O Governo é isto, por Raquel Varela, 18-7-2025

A política do Governo é expulsar a antiga classe média de trabalhadores, hoje proletariado, para os bairros sociais, e tirar dos bairros sociais, onde estão cerca de meio milhão de pessoas a viver, os trabalhadores migrantes da construção civil e limpezas, logística. Esta política é apoiada pelas leis aprovadas pelo PS, PSD, IL, e partido fascista Chega.
Não há nenhuma proposta do Governo, nem de nenhuma autarquia, para a habitação, nem para o SNS, vamos ter em breve milhares de pessoas a viver em barracas e um aumento crescente da mortalidade.

Todas as leis – não palavras – do Governo (e da UE, diga-se) são para construir casas de milhões, e garantir um mercado de doentes aos grupos CUF, LUZ, Lusíadas. Vejamos: a colocação, no mercado mundial, de solos e habitações de Portugal faz com que haja milhões de potenciais compradores para estas casas, sejam fundos imobiliários (e isto é outro nome para Bancos), seja na forma de poupança temporária de classe média do norte da Europa, que tem uma segunda casa aqui para apanhar sol, seja na forma de hotéis (exportação). O alojamento local tem o seu papel, mas não é o principal. O centro é que o país está literalmente à venda a quem tem muito mais. São estrangeiros (imigrantes ricos) com dinheiro e accionistas bancários com milhões.

Os imigrantes que trabalham, pobres, devem ficar sob uma lei férrea, que nem a família lhes permite ver (não a podem trazer, não têm dinheiro para a visitar) para construírem estas casas, grande parte delas na belíssima zona rural e agrícola circundante de Lisboa, Porto e Algarve. Zona rural que será em poucos anos destruída (Oeiras Valley até já mudou de nome e agora tem este pomposo titulo imobiliário inglês). Trata-se de um processo geral de pilhagem, em que o Chega e o PSD cospem nos imigrantes, que constroem as casas, que são vendidas a estrangeiros, tudo com o apoio envergonhado do PS, e sem pudor da IL.
Sobre a saúde, vai morrer mais gente enquanto não se subirem os salários no SNS e houver carreiras com equipas e gestão democrática. Os médicos estão no privado a maior parte do dia, onde os doentes são todos os dias recusados. E Ana Paula Martins vai sair, depois de ter feito o que está no seu programa, entregar as PPPs a estes grupos privados, e certamente fazer carreira numa qualquer empresa de venda da área da saúde, onde fará o que fez como Ministra, ser CEO, ou seja, distribuir dividendos, lei-se, lucro com doentes, frágeis, necessitados.

Precisamos de maturidade, para deixar de acreditar em mentiras, e passar a agir organizadamente, a política tem que ser feita por todos os que vivem do trabalho. Não pode ser abandonada a um grupo de profissionais, das classes dirigentes. Todos temos que ser dirigentes, essa é a democracia. De outra forma isto vai ser um gigante Allgarve, ou seja, uma agência de trabalho temporário, barracas e grávidas abandonadas ou mesmo, como é possível, bebés prematuros mortos em ambulâncias, à porta de hospitais privados abertos e de públicos fechados.

Se alguém que me lê faz parte dos que acham que a culpa é dos imigrantes, faça-me um favor, e deixe-me de me ler, porque eu sou tolerante com os defeitos e erros, acho o erro o estado normal da nossa vida, do nosso dia a dia, não sou de apontar erros nem gosto de punições. Só há uma coisa que eu não suporto – cobardes. Gente submissa aos ricos, poderosos, CEOs, banqueiros e homens armados, e brutal com quem vive do trabalho. Gente dessa não entra na minha casa, nem pela TV.

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