“O veto no Conselho de Segurança precisa acabar”, propõe Ramos Horta | por Jamil Chade

José Ramos-Horta surpreendeu quando, em setembro, subiu ao púlpito da ONU e levou um discurso de esperança. Para ele, o país que preside, o Timor-Leste, é a prova que anos de conflitos podem ser substituídos por um exemplo de convivência.

Em entrevista exclusiva ao Portal Vozes, o vencedor do Prêmio Nobel da Paz e atual chefe de estado do único país de língua portuguesa da Ásia conversou sobre o futuro da ONU, a ruptura de confiança entre as potências e o papel que o Brasil pode desempenhar na construção de um novo multilateralismo.

Mas, acima de tudo, ele propõe o fim do poder de veto para os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Só a ampliação do órgão não será suficiente.

Para ele, a fratura entre as grandes potências é, hoje, muito profunda. “O Conselho de Segurança é quase irrelevante”, alertou.  

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A realidade dos interesses e a hipocrisia do moralismo de conveniência — Palestina | por Carlos Matos Gomes

O que está a acontecer na Palestina é apenas mais um episódio sangrento do processo que teve início com a criação do Estado de Israel e que prosseguirá até este ser um Estado sentinela, habitado por eleitos que se reclamam da superioridade de raça e religião, com uma só história, um só deus. O primeiro massacre desta longa história de violência é, se me recordo, o que ficou conhecido por Deir Yassin, de 1948, ainda antes do fim do mandato britânico, quando milícias sionistas massacraram cerca de 150 refugiados palestinianos desarmados. O mais conhecido dos massacres talvez seja o de Sabra e Chatila, em 1982, no Líbano. Este recente “episódio” terá, de particular, a conjuntura internacional com a emergência de novos poderes mundiais, de redistribuição de fontes de energia, de moedas de troca, da multiplicação de focos de instabilidade em várias partes do globo que obrigam as grandes potências a dividir forças e a abrir “janelas de oportunidade” a potências regionais.

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25 de Novembro e rigor histórico | José Pacheco Pereira

“O 25 de Abril foi uma data fundadora que acabou com 48 anos de ditadura, e com três guerras coloniais, em Angola, Moçambique e Guiné. Foi um acontecimento de dimensão mundial. O 25 de Novembro foi uma data correctora, comparável à derrota do golpe de 11 de Março, que teve o mesmo papel.”

25 de Novembro e rigor histórico
Quem foi derrotado no 25 de Novembro? Há dois derrotados: a 25, claramente a extrema-esquerda militar; a 26, todos os que queriam usar a derrota do dia anterior para proibir o PCP.

Um militar na Presidência? Gouveia e Melo em primeiro na sondagem SIC/Expresso

Henrique Gouveia e Melo é o nome preferido dos portugueses para ser o próximo Presidente da República. De acordo com a sondagem do ICS/ISCTE para a SIC e Expresso, o Almirante é o mais popular entre o eleitorado de direita e à esquerda só é ultrapassado por António Costa.

Os Amantes”, 1933 | Konstantin Somov

(…) Sim; apaixonar-se é um talento maravilhoso que algumas criaturas possuem, como o dom de fazer versos, como o espírito de sacrifício, como a inspiração melódica… Nem toda a gente se apaixona e aqueles que têm essa capacidade não se apaixonam por qualquer um. O divino acontecimento ocorre apenas quando se reúnem certas e rigorosas condições. Muito poucos podem ser amantes e muito poucos amados.

— José Ortega y Gasset, no livro “Ensaios Coligidos: Para uma Psicologia do Homem Interessante”. (Revista de Occidente, Julho de 1925).