O LADO ESCONDIDO DESTA GUERRA | por António Ribeiro

A ida de Boris Johnson a Kiev, ao encontro de Zelensky, põe a nu alguns factos que não nos podem escapar.

A versão oficial é a de que Boris foi à Ucrânia num avião britânico, tendo provavelmente aterrado num aeroporto militar polaco próximo de Lublin. E que depois tomou um comboio normal ucraniano até Kiev.

E ninguém soube antes de nada. Nem mesmo uma das toupeiras de Moscovo infiltradas nos altos meios britânicos, coisa que tem imensa tradição. E por que foi às escondidas, enquanto Ursula von ser Leyen foi esta semana às claras? E tudo correu bem.

Além destes casos, há ainda o de Zelensky. A inteligência militar russa também sabe onde ele está e podia acabar com ele, caso quisesse.

Ora nada disso acontece. Porque há uma espécie de entendimento secreto entre as várias potências envolvidas para se conterem nos seus limites. Só pode.

É importante não acreditar em tudo o que se vê e se relata. Nada disto bate certo. E há quem saiba já como este drama vai acabar, embora faltem os pormenores.

Retirado do Facebook | Mural de António Ribeiro

O FUTURO DA UCRÂNIA | por António Ribeiro

Repudio totalmente os ataques das forças armadas russas a complexos residenciais ucranianos e a inúmeras nfraestruturas e bairros residenciais civis, sobretudo no Centro e Ocidente da Ucrânia.

Quem iniciou a invasão em nome da recuperação do Donbass e Lugansk, no Leste, etno-russofilos, não tinha que destruir a maior parte do país. Essa  estratégia de amachucar os civis para impor o medo e a submissão eu pensava estar acabada, pelo menos na Europa.

Tal não significa que a Federação Russa não tenha algumas razões legítimas para a ofensiva de 24 de Fevereiro.

A Ucrânia pode ser UE mas não pode, nem precisa, de ser NATO. A isso parece que já acedeu.

Vivemos melhor sem a Ucrânia na NATO, porque o imenso país é um vespeiro. É legitimo que não sejamos arrastados para um confronto nuclear por qualquer incidente na Ucrânia. O próprio poder de Zelenskyi é fruto de um golpe de Estado congeminado pelos neocons americanos. Não temos que tramar a Europa inteira por causa de lutas políticas e ideológicas que acontecem nos EUA.

Os americanos não podem fazer uma guerra por procuração na Europa, sendo que eles vão faturar em todas as frentes. Vendem armamento sofisticado e caro. Passam a alimentar a Europa de gás e petróleo a preços hiper-inflacionados. No final, entrarão com as suas empresas no processo de reconstrução da Ucrânia destruída. Portanto, vão ganhar bastante e sem risco.

Quem vai pagar a bilionária conta final? A Europa, pois claro, mais a Ucrânia, com os seus cereais.

Mas a Ucrânia tem de conservar Odessa, pelo menos, e bater-se pela internacionalização de Mariupol. Tem de ter acesso ao Mar de Azov e ao Mar Negro.

Quanto à Crimeia, esqueçam. Aquilo foi russo durante séculos e os habitantes falam russo

António Ribeiro | in Facebook

ESTAMOS PRONTOS? – NÃO | por António Ribeiro

Do ponto de vista militar e dos jogos políticos e de confronto militar, os EUA e a NATO parecem-me desta feita um bocado tímidos. E o adjectivo é favor. O que deixa o tabuleiro todo para a Rússia de Putin.

Quando Lavrov diz na Turquia que a Rússia não deseja uma guerra nuclear, ele está implicitamente a ameaçar o Ocidente de que tal hipótese está em cima da mesa do Kremlin.

Quando foi da crise das ogivas nucleares soviéticas em Cuba, Kennedy impôs um bloqueio naval à ilha de Castro. Foi uma jogada de altíssimo risco, mas resultou, Os navios russos não puderam passar com o seu material nuclear a bordo. E Kennedy ganhou o jogo ao bluff comunista.

As actuais elites americanas não têm coragem para tanto. Nem no “no fly zone” sobre os céus da Ucrânia; nem sequer conseguem aceitar que os caças MIG21 polacos possam descolar dos aeroportos militares polacos para patrulharem os céus da Ucrânia.

Essa fraqueza é fatal, porque se Washington não quer ser destruída, o Kremlin tão pouco. Na prática, estamos a ser submetidos a bullying político-militar de uma potência que já não é o que era. Depois deste falhanço, ninguém mais vai confiar no chapéu de chuva americano. Porque não é credível. De facto, “América First”, com Biden ou com Trump (este que aliás tinha telhados de vidro com os russos), significa “a Europa que se lixe e que se desenrasque como puder”.

Retirado do Facebook | Mural de  António Ribeiro

A qualidade global do SNS – Serviço Nacional de Saúde | António Ribeiro

Há quem ponha em causa a qualidade global do SNS a propósito do Coronavirus. Mas uma observação atenta da realidade desmente essa crítica, que é politicamente enviesada e ideologicamente preconceituosa. A abordagem ao surto tem sido eficaz e, acima de tudo, não discriminatória. É fácil criticar, mas este é um país pobre onde muitíssima gente nem sequer contribui para aquilo que consome no SNS. Aliás, o nosso SNS dá excelentes respostas à paridade do poder de compra europeu. Isto é, mal-grado os inevitáveis descontentamentos, alguns justificados, temos muito mais out-puts em termos de resultados do que in-puts para o Serviço. Em matéria de Saúde, Portugal é uma espécie de Escandinávia com pouco dinheiro, mas que funciona. Os adeptos do “antigamente” deviam recordar as antigas “Caixas” e a forma como se morria nos hospitais. Não havia tratamentos adequados, mas morria-se com o consolo de um crucifixo por cima da cama, sem biombo nem coisa nenhuma que resguardasse a privacidade. Tenham algum discernimento nessa análise negativa, porque as pessoas que iam à Caixa eram muito mal tratadas e não voltavam de lá para casa num Mercedes. Ou já se esqueceram de como morreram os vossos Avós. Uma coisa que me irrita neste país é que anda muita gente a fingir que a família era rica há 200 anos. Veneram os antepassados, mas muitos nem sabem quem eram, ou como viviam

António Ribeiro

Retirado do Facebook | Mural de António Ribeiro

QUE VIVA CUBA! | António Ribeiro, jornalista in “Facebook”

che_guevara_fidel_castroPara quem não sabe, não se lembra, ou não viveu nos anos 50/60 do século XX. Em nome da realidade histórica. E independentemente de simpatias ou antipatias políticas. Mas é bom saber, ler e reflectir. Belo texto!

Parabéns ao jornalista António Ribeiro.

Não me sinto o mais indicado para tecer loas a Fidel Castro. Não é que ele não as merecesse e garanto-vos que merecia mesmo! Liderar um país que era miserável em 1960 contra os interesses da mais agressiva superpotência mundial, e tudo isso a apenas 150 quilómetros de Key West (Miami), que em matéria de valores e de estilo de vida é uma espécie de América ao quadrado, não há-de ter sido nada fácil. É aliás obra de gigante, isso podem crer. Nacionalizar os sectores monopolistas americanos (hotéis de luxo, batota casineira, tráfico de droga, prostituição à escala industrial, banca, produção e distribuição de electricidade e exclusivo das comunicações) sem pagar nada aos donos daquilo tudo foi uma empreitada e pêras! Logo a seguir convém lembrar as tentativas de assassinato, a nojenta aventura da Baía dos Porcos orquestrada pela CIA, a questão irresolvida de Guantánamo e, sobretudo, o escandaloso boicote comercial que deixou o país à míngua de tudo, incluindo os sobressalentes indispensáveis para manter máquinas e equipamentos em estado operacional. Muita gente não sabe, ou já esqueceu, que o embargo não era só anti-Cuba, era também contra todas as companhias do mundo inteiro que teimassem em manter negócios com Cuba, em exportar para Cuba, em voar ou navegar para lá, entidades às quais era automaticamente vedado ter relações comerciais com companhias americanas. Uma chantagem política miserável, inumana e desproporcionada, que pretendia esmagar um povo inteiro e estimulá-lo à insurreição contra os seus dirigentes. De maneira que os EUA transformaram-se eles mesmos, a propósito de Cuba, numa imensa “baía dos porcos”.

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