E o terramoto habitacional ainda vai no adro | Francisco Louçã, in Expresso

Um dos aspetos interessantes da evolução do discurso político é a franqueza com que alguns interesses sociais são hoje enunciados. É um novo padrão: em vez da universalidade, mesmo que camuflando uma divisão (“os portugueses de bem”), notam-se agora deslizes para estratégias do pionés. Veja-se o exemplo dos liberais: o seu pionés são os donos do Alojamento Local, a quem prometem mais dinheiro. O do governo é mais vasto: quer uma subida prolongada do preço da habitação, para seduzir este setor dos empresários do AL, de promotores imobiliários e de construtores de luxo e beneficiar o turismo, que entende ser o destino de Portugal. O resultado é um terramoto habitacional e o debate recente sobre uma medida – a proibição de compra de casa por não-residentes que não sejam emigrantes – faz luz sobre o assunto.

Se o mercado existisse, funcionaria?

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