Siza Vieira: “A habitação de qualidade é um direito para todos, não depende de muito dinheiro, é uma questão política” | Expresso

No dia em que se inaugura a Ala Siza Vieira no Museu Serralves, no Porto, uma grande entrevista com o arquiteto que continua a desenhar, à mão, encontrando caminhos para os projetos que tem na cabeça. Siza Vieira, com uma longa carreira de trabalho, reconhecida com vários prémios, entre os quais o Pritzker, em 1992, e o RIBA, em 2009, não poupa críticas ao estado da arquitetura e o desprezo a que é votada – situação que se reflete, também, no problema da habitação.

Encontramos o arquiteto Álvaro Siza Vieira no atelier, no Porto, numa sala com janela para o Douro. Com 90 anos, recentemente comemorados, continua a ir ao atelier e a trabalhar em projetos – atualmente tem obra na China e “duas casinhas” na Foz. Critica o “desprezo a que o arquiteto e a arquitetura” são votados, as leis que asfixiam a obra e a saúde dos ateliers. Para ajudar as pagar as contas admite que os objetos que assina fora da arquitetura, como relógios e mais recentemente roupa de ganga, são uma ajuda. Tem oito projetos candidatos a Património Mundial da UNESCO, seis dos quais no distrito do Porto. Conversámos a pretexto dos 50 anos do Expresso, cuja exposição nessa semana chegou à cidade.

Na Fundação Gulbenkian em Lisboa está uma exposição sobre a Piscina de Leça, que mostra vários desenhos seus. E há um esquisso que tem um círculo em volta…

… Isso, foi para aí há 60 anos… Se lhe mostro um caderno percebe… O caderno agora está muito desorganizado, porque eu também estou muito desorganizado. Tenho de tomar muitas notas de obras que tenho fora. E muitas vezes, entre notas várias, interessa-me uma particularmente, e ponho uma roda. Mas esse desenho já é antiquíssimo… é de 73, mas já é uma segunda fase da piscina, porque a piscina começou em 62.

Este momento em que faz este círculo à volta de um desenho, é quando encontra a resposta que procura?

Não necessariamente. É uma fase, um estudo, que eu quero destacar para não me esquecer. Porque, como muitas vezes está no meio de outros, aquele é que me interessa é que é importante para o desenvolvimento do projeto que estou a fazer. Quando se tem na cabeça três ou quatro projetos, é complicado. É preciso tomar notas e tal. Atualmente, ainda mais, porque a memória já não é o que era.

É a sua realidade virtual?

Tem de ser. A arquitetura não vive de pormenores bons, vive da relação entre tudo. Muito importante é a relação entre o interior e o exterior. Quando eu abro esta janela é porque me interessa esta luz e esta vista e é porque, conforme a distribuição do interior, é onde interessa ter uma janela. A gente tem de ter na cabeça um todo para desenhar, depois em pormenor, qualquer elemento.

Para ler este artigo na íntegra clique aqui

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.