Pronto, passei-me. Esgotou-se-me a paciência, Paulo Querido, 30-9-25

O PS, se acaso conseguisse travar aquele acordo da imigração (o que é no mínimo extremamente duvidoso, porque o PSD não quer ter nada a ver com o PS, está há anos, para não dizer décadas, a bramir contra o socialismo, na sua guinada à direita), estaria a colocar mais um prego no seu caixão.

O PS precisa de mais rua. O PS precisa de renovar o seu tecido dirigente. Se não o fizer, está a colocar mais um prego no seu caixão.

O PS deve demarcar-se frontalmente, inequivocamente, das políticas específicas da direita e da extrema-direita, que são as mais comuns neste Governo. Deve delimitar o seu espaço, mostrar as suas propostas, com toda a calma, com a calma de quem sabe que a mudança de ciclo é inevitável – e, dados os desmandos deste Governo, e a sua absoluta incompetência, será mais breve do que pareceria em condições normais, ou seja, se fosse um Governo minimamente competente.

O PS TEM DE aparecer aos olhos do eleitorado como uma alternativa, não como uma muleta ou um parceiro. 

Vivemos tempos assaz perigosos para a democracia? Sim, vivemos. Mas a ideia de que o PS fica dentro do arco do poder colaborando com as forças que a estão a minar e destruir, é uma ideia peregrina.

O país democrata precisa de resistência, não de colaboracionismo.

O país real precisa de ter uma alternativa de boas políticas, não de uma muleta de cozinhados duvidosos com um parceiro que manifestamente tem outras preferências.

Eu pasmo com a quantidade de socialistas que ainda não percebeu que o atual PSD (e por atual vamos situar a tendência dominante dos últimos 15 anos, pois isto não vem de ontem nem do CH) NÃO QUER conversas com o PS, não quer a centralidade governativa.

Eu pasmo com a quantidade de cidadãos que não percebeu em toda a sua extensão o significado da abertura do PS a um governo negociado à sua esquerda (e não sou crítico: considero esses dois governos como o melhor período governativo deste país depois de Sócrates). A extensão é: a partir daquele instante, o outro partido de poder está legitimado para fazer o mesmo.

E está a fazer. Pasmo que pensem que isso é revogável.

Reality check: a bancada do PS é a terceira força política e a esquerda não tem força para impedir que a direita altere o perfil do sistema.

Percebo a tentação de procurar chamar o PSD ao centro, mas vamos ser francos: o PSD não quer nada disso, está a milhas, não precisa, tem o que quis desde a sua fundação mas não podia confessar.

2 thoughts on “Pronto, passei-me. Esgotou-se-me a paciência, Paulo Querido, 30-9-25

  1. Parabéns pela excelente analise, sobre o PS não vai ser com estes actuais dirigentes que o PS mudar, aos anos que defendo um purga dentro dos próprios partidos não só no PS como nos restantes partidos, há dirigentes que pararam, no tempo e há os que apenas se servem dos partidos para seu beneficio próprio.

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