AS GLÓRIAS QUE VÊM TARDE JÁ CHEGAM FRIAS, por PAULO MARQUES in Facebook

Veja-se o que aconteceu a Luís de Camões (1524 – 1580), que se situa hoje entre os grandes poetas líricos de todos os tempos. Grande entre os grandes. Apesar da tença anual de quinze mil réis (que se calcula que equivalessem hoje a cerca de duzentos euros), por três anos, que lhe foi concedida por Dom Sebastião, após a publicação de “Os Lusíadas”, nos últimos anos de vida confrontou-se com gravíssimas dificuldades materiais. Valeu-lhe o auxílio de Jau, o seu escravo negro, que pedia esmola pelas ruas de Lisboa, de modo que o amo não vivesse na mais indigna miséria. Só lhe colocaram a coroa de louros quando menos necessitava dela…

P.S. Ironicamente, depois de morto, com o passar dos anos, Camões tornou-se uma glória nacional e “Os Lusíadas” foi considerada a obra máxima da cultura portuguesa. O que levaria Almada Negreiros, em “A Cena do Ódio”, a emitir este comentário fulminante: «a pátria onde Camões morreu de fome/ e onde todos enchem a barriga de Camões.»

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