Thomas Piketty | anda por aí um novo Marx | Jornal Público

SÉRGIO ANÍBAL
Anunciado por uns como o “novo Marx”, mas acusado por outros de ter renegado o trabalho do autor de O Capital, Thomas Piketty agitou o debate político e económico nos Estados Unidos e na Europa com um alerta: a actual sociedade capitalista está cada vez mais parecida com o mundo desigual do século XIX descrito por Jane Austen e Honoré de Balzac.

. Darcy não é de muitas falas e faz tudo para manter uma figura misteriosa, mas há algo sobre ele que toda a gente sabe: o seu rendimento anual é desde a morte do seu pai e continuará a ser até à sua própria morte de mais de 10 mil libras. É esse rendimento garantido, uma verba astronómica inalcançável pela grande maioria, que lhe permite uma vida inteira sem trabalhar e que o torna uma oportunidade única de ascensão social que nenhuma jovem pretendente de mente sã deve rejeitar. Mr. Darcy é uma personagem criada por Jane Austen em 1813 e representa a classe alta da sociedade britânica do início do século XIX, onde o mérito e o esforço de cada um estavam longe de ser vistos como passaportes para o sucesso financeiro.

Mr. Gates não é uma personagem de um livro. Criou a Microsoft em 1977 e acabou por se tornar o homem mais rico do mundo. Nos últimos anos, parece estar a fazer tudo o que pode para ficar com menos dinheiro. Deixou de trabalhar, vendeu quase toda a sua participação na Microsoft e entregou 29 mil milhões de dólares à sua fundação. Mas, mesmo assim, a fortuna não o deixa. Está avaliada actualmente em 79 mil milhões de dólares, um valor que é 16 mil milhões mais elevado do que era há dois anos.

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Imposto sobre fortunas é preferível à austeridade | Thomas Piketty in Expresso

o-governo-e-a-lavagem-de-dinheiro-5(…) A melhor opção, diz o fundador da École d’Économie de Paris, é um imposto extraordinário progressivo sobre o valor líquido das fortunas acima de €1 milhão, com uma taxa de 1% entre 1 e 5 milhões e de 2% acima de 5 milhões, aplicado ao longo de um período de tempo como medida fiscal de emergência. (…)

A taxa anual progressiva sobre as fortunas (avaliadas em termos líquidos, insiste o autor para não assustar as classes médias) acima de €1 milhão, poderia abranger, no caso da União Europeia (UE), uma minoria de 2,5% da população adulta e permitir uma arrecadação fiscal anual na ordem de €300 mil milhões, equivalente atualmente a 2% do PIB. Essa taxa deve aplicar-se a todo o tipo de ativos detidos por esses escalões de contribuintes.

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