Albert Einstein | Baruch Spinoza

Quand Albert Einstein donnait une conférence dans les nombreuses universités des États-Unis, la question récurrente que lui faisaient les étudiants était :

Vous, Monsieur Einstein … Croyez-vous en Dieu ?
Ce à quoi il répondait toujours :
Je crois au Dieu de Spinoza.

Seuls ceux qui avait lu Spinoza comprenaient …
Spinoza avait passé sa vie a étudier les livres saints et la philosophie, un jour il écrivit :
Je ne sais pas si Dieu a réellement parlé mais s’il le faisait, voici ce que je crois qu’il dirait aux croyants :
Arrête de prier et de te frapper à la poitrine !

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34) – C19 Upshot | Ideologia e coronavírus | Como é que um vírus se espalha nas cidades? É um problema de escala | Paulo Querido

29 mai 2020 // Hoje temos escolhas de Paulo Querido, Nuno Andrade Ferreira, Ana Roque.

🐃 Ideologia e coronavírus

Há duas abordagens para enfrentar o desafio do coronavírus: as propostas libertárias dão prioridade à economia acima da saúde pública, enquanto as propostas socialistas dão prioridade à saúde pública acima da economia.

Os países libertários dependem do desenvolvimento da “imunidade do rebanho” à doença, em vez de impor distancias sociais e “lockdowns“, que visam, em vez disso, reduzir a propagação da infeção. Ao contrário das medidas socialistas, a abordagem da “imunidade do rebanho” não necessita de qualquer regulamentação, porque permite que a doença se propague de modo a que as pessoas que sobrevivem se tornem predominantes; permite que a sobrevivência do rebanho siga o seu curso, de modo a desenvolver um “rebanho forte”.

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33) – C19 Upshot | A anarquia pós-COVID que se avizinha | Dominic Cummings: as pessoas poderosas têm maior probabilidade de violar as regras – mesmo as feitas por elas | Paulo Querido

28 mai 2020 // Hoje temos escolhas de Paulo Querido, Ana Roque, Nuno Andrade Ferreira, JL Andrade.

🦄 A anarquia pós-COVID que se avizinha

Apesar dos melhores esforços dos guerreiros ideológicos em Pequim e Washington, a verdade incómoda é que a China e os Estados Unidos são ambos susceptíveis de sair desta crise significativamente diminuídas. Nem uma nova Pax Sinica nem uma Pax Americana renovada se erguerão das ruínas.

Pelo contrário, ambas as potências ficarão enfraquecidas, tanto a nível interno como externo. E o resultado será uma lenta mas constante deriva em direção à anarquia internacional através de tudo, desde a segurança internacional ao comércio até à gestão de pandemias. Sem ninguém a dirigir o tráfego, várias formas de nacionalismo desenfreado estão a tomar o lugar da ordem e da cooperação. A natureza caótica das respostas nacionais e globais à pandemia constitui, assim, um aviso para o que poderá vir numa escala ainda mais vasta.

[Kevin Rudd – Foreign Affairs]

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28 de maio de 1926 | Carlos Esperança

Há 94 anos teve lugar o golpe de Estado de que viriam a apropriar-se as pessoas erradas para a mais longa ditadura europeia.

O integralismo lusitano, o nacional-sindicalismo e a Cruzada Nun’Álvares tinham feito o caminho para que o nacional-catolicismo se transformasse no fascismo paroquial de Salazar, um professor da Universidade de Coimbra, sem mundo e sem visão de futuro.

Salazar foi o protagonista da longa ditadura que adiou Portugal. Ficou “orgulhosamente só” a liderar o país onde o analfabetismo, a mortalidade infantil, a tuberculose e a fome foram a imagem do regime, para acabar na tragédia da guerra colonial.

Salazar saiu da aldeia do Vimioso para o seminário de Viseu e, daí, para a Universidade de Coimbra onde dirigiu a madraça do CADC que havia de fornecer-lhe os quadros para a repressão que o manteve no poder. Não recebeu a tonsura no seminário, mas fez do País uma sacristia.

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27.5.20 | Querem mesmo um ensino sem aulas presenciais? | Francisco Louçã | in blog Entre as Brumas da Memória

«Confesso que fiquei surpreendido quando ouvi um dirigente sindical criticar a abertura das aulas para o 11º e 12º anos. O que começou por dizer pareceu-me convincente: é preciso garantir a segurança de alunos, professores e funcionários. Mas depois acrescentou, se bem registei, que preferia que se mantivessem as aulas à distância. Eu não prefiro. Por isso é que gostaria de ter ouvido algo mais, que temos que nos mexer para ter as condições para voltar à vida das escolas. O mais depressa possível. Sem aulas presenciais não há ensino.
É provável que sem aulas presenciais também deixe de haver professores. De facto, manda a prudência que se tenha em conta que, se o sistema de ensino for só uma telescola, alguém um dia imaginará que basta um vídeo das aulas de cada cadeira e que se pode repeti-lo ad infinitum. Umas dezenas de figurantes contratados para apresentarem um texto e um powerpoint e está dado o curso. Ponham-lhe o bastão na mão e já verão como é o vilão, saltar da telescola para a youtubescola será um ápice. Este risco profissional pode ser grave, mas ainda assim não é a única ameaça. Até sugiro aos leitores, sentindo o ceticismo de alguns que leram as últimas linhas, que esqueçam por completo esta questão. O que não se pode ignorar, em contrapartida, é que o encanto das novas tecnologias não substitui a relação entre os docentes e os alunos, a atenção ao detalhe, a aprendizagem viva, a insistência e a resposta imediata, as dúvidas durante e no fim da aula, a conversa nos intervalos, as atividades extracurriculares, a forma como os estudantes se envolvem com a escola.

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32) – C19 Upshot | COVID-19 e a normalização da vigilância em massa | Impacto económico da pandemia poderá atingir 8,8 biliões de dólares a nível mundial | Paulo Querido

26 mai 2020 // Hoje temos escolhas de Ana Roque, Paulo Querido, JL Andrade.

👮🏼‍♂️ COVID-19 e a normalização da vigilância em massa

Nos últimos meses, governos que vão da Austrália ao Reino Unido e empresas tão influentes quanto Google e Apple adotaram a ideia de que o rastreamento através dos telemóveis pode ser usado para combater efetivamente o COVID-19.

Infelizmente, a ideia é tecno-utópica, baseada no otimismo e não na evidência. O impacto real dessa abordagem na sociedade não seria uma imunidade melhor, mas a aceitação e o crescimento de um estado de vigilância global ainda mais poderoso e omnisciente.

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31) – C19 Upshot | Como sabemos que a democracia está quebrada se não sabemos o que é? | Erradicar o vírus é impossível. Libertem as praias | Paulo Querido

25 mai 2020 // Hoje temos escolhas de Paulo Querido.

🗳️ Como sabemos que a democracia está quebrada se não sabemos o que é?

Baixa confiança, notícias falsas e muito dinheiro. A democracia enfrenta a sua maior ameaça em décadas, talvez séculos. Mas antes que possamos corrigi-la, precisamos entender o que é. Uma das duas palavras-chave é poder. O poder final sempre volta ao povo. Alguém tem que ter o poder da sociedade e, se não é o povo, quem é?

  1. É uma ótima pergunta que implora uma segunda:
  2. se estamos insatisfeitos com os nossos sistemas de governo e gostaríamos de avançar para algo mais parecido com o “governo pelo povo“, por onde começar? Podemos consertar a democracia?

[Patrick Chalmers – The Correspondent]

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UE | UMA VISÃO OPTIMISTA, APESAR DE TUDO | Do lado certo da história | Bernardo Pires de Lima

A proposta franco-alemã vai muito além dos 500 mil milhões de euros. Responde à enésima crise europeia, forjando o aprofundamento da integração, reflete a evolução qualitativa no debate alemão e tem a ambição de moldar positivamente a globalização. Cinco páginas que podem ficar na história.

Já dizia Jean Monnet, o europeu nunca eleito mais importante do pós-Guerra, que a “Europa será forjada em crises”. Caro Monnet: tem sido na mouche. Guerras totais ou regionais forçaram a paz improvável entre a França e a Alemanha ou entre repúblicas da antiga Jugoslávia. Crises económicas ou choques geopolíticos aceleram adesões, transições democráticas e transferências voluntárias de soberania para fortalecer políticas comuns. Crises e integração europeia têm andado de braço dado desde sempre. Por outras palavras, a consolidação da paz, através do comércio e da diplomacia, e o alargamento da geografia democrática, têm sido as duas grandes estratégias de sucesso destes 70 anos de Europa progressivamente integrada.

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O comentário mais antigo aos Evangelhos em latim | Frederico Lourenço

Em 2012, o latinista austríaco Lukas Dorfbauer fez uma descoberta sensacional no fundo de manuscritos da catedral de Colónia. Descobriu o mais antigo comentário aos Evangelhos em latim, que desaparecera de vista na época carolíngia. Escrito no século IV por Fortunaciano, bispo de Aquileia, este texto transporta-nos directamente para o cristianismo pré- e pós- constantiniano: «pré-» porque quando Fortunaciano nasceu, no início do século IV, o cristianismo era ainda uma religião ilegal, cujos adeptos a praticavam com risco de vida; «pós-» porque Fortunaciano teve a fortuna (quiçá plasmada no seu nome) de pertencer à geração que viveu com alegria a despenalização da fé cristã e se confrontou com a realidade surpreendente de um novo cristão no seu meio: o próprio imperador Constantino. Este supremo benfeitor da igreja (que não viu incompatibilidade entre ser cristão e mandar matar a mulher e o filho, entre muitas outras acções condenáveis à luz dos ensinamentos de Jesus) legou ao cristianismo uma tensão que até hoje não está resolvida: e essa tensão reside na permissibilidade de alguém se intitular cristão, e de ser incentivado nessa auto-percepção pela hierarquia esclesiástica (sobretudo se for rico e poderoso), sem precisar de pôr em prática quase nada do que Jesus ensinou. Penso muito em Constantino cada vez que vejo a corte de pastores evangélicos à volta de Trump e de Bolsonaro – e, para não batermos só nos evangélicos, não esqueçamos como os vários papas nunca deram a Pinochet, a Franco ou a Salazar motivo para auto-questionarem a sua identidade de bons católicos.

 

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O Harakiri de uma civilização | Carlos Matos Gomes

Uma ideia de explicação para os aviões cheios e os espetáculos a meia casa

Aviões a 100%?! “Expliquem-me, como se eu fosse uma criança”, pedem tantos bons amigos. É o título da crónica de uma jornalista do DN. Outros apontam o seu desapontamento contra a Diretora Geral de Saúde: perdeu toda a credibilidade! Então o vírus mata numa sala de espetáculos e não mata num avião!

Esta é a minha humilde explicação. A decisão faz todo o sentido dentro dos princípios da nossa civilização. É racional. É uma resposta de sobrevivência da nossa velha civilização. Mais, é a decisão que permite responder ao vírus, isto é, pagar os serviços públicos de saúde que lhe responderam e os serviços de segurança social públicos que permitiram a sobrevivência de tantos europeus que viram os seus rendimentos diminuírem ou desapareceram precisamente por os aviões não voarem. E eles, os aviões comerciais, a aviação comercial com todos os serviços associados, aeroportuários, logística, foram desenhados para gerarem lucro (ou riqueza) apenas se os aviões voarem cheios, ou perto disso (+ de 75% da capacidade).

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INTIMIDADES | Tiago Salazar

Se vos contar uma história baseada em factos reais vão acompanhar-me até ao fim? Vão voltar atrás, e reler, e tentar entrar na intenção do autor? Vão perorar aí em baixo, clicar numa das opções reactivas? Vão comentar com acidez ou escárnio sem clicar no gosto por desdém irritativo? Faltam aqui patilhas do não gosto, não curto, não me identifico, ou uma que me apraz, vai-te catar. Mas isto hoje é sério. Ser levado a sério implica toda uma reputação de conduta retrospectiva. Como para votar num indivíduo há que apurar do seu currículo, de públicas virtudes e impúdicas particulares. O Bill, por exemplo, ganhou ou perdeu mais pelo facto de se aprestar a um fellatio na sala oval? Entre os machos, marcou pontos de virilidade, sobretudo os de pele rosada e cheínhos. Entre as fêmeas púdicas, recebeu as ovações de porco, canalha, sacana, facínora, no pressuposto de que o adultério é um crime solitário. Não sabemos se o Bill vivia numa relação aberta e a Hillary não andava em coboiadas, ou se o casamento não era apenas um contrato social de onde a sexualidade estava arredada. Que sabemos, no fundo, dessas coisas pudibundas que alimentam o voyeurismo, aqui, a jusante, ou na Ferrante, que fala disso, desabrida como poucos?

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30) – C19 Upshot | Como viveremos a seguir ao vírus | A vacina para todos será uma (cara) quimera | Paulo Querido

👿 John Lloyd – Quillette // Como viveremos a seguir ao vírusMuitos acreditam que o futuro beneficiará os autoritários, e que as circunstâncias atuais já o fizeram – mesmo os estados mais liberais e democráticos colocaram seus cidadãos sob uma espécie de prisão domiciliária, uma política imposta pela ameaça de detenção e por espionagem vizinha e censura social. Outros desesperam com a abdicação dos EUA da sua posição de liderança mundial e temem que a China realmente beneficie do vácuo.

Mau, mau, é o euro

A dívida aumentará para níveis anteriormente considerados inadmissíveis, exceto na guerra. Pior: por mais sombria que as perspectivas económicas pareçam”, relatou o New York Times, o maior perigo para a economia mundial pode ser o risco de que o euro possa ser prejudicado pelas brechas profundas entre os membros da UE

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Eu Nunca Guardei Rebanhos | Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

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Olha amor | Maria Helena Ventura

Olha amor
faz diferença pôr a música de Bach no poema
enfeitar o teu nome com pedras de coral?
Ainda há pouco os pássaros cantavam entre os dedos
e em círculos pequenos embalavam as bússolas
na pulsação dos vocábulos.
Por aí sei que a noite vive à pressa o prazer efémero
na urgência dos minutos ruidosos
esquecida do silêncio vagaroso
e do fluido que me basta para esculpir um rosto
no contorno do teu.
Talvez o mais parecido com um texto
ou figura verbal desta imperícia
atravesse a distância e vá desaguar nas penas
de um rouxinol concebível.
De um portal entreaberto na frágil textura do meu peito
fugiu-me num estremecimento
antes de o decifrar completamente.
Se os teus dedos apontarem o local de partida
dita-me tu o que resta dele
com os sinais da luminosidade
recolhida numa tela de palavras
tuas, minhas, de nós todos.
Travo uma batalha cada vez mais dura
com o sono autoritário.
Esta ordem às pestanas: investir, retroceder
remete para a urgência de repetir a pergunta
rasando horizontalmente o campo
onde hei-de tombar de vez:
posso deixar escorrer a música de Bach
no rio da tua ausência?

Maria Helena Ventura – Intertexto Submerso

Retirado do Facebook | Mural de Helena Ventura Pereira

Tela de Kandinsky, sem título, de 1925.

Um pouco sobre as origens do nosso País | Jorge Alves

Bom dia, amigos. Se estiverem de acordo, vamos falar hoje um pouco sobre as origens do nosso País. Decerto todos ouviram falar do Condado Portucalense. Mas o que era exactamente esse condado? Como surgiu? E porquê essa designação? Alguns de vocês estarão decerto a pensar que surgiu com o pai de D. Afonso Henriques. Mas não. Surgiu muito antes. Mais de 200 anos antes. Uma ressalva – estamos a falar da Alta Idade Média, altura em que os textos existentes eram muito escassos. Para piorar ainda um pouco mais a situação, poucos chegaram até nós. Fazer um retrato do que se passou há tantos anos é um pouco como montar um puzzle às cegas. O que daí resulta é algo nebuloso e com pouco grau de certezas. Mas há algumas.

Sabemos, por exemplo, que onde se situa hoje a cidade do Porto já durante a ocupação romana havia então dois núcleos importantes – Portus, no que é hoje a Ribeira, e Cale, na Penaventosa, onde está o Morro da Sé. Com o passar dos anos, Cale expandiu-se e desceu até ao rio, de onde surgiu o topónimo Portucale. Erradamente, muita gente julga que Cale corresponderia à actual Gaia. Mal, já se vê. O texto mais antigo onde surge o topónimo Portucale é-nos apresentado pelo bispo galaico-romano Idácio de Chaves, que viveu no século V (há mais de 1.500 anos!) e que nos relata a desordem resultante da desagregação do Império Romano e de como tribos bárbaras vindas do Norte e do Leste da Europa se apossaram da Península Ibérica a partir do ano 408.

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CATARINA EUFÉMIA | Sophia de Mello Breyner Andresen | “Dual”, 1962

O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente

Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos.

POLISBIGAMIA | Tiago Salazar

Eu, pecador, confesso a minha pólisbigamia: entre Lisboa e Porto, nunca virá o Diabo a escolher por mim.

Amo as duas (perdidamente). Às duas me quedo aos pés e às beiras dos seus maviosos rios. Às duas incenso as carnes de senhoras rústicas e chiques. Às duas teço odes de paixão eterna em letra de vate e bardo. Que flores suas mais me falam ao peito se apenas uma, de cada uma, me fosse dado escolher? Há uma curva na estrada, toda ela iluminada por luzes baixas quando a noite se abeira, feita sobre o cotovelo do rio como uma tiara. Ali se passa de carro mormente, mas para quem se apreste a caminhar, há um paredão discreto nas traseiras de onde melhor se avista a força do braço fluvial apenas perturbada no seu curso por pilares de ferro ou pedra das pontes que o encimam e afagam a vista.

Em Lisboa, nada mais convém à minha alegria de filho ali nado e criado do que descer ao rio, onde este leva o nome de mar e se aquieta como as palhas e espigas num palheiro defendido das batidas do vento. Entre canaviais e o lodaçal da corrente baixa, tenho em mim todas as alegrias do mundo, alheio e distraído por momentos dos seus desvarios, com o recuo prazeroso e ingénuo ao tempo das barcaças fenícias e dos sane per aqua romanos onde hoje se acolhem as paredes cobertas de pó e fuligem do beato.

Tiago Salazar

Retirado do Facebook | Mural de Tiago Salazar

Nietzsche e o cristianismo | in Revista Cult

Interessa ao filósofo não a verdade histórica, ou seja, o texto da verdadeira pregação do Cristo, mas a reconstituição de seu tipo psicológico.

Que possibilidades restam hoje para um diálogo entre Nietzsche e o Cristianismo? Tomemos a frase de O anticristo que, de imediato, nos lança no campo filológico das relações entre texto e interpretação: “Eu volto atrás. Conto a autêntica história do Cristianismo (des Chirstenthums). Já a palavra ‘Cristianismo’ (Christenthum) é um mal entendido – no fundo houve um único cristão, e este morreu na cruz. O ‘Evangelho’ morreu na cruz.”1.

O Cristianismo (Christenthum) é um mal entendido porque resulta de uma falsa interpretação do Evangelho, da vida de Jesus de Nazaré. “O ‘Evangelho’ morreu na cruz” – isso significa que o mal entendido consiste na fé cristã, tal como esta se apresenta no Cristianismo histórico. Desvirtua-se a Boa Nova de Jesus, considerando-a sob a óptica teológica do pecado, da culpa e do castigo; tomando-o como vítima expiatória de um sacrifício vicário.

Nietzsche estabelece uma oposição entre Christenthum (Cristianismo) e Christlichkeit e Christ-sein (respectivamente Cristianicidade e ser-cristão). O Cristianismo ‘oficial’ consiste na redução do Ser-cristão, da espiritualidade própria à Cristianicidade, a dogmas, fundamento da crença eclesiástica.

“Reduzir o Ser-cristão, a Cristianicidade a um ter-por-verdadeiro, a uma mera fenomenalidade da consciência, significa negar a Cristianidade. De fato não houve em absoluto cristãos. O ‘cristão’, aquilo que há dois milênios se chama cristão, é meramente um mal entendido psicológico.!”2?

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Voltar aos Evangelhos, dia após dia | Frederico Lourenço

Levado pela curiosidade e ajudado pela propensão poliglota com que tive a sorte de nascer, em 57 anos de vida já li muitos textos em várias línguas. Mas os quatro textos a que volto sempre são os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, que leio todos os dias em grego e também nas luminosas traduções latinas conhecidas como «Vetus Latina» e «Vulgata» (no caso dos Evangelhos, «Vulgata» designa no fundo a «Vetus Latina» retocada por Jerónimo).

Por estranho que pareça, o facto de eu ter publicado uma tradução dos Evangelhos e de eles fazerem parte do meu quotidiano não trouxe o efeito que eu previa de familiaridade, muito menos o que eu receava de banalidade. Estes textos, que conheço de trás para a frente, nunca me são familiares, porque são todos os dias uma descoberta fulminante; e, em vez de o meu estudo operar um efeito de banalização, o que acontece é que estes textos se me tornam cada vez mais especiais, mais únicos – e, ao mesmo tempo, mais enigmáticos, mais ambíguos, mais difíceis de entender.

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Campanha Green New Deal para a Europa | DiEM25

Vamos ter mais uma sessão de boas vindas para a nossa campanha do Green New Deal para a Europa (GNDE), na próxima sexta-feira, 22 de Maio, pelas 17h00 CEST (16h00 hora de Portugal). A sessão será em inglês.

Se estiveres interessado(a) em te juntares à equipa, mesmo que seja apenas uma ou duas horas por semana, esta sessão é uma grande oportunidade para conhecer melhor as ideias, princípios e estratégias da nossa campanha. É também uma boa oportunidade para falar com o coordenador principal da campanha e tirar todas as dúvidas sobre este tema.

O Green New Deal para a Europa é uma campanha internacional para uma transição rápida, justa e democrática para uma Europa sustentável. O nosso relatório descreve um plano pormenorizado para a Europa alcançar este objetivo — agora só temos de construir as bases para concretizarmos a mudança (ver aqui também o resumo em português).

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GARRAS DOS SENTIDOS | Agustina Bessa Luís

Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos,
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.

Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demências dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Dá má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.

Agustina Bessa-Luís | Tiago Salazar

AGUSTINA I Nos idos tempos de repórter de “O Diabo”, dirigido por Vera Lagoa, fui de piquete à Rua do Golgota, ao Porto, entrevistar a “Senhora Agustina”. Estávamos no final dos anos 90 do século XX e Portugal vivia as ilusões do cavaquismo, de opulência pacóvia e populismo. Havia sempre perguntas rebeldes e entrevistados notáveis. Era a regra do jogo. Lera apenas, da biblioteca herdada do meu tio António Galvão Lucas, seu correspondente próximo, “A Sibila” e o tributo apaixonado a Duhrer. Iria falar-se mais da vida e menos da obra, embora nela a fronteira se revelasse ténue. As feições de “raposa” ou raposinha, dada a sua pequena estatura, davam-lhe a ternura de uma avó, mas nenhuma frase lhe saía cândida e amável, sem um apontamento de estilo quase sempre irónico. Levou-me para a sala onde lia e por vezes escrevia e serviu-me chá e bolachas antes de premir o botão do gravador. O Inverno estava agreste e acendeu o calorífero da mesa de camilha. De vez em quando os nossos pés tocavam-se e sentia uma ternura como ligava apenas à minha avó Vessadas.

Dei por mim a pensar como seria magnífico ter uma avó Agustina, com quem pudesse falar de Embaixadas a Calígula ou de Contemplações Carinhosas de angústias e ter sempre um sorriso algures no caminho. Falámos de Yourcenar, de Mário Cláudio, do Douro, do Porto e da sua erótica soturnidade, e de futebol e política, e de literatura policial, Simenon. Quase sempre acabávamos a falar de famílias. Mostrou curiosidade sincera pelas minhas novelas do Minho e assim chegámos a Camilo, o seu autor mais amado, que dizia no seu tempo que os escritores portugueses não se ajeitavam no romance, nem ele. Nem ela, confessou, com a sua franqueza implacável. O romance exige um conhecimento dos meandros da vida que nem sempre se tem, e quem julga tê-lo, é porque não o tem. Falei-lhe de um aforismo da minha avó Francisca, que dizia haver um tempo para a formação e outro para a deformação. Ela sorriu, e disse, “cuide dela. Ela sabe”. Se a sabedoria tinha corpo estava diante de mim e tinha os pés aquecidos. A fala saía-lhe sempre avisada, ainda que se falasse de trivialidades. No fim da conversa fomos ao jardim colher flores. A memória trai-me, e não sei de botânica para saber se trouxe um lírio ou uma margarida. Mas se estiver a ouvir-me hoje, daqui lhe devolvo um amor, perfeito na justa medida de quem devolve.

Tiago Salazar

Retirado do Facebook | Mural de Tiago Salazar

José Mariano Gago | Carlos Fiolhais

José Mariano Gago faria 72 anos neste sábado, 16 de Maio, o Dia Internacional da Luz por determinação da UNESCO. Vi-o pela última vez em 19 de Janeiro de 2015, em Paris, na sede da UNESCO, na cerimónia inaugural das celebrações de 2015 – Ano Internacional da Luz. Eu estava lá, como Comissário Nacional para o Ano da Luz, nomeado pela Ciência Viva, acompanhado pelo Pedro Pombo, da Universidade de Aveiro, um grande entusiasta dos lasers, Deve ter sido a última cerimónia pública.do José Mariano. Eu e o Pedro falámos com ele em conversa amena. No fim do painel sobre cooperação internacional em que participou comentámos as declarações da ministra da Ciência da África do Sul, sua parceira, sobre ciência e cooperação, a quem ele deu inteira razão: África precisava de mais ciência e de mais cooperação científica. O mundo todo precisava e África, que a Europa não tratou bem, precisava ainda mais.

Ele já estava doente, mas nós não sabíamos. Nada me fez prever que nunca mais o voltaria a ver. Faleceu daí a três meses, a 17 de Abril de 2015. Lembro-me bem pois a notícia me chegou quando estava a começar uma sessão sobre História da Ciência em Portugal no El Corte Inglês em Lisboa. A comoção foi geral. No livro que a Sociedade Portuguesa de Física publicou no final de 2015 (“Histórias da Física em Portugal no século XX”) deixei um depoimento curto mas sentido. Se Mariano Gago, a história da ciência entre nós teria sido diferente.

Gago tem uma curiosíssima ligação ao laser: o seu dia de aniversário, 16 de Maio, é precisamente o mesmo que o aniversário do primeiro laser visível (a data do Dia Internacional da Luz foi escolhido por essa razão). A 16 de Maio de 1960, quando Theodor Maiman acendeu o primeiro laser de rubi em Malibu, Califórnia, o José Mariano apagava doze velas do seu bolo de aniversário. Morreu inesperada e precocemente: como seria bom celebrar com ele, no Dia Internacional da Luz, os seus 72 anos.

Entre os prémios que mais gostei de receber foi o Prémio José Mariano Gago, da Sociedade Portuguesa de Autores, que partilhei com o José Eduardo Franco. Mariano Gago é para nós uma luz na demanda de um mundo com mais e melhor ciência, com mais e melhor cultura científica. Neste Dia da Luz, de Mariano Gago e dos cientistas portugueses, em tempos escuros que temos de iluminar, saibamos seguir o seu tão claro exemplo.

Carlos Fiolhais

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Fiolhais 

29) – C19 Upshot | Rastreamento COVID-19: quais são as implicações para a privacidade e os direitos humanos? | Post Corona: Os Quatro | Paulo Querido

⚖️ Lisa Cornish – Devex // Rastreamento COVID-19: quais são as implicações para a privacidade e os direitos humanos?“Devemos garantir que quaisquer medidas de emergência sejam legais, proporcionadas, necessárias e não discriminatórias, tenham um foco e duração específicos e adotem a abordagem menos invasiva possível para proteger a saúde pública”, disse António Guterres. “A melhor resposta é aquela que responde proporcionalmente a ameaças imediatas enquanto protege os direitos humanos e o estado de direito”.

Que é isto?

Em 23 de abril o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, divulgou um novo resumo da política destacando essa crescente preocupação dentro da ONU e alertou os governos sobre os riscos de diminuir a prioridade dos direitos humanos. Este artigo passa em revista várias políticas em todo o mundo que estão a fazer precisamente isso.

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Comunicado do Governo | Reunião de trabalho do Primeiro-Ministro com o Ministro de Estado e das Finanças | 2020-05-13 às 23h30

«O Primeiro-Ministro e o Ministro de Estado e das Finanças tiveram hoje uma reunião de trabalho, no quadro da preparação da próxima reunião do Eurogrupo, que terá lugar sexta-feira, e da definição o calendário de elaboração do Orçamento Suplementar que o Governo apresentará à Assembleia da República durante o mês de Junho.

Nesta reunião ficaram ainda esclarecidas as questões relativas à falha de informação atempada ao Primeiro-Ministro sobre a concretização do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, que já estava previsto no Orçamento de Estado para 2020, que o Governo propôs e a Assembleia da República aprovou.
Ficou também confirmado que as contas do Novo Banco relativas ao exercício de 2019, para além da supervisão do Banco Central Europeu, foram ainda auditadas previamente à concessão deste empréstimo:
em primeiro lugar, pela Ernst & Young, auditora oficial do banco;
em segundo lugar, pela Comissão de Acompanhamento do mecanismo de capital contingente do Novo Banco, composta pelos Dr. José Bracinha Vieira e pelo Dr. José Rodrigues de Jesus;
e ainda pelo Agente Verificador designado pelo Fundo de Resolução, Oliver Wyman.

Este processo de apreciação das contas do exercício de 2019, não compromete a conclusão prevista para julho da auditoria em curso a cargo da Deloitte e relativa ao exercício de 2018, que foi determinada pelo Governo nos termos da Lei n.º 15/2019, de 12 de fevereiro.

O Primeiro-Ministro reafirma publicamente a sua confiança pessoal e política no Ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno

28) – C19 Upshot | Privacidade e saúde pública: prós e contras das aplicações de contact tracing COVID-19 | Novo estudo indica que o verão não é suscetível de afetar a disseminação do COVID-19 | Paulo Querido

🗃️ Estelle Massé – Access Now // Privacidade e saúde pública: prós e contras das aplicações de contact tracing COVID-19O rastreamento de contatos é o processo de identificação, avaliação e gestão de pessoas que foram expostas a uma doença para impedir a transmissão subsequente. Por meio desse processo, governos e profissionais de saúde buscam ajudar a limitar a propagação de um vírus, interromper a transmissão contínua e aprender sobre a pandemia.

O contact tracing é mesmo necessário?

Resposta rápida: não. Resposta longa: não, de todo!

Estás a gozar-me!?

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Mortos sem valor de mercado | Carlos Matos Gomes

Desenvolvemos uma sociedade onde tudo — mas tudo — tem um valor de mercado. Onde não existem pessoas, mas produtos e consumidores. Tudo é mercado. Esta é a civilização que criámos. O coronavirus expôs os fundamentos dessa “descivilização” que tem como farol os Estados Unidos da América e a Big Apple, Nova Iorque, como capital. Nós, os portugueses e os europeus, pertencemos a essa civilização. Quando o presidente dos Estados Unidos aponta o dedo à China como responsável pela pandemia está a dizer que a “nossa” civilização perdeu, apodreceu, está a reconhecer: A nossa Maçã está podre!

Há dias a comunicação social da nossa civilização mostrava a sede do império — Nova Iorque, a Grande Maçã, a metrópole que não dorme, a da Wall Street, a Bolsa que impõe o valor dos produtos no mercado, a Lota Mundial — a enterrar mortos do “vírus chinês” em valas comuns abertas por escavadoras, porventura chinesas, ou japonesas, ou coreanas, operadas por hispânicos! Conclusão a tirar da confissão de Trump: a China obrigou o nosso império a enterrar os seus mortos sem valor de mercado em valas comuns. Para aí vão os que, no Império do Mercado, não têm dinheiro para pagar um seguro privado de saúde, um fundo privado de pensões, um funeral como os que aparecem nos filmes, num campo relvado e música de fundo! As mesmas valas onde, provavelmente, há uns anos foram enterradas as vacas loucas, aquelas que sofreram uma degenerescência neurológica, ou os frangos da gripe aviária, ou os porcos da peste suína (que veio de Hong Kong) que também já foram sacrificados por não terem valor de mercado.

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É sempre no amor que pouso os ramos | Maria Isabel Fidalgo

É sempre no amor que pouso os ramos
e nele planto acácias ou faço florescer
rosas e cerejas no inverno gélido.
Dir-me-ás que repito as flores e os frutos
que massacro de primavera os versos
que soletro gorjeios violáceos
para falar de amor.
E eu dir-te-ei que sim
que é sempre no amor que pouso os ramos
e que nele colho o sémen a bússola a maravilha.
Porque o amor faz-me dançar nas árvores altas
faz-me correr nos bosques
castiga-me de estrelas
traz-me um tempo de palavras cálidas
nas cordas do frio rigoroso.
Por isso,
é sempre no amor que pouso os ramos
e crescem-me galhos de aves no coração.

maria isabel fidalgo

O MELODRAMA | Eduardo Pitta, in Facebook

Toda a gente se lembra da noite do primeiro domingo de Agosto de 2014, quando Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, anunciou em directo a «Resolução» do BES. O Grupo Espírito Santo implodia em horário nobre e das cinzas do BES nascia o Novo Banco.

Nunca tal se tinha visto na Europa. Embora previsto pelo BCE, foi uma estreia absoluta. No dia seguinte ficou a saber-se que mais de metade dos ministros (era o Governo Passos & Portas) tinham assinado na praia.

Passaram seis anos. O Fundo de Resolução, constituído pelos Bancos a operar no país, enterrou 3,9 mil milhões de euros no Novo Banco. Mas a venda ao Lone Star, em 2017, não exonerou os compromissos contratuais. Dito de outro modo, os Governos de António Costa não podem assobiar para o lado. Há poucos dias foram mais 850 milhões, devidamente inscritos no OE 2020. Mas ainda faltam mais mil milhões.

Encenar uma ópera-bufa a pretexto de uma verba inscrita no Orçamento de Estado (ou seja, um diploma escrutinado por todos os deputados, aprovado por uma maioria deles, promulgado pelo Presidente da República, referendado pelo primeiro-ministro e publicado em «Diário da República»), não lembra ao Diabo. Abstenho-me de comentar a polémica em torno de gaps de comunicação.

A Direita, no seu conjunto, e uma parte significativa da Esquerda, julgou ter chegado o momento de abater Centeno, que ainda esta tarde, ouvido no Parlamento, foi claro: «Os senhores fizeram na praia a mais desastrosa Resolução da história da Europa…»

Rui Rio pediu a demissão do ministro das Finanças. Deputadas do BE e do CDS deram pinotes de corça. Pivôs de telejornal salivaram com o desfecho da reunião que à mesma hora juntava Centeno e o primeiro-ministro.

Tudo acabou em anticlímax: os dois abandonaram juntos a residência oficial e uma nota esclarece: «O primeiro-ministro reafirma publicamente a sua confiança pessoal e política no Ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno.»

Eduardo Pitta

Retirado do Facebook | Mural de Eduardo Pitta

27) – C19 Upshot | Como será o nosso futuro pós-pandémico. Economistas, investidores e CEOs sobre como o coronavírus mudou para sempre o mundo | Manhattan deserta se trabalhar em casa se tornar a norma | Paulo Querido

🌐 – Bloomberg // Como será o nosso futuro pós-pandémico. Economistas, investidores e CEOs sobre como o coronavírus mudou para sempre o mundo.Alguns analistas dizem que o fundo está próximo, mas poucos esperam que a economia volte ao estado anterior à pandemia. Prepare-se para um alívio maciço da dívida, mais intervenção do governo, aumento das tensões China-EUA e, pelo lado positivo, mais mulheres na força de trabalho.

Que se passa?

A Bloomberg pediu a várias personalidades mundiais da economia, finança e política o seu melhor palpite sobre como as nossas vidas serão fundamentalmente mudadas.

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26) – C19 Upshot | Uma abordagem estratégica para a pesquisa e desenvolvimento de vacinas COVID-19 | Pela conquista de novos direitos laborais na pandemia | Paulo Querido

💉 Lawrence Corey et al – Science Magazine // Uma abordagem estratégica para a pesquisa e desenvolvimento de vacinas COVID-19Os coronavírus têm um genoma de RNA de fita simples com uma taxa de mutação relativamente alta. Embora tenha havido alguma deriva genética durante a evolução da epidemia, as principais alterações não são extensas até o momento, especialmente nas regiões consideradas importantes para a neutralização; isso permite um otimismo cauteloso de que as vacinas projetadas agora serão eficazes contra cepas circulantes daqui a 6 a 12 meses.

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Nasceu um movimento que junta os dois lados do Atlântico para combater o populismo

Yanis Varoufakis, Rui Tavares, Bernie Sanders, Naomi Klein, Noam Chomsky e Fernando Haddad são alguns dos nomes do movimento de esquerda que acaba de ser criado.

Nasce esta segunda-feira no mundo virtual a Internacional Progressista. Em causa estão dois movimentos , dos dois lados do Atlântico, que se juntam num online para gritar pela justiça dos povos. A ideia junta o pensamento do senador Bernie Sanders à ação politica de Yanis Varoufakis.

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25) – C19 Upshot | Não tenhamos ilusões quanto ao capitalismo verde: precisamos de uma visão de decrescimento | Em que dados do Covid-19 podemos afinal confiar? | Paulo Querido

💚 Guilherme Serôdio e Hans Eickhoff – Público // Não tenhamos ilusões quanto ao capitalismo verde: precisamos de uma visão de decrescimentoParece que não há coragem para pensar ou liderar a necessária luta ecológica pela transição da sociedade. Será que uma análise verdadeiramente ecológica, sóbria, corajosa e profunda do problema “não vende”?

A situação atual é assustadora

Os autores consideram urgentemente ter a coragem e a humildade de questionar posicionamentos que se defenderam durante vidas inteiras. É preciso ter a coragem de aceitar que não devíamos, nem “relançar a economia”, nem andar como loucos à procura de soluções tecnológicas que resolveriam magicamente os nossos problemas.

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24) – C19 Upshot | A pandemia e a recolonização do tempo | O relato de uma doente que sobreviveu ao novo coronavírus | Paulo Querido

🕰️ Çiğdem Boz e Ayça Tekin-Koru – Social Europe // A pandemia e a recolonização do tempoA expansão do tempo livre durante a crise poderia levar a uma reavaliação do lazer e a uma esfera pública revalorizada.

Que se passa?

Um texto deveras interessante: as autoras debruçam-se sobre um efeito inesperado do confinamento, a valorização do que entendemos por tempos livres. O lazer é entendido hoje como tempo livre. Esta é, no entanto, uma versão diminuída do lazer na tradição aristotélico-marxista. Para os gregos antigos, lazer não significava perder tempo. Pelo contrário, era a forma ideal de autonomia temporal para exibir as virtudes superiores: bondade, verdade e conhecimento.

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A Censura no Estado Novo de 1926 a 1974 | Jorge Alves

Todos sabemos, talvez alguns mais novos desconheçam, que o Estado Novo dos infelizes tempos da outra senhora amordaçava a Comunicação Social então existente com a Censura. Ou seja, não existia de todo liberdade de imprensa. Salazar e o seu seguidor, Marcelo Caetano, montaram uma imensa teia por todo o País e pelas colónias que visava não deixar passar nos jornais, na Rádio e na Televisão tudo o que pudesse ser em desfavor do regime. Essa teia, que actuava em estreita colaboração com a famigerada PIDE/DGS, era tecida por militares e civis afectos aos fascistas, que então controlavam tudo e todos neste nosso Portugal.

Vamos então ver como actuava a Censura, por quem era formada e o ridículo de boa parte das suas actuações?

Vamos então por partes. Nada ia para o prelo ou para o ar sem primeiro passar pelo crivo da Censura. Os senhores militares designados para o efeito, refastelados nos seus cadeirões, tudo viam e analisavam. E não só artigos, mas também peças de teatro ou argumentos de cinema. Tudo tinha de estar conforme aos desígnios do senhor professor Salazar, que Deus Nosso Senhor e a Virgem Maria o abençoassem. Pelo menos era o que dizia sua eminência o senhor cardeal Cerejeira. À cintura não traziam arma, mas sim um lápis azul com que riscavam isto e aquilo. Por vezes riscavam simplesmente tudo. E quem eram esses homens? Geralmente oficiais superiores do Exército, na reserva ou no activo, que encontravam assim, as mais das vezes, um excelente pretexto para não serem destacados para a Guerra Colonial. E além disso ganhavam mais do que os seus pares. Raros foram os civis que integraram esse triste serviço. E quando isso sucedeu claro que eram reputados fascistas que geralmente integravam a Legião Portuguesa, guarda pretoriana do regime, e, na sua componente política, afectos à União Nacional, o partido único do regime.

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23) – C19 Upshot | O contrato racial da América está à vista | Covid-19: A vacina é o próximo campo de batalha | Paulo Querido

⚔️ Adam Serwer – The Atlantic // O contrato racial da América está à vistaA pandemia expôs os termos amargos do contrato racial americano, que considera certas vidas de maior valor que outras. Quando percebeu quem o vírus mais matava, a administração Trump relaxou o combate.

Hipocrisia racial tornada política

A epidemia de coronavírus tornou visível o contrato racial de várias maneiras. Uma vez que o impacto desproporcional da epidemia foi revelado à elite política e financeira americana, muitos começaram a considerar o aumento do número de mortos menos como uma emergência nacional do que como um inconveniente. Medidas temporárias destinadas a impedir a propagação da doença restringindo o movimento, obrigando o uso de máscaras ou impedindo grandes reuniões sociais tornaram-se tirânicas. A vida dos trabalhadores na linha de frente foi considerada tão inútil que os legisladores querem aliviar os seus empregadores da responsabilidade, mesmo quando os forçam a trabalhar em condições inseguras. No leste de Nova York, a polícia agride moradores negros por violar regras de distanciamento social; na parte baixa de Manhattan, distribuem máscaras e sorrisos para pedestres brancos.

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DIA DA VITÓRIA SOBRE O NAZISMO | 9 Maio de 1945

Soldado hasteia bandeira soviética no telhado do Reichstag, a sede do Parlamento alemão, em 9 de maio de 1945 – Foto: Yevgeny Khaldei

“O mundo nunca viu maior devoção, determinação e auto-sacrifício do que o que foi mostrado pelo povo russo e pelos seus exércitos … Com uma nação que, ao salvar-se, está assim a ajudar a salvar todo o mundo da ameaça nazi, este nosso país deve sempre sentir-se feliz por ser um bom vizinho e um amigo sincero no mundo do futuro.”

Franklin Delano Roosevelt

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Fino

Projeto Adota um Avô

Jovens Voluntários | Projeto “Adota um Avô”
O projeto “Adota um Avô” pretende juntar jovens e idosos a fim de combater a solidão nesta fase de quarentena. Esta iniciativa nasceu em Abrantes, mas queremos expandi-la por Portugal.

Em cada Família há um jovem voluntário e um sénior que conversam e se aproximam durante este período de isolamento social. O jovem voluntário é responsável por ligar ao seu Avô adotado para conversar e fazer companhia. Durante o período de quarentena é completamente proibido o jovem e o sénior encontrarem-se, pelo que o contacto é sempre feito por telefone. No final do projeto, depois da quarentena acabar, o objetivo é organizar um convívio entre os netos e avós, por localidade.

Por segurança, ao jovem só é dado o primeiro nome e contacto do idoso e vice-versa. O custo das chamadas telefónicas que o voluntário faz para o avô ficam a seu cargo.

Se tens entre 18 e 30 anos e queres ajudar a atenuar a solidão de um idoso, este é o projeto ideal para ti!

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScXuzpJk9WU_9ycJh-wen1BizzrFsT5f6JTeVGRhmwEA_B6mA/viewform

22) – C19 Upshot | O “barril de pólvora” das residências para idosos de Madrid, Rumo a um rendimento mínimo europeu | Paulo Querido

👵🏻🦠 Julio de la Fuente – ctxt.es // O “barril de pólvora” das residências para idosos de MadridApenas 5% dos lares e 12% das suas vagas são administrados diretamente pelo governo regional, facto que se mostrou essencial no combate à pandemia, uma vez que, sem capacidade real de controlo, foi muito difícil dar resposta rápida aos pedidos recebidos das administrações.

O horror espanhol explicado

Relacionando o relato cronológico da pandemia em Espanha com as respostas, sobressaem duas explicações que, juntas, não deixam margem para dúvidas. O fraco controlo das estruturas residenciais para idosos por parte das autoridades de Madrid e a lentidão em aceitar que a pandemia existia levaram ao descalabro na região (mais que no resto do país).

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Corrupção, ideologia e ética | Texto de há dois anos* | Carlos Esperança

A corrupção é suscetível de atravessar todo o espetro partidário, mas a sua incidência é mais marcada em partidos que ocupam o poder, dependendo a perceção da liberdade de informação, que só os regimes pluripartidários consentem, enquanto a ética assume um carácter pessoal, havendo, em qualquer partido, militantes impolutos e venais.

A necessidade de financiamento dos partidos e a proximidade dos grupos económicos, com porta giratória entre os governos e as empresas, promovem a corrupção, enquanto a perceção depende da comunicação social e, sobretudo, dos interesses que ela defende.

O poder judicial devia ser o garante da investigação imparcial e do julgamento isento de todos os crimes, sem prejuízo do julgamento político que cabe à AR e aos cidadãos, mas a promiscuidade que parece haver entre alguns agentes e a comunicação social tem sido motivo de preocupação com a eventual politização da Justiça.

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Michel Houellebecq | el mundo después de pandemia ‘será exactamente igual’ | in RFI.fr, texto por Alejo Schapire

Houellebecq no cree que nada vaya a cambiar, sino que las tendencias de fondo de la sociedad tecnificada se agudizarán. “En primer lugar, no creo ni por medio segundo en afirmaciones como ‘nada volverá a ser lo mismo’. Al contrario, todo seguirá siendo exactamente igual. 

El más influyente de los narradores franceses de la actualidad publica este lunes una carta en la que reflexiona sobre las consecuencias del coronavirus. El impacto del confinamiento en la escritura, la confirmación de la tendencia de una “obsolescencia en las relaciones humanas” o la disimulación de los muertos son algunos de los temas que aborda, lo que le lleva a decir que el día después el mundo “será el mismo, solo que un poco peor”.

A contramano de quienes vaticinan que ya nada será igual, que la pandemia es una oportunidad para replantearse el mundo y salir mejores, Michel Houellebecq (1956) responde con una risita desesperada que echa por tierra cualquier esperanza.

En una carta titulada “Un poco peor”, el narrador francés resume el estado del mundo tal como lo ve después de la convulsión provocada por la COVID-19.

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O direito ao contraditório e ao ruído | Carlos Esperança

Gosto de quem exerce o legítimo direito de discordar das minhas posições invocando o gosto de pensar pela própria cabeça, na insinuação subliminar de que eu penso com uma cabeça alheia.

Aprecio a alegação contra a denúncia dos crimes cometidos por Hitler, Franco, Pinochet ou Salazar com perguntas retóricas sobre os de Mao, Estaline, Enver Hoxha ou Pol Pot, como se alguma vez tivessem defesa uns ou outros.

Agrada-me o argumento irritado, quanto à denúncia de crimes cometidos por militantes de um qualquer partido, com o desfiar do rol de delinquentes de um partido concorrente, como se a bondade partidária se medisse pela conduta dos militantes.

Regozijo-me com a amnésia dos admiradores de Cavaco, Passos e Portas, que os julgam salvadores da Pátria e responsabilizam o governo anterior pelas suas malfeitorias, como se a crise financeira mundial de 2008 não tivesse existido, e ignorando que a falência de um Estado ou de uma empresa (bancarrota) não se confunde com a fissura numa banca da praça do peixe (banca rota), como há uma década vêm escrevendo.

Mas nada me extasia tanto como os ataques irritados a qualquer governo que não inclua o PSD e o seu apêndice de serviço, o CDS. Há quem, na sua crença, pense que Cavaco é um intelectual e Passos Coelho um académico. É mais um motivo para minha diversão.

Finalmente, resta-me recordar à direita truculenta a satisfação manifestada pela eleição de Bolsonaro, por Paulo Portas, Nuno Melo, Assunção Cristas, André Ventura e Luís Nobre Guedes, para não falar da carta de felicitações que Santana Lopes lhe enviou.

Carlos Esperança

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Esperança

21) – C19 Upshot | No ‘novo normal’, a bicicleta e o andar a pé fazem parte da cidade, Así será el día después del Covid-19, según los expertos de la mayor universidad presencial de España | Paulo Querido

🚴‍♀️ Mário Rui André – Shifter // No ‘novo normal’, a bicicleta e o andar a pé fazem parte da cidadeCom os transportes públicos sob ameaça de perder passageiros, por medo e por restrições às lotação dos veículos, e com o automóvel a não ser uma alternativa sustentável, algumas cidades já estão a olhar para a bicicleta e para o andar a pé como parte do pós-confinamento.

Sumário

O artigo passa em revista algumas mudanças em cidades europeias. Londres e Glasgow, no Reino Unido, tornaram os seus sistemas de bicicletas partilhadas gratuitas para estimular o uso – em Lisboa foi feito o mesmo mas apenas para profissionais de saúde. Também as bicicletas elétricas podem ser úteis, ajudando a descongestionar o trânsito citadino e a melhorar o ambiente. Muitas cidades pelo mundo criaram ou estão a planear criar ciclovias temporárias.

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20) – C19 Upshot | Mulheres com crianças que trabalham suportam a maior carga de stress causado pelo confinamento, What Life Looks Like on the Other Side of the Coronavirus | Paulo Querido

🌐 Cristina Benlloch, Empar Aguado e Anna Aguado – The Conversation // Mulheres com crianças que trabalham suportam a maior carga de stress causado pelo confinamentoAs mulheres não são obrigadas a trabalhar em casa e a cuidar de crianças em simultâneo, mas espera-se que devem tentar facilitar o teletrabalho dos seus parceiros

Que se passa aqui?

Cristina Benlloch e Empar Aguado, professores do Departamento de Sociologia e Antropologia Social da Universidade de Valência, e a cientista-jurista política Anna Aguado estão a realizar pesquisas para aprender como o confinamento afeta o teletrabalho e a conciliação em unidades familiares. Com entrevistas por telefone e uma pesquisa voluntária on-line concluem, entre outras observações, que são principalmente as mães que monitoram a situação escolar de seus filhos e que, em alguns casos, as mulheres precisam facilitar o teletrabalho para seus parceiros.

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Lançamento da Internacional Progressista ! | DiEM25

Na segunda-feira, 11 de Maio, o DiEM25 dá um grande salto na formação da Internacional Progressista com o lançamento da sua nova plataforma digital.

Em Dezembro de 2018, associámo-nos ao Sanders Institute para lançar um apelo aberto à formação de uma frente comum na luta contra um autoritarismo crescente.

O ano que se seguiu foi descrito como uma “Onda de Protesto Global”. De Deli a Paris, de Santiago a Beirute, os cidadãos ergueram-se para defender a democracia, exigir um nível de vida decente e proteger o planeta para as gerações futuras.

2020 é o ano em que unimos estes protestos díspares numa Internacional Progressista, juntando o DiEM25 com ativistas e organizadores, sindicatos e associações de inquilinos, partidos políticos e movimentos sociais para construir uma visão partilhada de democracia, solidariedade e sustentabilidade.

A 11 de Maio, entraremos em direto com o nosso novo website – progressive.international – e anunciaremos os nomes do nosso Conselho consultivo, incluindo rostos familiares como Noam Chomsky e Naomi Klein, políticos como Álvaro García-Linera e Áurea Carolina, pensadores como Arundhati Roy e Nanjala Nyabola, e ativistas como Carola Rackete e Vanessa Nakate.

Com DiEM25 como força motriz da Internacional Progressista, perguntamos a todos os nossos membros: podem doar ao DiEM25 para apoiar os nossos esforços na construção desta frente global?

Damos-vos as boas vindas para se juntarem a nós para darmos vida à Internacional Progressiva na próxima semana!

David

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19) – C19 Upshot | Adiando uma catástrofe na produção de petróleo | Paulo Querido

🐑 Carl T. Bergstrom e Natalie Dean – The New York Times // O que realmente significa a imunidade de grupoTalvez o mais importante seja entender que o vírus não desaparece magicamente quando o limite de imunidade do rebanho é atingido. Não é quando as coisas param – é apenas quando elas começam a desacelerar.

A experiência sueca

A Suécia enveredou por uma política diferente: não confinou a população, aplicando apenas umas frouxas medidas aos idosos. O objetivo: manter a economia a funcionar, esperando atingir rapidamente a imunidade de grupo e apostando que no longo prazo o número de vítimas será idêntico ao dos países que confinaram.

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O Futuro — talvez valha a pena pensar nele | Carlos Matos Gomes

Um vírus fez e faz tremer o planeta. Confinou habitantes de continentes, ceifou mais de 230 mil vidas, até agora, e alterou o modo de vivermos e como vamos viver. Como será o mundo que nos espera após esta crise? Que rumo devemos tomar individual e coletivamente? O jornal espanhol El País perguntou a 75 especialistas e pensadores quais as suas chaves e qual a sua visão para a nova era. Resumi 7 delas, uma por cada dia, que me pareceram mais marcantes, do meu ponto de vista. O link para o artigo encontra-se no fim. Também serve de contraponto à querela bizantina 1 de Maio contra 13 de Maio.

Vai em espanhol, mas parece-me compreensível. Todos hablamos poquito.

1. Reestruturar toda a dívida publica e privada

Así, un virus sin cerebro nos obliga a enfrentarnos a un sencillo dilema: o la zombificación de los bancos y las empresas posterior a 2008 engulle al resto de la economía, o reestructuramos masivamente la deuda pública y privada. Esta es la decisión política fundamental de nuestra época. Por desgracia, nuestras pseudodemocracias la están evitando.

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18) – C19 Upshot | Adiando uma catástrofe na produção de petróleo | Paulo Querido

⛽ Antonia Colibasanu – Geopolitical Futures // Adiando uma catástrofe na produção de petróleoRecém-chamado a intermediar um acordo global sobre cortes na produção de petróleo, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que os cortes americanos são uma prioridade para o país.

Que se passa?

O armazenamento de petróleo está quase no limite da capacidade. O acordo para a extração limitada pode fracassar ou ser insuficiente, o que levaria a uma catástrofe com o preço do petróleo a cair até ao zero neste mês de maio.

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As Fúrias da Televisão — Oresteia e as Erínias | Carlos Matos Gomes

Vejo pouca televisão. A televisão interessa-me mais enquanto meio de manipulação de opinião (a sua verdadeira função) do que como meio de informação ou de entretenimento. Já vi menos. Agora mais, por efeito colateral do cofinamento. Vou percorrendo as estações. Há menos anúncios, logo, menos dinheiro, mais luta interna, mais espaço para cada estação mostrar os seus interiores, a sua alma, a natureza do seu produto e dos seus vendedores. A verdadeira face. Os anúncios são do melhor que as televisões apresentam, juntamente com alguns documentários. Sem anúncios, com poucos documentários, sem a peixeirada à volta do futebol, resta a televisão propriamente dita, sem maquilhagem, entregue ao seu elenco residente e aos seus guiões descarnados como os chifres de um touro que está na arena, às lutas de bastidores que são sempre o recheio mais interessante das peças, sejam farsas sejam comédias, sejam tragédias.

Tenho andado à procura nos clássicos — há tempo para os clássicos em tempos de confinamento, e eles disseram o que havia a dizer de essencial sobre a natureza humana — de referências para o que vai passando pelo palco liso dos ecrãs e imaginando o reboliço nos camarins, nos corredores. As mensagens explícitas e as sublimares. Descobri que todas as estações de televisão exibem perante nós, mais ou menos condenados à assistência, versões da Oresteia, a Triologia de Orestes, peças do dramaturgo grego Ésquilo, que o CCB apresentou em 2018.

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Le Maghreb, Le Machrek et le Portugal | L’œcuménisme dans la vision grecque de la culture ouverte | Jorge Alves

“Le Portugal, pour des raisons historiques et géographiques, ne peut et ne doit pas ignorer l’héritage historique qu’il détient du Maghreb et du Machrek. Nous devons au moins le respecter. Pour une raison simple – il fait partie de notre ADN. Et, mes chers amis, que ce serait bien si nous ne gaspillions pas le capital de sympathie que nous avons dans le monde arabe! Comme je me souviens des regards brillants et pleins d’affection de ceux qui m’ont demandé d’où je venais, dans n’importe quel coin de la Syrie ou de la Palestine, quand j’ai répondu: Portugal.”

[ JORGE ALVES , journaliste ]


Étymologie | Le Maghreb et Le Machrek ( Wikipedia )

Le Machrek peut d’abord être défini par rapport au MaghrebMachreq signifie en effet Levant, par opposition à Maghreb qui veut dire Couchant. Le Maghreb désigne aujourd’hui un ensemble septentrional de l’Afrique, qui correspond aussi à la partie occidentale du monde arabe, entre le Maroc (dont le nom arabe a longtemps été Al Maghrib Al Aqsa, ou le couchant extrême, désormais abrégé en Al Maghrib) et la Tripolitaine (en Libye), en passant par l’Algérie et la Tunisie, voire par la Mauritanie. Quand la péninsule ibérique était sous souveraineté arabe, elle était aussi incluse dans l’appellation Maghreb, de même que Malte et la Sicile.


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17) – C19 Upshot | E depois da pandemia? Dez notas para pensar o futuro | Paulo Querido

🔮 Tiago Barbosa Ribeiro – Público // E depois da pandemia? Dez notas para pensar o futuroSe ninguém tem uma bola de cristal para antecipar as mudanças, há tendências que se desenham no horizonte. Arrisco antecipar muito sumariamente dez delas.

Sinopse

O autor fornece uma lista com o que considera serem as 10 tendências do futuro pós-pandemia. Mais Estado; mais e melhor Europa; mudanças na globalização; reindustrialização; mudança de paradigmas de trabalho; mais uma legião de desempregados; digitalização e desmaterialização; emergência climática; reforço do serviço de saúde como direito fundamental; maior recolha de dados sem menor amplitude democrática; e novas regras mundiais para limitar focos de zoonoses.

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1º de Maio | Sem Novidade | Carlos Matos Gomes in Jornal Tornado

A propósito das comemorações do 25 de Abril – Dia da iberdade, e do 1º De Maio – Dia do Trabalhador. Eu, que não sou encenador, preocupei-me pouco com a encenação das cerimónias. Também não sou tutor de adultos que, para o caso são até dirigentes políticos e responsáveis por si e pela condução das coisas publicas para me preocupar com o seu grau de confinamento, nem de exposição a riscos sanitários. Dito isto, deixando o teatro aos encenadores e as preocupações sanitárias a quem de direito, a começar pelos próprios, interessou-me, enquanto cidadão conhecer o que me tinham a dizer os políticos e os dirigentes das grandes organizações de trabalhadores, afinal aqueles que regulam o nosso presente e devem preparar o nosso futuro, enquanto sociedade num momento de crise, em que tudo, mas tudo, está posto em causa. Desde logo o nosso modelo de sociedade. É sobre o conteúdo dos discursos, ou da falta dele, que aqui escrevo. Se os senhores e as senhoras estavam à distancia regulamentar, se tinham guia de marcha interconcelhia… coisas assim graves não constam do texto.

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Ecumenismo na visão grega de cultura aberta | Jorge Alves

“Le Portugal, pour des raisons historiques et géographiques, ne peut et ne doit pas ignorer l’héritage historique qu’il détient du Maghreb et du Mashrek. Nous devons au moins le respecter. Pour une raison simple – il fait partie de notre ADN. Et, mes chers amis, que ce serait bien si nous ne gaspillions pas le capital de sympathie que nous avons dans le monde arabe! Comme je me souviens des regards brillants et pleins d’affection de ceux qui m’ont demandé d’où je venais, dans n’importe quel coin de la Syrie ou de la Palestine, quand j’ai répondu: Portugal. “

—— / ——

“Portugal, por razões históricas e geográficas, não pode e não deve ignorar a herança histórica que detém do Magreb e do Mashreq. Devemos no mínimo respeitá-la. Por uma simples razão – faz parte do nosso ADN. E, meus caros amigos, que bom seria se não desperdiçássemos o capital de simpatia que temos no mundo árabe! Como me recordo dos olhares brilhantes, plenos de afecto, de quem me perguntava de onde eu era, em qualquer recanto da Síria ou da Palestina, quando eu respondia: de Portugal.”

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Citação | Jorge Alves

Bom dia, amigos.

Desde que, numa qualquer remota aldeia da antiga Mesopotâmia, um sacaninha qualquer pensou que era mais espertalhaço do que os seus vizinhos e começou a contratar os brutamontes do povoado para lhe guardarem as costas, nunca mais o Povo teve paz.

Desde que esse mesmo sacaninha se aliou a um troca-tintas qualquer que amedrontava os vizinhos com histórias de demónios, a vida do Povo passou a ser um inferno. Nunca mais a terra foi do Povo – passou a ser do sacaninha, dos brutamontes que o defendiam e dos troca-tintas dos falsos demónios.

Interrogo-me quando é que nós, o Povo, vamos finalmente correr com o sacaninha, com os brutamontes e com os troca-tintas. A terra é do Povo e para o Povo. Nós, o Povo, estamos cansados, fartos, saturados. Nós, o Povo, dizemos basta! Um bom sábado para todos.

Jorge Alves

Retirado do Facebook | Mural de Jorge Alves 

Notas Soltas – Abril/2020 | Carlos Esperança

Brasil – Ninguém melhor do que o governador de S. Paulo definiu Bolsonaro: “Temos um presidente que não está em plenas faculdades mentais para liderar um país”. Já não estava quando a IURD, o juiz Moro e interesses suspeitos o levaram à vitória eleitoral.

Turquia – Quando um chefe de Estado se torna pirata, não surpreende que retenha um avião, que faz escala no País e leva ventiladores para Espanha, com o argumento de que a carga lhe é imprescindível. A pirataria era o crime que faltava no seu currículo.

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