O ARGUMENTO, por José Gabriel

Retirado do Facebook | Mural de José Gabriel

A direita portuguesa reuniu os seus melhores cérebros – eu sei, eu sei, mesmo os melhores não são grande coisa, mas quem dá o que tem…

Dizia eu, então, que estiveram reunidos os melhores da direita. Quase não eram precisas luzes naquela sala: o fósforo emanado pelos neurónios dos presentes, iluminavam tudo. Poderia cantar-se aquela dramática canção “a sala estava toda iluminada/muita gente convidada…”. 

E qual era o motivo de tão grada reunião? Encontrar uma linha estratégica para a campanha eleitoral. Era preciso encontrar um modo de atacar em profundidade e com inteligência o líder do PS.

Da violência deste ataque resultaria, não só a derrota desse partido mas, vantagem não desprezável, a criação da percepção de risco que levasse um número significativo de eleitores da esquerda propriamente dita a cair na esparrela do “voto útil” no PS o que, se poria em risco a “vitória”, desarmaria, em termos parlamentares, os partidos mais sólidos da oposição e, segunda vantagem, inviabilizaria coligações de esquerda, já que estas só são possíveis se esses partidos tiverem representação significativa. 

“Que se lixe! Temos a gente da televisão, temos a confiança dos idiotas que tudo nos perdoam, temos os opinadores a soldo. Para que estamos com estas merdas todas?” – bradava um dos presentes menos dotados em elegância retórica. 

Os sobrolhos dos mais exigentes ergueram-se, o ar de censura carregou a sala. Não que o homem não tivesse dito a verdade, mas, que diabo, tinham de ostentar outra qualidade na argumentação, outra classe.

Continuaram a meditar. Murmuravam-se ideias, estratégias, golpes – de asa, claro. Então alguém se ergueu e clamou: 

– “Achei!!”

Perguntado sobre o que tinha achado, explicou, tropeçando nas palavras, tal o entusiasmo: 

– “Dizemos, repetimos, mandamos dizer que o Pedro Nuno Santos é igual ao Sócrates. Assim, não só o associamos à figura mais abominada do PS, como escondemos, eh, eh, no meio do ruído, as tropelias e negociatas aqui do nosso Luís.”

Foi o entusiasmo geral. Abraçaram o génio. Aquilo sim, era politologia do mais fino recorte. Ainda restava filosofia política no seio da direita!

E assim estamos. Franzindo, circunspectamente o semblante, já os melhores pensadores – por assim dizer – começaram a comentar esta semelhança. Não dá para grandes reflexões, posto que, se o entrevistador/moderador não for amigo, a coisa não dá para muita conversa. Mas dá cartazes – parecidos com os do Chega -, dá palavras de ordem, dá berros de manifestantes – pagos e não pagos -, enfim, a inteligência política em movimento. 

Aprende, Platão! Aprende Aristóteles! Aprende Maquiavel! Aprende Rousseau! E todos, todos…A grandeza mora aqui.

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