembro, às 10h00, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, vamos passear pelo carso para conhecer o seu património cultural, usos e costumes. Em terra de calcários os cursos de água à superfície são escassos, devido à rápida infiltração da água das chuvas no subsolo. O Algar do Pena é um excelente exemplo das inúmeras cavidades que existem na região, e por isso um dos locais a visitar nesta saída de campo. A pastorícia é ainda hoje uma atividade de relevo e o queijo artesanal, produzido através de métodos tradicionais que passam de geração em geração, é uma das iguarias q! ue iremos provar. O carso é também feito de aromas de ervas aromáticas e por isso vamos visitar uma importante empresa de importação e exportação de plantas medicinais e aromáticas.

O ponto de encontro desta saída de campo é o Centro Ciência Viva do Alviela e os participantes devem trazer roupa e calçado confortável para a caminhada e uma refeição ligeira para almoço de campo.

O passeio é realizado em autocarro, com o apoio da Câmara Municipal de Alcanena.

Inscrições obrigatórias através do info@alviela.cienciaviva.pt ou 249 881 805.

“Se Lisboa só pudesse ter um museu, esse museu deveria ser o das descobertas” | JARED DIAMOND | in Jornal Público – DAVID MARÇAL (texto) e MIGUEL MANSO (fotos)

Jared Diamond Viveu entre os últimos caçadores-recolectores do mundo e emociona-se com o fim iminente desse modo de vida. Defende que para perceber o mundo actual temos de recuar à pré-história e que há coisas a aprender com as sociedades tradicionais. Para este prestigiado académico, uma das vantagens históricas da Europa é a sua desunião.

23 de Setembro de 2018,

Jared Diamond não é um académico qualquer. Sereno, empático e de ar saudável, na sua presença sente-se como devem ter sido extraordinários os seus 81 anos, feitos há menos de uma semana. Durante décadas conviveu e fez amigos entre os membros das sociedades tradicionais das ilhas da Nova Guiné, que estão entre os últimos caçadores-recolectores do mundo, um modo de vida com seis milhões de anos, prestes a desaparecer. Quando estava nos “trintas” um novo-guineense chamado Yali fez-lhe uma pergunta: porque é que vocês brancos desenvolveram tantas coisas e as trouxeram para a Nova Guiné, mas nós, negros, tínhamos tão poucas coisas nossas? É uma pergunta avassaladora. Para a responder, não basta dizer que as várias sociedades humanas se desenvolveram de formas diferentes, que algumas chegaram à era espacial no século XX enquanto outras se mantiveram com tecnologia da Idade da Pedra até aos tempos modernos. É preciso tentar explicar porquê. Por exemplo, porque é que a agricultura e as ferramentas de metal apareceram em certos locais e não noutros? Estas são para Jared Diamond as razões últimas, necessárias para responder à pergunta de Yali.

Continuar a ler

David Bowie | Heroes

I, I will be king

And you, you will be queen

Though nothing, will drive them away

We can beat them, just for one day

We can be heroes, just for one day

 

And you, you can be mean

And I, I’ll drink all the time

‘Cause we’re lovers, and that is a fact

Yes we’re lovers, and that is that

 

Though nothing, will keep us together

We could steal time, just for one day

We can be heroes, forever and ever

What d’you say?

 

I, I wish you could swim

Like the dolphins, like dolphins can swim

 

Though nothing, nothing will keep us together

We can beat them, forever and ever

Oh we can be heroes, just for one day

 

I, I will be king

And you, you will be queen

Though nothing, will drive them away

We can be heroes, just for one day

We can be us, just for one day

 

I, I can remember (I remember)

Standing, by the wall (by the wall)

And the guns, shot above our heads (over our heads)

And we kissed, as though nothing could fall (nothing could fall)

 

And the shame, was on the other side

Oh we can beat them, forever and ever

Then we could be heroes, just for one day

We can be heroes

We can be heroes

We can be heroes, just for one day

We can be heroes

 

We’re nothing, and nothing will help us

Maybe we’re lying, then you better not stay

But we could be safer, just for one day

Oh-oh-oh-ohh, oh-oh-oh-ohh, just for one day

Breve história da Inquisição em Portugal | RTP | José Pedro Paiva

Ao longo de quase 300 anos esta foi uma das instituições mais temidas em Portugal. Para garantir uma fé católica com elevado grau de pureza, milhares de pessoas foram perseguidas, torturadas e mortas na fogueira. Nenhuma heresia escapava ao Santo Ofício.
O ofício deste tribunal eclesiástico era inquirir dos desvios da fé católica, das heresias e das demais práticas pagãs. Todas as denúncias eram aceites, uma carta anónima ou um boato constituíam factos suficientes para iniciar um processo inquisitorial que permanecia secreto para a maioria. Os inquisidores tinham centenas de pessoas ao seu serviço e dispunham de uma rede de informadores a quem atribuíam recompensas e privilégios, como a isenção de pagar impostos, por exemplo. Trabalhar para a Inquisição, como ficou conhecido o tribunal do Santo Ofício, era também uma promoção social.

Os poderes conferidos aos inquisidores eram quase ilimitados. Podiam prender, julgar, castigar e torturar sem que os acusados pudessem escolher a sua defesa. O crime tinha de ser confessado e, não menos importante, tinha de haver lugar para o arrependimento, as almas que a Igreja conseguia salvar do inferno. Para isso, os inquisidores dispunham de métodos de interrogatório tão eficazes que o suspeito ou sucumbia nos instrumentos de suplício ou, como acontecia quase sempre, dizia-se culpado.

As sentenças eram proclamadas e executadas em sessões públicas, mais tarde chamadas autos-de-fé. As cerimónias mais famosas eram publicitadas e encenadas como se se tratassem de espetáculos de entretenimento, para atrair, excitar e comover a população; muitos contavam com a presença do rei e da família real. As penitências aplicadas incluíam açoites, prisão temporária ou perpétua, condenação às galés, desterro, confisco de bens e execução pelo fogo. Porém, o direito canónico não permitia que os juízes do Santo Ofício condenassem ninguém à morte, essa parte cabia às autoridades civis, o que é mais uma prova da ligação entre a Igreja e Estado .

A Inquisição entrou em Portugal em 1536, quando as viagens dos Descobrimentos afirmavam a nação lusa no mundo. O novo tribunal, a funcionar em pleno em Espanha, foi primeiro pedido sem sucesso por D. Manuel e, de novo em 1531, por D. João III, que incumbira o embaixador em Roma de requerer a sua criação. Os reis queriam sobretudo “uma nova arma de centralização régia”. Para justificar a presença num território em que a unidade religiosa não estava em perigo, quase sem protestantes, a instituição portuguesa elegeu os cristãos-novos, judeus forçados à conversão religiosa, com poder e por isso invejados, os seus maiores inimigos.

As perseguições aos hereges duraram 285 anos. Aos poucos, a organização que começou por estar subordinada ao poder do rei, que se fez um estado dentro do Estado, foi perdendo popularidade e vitalidade. O marquês de Pombal manda acabar com a distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos e equipara o Santo Ofício a qualquer outro tribunal régio. O golpe final chega em 1861, um ano depois da revolução liberal. Dos registos que existem, sabemos que entre 1543 e 1684, a Inquisição condenou em Portugal 19 247 pessoas, das quais 1 379 foram queimadas, e centenas morreram na prisão enquanto esperavam julgamento.

O historiador José Pedro Paiva, co-autor do livro “A História da Inquisição Portuguesa, 1536- 1861”, faz um resumo do que foi este Tribunal, que era considerado santo nos meios e nos fins.

VER VÍDEO neste endereço

http://ensina.rtp.pt/artigo/breve-historia-da-inquisicao-em-portugal/

A carta de Galileo Galilei | Francisco Louçã

Foi descoberta num arquivo de Londres a carta original de Galileo ao seu colega Benedetto Castelli, um matemático da universidade de Pisa, que defendia em 1613 que a Igreja Católica estava errada, que o Sol não anda à volta da Terra, e ainda que a investigação científica deve ser livre de teologia. Pensava-se que a carta estava perdida.

Em 1615 foi denunciado e depois julgado pela Inquisição.

Retirado do Facebook | Mural de Francisco Louçã

Dez anos mal contados e que contam muito | Francisco Louçã

É o décimo aniversário da crise do subprime? Não, está mal contado. É certo que a bancarrota do Lehman Brothers, em setembro de 2008, com a sua dívida de 613 mil milhões de dólares, foi, à época, a maior na história dos EUA. Mas já em 2007 vários fundos da finança-sombra tinham entrado em incumprimento e desde março de 2008 as grandes falências multiplicaram-se nos EUA. Quando o Lehman caiu já a procissão saíra do adro e no fim desse mês já ia em mais sete falências: o venerável Bear Stearns (em Março); o gigante de seguros AIG; start-ups como o IndyMac, o Washington Mutual e o Wachovia; e entidades parapúblicas como o Fannie Mae e o Freddie Mac. A resposta foi mais liquidez, nacionalizar os ativos tóxicos e concentrar a banca. Dez anos depois, estamos pior em quatro domínios.

Continuar a ler

DENEGAÇÃO POR ANÁFORA MERENCÓRIA | Mário de Carvalho

Eu nunca fui obrigado a fazer a saudação fascista aos «meus superiores». Eu nunca andei fardado com um uniforme verde e amarelo de S de Salazar à cintura.

Eu nunca marchei, em ordem unida, aos sábados, com outros miúdos, no meio de cânticos e brados militares. Eu nunca vi os colegas mais velhos serem levados para a «mílícia», para fazerem manejo de arma com a Mauser. Eu nunca fui arregimentado, dias e dias, para gigantescos festivais de ginástica no Estádio do Jamor. Eu nunca assisti ao histerismo generalizado em torno do «Senhor Presidente do Conselho», nem ao servilismo sabujo para com o «venerando Chefe do Estado». Eu nunca fui sujeito ao culto do «Chefe», «chefe de turma», «chefe de quina», «chefe dos contínuos», «chefe da esquadra», «chefe do Estado». Eu nunca fui obrigado a ouvir discursos sobre «Deus, Pátria e Família».

Eu nunca ouvi gritar: «quem manda? Salazar, Salazar, Salazar».

Eu nunca tive manuais escolares que ironizassem com «os pretos» e com «as raças inferiores». Eu nunca me apercebi do «dia da Raça». Eu nunca ouvi louvar a acção dos «Viriatos» na Guerra de Espanha. Eu nunca fui obrigado a ler textos escolares que convidassem à resignação, à pobreza e ao conformismo; Eu nunca fui pressionado para me converter ao catolicismo e me «baptizar». Eu nunca fui em grupos levar géneros a pobres, politicamente seleccionados, porque era mesmo assim. Eu nunca assisti á miséria fétida dos hospitais dos indigentes. Eu nunca vi os meus pais inquietados e em susto. Eu nunca tive que esconder livros e papéis em casa de vizinhos ou amigos. Eu nunca assisti à apreensão dos livros do meu pai.

Eu nunca soube de uma cadeia escura chamada o Aljube em que os presos eram sepultados vivos em «curros». Eu nunca convivi com alguém que tivesse penado no Tarrafal.

Eu nunca soube de gente pobre espancada, vilipendiada e perseguida e nunca vi gente simples do campo a ser humilhada e insultada. Eu nunca vi o meu pai preso e nunca fui impedido de o visitar durante dias a fio enquanto ele estava «no sono». Eu nunca fui interpelado e ameaçado por guardas quando olhava, de fora, para as grades da cadeia. Eu nunca fui capturado no castelo de S. Jorge por um legionário, por estar a falar inglês sem ser «intréprete oficial». Eu nunca fui conduzido à força a uma cave, no mesmo castelo, em que havia fardas verdes e cães pastores alemães. Eu nunca vi homens e mulheres a sofrer na cadeia da vila por não quererem trabalhar de sol a sol. Eu nunca soube de alentejanos presos, às ranchadas, por se encontrarem a cantar na rua.

Eu nunca assisti a umas eleições falsificadas, nunca vi uma manifestação espontânea ser reprimida por cavalaria à sabrada; eu nunca senti os tiros a chicotearem pelas paredes de Lisboa, em Alfama, durante o Primeiro de Maio.

Eu nunca assisti a um comício interrompido, um colóquio desconvocado, uma sessão de cinema proibida. Eu nunca presenciei a invasão dum cineclube de jovens com roubo de ficheiros, gente ameaçada, cartazes arrancados. Eu nunca soube do assalto à Sociedade Portuguesa de Escritores, da prisão dos seus dirigentes. Eu nunca soube da lei do silêncio e da damnatio memoriae que impendia sobre os mais prestigiados intelectuais do meu país. Eu nunca fui confrontado quotidianamente com propaganda do estado corporativo e nunca tive de sofrer as campanhas de mentalização de locutores, escribas e comentadores da Rádio e da Televisão.

Eu nunca me dei conta de que houvesse censura à imprensa e livros proibidos. Eu nunca ouvi dizer que tinha havido gente assassinada nas ruas, nos caminhos e nas cadeias. Eu nunca baixei a voz num café, para falar com o companheiro do lado. Eu nunca tive de me preocupar com aquele homem encostado ali à esquina.

Eu nunca sofri nenhuma carga policial por reclamar «autonomia» universitária. Eu nunca vi amigos e colegas de cabeça aberta pelas coronhas policiais. Eu nunca fui levado pela polícia, num autocarro, para o Governo Civil de Lisboa por indicação de um reitor celerado. Eu nunca vi o meu pai ser julgado por um tribunal de três juízes carrascos por fazer parte do «organismo das cooperativas», do PCP, com alguns comerciantes da Baixa, contabilistas, vendedores e outros tenebrosos subversivos. Eu nunca fui sistematicamente seguido por brigadas que utilizavam um certo Volkswagen verde.

Eu nunca tive o meu telefone vigiado. Eu nunca fui impedido de ler o que me apetecia, falar quando me ocorria, ver os filmes e as peças de teatro que queria. Eu nunca fui proibido de viajar para o estrangeiro.

Eu nunca fui expressamente bloqueado em concursos de acesso à função pública. Eu nunca vi a minha vida devassada, nem a minha correspondência apreendida. Eu nunca fui precedido pela informação de que não «oferecia garantias de colaborar na realização dos fins superiores do Estado». Eu nunca fui objecto de comunicações «a bem da nação». Eu nunca fui preso. Eu nunca tive o serviço militar ilegalmente interrompido por uma polícia civil. Eu nunca fui julgado e condenado a dois anos de cadeia por actividades que seriam perfeitamente quotidianas e normais noutro país qualquer;

Eu nunca estive onze dias e onze noites, alternados, impedido de dormir, e a ser quotidianamente insultado e ameaçado. Eu nunca tive alucinações, nunca tombei de cansaço. Eu nunca conheci as prisões de Caxias e de Peniche.

Eu nunca me dei conta, aí, de alguém que tivesse sido perseguido, espancado e privado do sono. Eu nunca estive destinado à Companhia Disciplinar de Penamacor. Eu nunca tive de fugir clandestinamente do país. Eu nunca vivi num regime de partido único. Eu nunca tive a infelicidade de conhecer o fascismo.

MdC

04-09-2012

Bernie Sanders e Yanis Varoufakis apelam aos progressitas que se unam contra a Internacional Nacionalista de Trump!

Atenção a votação para o nosso programa eleitoral acaba segunda à noite. Vota agora

O Senator Bernie Sanders, que concorreu como candidato à presidência dos Estados Unidos e Yanis Varoufakis, o co-fundador do DiEM25, apelam hoje a todos os progressistas para formar um movimento internacional para combater o autoritarismo representado por Donald Trump.

Durante a primeira de uma série de conversas publicadas no jornal The Guardian, ambos discutiram a necessidade urgente de criar um movimento “Progressista International” que junte todos os povos do mundo à volta de um futuro de prosperidade, segurança e dignidade para todos.

Enquanro que os ricos ficam mais ricos, as populações trabalham mais horas com salários que não aumentam e temem pelo futuro dos filhos”, disse Sanders. “Autoritarismo que explora estas ansiedades económicas e cria bodes expiatórios que colocam um grupo de pessoas contra outro grupo de pessoas.”

Varoufakis disse: “A nossa era vai ser recordada como marcha triunfal do Internacional Nacionalismo que brotou da sarjeta do capitalismo financeiro. Se depois será recordada também a reacção humanista bem sucecida a este fenómeno vai depender da vontade dos progressistas dos Estados Unidos, da União Europeia, do Reino Unido, México, Índia e África do Sul para construir um movimento progressita global”.

Como primeiro passo, Varoufakis pediu a criação de um conselho que elaborará um enquadramento para um New Deal Internacional, um “novo Bretton Woods progressista”.

Yanis Varoufakis está correctíssimo.” Sanders sublinhou na sua resposta. “Numa altura de desigulaldade de rendimentos, oligarquia e militarismo, precisamos de um movimento internacional que faça frente a estas ameaças.”

Sanders disse também que “a solução passa, como disse Varoufakis, por criar uma agenda progressista internacional que una os trabalhadores e mostre um futuro próspero, seguro e digno para todos. O destino do mundo depende desta visão. Avancemos juntos e já!”.

Lê a conversa toda aqui (Bernie Sanders) e aqui (Yanis Varoufakis).

No DiEM25 estamos a trabalhar desde 2016 para se o primeiro movimento pan-europeu de bases, financiado por pessoas como tu. Juntámos dezenas de milhares de pessoas à volta de uma agenda humanista e progressista para lutar contra o “status quo” e reconstruir o projecto europeu. No início deste ano criámos a Primavera Europeia, uma coligação de partidos políticos progressistas que vão participar nas eleições de Maio de 2019 e mudar radicalmente a UE através dos cidadãos.

Agora estamos a tentar juntar um aliança progressista global a pedido de Varoufakis e Sanders que +e vital para combater a extrema-direita. Convidamos todas as forças políticas de toda a Europa e do mundo a juntar-se a nós!

Juntos vamos mostrar como se combate a agenda Internacional Nacionalista do género de Donald Trump, Viktor Orbán, Matteo Salvini e outros xenófobos. Vamos eleger candidatos que nos representem a todos – como Bernie Sanders disse, “em todos os continentes e em todos os países”.

Vítor, precisamos da tua ajuda para o fazer. Podes ajudar de várias maneiras:

  • Se ainda não és membro do DiEM25, junta-te a nós! É rápido e podes começar logo a participar nos nossos procedimentos democráticos:
  • MeRA25, a ala eleitoral do DiEM25 na Grécia, apresentou o rascunho do seu programa político em Thessaloniki. Vota aqui!
  • O nosso partido político alemão está a preparar-se para eleger o seu conselho diretivo. Se queres coordenar as nossas campanhas na Alemanha, candidata-te aqui
  • DiEM25 – Itália está a apelar aos memborso do DiEM25 para se juntarem aos seus orgãos de coordenação. Candidata-te aqui
  • Apoia a Primavera Europeia regista-te no nosso site onde escontrarás maneiras de promover a nossa agenda comum e participar nela
  • Vai ser preciso trabalhar em conjunto com os nossos candidatos para derrotar a Internacional Nacionalista e tornar as mudanças que queremos fazer realidade. Contacta-nos e avisa-nos se queres ajudar.
  • Ao contrário do “status quo”, o DiEM25 rejeita o financiamento institucional e de empresas. Isto quer dizer que respondemos apenas perante a tua pessoa, que partilha os nossos ideais e objetivos. As tuas contribuições não importa quão pequenas, são de grande importânciaPodes doar aqui.

A nossa luta é uma luta pelos direitos humanos, pelo ambiente, pela justiça social mas também pela sobrevivência. A nossa luta serve para combater as ideologias tóxicas e os horrores que enfrentámos à menos de um século. É uma luta que podemos ganhar — juntos.

Carpe DiEM!

Luis Martín   >>   Coordenador de Comunicações do DiEM25

LQ, escrevinhando

Cacilda vai cabisbaixa a pontapear uma ou outra pedrita, a afastar os cabelos e a prendê-los atrás das orelhas, em gestos maquinais, repetidos. O corpo, agora muito delgado, dá-lhe um ar de rapariguinha precocemente envelhecida, mas ainda bonita, da beleza suave que certas mulheres ganham quando se aproximam da descida, sem atavios de tardia sedução, num despojamento de quem já aprendeu o amor e o esquecimento. É o ruído do fio de água a correr da bica da fonte que a faz aproximar-se, estender as mãos, delas fazer concha, nelas levar a água à boca, beber, deixar que escorra e molhe o vestido, os braços. Percebe-se na mulher um momento de prazer que a faz virar o rosto para o sol, fechar os olhos e assim ficar um tempo breve no desvão do silêncio onde não cabem vozes ásperas, gestos brutos, olhares que são prenúncio de tormenta.

LQ, escrevinhando

Retirado do Facebook | Mural de Licínia Quitério

FRAGMENTO DO ROMANCE “IMITAÇÃO DO PRAZER”, DE 1977 | Casimiro de Brito | Nú de Amadeo Modigliani

Arrumámos o carro debaixo de uma oliveira, lembras-te? Iniciavas o teu conhecimento prático das árvores e dos bichos e ficámos por ali um pouco a falar do mecanismo das colheitas e dos preços. Arrumámos o carro, pegámos nas coisas (duas toalhas, um livro, algumas peças de fruta) e entrámos por um caminho riscado na terra lavrada. Terra clara, culturas da beira-mar, areias castanhas, areias agora mais claras, quanto mais próximas do mar mais claras, figueiras e vinhas, clareando ainda, plantas agora espontâneas, rasteiras, e por fim as dunas, a praia, o mar. E, sobre tudo, um céu narcotizado. Como se não existisse.

Uma praia despida. Areia apenas. O desenho de uma criança ou de um louco.E dois corpos estendidos ao sol, reencontrados: como se não tivéssemos vindo um das dunas e o outro do mar — como se tivéssemos naufragado após séculos de usura e de podridão, abraçámo-nos sem ênfase.
Pousámos a cabeça num montículo de areia coberto pelas toalhas. O mar desdobrava-se a nossos pés.
Página sobre página, os nossos corpos nus. E um poema.

Lembro-me do poema porque o assinalámos com uma concha. Finíssima. Uma quase lâmina.
Lembro-me da página porque eu te disse que gostaria de ter escrito para ti aquele poema, este, de Octavio Paz:

“Entre tus piernas hay un pozo de agua dormida,
bahía donde el mar de noche se aquieta,
negro caballo de espuma,
patria de sangre,
única tierra que conozco y me conoce,
única patria en la que creo
única puerta al infinito…

E lembro-me que os teus ombros se erguiam lentamente à medida que o meu braço te envolvia e a mão aberta pousava pouco a pouco no teu seio esquerdo. E no outro. E no primeiro. Seios pequenos. E procurava pousar nos dois ao mesmo tempo.

Modigliani, lembras-te? Sopro de Modigliani. Seios nus, desatados. Acesos.

Pouco a pouco acesos. Palavras poucas. E os meus dedos escoavam-se nos mamilos cada vez mais duros (o livro caído na areia), e os teus dedos enovelavam-se nos meus joelhos, e tudo isto lenta, lentamente, dentro ainda da claridade do dia, metálicos ainda, era um filme submarino, uma câmara lenta, e metálicos ainda estamos, somos, quando pouco os meus lábios nos teus e não os cravo ou apenas um pouco nada quase e só depois com violência ou talvez não muita ou quase nenhuma.

Casimiro de Brito

Retirado do Facebook | Mural de Casimiro de Brito

Bernie Sanders and Yanis Varoufakis call on progressives to unite against Trump’s Nationalist International

Senator Bernie Sanders, the former US presidential candidate, and Yanis Varoufakis, co-founder of DiEM25, are calling on progressives worldwide to form an international movement to combat the rise of authoritarianism represented by Donald Trump.

In the first of a series of exchanges published in The Guardian, the pair described the urgent need for a ‘Progressive International’ that can bring together people across the globe around a vision of shared prosperity, security and dignity for all.

“While the very rich get much richer, people all over the globe are working longer hours for stagnating wages, and fear for their children’s future,” said Sanders. “Authoritarians exploit these economic anxieties, creating scapegoats which pit one group against another.”

Varoufakis said: “Our era will be remembered for the triumphant march of a Nationalist International that sprang out of the cesspool of financialised capitalism. Whether it will also be remembered for a successful humanist challenge to this menace depends on the willingness of progressives in the US, the EU, the UK as well as countries like Mexico, India and South Africa, to forge a coherent Progressive International.”

As a first step, Varoufakis called for the creation of a common council that draws out a blueprint for an International New Deal, a “progressive New Bretton Woods”.

“Yanis Varoufakis is exactly right,” Sanders underscored in his reply. “At a time of massive global wealth and income inequality, oligarchy, rising authoritarianism and militarism, we need a progressive international movement to counter these threats.”

Sanders went on to argue that, “the solution, as Varoufakis points out, is an international progressive agenda that brings working people together around a vision of shared prosperity, security and dignity for all people. The fate of the world is at stake. Let us go forward together now!”

Read the complete exchange here (Bernie Sanders) and here (Yanis Varoufakis).

At DiEM25 we have been working hard since 2016 to make our stand as the first pan-European grassroots movement, powered and funded by people like you. We have brought together tens of thousands of people around a humanist, progressive agenda that can take the fight to the failing Establishment and repair and rebuild our common European project. Earlier this year, we began assembling European Spring, a coalition of progressive political parties from across the continent to compete in the May 2019 European elections and stage a citizen take-over of the EU.

And now, we are playing a key role in bringing together the global progressive alliance that Varoufakis and Sanders are calling for and that is so desperately needed to counter the rise of the hard right. We invite all like-minded political forces in every corner of Europe and beyond to join in!

Together we must send an unmistakable message that the way to beat the Nationalist International agenda of the likes of Donald Trump, Viktor Orbán, Matteo Salvini and the other xenophobes around the world is by running on progressive policies and electing candidates who will represent all of us – as Bernie Sanders says, “on every continent and in every country”.

But, we need your help to do it. Here’s how:

  • If you are not yet a member of DiEM25, ! It will only take a few seconds for you to start making a difference, like taking part in our current bids to take over the European institutions, such as:

– – This morning, MeRA25, DiEM25’s electoral wing in Greece, presented its political programme’s draft in Thessaloniki. Go ahead and vote it in!

– – Our German political party is getting ready to elect its board. If you want to coordinate our campaign efforts in Germany, please submit your candidacy here

– – DiEM25 – Italia is calling DiEMers to step up and join its party coordination and assembly bodies. Present your candidacy here

– – Support our European Spring partners by registering in our common site, where you’ll find ways to promote our common policy agenda and campaign for it

  • It’s going to take every one of us working together supporting progressive candidates across the world, to defeat the Nationalist International and bring the change we want to see in our planet. No matter where in the world you live, and let us know you are ready to get hands-on and volunteer.
  • Unlike our Establishment opponents and incumbents, DiEM25 rejects corporate and institutional funding. This means we are beholden only to you and the principles and ideals we share.

Ours is a struggle not just about human rights, care for our global environment, social justice and progressive values, but also about survival. Our struggle is about combating the rise of the toxic ideologies and horrors we faced less than a century ago. And it is a struggle we can win — together.

Carpe DiEM25!

Luis Martín  >>  DiEM25 Communications Coordinator

Diez años bastan | En este decenio se ha producido la mayor intervención pública para salvar el capitalismo y la democracia tal y como los conocíamos | EL PAÍS | Introdução de Carlos Matos Gomes

Passam por agora 10 anos sobre a chamada crise do subprime e da falência do banco Lehman Brothers (18 Setembro)

O jornal EL PAÍS recolhe elementos de 10 livros sobre a crise que ajudam a perceber a tempestade que se levantou e as consequências que ela provocou e que ainda vivemos.

A crise de 2008: “Não foi um acidente pontual, mas uma mudança global: trouxe populismo, autoritarismo e Brexit.”

“Nesta década houve a maior intervenção pública para salvar o capitalismo e a democracia como os conhecíamos” – quanto a princípios e competências dos economistas neoconservadores e neoliberais (o diabo que os distinga), estamos conversados.

“A recessão foi muito pior do que teria sido sem a intervenção de economistas ortodoxos”

Após o colapso do banco de investimento Lehman Brothers, após fracassarem todas as tentativas por parte das autoridades dos EUA para vendê-lo a alguém, o Tesouro Americano (FED) injetou cerca de 105 bilhões de dólares no sistema, mas logo percebeu que não poderia deter a maré de retirada de dinheiro. As autoridades financeiras americanas (FED presidido por Alan Greenspan, um radical neoliberal) decidiram suspender a operação, fechar as contas monetárias e anunciar garantias de US $ 250.000 por conta, para que não houvesse mais pânico. Se não o tivessem feito, estimaram que 5,5 bilhões de dólares do sistema de mercado monetário dos EUA teriam sido retirados às duas horas daquela tarde, e isso teria destruído a economia mundial.
Teria sido o fim do nosso sistema económico e do nosso sistema político, como o conhecemos.

No dia seguinte à queda do Lehman, os mercados financeiros ficaram paralisados, o governo republicano de Bush nacionalizou a AIG, uma das maiores seguradoras do mundo, e começaram as primeiras injeções de centenas de bilhões de dólares (capitais públicos) para salvar Wall Street!
Alguns textos (10 anos de crise, Rumo ao controle cidadão das finanças, publicados pelo ATTAC) defendem que a Grande Recessão ainda não acabou, embora o mundo tenha retornado a um estágio de crescimento económico e redução das taxas de desemprego, mas houve uma mutação silenciosa e uma metástase de seus efeitos negativos mais estruturais, como a precariedade da vida, dos mercados de trabalho e o aumento da desigualdade.
Durante as três décadas anteriores, a revolução conservadora havia ensinado ao mundo que “o mercado resolveria tudo”. Mas Wall Street caiu e a solução foi renegar todos os princípios e sacar dinheiro público para a maior intervenção com dinheiro público de que havia memória.
O famoso “consenso de Washington” (disciplina fiscal e monetária) foi nada mais e nada menos que uma ejaculação piedosa dos teóricos necons sem contato com a realidade. O problema não era, como eles haviam dito, dos grandes governos, dos ogros filantrópicos, mas dos executivos fracos, de menos Estado, que haviam destruído, ou enfraquecido os instrumentos regulatórios adequados para enfrentar os desafios do mercado entregue à lei da selva.

O texto introdutório foi feito a partir de uma tradução automática do espanhol para o português do Brasil.

LER TEXTO DO EL PAÍS AQUI: 

https://elpais.com/cultura/2018/09/07/babelia/1536338430_931760.html?id_externo_rsoc=FB_CC

DiEM 25 | Programa da Primavera Europeia

As próximas eleições europeias são uma das últimas hipoteses de inaugurar uma nova política de democratização da Europa. O DiEM25 está a construir forças para salvar a UE da desintegração, enquanto também desenvolve um programa político coerente, que faz valer a pena salvá-la. Falta um mês para apresentar alterações e propostas para o programa da primavera europeia. Por isso, investe algum tempo para pensar em formas para melhorar o programa ou propôr novos aspectos que possam enriquecer o nosso “Acordo Europeu para a Europa”. Lê o programa beta e propõe alterações aqui.

Outro passo importante para o DiEM25 é a votação quanto à cooperação entre a ala eleitoral alemã do DiEM25 “Demokratie in Europa (DiE)” e “Demokratie in Bewegung (DiB)”. O DiB foi recebido pelo Conselho da Primavera Europeia em Paris sob a condição de que os parceiros alemães propusessem um acordo conjunto para colaboração. Os membros de ambas as partes trabalharam incansavelmente numa proposta para trabalhar em conjunto. Cabe-te agora a ti votar no resultado final. Podes ver o acordo e votar aqui: https://internal.diem25.org/pt/vote/72

Entretanto, os nossos pilares políticos estão a avançar. O questionário para a cultura foi publicado – envia as tuas propostas para voicecc@diem25.org até 23 de setembro de 2018. Espreita também o Livro Verde da Soberania Tecnológica, que está agora aberto para uma segunda ronda de feedback.

Está nas nossas mãos mudar a Europa. Aproveita ao máximo a tua participação no DiEM25 e participa do desenvolvimento de nossa agenda comum e em todas as formas em que lutamos pela sua implementação.

Carpe DiEM!

Poema | Florbela Espanca | Arte – Do Duy Tuan

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste… e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!…

Florbela Espanca

Arte – Do Duy Tuan

Retirado do Facebook | Mural de Maria Açucena

PIDO SILENCIO | Pablo Neruda

AHORA me dejen tranquilo.
Ahora se acostumbren sin mí.

Yo voy a cerrar los ojos

Y sólo quiero cinco cosas,
cinco raices preferidas.

Una es el amor sin fin.

Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas
vuelen y vuelvan a la tierra.

Lo tercero es el grave invierno,
la lluvia que amé, la caricia
del fuego en el frío silvestre.

En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.

La quinta cosa son tus ojos,
Matilde mía, bienamada,
no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires:
yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando.

Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo.

Ahora si quieren se vayan.

He vivido tanto que un día
tendrán que olvidarme por fuerza,
borrándome de la pizarra:
mi corazón fue interminable.

Pero porque pido silencio
no crean que voy a morirme:
me pasa todo lo contrario:
sucede que voy a vivirme.

Sucede que soy y que sigo.

No será, pues, sino que adentro
de mí crecerán cereales,
primero los granos que rompen
la tierra para ver la luz,
pero la madre tierra es oscura:
y dentro de mí soy oscuro:
soy como un pozo en cuyas aguas
la noche deja sus estrellas
y sigue sola por el campo.

Se trata de que tanto he vivido
que quiero vivir otro tanto.

Nunca me sentí tan sonoro,
nunca he tenido tantos besos.

Ahora, como siempre, es temprano.
Vuela la luz con sus abejas.

Déjenme solo con el día.
Pido permiso para nacer.

– Pablo Neruda, publicado no livro ‘Estravagario’ (1958), poema escrito em agosto de 1957}.

The Ancient Origins of Consciousness | How the Brain Created Experience | by Todd E. Feinberg and Jon M. Mallatt

How consciousness appeared much earlier in evolutionary history than is commonly assumed, and why all vertebrates and perhaps even some invertebrates are conscious.

Summary

How consciousness appeared much earlier in evolutionary history than is commonly assumed, and why all vertebrates and perhaps even some invertebrates are conscious.

How is consciousness created? When did it first appear on Earth, and how did it evolve? What constitutes consciousness, and which animals can be said to be sentient? In this book, Todd Feinberg and Jon Mallatt draw on recent scientific findings to answer these questions—and to tackle the most fundamental question about the nature of consciousness: how does the material brain create subjective experience?

After assembling a list of the biological and neurobiological features that seem responsible for consciousness, and considering the fossil record of evolution, Feinberg and Mallatt argue that consciousness appeared much earlier in evolutionary history than is commonly assumed. About 520 to 560 million years ago, they explain, the great “Cambrian explosion” of animal diversity produced the first complex brains, which were accompanied by the first appearance of consciousness; simple reflexive behaviors evolved into a unified inner world of subjective experiences. From this they deduce that all vertebrates are and have always been conscious—not just humans and other mammals, but also every fish, reptile, amphibian, and bird. Considering invertebrates, they find that arthropods (including insects and probably crustaceans) and cephalopods (including the octopus) meet many of the criteria for consciousness. The obvious and conventional wisdom–shattering implication is that consciousness evolved simultaneously but independently in the first vertebrates and possibly arthropods more than half a billion years ago. Combining evolutionary, neurobiological, and philosophical approaches allows Feinberg and Mallatt to offer an original solution to the “hard problem” of consciousness.

A bala | Geraldo Alckmin

O desemprego, as filas na saúde, a fome e outros problemas que atingem principalmente os grupos mais vulneráveis da nossa população não serão resolvidos na bala. Tem que ter experiência, responsabilidade e determinação para unir o Brasil e fazer as mudanças que o nosso país precisa. Assista ao vídeo da campanha de Geraldo Alckmin 45!

(O comercial é uma adaptação da premiada campanha inglesa “kill the gun”.)

Por Francisco | Carlos Zorrinho

Com as “guerras santas” a serem travadas um pouco por todo o globo e os escândalos mundanos dilacerando as diferentes igrejas, é importante refletir sobre a condição humana na sua complexidade espiritual e racional, face aos novos contextos da vida moderna.

A vida é antes de mais uma experiência que permite formar a consciência de que se existe e partir daí para todas as interrogações sobre o seu sentido. A experimentação do sagrado é uma forma de consciencialização que tem vindo a perder terreno face a tudo aquilo que a modernidade oferece ao Homem como experiências múltiplas, científicas, desportivas, artísticas, profissionais, sensoriais, relacionais ou outras. Experiências devidamente certificadas, embaladas, com folheto de instruções e prazos de validade.

O vazio da experiência, quando existe, tende a ser preenchido pela norma ou pelo estabelecido, naquilo a que podemos chamar fé nas suas diversas demonstrações e aplicações. Neste contexto, o espaço para o inesperado, para o deslumbramento puro, para a sensação forte, para a descoberta encantadora é cada vez menor.

É neste quadro de exaltação extrema da experiência organizada para ser consumida até ao limite do vazio e do acantonamento da fé, reservada para compor, quando é caso disso, os buracos negros da consciência, que emerge a força da tentação mesmo onde ela seria menos expectável.

Os recentes escândalos de práticas pecaminosas por dignitários da igreja católica, designadamente de práticas de pedofilia, são um alerta e um apelo ao retorno à simplicidade e ao reencontro dos indivíduos consigo mesmos e com a sua natureza, seja qual for a missão específica que desempenham na comunidade em que vivem.

O conservadorismo ultramontano que agora critica abertamente Francisco, ao impor no passado medidas não naturais como o celibato obrigatório dos Padres, ajudou a construir a teia onde agora quer prender os que demonstram uma mente mais aberta aos desafios dos novos tempos.

Uma das razões pelas quais Francisco é um Papa respeitado muito para além dos fieis da igreja que chefia é o seu sentido forte de relação com o que é natural, com a perservação do planeta, com o respeito pelas culturas e pelas diferenças e com a dignidade como direito matricial do ser humano.

Que Francisco continue a ser iluminado e a iluminar-nos, para que o sagrado e a fé, combinados à medida da consciência de cada um, nos afastem das tentações destrutivas e degradantes que corroem partes importantes da nossa sociedade.

Carlos Zorrinho

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Zorrinho