“Simplificar a língua” dá origem a um pensamento no presente, limitado ao momento, incapaz de projeções no tempo.

“O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, passado simples, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado, etc.) dá origem a um pensamento no presente, limitado ao momento, incapaz de projeções no tempo.

A generalização do uso do primeiro nome, o desaparecimento das letras maiúsculas e a pontuação são golpes fatais na sutileza da expressão.

Remover a palavra “miss” não é apenas renunciar à estética de uma palavra, mas também promover a ideia de que entre uma menina e uma mulher não há nada.

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos oportunidade de elaborar um pensamento.

Estudos têm demonstrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de colocar emoções em palavras.

Quanto mais pobre a língua, menos pensamento existe.

Não há pensamento crítico sem pensamento. E não há pensamento sem palavras.

Como construir o pensamento hipotético-dedutivo sem dominar o condicional? Como podemos encarar o futuro sem conjugação com o futuro? Como apreender uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, bem como a sua duração relativa, sem uma linguagem que diferencie entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que pode acontecer e o que será depois do que poderia acontecer?

Se há um grito de guerra a ser ouvido hoje, é aquele dirigido aos pais e professores: deixem os vossos filhos, os vossos alunos, os vossos alunos e os vossos alunos falarem, lerem e escreverem.

Ensine e pratique a língua nas suas mais variadas formas, mesmo que pareça complicada, especialmente se for complicada.

Porque neste esforço está a liberdade.

Aqueles que explicam o tempo todo que é necessário simplificar a ortografia, expurgar a língua de seus “defeitos”, abolir gêneros, tempos, nuances, tudo o que cria complexidade são os coveiros do espírito humano. «

Retirado do Facebook | Mural de Hélène Pereira