A longa história de uma mentira | Mariana Mortágua in “Expresso Online”

mariana mortáguaMariana Mortágua |
7:00 Sexta feira, 17 de outubro de 2014

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A anatomia do estrondoso declínio da PT é, também, a reconstituição de uma das mais longas e perniciosas mentiras que condicionaram o debate público em Portugal. A ideia que um pequeno país, sem liquidez e músculo financeiro, conseguiria manter os centros estratégicos sem o papel do Estado. Foi isso que nos “venderam” desde a primeira vaga das privatizações. O Estado é ineficaz a gerir empresas e, como tal, devia afastar-se da economia como o diabo foge da cruz.

O que importava, diziam-nos, era que os centros estratégicos ficassem em mãos portuguesas. Foi assim que o Estado vendeu por tuta e meia sectores inteiros da economia nacional, apenas para os vermos escassas semanas depois a serem transacionados a capitais estrangeiros com avultadíssimos lucros. O Totta e Açores, vendido a Champalimaud que logo se encarregou de o despachar para um dos maiores bancos do país vizinho, é apenas o exemplo mais falado, mas está longe de esgotar a lista.

As “golden share”, ou ações preferenciais que mantinham o poder de veto e de influência do Estado nas opções estratégicas das empresas, foram o passo seguinte. Mas até isso era demasiado, veio dizer-nos Pedro Passos Coelho e o seu liberalismo de pacotilha. O resultado está à vista.

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NOCTURNO, o romance de Chopin – em braille

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NOCTURNO, o romance de Chopin”, de Cristina Carvalho, publicado por Sextante / Porto Editora, recomendado no Plano Nacional de Leitura (PNL) para o ensino secundário encontra-se agora – desde hoje – disponibilizado em braille na Biblioteca Nacional de Portugal para leitores invisuais.

Depois da edição em audiolivro, leitura com duração de 4 horas e 57 minutos pela escritora Maria Manuel Viana, chega-nos numa outra forma de acessibilidade. Também está disponibilizado como livro digital.

Sinopse
Como um piano solitário em que o artista desenha os quadros musicais de melodias e harmonias com timbres, ritmos e tempos diversos, assim foi desenhado este romance polícromo, tecido de amores e paixões, que conta a vida de Chopin, desde o seu nascimento em 1 de Março de 1810, na Polónia, até à sua morte, em 17 de Outubro de 1849, em Paris. Uma história feita de subtilezas, paixões intensas, escuras intrigas, vivências e amizades sinceras, presenças e saudades.

JOSÉ RUY — 70 ANOS A DESENHAR – Setúbal

José Ruy_CasDaCult_SetJOSÉ RUY — 70 ANOS A DESENHAR | José Ruy começou a publicar desenhos regularmente na imprensa há setenta anos. Assinalam-se hoje19 dia 19. Publicou o seu primeiro desenho no semanário O Mosquito. Publicação muito popular na altura, que mostrava histórias em capítulos, assinadas por vários autores. José Ruy nunca mais parou. Passeou o seu talento pelas mais prestigiadas páginas da imprensa ilustrada. Mas não ficou por aí. Desenvolveu intenso trabalho pessoal. Desenhou inúmeros álbuns, contando as histórias da História de Portugal.
Em Fevereiro e Março deste ano andou por Setúbal. Fez uma exposição de um seu trabalho a reeditar — Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação —, na galeria da Casa Da Cultura | Setúbal, e foram promovidos vários encontros com todos os que o quiseram ouvir. Convívios memoráveis.

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Citando Pedro Almeida Vieira

Pedro_PAVJamais compreendi como um povo tão sagaz, tão valoroso e tão engenhoso nunca, até então, conseguira matar a sua sede, sobrevivendo à míngua, em imutável crise. Enquanto vivi, defendi que uma Nação para almejar a glória, em lutas e conquistas pelos quatro cantos do Mundo, deveria também vencer a carestia da água para a sua própria capital.

Francisco d’Ollanda, personagem de Nove Mil Passos, de Pedro Almeida Vieira.

O romance histórico, quando estruturado com rigor factual e histórico, tem este efeito desmistificador sobre a nossa memória coletiva. Aqui cai o mito de que já fomos grandes. A grandeza do nosso império ficou-se pela sua extensão e a riqueza nos bolsos de muitos poucos. O povo, esse, sempre entregue à sua sede.

Sobre esta edição da Planeta, comemorativa do décimo aniversário do lançamento deste romance, leia mais aqui.

Raimundo – Conto I | Cole©tivo Nau | Cristina Drios

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“…ter mundo para onde ir quando está farta disto.” Para que serve conhecer muito mundo se não conseguimos evadir-nos? Cristina Drios inicia esta participação do Cole©tivo Nau no Das Letras. Um folhetim que tem como ponto de partida o Raimundo que, dizem, conhecia muito mundo.

A um ritmo quinzenal, Raimundo virá até nós na voz dos autores do Cole©tivo Nau. Encontro marcado no Das Letras.

Saiba mais aqui.

 

A Viagem do Elefante – na Fundação José Saramago

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Na próxima quarta-feira, dia 17 de dezembro, às 18:30, será apresentado no auditório da Fundação José Saramago o livro A Viagem do Elefante em banda desenhada, um trabalho de João Amaral inspirado na obra homónima de José Saramago.

A apresentação deste álbum ficará a cargo de Pilar del Río, que no prefácio da obra escreveu: «o caminho até Viena é tortuoso: João Amaral sabe-o bem porque o esteve a desenhar durante mais de dois anos passo a passo. […] João Amaral estudou muito bem aquilo que José Saramago havia escrito e logo que o soube com todas as letras pintou-o para que nada na sua banda desenhada fosse falso.»

Leia mais aqui.

NATAL É QUANDO UM HOMEM QUISER | Ary dos Santos

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Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

O Natal é quando um Homem quiser!

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitros de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

ARY DOS SANTOS

As Criadas – Arte Viva – Barreiro

As criadas_AVDuas criadas oprimidas, pobres, invejosas. Querem os vestidos, querem a riqueza. A vontade é alimentada pelo desespero.

AS CRIADAS, de Jean Genet.
Encenação de Carina Silva. Em Cena de Novembro 2014 a Janeiro 2015 no Teatro Municipal do Barreiro.

Acompanhe o evento no Facebook.

Ficha técnica aqui no Das Culturas.

Boaventura de Sousa Santos |a Terceira Guerra é contra a Rússia

A US Air Force B-52 bomber
Bombardeiro B-52 equipado com armas atômicas. Para Boaventura, “várias agências de segurança [norte-americanas] fazem planos já para o Day After de um confronto nuclear”

Washington provoca Moscou em três frentes, atiça possível conflito nuclear e ignora opinião da sociedade norte-americana. Em nome da “democracia”?

Tudo leva a crer que está em preparação a terceira guerra mundial. É uma guerra provocada unilateralmente pelos EUA com a cumplicidade ativa da UE. O seu alvo principal é a Rússia e, indiretamente, a China. O pretexto é a Ucrânia. Num raro momento de consenso entre os dois partidos, o Congresso dos EUA aprovou no passado dia 4 a Resolução 758, que autoriza o Presidente a adotar medidas mais agressivas de sanções e de isolamento da Rússia, a fornecer armas e outras ajudas ao governo da Ucrânia e a fortalecer a presença militar dos EUA nos países vizinhos da Rússia. A escalada da provocação da Rússia tem vários componentes que, no conjunto, constituem a segunda guerra fria. Nesta, ao contrário da primeira, assume-se agora a possibilidade de guerra total e, portanto, de guerra nuclear. Várias agências de segurança fazem planos já para o Day After de um confronto nuclear.

Os componentes da provocação ocidental são três: sanções para debilitar a Rússia; instalação de um governo satélite em Kiev; guerra de propaganda. As sanções são conhecidas, sendo a mais insidiosa a redução do preço do petróleo, que afeta de modo decisivo as exportações de petróleo da Rússia, uma das mais importantes fontes de financiamento do país. Esta redução trará o benefício adicional de criar sérias dificuldades a outros países considerados hostis (Venezuela e Irã). A redução é possível graças ao pacto celebrado entre os EUA e a Arábia Saudita, nos termos do qual os EUA protegem a família real (odiada na região) em troca da manutenção da economia dos petrodólares (transações mundiais de petróleo denominadas em dólares), sem os quais o dólar colapsa enquanto reserva internacional e, com ele, a economia dos EUA, o país com a maior e mais obviamente impagável dívida do mundo.

O segundo componente é controle total do governo da Ucrânia de modo a transformar este país num estado satélite. O respeitado jornalista Robert Parry (que denunciou o escândalo do Irã-contra) informa que a nova ministra das finanças da Ucrânia, Natalie Jaresko, é uma ex-funcionária do Departamento de Estado, cidadã dos EUA, que obteve cidadania ucraniana dias antes de assumir o cargo. Foi até agora presidente de várias empresas financiadas pelo governo norte-americano e criadas para atuar na Ucrânia. Agora compreende-se melhor a explosão, em Fevereiro passado, da secretária de estado norte-americana para os assuntos europeus, Victoria Nulland, “Fuck the EU”. O que ela quis dizer foi: “Raios! A Ucrânia é nossa. Pagámos para isso”. O terceiro componente é a guerra de propaganda. Os grandes media e seus jornalistas estão a ser pressionados para difundirem tudo o que legitima a provocação ocidental e ocultarem tudo o que a questione. Os mesmos jornalistas que, depois dos briefings nas embaixadas dos EUA e em Washington, encheram as páginas dos seus jornais com a mentira das armas de destruição massiva de Saddam Hussein, estão agora a enchê-las com a mentira da agressão da Rússia contra a Ucrânia. Peço aos leitores que imaginem o escândalo midiático que ocorreria se se soubesse que o Presidente da Síria acabara de nomear um ministro iraniano a quem dias antes concedera a nacionalidade síria. Ou que comparem o modo como foram noticiados e analisados os protestos em Kiev em Fevereiro passado e os protestos em Hong Kong das últimas semanas. Ou ainda que avaliem o relevo dado à declaração de Henri Kissinger de que é uma temeridade estar a provocar a Rússia. Outro grande jornalista, John Pilger, dizia recentemente que, se os jornalistas tivessem resistido à guerra de propaganda, talvez se tivesse evitado a guerra do Iraque em que morreram até ao fim da semana passada 1.455.590 iraquianos e 4801 soldados norte-americanos. Quantos ucranianos morrerão na guerra que está a ser preparada? E quantos não-ucranianos?

Estamos em democracia quando 67% dos norte-americanos são contra a entrega de armas à Ucrânia e 98% dos seus representantes votam a favor? Estamos em democracia na Europa quando uma discrepância semelhante ou maior separa os cidadãos dos seus governos e da Comissão da UE, ou quando o parlamento europeu segue nas suas rotinas enquanto a Europa está a ser preparada para ser o próximo teatro de guerra, e a Ucrânia, a próxima Líbia?

FONTE: http://outraspalavras.net/destaques/boaventura-a-terceira-guerra-e-contra-a-russia/

FLORBELA ESPANCA

Eu queria mais altas as estrelas,
Mais largo o espaço, o Sol mais criador,
Mais refulgente a Lua, o mar maior,
Mais cavadas as ondas e mais belas;

Mais amplas, mais rasgadas as janelas
Das almas, mais rosais a abrir em flor,
Mais montanhas, mais asas de condor,
Mais sangue sobre a cruz das caravelas!

E abrir os braços e viver a vida:
– Quanto mais funda e lúgubre a descida,
Mais alta é a ladeira que não cansa!

E, acabada a tarefa… em paz, contente,
Um dia adormecer, serenamente,
Como dorme no berço uma criança!

Os 15 Cavaleiros da Tábua não redonda | De La Salle | Rudolfix Miguezz

Abrantes - Colégio La SalleDispostos a tudo e de novo chamados a acudir ao reino em dificuldades, reuniram pelo dia VI do mês do inverno do ano IV da desgraça DPPC, 15 cavaleiros discípulos do Rei Artur de La Salle. No castelo da grande Ordem da Engenharia do Sul, Sir Percival de Aires recebia a cavalaria que à medida que se despojava das armaduras e alinhava as espadas, se dirigia à tábua de queijos e enchidos. Sir Lancelot Vitix deu nas vistas envergando uma reluzente armadura, cerca de 10 números abaixo do habitual.
Haviam subido pelo El Vador ao sexto plano da Ordem,os cavaleiros:
Sir Rodrigo de Farin -Sir Zuniga Santo- Sir Roldan Felicius- Sir Alex de Camelot (vestia armadura de pele de camelo) -Sir Lopez Condeço -Sir Gillis Man -Sir Lucianus d`Àlmeida – Sir Paulus de Souza -Sir Parreirix -Sir Rudolfix Miguezz -Sir Antonius Senra- Sir Agria de Torres I- Sir Agria de Torres II,e os “grandes lideres” Sir Percival de Aires e Sir Lancelot Vitix
Devido a imprevistos logísticos, não puderam estar presentes, Sir Miguel De Bap Tista, Sir El Vino e Sir Paim de Bruges. Registámos no livro de honra, de entre outros, os nomes de Sir Taveira de Pinto em missão nos mares da china e Sir Zalberto Katarino de Medicis, ausentes por batalhas longínquas e maiores.
O mago Merlim servia pelo cálice Graal um místico elixir e dispunha a mesa em rectângulo, contrariando a tendência das mesas redondas que pululavam então, pelo reino da asneira.
Ser membro cavaleiro da ordem da Engenharia foi o ideal de muitos jovens de La Salle. Para honrar esse objectivo, conseguido por muitos, sentaram-se na tábua não redonda, 15 cavaleiros que tinham em comum e juraram defender, o espírito de La Salle. Para tanto, é necessário abater, periodicamente, uns tachos de favas, feijoadas, caldeiradas, ou tachos de outra natureza, o que fazem com destreza, e alegria, manejando habilmente facas e garfos, e contando dez Enas de vezes as mesmas anedotas do reino de La Salle!
O repasto servido e regado sem parcimónia, estava “ao ponto”, e teve como um dos pontos altos a introdução, pelo mago Merlim, da poção líquida piri-piri AGRA VI, vinda directamente daquele que viria a ser o reino dos All Graves. A condição respiratória de alguns cavaleiros, com largas horas de montada a cavalo, melhorou, e tornou o debate ainda mais “acalorado”
Lady Guinevere, fez uma rápida e discreta aparição, para registar, em “pixels”,coloridas gravuras para a posteridade.
O Castelo da Ordem da Engenharia, beneficiado de novas e polidas pedras, metais e madeiras por acção de Sir Percival de Aires, tem majestosa vista sobre os condados em redor. Com posição estratégica invejável, esteve tomado durante largas horas por 15 cavaleiros da tábua não redonda, com domínio nas engenharias, nas ciências, nas artes e nas letras que, com emoção recordaram duelos e torneios antigos, em defesa de suas damas, ou na procura incessante do elixir da juventude. Uma amarguinha com gelo picado e limão foi ensaiada, mas o efeito foi fugaz.
Envergados os elmos e armaduras e embainhada a excalibur, cada cavaleiro retornou aos seus domínios, montando fogosos cavalos. Novas lutas estão prometidas para a Prima Vera. Até lá faremos um torneio na zona histórica de Abra Antes. Que não nos falte o elixir…
Aos VII do mês do Inverno do ano IV DPPC

Rudolfix Miguezz

Uma menina está perdida no seu século à procura do pai

Gonçalo M Tavares_Lisboa

Lx Factory a 14 de dezembro.

No dia 14 de dezembro, às 17:00, Gonçalo M. Tavares apresentará o seu mais recente romance, Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, numa sessão que contará com a participação do pianista Júlio Resende e que terá lugar na livraria Ler Devagar, na Lx Factory, em Lisboa.

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COLE©TIVO NAU – Oito autores e um Raimundo.

Livros_C_NauO Cole©tivo Nau iniciou um projecto em que todos os autores escrevem um conto com a mesma frase de abertura e o mesmo protagonista, a partir de apenas dois dados: o nome – Raimundo – e a origem – Cuba do Alentejo.
É com este projecto que se inicia a colaboração da NAU com o site Das Letras. A partir do próximo dia 15 de Dezembro de 2014, e com uma regularidade quinzenal ( aos dias 15 e 30 de cada mês), cada um dos autores da NAU dará a conhecer o seu Raimundo, de quem se dizia conhecer muito mundo.

Saiba mais no Das Letras.