A longa história de uma mentira | Mariana Mortágua in “Expresso Online”

mariana mortáguaMariana Mortágua |
7:00 Sexta feira, 17 de outubro de 2014

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A anatomia do estrondoso declínio da PT é, também, a reconstituição de uma das mais longas e perniciosas mentiras que condicionaram o debate público em Portugal. A ideia que um pequeno país, sem liquidez e músculo financeiro, conseguiria manter os centros estratégicos sem o papel do Estado. Foi isso que nos “venderam” desde a primeira vaga das privatizações. O Estado é ineficaz a gerir empresas e, como tal, devia afastar-se da economia como o diabo foge da cruz.

O que importava, diziam-nos, era que os centros estratégicos ficassem em mãos portuguesas. Foi assim que o Estado vendeu por tuta e meia sectores inteiros da economia nacional, apenas para os vermos escassas semanas depois a serem transacionados a capitais estrangeiros com avultadíssimos lucros. O Totta e Açores, vendido a Champalimaud que logo se encarregou de o despachar para um dos maiores bancos do país vizinho, é apenas o exemplo mais falado, mas está longe de esgotar a lista.

As “golden share”, ou ações preferenciais que mantinham o poder de veto e de influência do Estado nas opções estratégicas das empresas, foram o passo seguinte. Mas até isso era demasiado, veio dizer-nos Pedro Passos Coelho e o seu liberalismo de pacotilha. O resultado está à vista.

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