Boris Johnson, Joe Biden, UE, NATO, USA, Canadá, Japão

Imanol Alvarez | Facebook | 2 de Outubro de 2022

Na hipócrita sociedade ocidental essa é uma invasão legítima… na hipócrita sociedade ocidental uns refugiados são vítimas inocentes da guerra, enquanto outros já são considerados terroristas a querer entrar na Europa.

Na hipócrita sociedade ocidental existem crimes de guerra na Ucrânia, enquanto na Palestina são considerados danos colaterais.

Na hipócrita sociedade ocidental não decretam sanções ao regime israelita, nem o acusam de crimes de guerra.

Alexandra Araújo | Facebook | 02-03-2023

TEXTOS HISTÓRICOS | NATO, DA DEFESA À AMEAÇA | por Mário Soares

“A NATO, criada como organização defensiva, no início da «guerra fria», está a tornar-se, por pressão dos neo-cons americanos, uma ameaça à paz. Cuidado União Europeia!” | Out 06, 2008

Observadores da política internacional reconhecem que o mundo está inquietante. O Afeganistão, em que a administração Bush envolveu a NATO – o que considerei um «precedente perigoso» –, está porventura pior do que antes. As forças armadas eram, então, compostas por americanos e ingleses. Hoje, a participação alargou-se, incluindo até um contingente português. No entanto, a situação militar, expulsos os talibans, não é melhor: os talibans comandam uma guerrilha terrível; a Al Qaeda – e Bin Laden – não só sobreviveu como está mais forte, algures no seu santuário.

O Paquistão, depois da renúncia do Presidente Musharraf, está em risco de mergulhar no caos. E o pior é que dispõe, esse sim, da bomba atómica…

Para o Ocidente, a situação no Afeganistão é mais grave do que a no Iraque. Apesar de o Iraque estar praticamente destruído, dividido, a braços com uma guerrilha infindável, entre sunitas, xiitas e curdos, fustigado pelo terrorismo da Al Qaeda ou associados e tenha deixado de ser, por longos anos – o que é péssimo – um Estado laico e tampão relativamente ao Irão.

No Iraque estão hoje quase só militares americanos e mercenários, numa situação que lembra o Vietname. Mais tarde ou mais cedo, serão obrigados a retirar as suas tropas. Enquanto o desastre do Afeganistão/Paquistão está a corroer e a desacreditar a NATO – o que do meu ponto de vista não tem grande importância, visto que hoje é uma organização que não faz sentido – e afectará gravemente os europeus, se os seus dirigentes não tiverem a coragem e a lucidez de retirarem de lá as suas tropas, quanto antes…

A NATO, QUE SE TORNOU um verdadeiro braço armado dos Estados Unidos, está a fazer também estragos noutras regiões do mundo. Refiro-me ao Cáucaso, às zonas do Cáspio e do mar Negro e aos países limítrofes da Rússia Ocidental.

Estes quiseram logo entrar para a NATO, com a ilusão de que teriam mais garantias de segurança, sob o chapéu americano, do que na União Europeia… E a NATO, cercando a Rússia e instalando na Polónia e na República Checa bases de mísseis, começa a ser uma ameaça para a Rússia, que a pode tornar agressiva. Um perigo!

O vice-presidente Dick Cheney, em fim do mandato, fez uma recente visita, altamente desestabilizadora, para dar, em nome da NATO, apoio à Geórgia. Mas, felizmente, ficou tudo em retórica inconsequente. Após a provocação do Presidente da Geórgia – e da guerra –, os russos reagiram e os europeus procuraram pacificar a situação. Ainda bem. Se a guerra não acabasse, os europeus seriam os primeiros a ser atingidos, com o corte do petróleo e do gás; e pior: entrariam numa fase com grandes riscos para a paz na Região. Putine não é Hitler e não ressuscitemos a «guerra fria»…

CHENEY FOI À UCRÂNIA, onde tentou também dividir os dirigentes políticos, estimulando a primeira-ministra, Iúlia Timoshenko, anti-russa, contra o Presidente, Victor Yushchenko, mais apaziguador.

Tudo em nome da NATO. Isto é: a NATO, criada como organização defensiva, no início da «guerra fria», está a tornar-se, por pressão dos neo-cons americanos, uma ameaça à paz. Cuidado União Europeia!

Moratinos, o ministro espanhol dos Estrangeiros, bem advertiu, numa entrevista ao El País: «A Rússia actual não é a soviética, mas também não é a de Ieltsin. Devemos evitar que nos imponha uma agenda do tempo da guerra fria.» E eu acrescento: não ameaçar a Rússia, negociar, com firmeza, com ela.

Enquanto isto, a ONU esteve estranhamente ausente e silenciosa. Que diferença entre este secretário-geral, Ban Ki-moon, um homem, até agora, apagado e quase invisível, mais burocrata do que político, e o seu antecessor, o saudoso, prudente e corajoso Kofi Annan… A ONU vai ter de se reestruturar e democratizar, após as eleições americanas, para desempenhar o seu tão decisivo papel na construção de uma nova ordem internacional e da paz, neste nosso novo século tão conturbado.

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Fino

VER ( PÁGINA SEGUINTE), CRÓNICA DE JOÃO GOMES COLOCADO EM COMENTÁRIO NESTE TEXTO DO FACEBOOK

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A NATO E A BREVE HISTÓRIA DA HEGEMONIA OCIDENTAL | Manuel Begonha

O culto da superioridade do homem branco tem vindo a ser inculcado ao longo do tempo, na maioria das manifestações artísticas , mas para desenvolver este tema vou recorrer por vezes ao cinema.

Desde jovens que fomos habituados a ver nos filmes de “cowboys”, o bom homem branco, a matar indiscriminadamente os maus nativos, designados por índios, selvagens ou peles vermelhas, que afinal apenas defendiam as suas terras do invasor.

Contudo, mais recentemente surgiram alguns poucos realizadores que tentaram reabilitar a imagem do índio como Arthur Penn no filme “O pequeno grande homem”.

Numa cena inesquecível de outro grande filme, aliás, que é “Apocalypse Now”, sob o som da Cavalgada das Valquirias de Richard Wagner, os heróicos combatentes norte-americanos, como invasores, voam galvanizados nos seus helicópteros para exterminar os enfezados e amarelados vietnamitas.

Numa propaganda clássica ao colonialismo, o valente e luminoso Mourinho de Albuquerque que, obviamente equipado com armas de fogo, subjuga, como se pode ver no filme “Chaimite”, a força e o primitivismo do régulo rebelde Gungunhana, o leão de Gaza, a quem para humilhar mandou sentar no chão.

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COMO SE SAIRIA A NATO EM CONFRONTO DIRETO COM A RÚSSIA? | por Robert Hunter /American Thinker

Em 24 de fevereiro, o presidente Vladimir Putin da Rússia ordenou a invasão da Ucrânia. As forças russas atacaram em várias frentes, apenas para encontrar resistência feroz. Em resposta, o exército russo mudou de marcha. Agora está avançando lenta e metodicamente, executando uma guerra de atrito contra o exército ucraniano. As perspectivas para a Ucrânia são sombrias. A Rússia parece certa de alcançar a vitória, embora com pesadas perdas e danos maciços à infraestrutura e à população da Ucrânia.

Enquanto isso, o Ocidente não ficou ocioso. A Rússia é agora o país mais sancionado do mundo. Tropas ucranianas estão treinando nas instalações da OTAN na Alemanha. Os Estados Unidos transmitem regularmente informações aos militares ucranianos. Há rumores persistentes de conselheiros da OTAN operando com tropas ucranianas em combate. O governo Biden também forneceu bilhões de dólares em assistência militar, culminando em um pacote de ajuda de US$ 40 bilhões.

Mesmo assim, é improvável que o apoio da OTAN impeça uma vitória russa.

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Who armed Ukraine and decided to expand NATO? Prof John Mearsheimer | 8/04/2022

The Causes and Consequences of the Ukraine Crisis Professor John Mearsheimer, Distinguished Service Professor in Political Science and Co-director of the Program on International Security Policy at the University of Chicago. He assesses the causes of the present Ukraine crisis, the best way to end it, and its consequences for all of the main actors.

00:00 UK, Germany and France do they have a role in Ukraine vs Russia war? 01:42 Does the EU or Nato have a role in Ukraine vs Russia war? 04:57 Who decided to expand NATO? 07:39 Are we moving from an US Unipole to Multipolar world? 10:28 Is China a threat to Russia? 12:14 Can Ukraine, as a buffer state, lead to peace? 17:06 Did Nato promise not to expand to the east? 19:40 Who decided to arm Ukraine? 23:49 Why do Europeans and Americans hate Russians so much? 26:40 Can libral international order with USA on top survive? 30:14 Does Putin suffer from a personality disorder? 32:02 Nato needs Russia and its threats to continue its existance? 36:30 Does having nuclear weapons lessen wars?

Como a Nato venceu a guerra sem um tiro | por Francisco Louçã | in Jornal Expresso 2/04/2022

No verão passado, terminou em desastre a única operação militar da Nato deste século, a primeira evocação do temido artigo 5º do seu tratado. As forças norte-americanas retiraram-se e os 300 mil soldados que tinham armado, um dos maiores exércitos do mundo, debandaram em poucos dias e entregaram o poder aos talibãs.

Centenas de cidadãos norte-americanos foram deixados para trás na precipitação da fuga. A Nato atingiu o seu ponto mais baixo. Poucos meses depois, a organização é já a vencedora da guerra da Ucrânia, como quer que prossiga a destruição do país. A sua vitória é total. É política e comunicacional, como é militar e estratégica, dominando adversários e aliados, pois a Nato passou a ser vista como a única garantia da Europa, enquanto Putin, que desencadeou a invasão para trucidar um país soberano em nome da saudade do império czarista, se tornou o homem mais detestado do mundo.

 Tem sido analisada a estratégia do Kremlin, que procura afirmar uma potência global, embora sem recursos para tal. A Rússia tem um PIB dez vezes inferior ao da China (há vinte anos era equivalente) e, se dispõe do segundo exército do mundo, falta-lhe capacidade para determinar o mapa europeu. Em contraste, a estratégia da Casa Branca não tem sido discutida, excepto nos próprios EUA, e talvez seja Thomas Friedman, um editorialista conservador do New York Times, quem tem estado mais atento a esse percurso, em que não há inocentes.

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Rússia disposta a deixar Ucrânia aderir à UE, caso abdique da NATO | in msn.com/Reuters

Opção/proposta/decisão muito inteligente ; à Rússia interessam vizinhos desenvolvidos, pois será bom para ambos (vcs)

© Reuters – A informação foi avançada no mesmo dia em que as delegações de Moscovo e Kyiv estão reunidas, em Istambul.

Fontes citadas pelo The Financial Times terão dito que a Rússia está disposta a deixar a Ucrânia aderir à União Europeia, caso o país abandone quaisquer eventuais intenções de aderir à NATO.

Apelos quanto a uma eventual “desnazificação” da Ucrânia, que envolveria uma mudança de regime no país, terão também sido deixados de parte enquanto medida a negociar com Kyiv durante as conversações de paz.

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Um amanuense perigoso e irresponsável | por Carlos Matos Gomes

Os secretários gerais da NATO são amanuenses bem pagos, políticos em estado de pousio que fazem e dizem o que lhes mandam, como os amanuenses que liam as ordens de serviço nos antigos quartéis. Mas há limites para tudo.

Este amanuense norueguês devia saber o mínimo dos mínimos: uma guerra nuclear não se ganha (Einstein: Não sei como vai ser a III Guerra Mundial, mas a IV vai ser com paus e pedras)

Ora esta insana criatura diz (por conta de quem?) que a Rússia não ganhará uma guerra nuclear, isto quando a doutrina da Organização de que é o amanuense assenta no princípio da destruição mútua e assegurada! (o homem fez provas de admissão? Leu o livro de capas azúis que é distribuído aos funcionários da NATO?)

Acresce que a causus belli da invasão da Rússia é exatamente a de a Rússia, caso os Estados Unidos e o seu anexo NATO instalassem armas nucleares na Ucrânia, ter dificuldade em ripostar contra os EUA e aliados e assegurar a destruição do adversário!

Um tipo como este norueguês não serve nem para porteiro de um bar no Cais do Sodré! Mas garante-nos, perante o abanar de orelhas dos lideres europeus, que a Europa está unida à volta da NATO!

Deve ser por estes animais falarem que Marcelo Rebelo de Sousa vai a Fátima e até eu oiço o papa Francisco.

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes

Ucrânia: Zelensky pede “ajuda militar sem restrições” a países da NATO |  André Campos in Lusa

Bruxelas, 24 mar 2022 (Lusa) – O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou hoje aos países membros da NATO para que prestem “assistência militar sem restrições” ao seu país, lamentando não ter recebido os meios que pediu, designadamente caças e tanques, para enfrentar o exército russo.

“Para salvar o povo e as nossas cidades, a Ucrânia necessita de assistência militar sem restrições. Tal como a Rússia utiliza, sem restrições, todo o seu arsenal contra nós”, disse Zelensky, numa mensagem vídeo publicada na sua conta na plataforma Telegram, dirigida aos chefes de Estado e de Governo da Aliança Atlântica, hoje reunidos numa cimeira extraordinária em Bruxelas.

O Presidente ucraniano insistiu que “o exército ucraniano tem resistido durante um mês em condições desiguais” e lembra que “há um mês” que tem vindo a alertar para isso, sem efeitos práticos.

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Croácia critica NATO após ‘drone’ russo ter sobrevoado Estados-membros | in msn

© Lusa A Croácia criticou hoje a NATO pelo que disseram ser uma reação lenta ao voo de um aparelho aéreo não tripulado (‘drone’) desde a zona de guerra na Ucrânia sobre vários Estados-membros da organização, despenhando-se numa zona urbana de Zagreb.

“Não podemos tolerar esta situação, nem deveria ter acontecido”, afirmou o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, ao visitar o local do embate do ‘drone’, noticia a agência Associated Press.

O aparelho não tripulado atravessou a Roménia e a Hungria antes de entrar na Croácia no final de quinta-feira, acabando por se despenhar num campo perto de um dormitório para estudantes. O impacto danificou cerca de 40 carros, mas não provocou feridos.

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ESTAMOS PRONTOS? – NÃO | por António Ribeiro

Do ponto de vista militar e dos jogos políticos e de confronto militar, os EUA e a NATO parecem-me desta feita um bocado tímidos. E o adjectivo é favor. O que deixa o tabuleiro todo para a Rússia de Putin.

Quando Lavrov diz na Turquia que a Rússia não deseja uma guerra nuclear, ele está implicitamente a ameaçar o Ocidente de que tal hipótese está em cima da mesa do Kremlin.

Quando foi da crise das ogivas nucleares soviéticas em Cuba, Kennedy impôs um bloqueio naval à ilha de Castro. Foi uma jogada de altíssimo risco, mas resultou, Os navios russos não puderam passar com o seu material nuclear a bordo. E Kennedy ganhou o jogo ao bluff comunista.

As actuais elites americanas não têm coragem para tanto. Nem no “no fly zone” sobre os céus da Ucrânia; nem sequer conseguem aceitar que os caças MIG21 polacos possam descolar dos aeroportos militares polacos para patrulharem os céus da Ucrânia.

Essa fraqueza é fatal, porque se Washington não quer ser destruída, o Kremlin tão pouco. Na prática, estamos a ser submetidos a bullying político-militar de uma potência que já não é o que era. Depois deste falhanço, ninguém mais vai confiar no chapéu de chuva americano. Porque não é credível. De facto, “América First”, com Biden ou com Trump (este que aliás tinha telhados de vidro com os russos), significa “a Europa que se lixe e que se desenrasque como puder”.

Retirado do Facebook | Mural de  António Ribeiro

George Friedman, directeur de la société de renseignement et d’analyse Stratfor | USA

Stratfor: comment Washington peut conserver sa domination sur la planète. Extraits du discours de George Friedman, directeur de la société de renseignement et d’analyse Stratfor, dite la « CIA de l’ombre », au Council on Foreign Relations de Chicago.

Dans son discours au Council il explique comment Washington peut conserver sa domination sur la planète. Il identifie également les ennemis potentiels des USA.

Friedman voudrait que le monde actuel soit exclusivement sous le contrôle direct ou indirect des USA

Le président de Stratfor déclare que les USA n’ont pas de relations avec l’Europe. « Nous avons des relations avec la Roumanie, la France et ainsi de suite. Il n’y a pas d’Europe avec laquelle les USA ont des relations quelconques”. Cela rappelle forcément la conversation de la sous-secrétaire d’Etat Victoria Nuland avec l’ambassadeur des USA à Kiev en 2014. Nuland avait alors expliqué à son interlocuteur en des termes très crus ce qu’elle pensait de l’Europe unie et de ses dirigeants: https://www.youtube.com/watch?v=2-kbw… 33]

Plus tard, elle a présenté ses excuses pour la forme de ses propos, mais pas sur le fond. Il faut savoir que Mme Nuland est une lectrice des notes analytiques de Stratfor.

« Les USA contrôlent tous les océans de la terre. Personne n’avait encore réussi à le faire. Par conséquent, nous pouvons nous ingérer partout sur la planète, mais personne ne peut nous attaquer. Le contrôle des océans et de l’espace est la base de notre pouvoir”, a déclaré Friedman à Chicago, Selon lui, “la priorité des USA est d’empêcher que le capital allemand et les technologies allemandes s’unissent avec les ressources naturelles et la main d’œuvre russes pour former une combinaison invincible”.

Créer un “cordon sanitaire” autour de la Russie permettra à terme aux USA de tenir en laisse l’Allemagne et toute l’Union européenne.

Vídeo retirado do Youtub | 08/03/2022

A Ucrânia — a NATO — Siga a dança | Carlos de Matos Gomes

Num post no FB, o embaixador Luís Castro Mendes escreve a propósito de uma prestação do historiador Fernando Rosas na CNN que este está a cometer o mesmo erro que foi o de Vasco Pulido Valente, noutro tempo: reduzir a análise da realidade ao precedente histórico e minimizar as diferenças do novo para magnificar as constantes do passado. O meu amigo David Martelo, historiador com vasta obra na área da polemologia faz uma excelente síntese do passado de conflito na Europa Central a que deu o título: CORTINADOS GEOPOLÍTICOS, sobre o conflito “que opõe atualmente a Rússia aos aliados da OTAN, localizada sobre a fronteira da Ucrânia”, mas essa história não explica o presente.

A História serve para tudo. O que quer dizer que serve de pouco. Há exemplos para todas as explicações. O passado pode ajudar a perceber o presente, mas sem entendemos o presente o passado serve de pouco. O Japão não percebeu que o presente tinha mudado com a arma atómica e teve uma terrível surpresa. Marcelo Caetano não percebeu que o Exército de 1974, após 14 anos de guerra colonial, não era o Exército que tinha partido para Angola em 1961 e teve a surpresa do 25 de Abril. A Revolução Francesa e a Russa são exemplos de surpresas por incapacidade de perceber que o presente não é uma evolução em linha reta do passado. São inúmeros os exemplos.

Mas a História tem constantes. Essas é que devem ser exploradas e estudadas para evitar surpresas. A constante da História é a luta pelo poder. É a luta por interesses à margem de qualquer referência moral. Não há luta de Bem contra o Mal.

A dita crise da Ucrânia é uma luta por interesses, mais uma. Os interesses da Rússia são claros e explícitos: Não quer ter inimigos acampados à porta! Os interesses dos Estados Unidos surgem camuflados com a mantra do costume da defesa da liberdade, uma canção esfarrapadíssima. Mas é possível lê-los: O interesse de Joe Biden surgir a meio do mandato como um presidente em guerra, um capitão América. O interesse dos Estados Unidos em obterem lucros diretos e indiretos com o aumento do preço do petróleo e do gás, dificultando a aquisição de gás russo pela Alemanha, principalmente, e proporcionando lucros às petrolíferas e aos aliados do Golfo, Qatar e Arábia Saudita. Congregar os países europeus à sua volta, para evitar tentações de autonomia. A lista é longa.

É destes interesses que se trata, a demonstração do poder de um império e o aviso a tentações de autonomia dos europeus. A NATO, referida por David Martelo, é uma confraria que tem um grão-mestre que paga, determina e pune rebeldes. A NATO são os Estados Unidos e uns apêndices.

Os países europeus representam na NATO o que as tropas de caçadores indígenas representavam para os exércitos coloniais, os landins de Moçambique, os askari do Tanganica, os gurkas da Índia: transmitem uma mensagem de unidade e igualdade, que é falsa, porque os comandantes e as armas são sempre do colonizador, do império, e servem os seus objetivos.

A NATO é, pois, uma entidade sofismática em que todos são iguais, mas um deles é mais igual do que todos os outros.

Na fronteira da Ucrânia jogam-se interesses. Os ucranianos são apenas os peões das nicas de mais um conflito. Quando os interesses estiveram equilibrados, regulados, os ucranianos passam à história, como já passaram os afegãos, os iraquianos, os sírios, os líbios, os venezuelanos, os equatorianos…

Ainda quanto à NATO, o turco Erdogan joga um papel duplo. Tem os seus interesses e está em condições de os negociar sem lhe acontecer o que aconteceu a Saddam Hussein, ou a Khadafi, ou até a Bin Laden. O francês Macron, também corre na sua pista. Quando se fala da NATO fala-se também de uma equipa com várias camisolas que se expressa através da voz de ventríloquo por um secretário-geral que tem autoridade sobre o motorista.

Quanto a Portugal, a NATO portuguesa tem sede em Washington. Estamos como os cães de água do Açores de Obama, ou como o sacristão das missas cujo papel é dizer ámen e servir a água e o vinho numa patina. Sendo assim e, como dizia Salazar, não podendo ser de outro modo está tudo bem. Vivemos numa sujeição inevitável que dispensa justificações do género que os ministros dos negócios estrangeiros costumam dar: defendemos princípios. Não, não defendemos, obedecemos e pronto!

Carlos de Matos Gomes

Born 1946; retired military, historian

O Acordo Plausível | Noam Chomsky

Hoje existem dois confrontos principais: Ucrânia e China. Em ambos casos existem acordos regionais plausíveis. Todos sabem que o acordo plausível na Ucrânia é não deixar que se junte à Organização Tratado Atlântico Norte (OTAN). A saída viável para a Ucrânia é uma neutralidade ao estilo-austríaco que funcionou muito bem ao longo da Guerra Fria.

Foi permitido à Áustria estabelecer todas as ligações que quis a Ocidente e com a União Europeia. A única restrição era que não tivesse bases militares dos EUA e forças no seu território.
A velha visão Atlantista da OTAN era que o seu propósito era manter a Alemanha em baixo, a Rússia fora e os Estados Unidos no comando.
Hoje as negociações do presidente francês, Emmanuel Macron foram agressivamente atacadas nos EUA porque iam na mesma direcção — em direcção a um acordo pacífico negociado por europeus.

Para os EUA este tem uma enorme desvantagem: põe os EUA de lado e isso não pode ser. Os EUA devem tentar bloqueá-lo e assegurar de que há uma solução atlantista que estes liderem.

Noam Chomsky

A Ucrânia — a NATO — Siga a dança | Carlos Matos Gomes

Num post no FB, o embaixador Luís Castro Mendes escreve a propósito de uma prestação do historiador Fernando Rosas na CNN que este está a cometer o mesmo erro que foi o de Vasco Pulido Valente, noutro tempo: reduzir a análise da realidade ao precedente histórico e minimizar as diferenças do novo para magnificar as constantes do passado. O meu amigo David Martelo, historiador com vasta obra na área da polemologia faz uma excelente síntese do passado de conflito na Europa Central a que deu o título: CORTINADOS GEOPOLÍTICOS, sobre o conflito “que opõe atualmente a Rússia aos aliados da OTAN, localizada sobre a fronteira da Ucrânia”, mas essa história não explica o presente.

A História serve para tudo. O que quer dizer que serve de pouco. Há exemplos para todas as explicações. O passado pode ajudar a perceber o presente, mas sem entendermos o presente o passado serve de pouco. O Japão não percebeu que o presente tinha mudado com a arma atómica e teve uma terrível surpresa. Marcelo Caetano não percebeu que o Exército de 1974, após 14 anos de guerra colonial, não era o Exército que tinha partido para Angola em 1961 e teve a surpresa do 25 de Abril. A Revolução Francesa e a Russa são exemplos de surpresas por incapacidade de perceber que o presente não é uma evolução em linha reta do passado. São inúmeros os exemplos.

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