O IMPÉRIO JÁ NÃO SE ESTÁ A EXPANDIR! | por Hugo Dionísio

Com a entrada em 2024 e no âmbito da guerra tecnológica que os EUA moveram à China, para que esta não se desenvolva, pelo menos tão depressa, os Países Baixos revogaram algumas licenças de exportação de impressoras litográficas da ASML.

A ASML, que tem vindo a perder terreno no mercado chinês – o maior do mundo – e a sofrer, financeiramente, com a decisão de aplicar, num primeiro momento, as sanções de Washington, decidiu, já no final do ano de 2023, retomar todas as exportações.

Perante o facto e cedendo às pressões de Washington – depois dizem que o 1.º ministro neerlandês é de extrema-direita e o Biden não é -, o governo do país europeu, decidiu, ele próprio, impedir a ASML de vender as suas impressoras para a China.

Esta decisão, que deixa em muito más condições a ASML, como a decisão de aplicar sanções, já deixou em más condições a Samsung, Intel, Qualcomm, Micron e outras, será, como sempre, insuficiente para impedir o desenvolvimento da superpotência asiática.

Com um crescimento de 5.2% em 2023, a China contrariou todas as sanções, bloqueios e mau ambiente movido pelos EUA. Se alguma coisa fará, é despoletar ainda maior resiliência e esforço da nação oriental. Como sucedeu com muitos outros, esta lógica desesperada das sanções, nos últimos anos, deixou de bloquear os países, para, antes, os libertar de uma certo adormecimento à sombra de tecnologia cara, mas fácil, vinda do ocidente.

Já a Rússia, que cresceu quase 4% em 2023, depois de previsões ocidentais que iam dos -0,3 aos 1,5%, demonstrou que a era das sanções atual, mais não é do que a era do desespero. Um desespero que leva o poder hegemónico a jogar tudo o que tem, à pressa, de forma contingente e sem estratégia que não seja a de impedir o crescimento alheio.

Este acontecimento prova, só por si, o quão falaciosos, mentirosos e vazios são os pilares do neoliberalismo e do consenso de Washington. O “mercado livre” é um chvão que só serve quando os EUA estão por cima. Quando não o estão, até aos vassalos aplicam sanções. Também demonstra que, como diz Emanuel Todd, no ocidente colectivo já não existem “estados-nação”, só vassalos de uma civilização neoliberal liderada pelos EUA. Daí que, mesmo contra as pretensões e a racionalidade económica exigidas pela ASML, o governo neerlandês se tenha visto obrigado a obrigar, a empresa, a encetar uma espécie de suicídio económico, que vai ficar registada nos anais da história humana, como o “suicídio económico induzido por terceiros”, que, nesta caso, são os EUA e que, a seguir à Alemanha, ameaça produzir mais vítimas.

Se algo prova, também, esta situação, é que: 1. o império já não está em expansão (ontem José Goulão disse isto mesmo na MultipolarTv), tomando, apenas, decisões que visam impedir a queda e não visam a expansão; 2. A adesão ao império já não constitui um factor de segurança ou desenvolvimento (como quando estão em expansão), mas de sofrimento e degradação.

É nesta altura que nos damos conta de que a mudança vem a caminho e é irreversível. Acontece quando o “velho” já não responde ás necessidades e, pelo contrário, atrapalha o nascimento do “novo”.

O que não está em expansão, está em decadência, é uma lei da vida!

Hugo Dionísio

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