O que acho do Pedro Nuno Santos? | por Sófia Smirnov

Oque acho do Pedro Nuno Santos? Querem mesmo saber? Gosto do Pedro Nuno, mais jovem, determinado, sem papas na língua nem medo de fugir ao politicamente correto e às regras impostas por uma seita há décadas, uma rede de influências e favores que minou toda a classe política e não há exceções, da esquerda à direita, a anormalidade do panorama político é atroz.

Inteligente, estratega e com experiência política tem mais peso do que possa parecer. Gosto de pessoas com carácter e sem medo e Pedro Nuno Santos é isso mesmo, corajoso e destemido. Falhou, quando entrou no esquema e vícios do próprio partido, nomeadamente ao apoiar a nomeação da mulher como chefe de gabinete do secretário de Estado Duarte Cordeiro. Atenção que tal não é por não considerar Ana Catarina Gamboa como competente. A questão não é essa. A questão prende-se com a ética. Há 30 anos, quando entrei no mercado de trabalho e numa empresa que exigia ética, não era permitido que familiares trabalhassem nas mesmas áreas, por questões que me parecem lógicas. Nada tem a ver com a competência ou com a incapacidade das pessoas conseguirem separar interesses pessoais da ética profissional. Há pessoas e pessoas e ninguém é igual. Tem a ver com probabilidades e, a probabilidade dessa ética ser corrompida, é substancialmente maior quando há relações pessoais. O que temos visto, não só no Governo como no próprio PS, é um absurdo de influências e cunhas entre familiares e amigos. Eu, pessoalmente, se ocupasse algum cargo político, não quereria ninguém da minha família por perto, por uma questão, não só de imparcialidade, como para não me colocar numa situação de fragilidade perante a opinião pública que, no fundo, é o eleitorado. Faz-me confusão, toda esta anormalidade, não só na política como na comunicação social, como na sociedade em geral. Acho, inclusive, que vamos pagar toda esta anormalidade cara, aliás, já a estamos a pagar.

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Pedro Nuno Santos no Comício em Aveiro | Legislativas 2022 | Discurso escrito + Discurso em vídeo

Deixo-vos o meu discurso ontem em Aveiro:

Caros camaradas e amigos,

No próximo domingo, o país vai ter de fazer uma escolha. Uma escolha entre um governo do Partido Socialista e um governo de direita. Os portugueses precisam, por isso, de conhecer os valores em que acreditam os partidos e as políticas que defendem para responder aos problemas do país. Vejamos algumas propostas emblemáticas que a direita apresenta aos portugueses.

– O líder do PSD defendeu num debate televisivo o regime misto de Segurança Social. Isto é, as pensões teriam uma parte financiada pelo sistema público e outra por um sistema de capitalização individual. Este sistema criaria dois problemas graves: primeiro, colocaria parte das pensões dos reformados na bolsa, correndo-se o risco de perder tudo como aconteceu com milhares de reformados americanos a seguir à grande crise financeira; segundo, provocaria um rombo nas contas públicas porque durante algumas décadas o Orçamento do Estado teria de financiar a parte das pensões, dos reformados atuais, que deixaria de ser financiada pelos descontos dos que hoje estão a trabalhar e a descontar. Esta proposta traduz uma determinada visão de sociedade.

– O CDS defende o cheque-ensino. Dizem-nos que isso daria a possibilidade às famílias da classe média de estudarem nos colégios dos ricos. Só não foi capaz de explicar que o que aconteceria era que os preços dos colégios mais caros subiriam na proporção do cheque-ensino e que assim continuariam reservados aos mais ricos. Teríamos colégios privados assim-assim para a classe média e continuaríamos a ter os melhores colégios só para os mais ricos. A única coisa que aconteceria era que o Estado passaria a ter menos dinheiro para melhorar a escola pública e pagar mais aos professores e passaria a financiar o negócio privado de educação. Mas esta proposta traduz uma determinada visão da sociedade.

– Já a Iniciativa Liberal quer convencer alguns jovens qualificados a defenderem o desmantelamento do Estado que lhes permitiu qualificarem-se e, enfim, defende uma taxa única de IRS. Isto é, defende uma reforma fiscal que devolveria mais dinheiro aos mais ricos e menos, ou nenhum, aos que ganham menos. Uma reforma fiscal que em vez de diminuir a desigualdade a aumentaria de forma grave. A redução do IRS para os mais ricos obrigaria a reduzir a oferta de serviços públicos de que beneficiam todos os portugueses – que, depois, teriam que ainda gastar dinheiro a comprar esses serviços no privado, sujeitando-se a todas as arbitrariedades. Também aqui o maior problema é que esta proposta traduz uma determinada visão da sociedade.

  • Camaradas e amigos, o que atravessa todas estas propostas da direita portuguesa é uma visão profundamente individualista da sociedade. É a ideia que as pessoas se interessam, aliás, se devem apenas interessar com as suas vidas; a ideia de sociedade de cada um por si, sem querer saber o que acontece aos outros. É por isso que dá tanta centralidade ao mercado; e é por isso que nunca fala de desigualdades. Acredita numa sociedade de vencedores e vencidos, em que o sucesso de alguns é o insucesso de muitos.
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TAP | Comunicado do Ministério das Infraestruturas e da Habitação | Ministro Pedro Nuno Santos

A TAP atravessa um momento de grande dificuldade. A pandemia que atingiu com violência todo o mundo e todas as atividades económicas teve um impacto particularmente intenso no setor de aviação e em todas as companhias aéreas mundiais. Acresce que a TAP era, antes da pandemia, uma empresa com um elevadíssimo nível de endividamento e um conjunto de ineficiências que a colocavam em desvantagem competitiva em relação a alguns dos seus mais diretos concorrentes.

Sem intervenção pública a TAP não sobreviveria. A falência da companhia seria uma perda irreparável para a economia portuguesa do ponto de vista das ligações aéreas de Portugal ao mundo, das compras a outras empresas portuguesas e das exportações. Não será por acaso que nenhum país europeu deixou a sua companhia de bandeira ir à falência. Num país periférico no quadro europeu, mas central na ligação aos continentes americano e africano, uma companhia aérea de bandeira é fundamental. Mas também a recuperação económica que todos ambicionamos, e o setor do turismo, em particular, dependem de uma companhia aérea como a TAP pronta a suportar essa recuperação.

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Plano de reestruturação. “Se falharem as negociações em Bruxelas, a TAP é liquidada” | Ministro Pedro Nuno Santos | Texto de André Freire

Muitos parabéns ao senhor ministro das infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, pela excelente entrevista que deu ontem, 11-12-2020, na SICN, 23-24h, no horário habitual do Expresso da Meia Noite. Primeiro, pela forma vigorosa e contundente como desmascarou e contrariou um estilo de “entrevista jornalística” hoje muito em voga, não apenas na SICN (estes são apenas campeões, mas é geral), em que os jornalistas se comportam como opinadores num debate (no caso o diretor de expresso, João Vieira Pereira, e José Gomes Ferreira), emitindo opiniões (geralmente eivadas de uma vertigem populista, anti estado e anti político, de forte recorte neoliberal, defendendo tudo e o seu contrário) e impedindo amiúde o entrevistado de falar, para emitirem as suas opiniões…. Segundo, porque o plano de restruturação da TAP é muitíssimo duro e difícil, sobretudo para um governo de centro-esquerda e um ministro da ala esquerda do governo, e o Pedro defendeu-o com muita coragem, clareza e frontalidade! Terceiro pela preparação técnica que demonstrou à exaustão e pela forma como evidenciou também à exaustão a importância estratégica da TAP para o país! Quarto, pela defesa clara e inequívoca como defendeu o papel do Estado na companhia, contra o canto de sereia da vertigem neoliberal de privatizar tudo o que mexe, negando porém a rotunda falsidade de que o Estado queria o controlo total da TAP e fez sair os privados: estes é que, perante as dificuldades, “não quiseram colocar mais um tostão na TAP” e preferiram vender a sua posição ao Estado!

André Freire

Retirado do Facebook | Mural de André Freire

ENTREVISTA | VIDEO DA SIC NOTÍCIAS

https://sicnoticias.pt/economia/2020-12-12-Plano-de-reestruturacao.-Se-falharem-as-negociacoes-em-Bruxelas-a-TAP-e-liquidada

A minha resposta ao CDS sobre a TAP | Pedro Nuno Santos

“A TAP não estava a ser bem gerida, mesmo antes do Covid. 800 milhões de euros é a dívida da TAP.
Pergunto-lhe senhor deputado João Gonçalves Pereira (CDS): Um empréstimo de 350 milhões garantido pelo povo português vai resolver o problema da empresa? 350 milhões acima de 800 milhões de dívida que já tem? Se a empresa não pagar, o empréstimo é de quem? É o povo português que paga. E se é o povo português que paga, é bom que seja o povo português a mandar. A partir deste momento a conversa Com a comissão executiva tem de ser feita fora do quadro do acordo parassocial, pelo Estado soberano.

Retirado do Facebook | Mural de Pedro Nuno Santos

 

A social-democracia para além da “terceira via” | Pedro Nuno Santos in Jornal “Público”

I

Num momento em que social-democracia está em forte retrocesso político em toda a Europa, o Partido Socialista em Portugal é uma exceção. Sem pretender dar lições a outros partidos da família social-democrata – cada partido opera num contexto nacional com oportunidades e constrangimentos específicos –, precisamos compreender o que nos permite ter hoje níveis de apoio popular elevados.

Como venho defendendo, a decisão tomada em 2015 de procurarmos construir com a esquerda parlamentar uma solução de governo maioritária, alternativa à viabilização de um governo de direita, pode ter salvo o PS do destino de outros partidos europeus da mesma família política.

A solução traduziu-se num programa político que restituiu a esperança de uma vida melhor a muitos portugueses. A configuração inédita da nova maioria enriqueceu a democracia, trazendo para a esfera governativa partidos que representam cerca de um milhão de portugueses. Mas foi o seu programa, que promoveu a recuperação de rendimentos e direitos, o crescimento económico e a criação de emprego, por um lado, e o respeito por quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira, por outro, que gerou o nível de apoio de que o PS dispõe atualmente.

Teria sido bem diferente se tivéssemos feito o que alguns, mesmo dentro do PS, consideravam natural: a viabilização de um governo minoritário do PSD/CDS. Nesse caso, estaríamos hoje, certamente, na posição de outros partidos social-democratas europeus e incapacitados de disputar a liderança governativa em Portugal. Sobretudo, nunca teria sido possível construir com o PSD e o CDS o programa de mudança económica e social e de comprometimento com o Estado social público e universal, base de uma comunidade decente, que foi possível – apesar das diferenças com estes partidos – com o apoio do PCP, BE e PEV.

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Os desafios da social democracia | Pedro Nuno Santos in Jornal Público

1. Em 2015 deu-se uma viragem histórica em Portugal: pela primeira vez na história da nossa democracia a esquerda entendia-se para formar uma maioria que sustentasse um governo. Ganhou a representação democrática: temos uma democracia mais plural, com mais configurações parlamentares disponíveis e sem nenhum partido excluído, por definição, da esfera governativa. O nosso sistema político tem hoje dois pólos distintos, o que promove a dialética entre visões diferentes da sociedade, facilita a escolha do eleitorado e torna mais difícil a emergência de extremismos.

Ganhou também o país: Este Governo e esta maioria estão a mostrar que é possível viver melhor em Portugal e a imprimir mudanças profundas nas políticas públicas. O que estamos a fazer na política orçamental e de rendimentos, na trajetória do salário mínimo, no alargamento de direitos e mínimos sociais, na recuperação dos serviços públicos ou na diversificação do financiamento da segurança social é mesmo diferente do que um Governo apoiado numa maioria de direita faria.

Ganhou, por fim, o PS: com esta solução governativa, aumentou a sua autonomia estratégica. Não está impedido de procurar compromissos alargados em áreas específicas (como as de soberania), mas deixou de estar obrigado a governar com a direita.

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