250 anos do nascimento de Beethoven: a vitória do sublime | in esquerda.net

Quem conseguir ligar-se à música de Beethoven terá o privilégio de enfrentar algumas das maiores proezas criativas, intelectuais e sensíveis do mundo da música.

Por Guilherme de Alencar Pinto.

Tudo estava previsto para que este fosse o ano de Beethoven. Com a pandemia em andamento, os 250 anos do nascimento do pobre Ludwig vão tendo como principal celebração o som de “Para Elisa”, desafinado, nos camiões de distribuição de gás que cruzam as ruas semi-vazias. Contudo, nada nos impede de aproveitar este quarto de milénio (que se cumpre no final do ano) para resumir o que nos trouxe um dos compositores que mais contribuiu para definir o nosso vínculo com a arte.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) é talvez o compositor mais influente na história da música. A partir do século XX, a música popular alcançou uma massificação inatingível no seu tempo, mas nesta o influenciador era a interpretação, não a composição, e, além disso, a grande segmentação desse setor impediu que uma figura se destacasse, o que era possível na cultura eurocêntrica do século XIX.

Apenas Wagner (1813-1883) pode fazer-lhe mossa, mas é de notar que a idolatria suscitada por este foi sempre potenciada por uma controvérsia ardente, enquanto o caso de Beethoven é mais parecido com o do seu quase contemporâneo Artigas [NT: militar e político sul-americano, herói das independências argentina e uruguaia], ou seja, tornou-se uma figura quase intocável e reivindicada por todos (na famosa controvérsia entre Wagner e Brahms, ambos fundamentavam as suas posições evocando Beethoven).

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