Realpolitik | um conceito fora do discurso atual | por Carlos Matos Gomes

Hoje, a propósito da guerra na Ucrânia e perante a ditadura do pensamento único e da opinião instantânea, da técnica do dispare uma condenação antes de pensar, lembrei-me de ir a uma Enciclopédia Britânica que anda aqui por casa e ler o que ali se diz sobre um conceito que desapareceu do discurso da comunicação social: Realpolitik.

Reza a Enciclopédia Britânica (tradução minha): Realpolitik, política baseada em objetivos práticos e não em ideais. A palavra não significa “real” no sentido inglês, mas sim que conota “coisas” — daí uma política de adaptação às “coisas” como elas são. A Realpolitik sugere, assim, uma visão pragmática e objetiva e um desrespeito pelas considerações éticas . Na diplomacia, a Realpolitik é frequentemente associada à busca implacável, embora realista, do interesse nacional.

Pensadores conceituados como Maquiavel e Nietzsche defendem a Realpolitik como um tipo de realismo político segundo o qual as relações de poder tendem a abafar todas as pretensões de fundamentação moral, num tipo de ceticismo moral análogo ao do argumento de Trasímaco na República de Platão. (Trasímaco, personagem de a República, para quem a justiça não é nada mais do que a “conveniência do mais forte”).

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