A GUERRA NA UCRÂNIA E O POSICIONAMENTO SOBRE A MESMA | por Francisco Henriques da Silva

“Estamos a viver tempo conturbados e que nos podem conduzir ao abismo. A situação assume, neste momento, uma gravidade que dispensa, creio eu, grandes comentários. A eventualidade do conflito alastrar e entrar numa fase ainda mais perigosa, inclusive com recurso a armas nucleares, pode, a prazo, tornar-se inexorável. Quem ainda não se apercebeu disso, está – passe a expressão – a dormir na forma.

Estas questões são altamente preocupantes, pois está em risco o futuro da própria Humanidade. Haveria, de algum modo, forçar as partes a sentarem-se à mesa e entabularem negociações, obrigando os tambores de guerra ao silêncio. Esta tarefa é imperativa.

É preciso não nos esquecermos que no quadro actual existem culpas de parte a parte e resta determinar “quem atirou a primeira pedra”, se é que isso agora interessa. Quem invadiu o território da Ucrânia, sem declaração de guerra, contra a Carta da ONU e, portanto, à margem do direito internacional? Ou quem perseguiu a minoria russófona, violando continuamente os respectivos direitos humanos e, por outro lado, pretendeu integrar uma aliança militar (NATO) susceptível de ameaçar a segurança da própria Rússia? Todos nos podemos posicionar quanto ao bem fundado destas duas posições (muito sinteticamente apresentadas, diga-se de passagem) e é difícil optar por qualquer das partes em confronto (para mim, que pretendo pensar sobre o assunto em todas as suas múltiplas vertentes e em termos das respectivas consequências, é verdadeiramente impossível fazê-lo). Como diplomata que já fui, em suma, a meu ver, constatam-se violações do direito internacional, quer da Rússia, quer da Ucrânia. É mais do que óbvio.

Como referia um amigo que muito considero e que não vou citar “a racionalidade abandonou os decisores políticos.” É uma verdade de La Palice que não vale a pena escamotear nem comentar.

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