Como eu vejo as coisas | Francisco Seixas da Costa

Os debates, numa eleição com algumas caras novas na linha da frente, podem vir a ter alguma importância. Mas só alguma. Pressente-se que a esmagadora maioria dos eleitores já sabe bem em que “lado” vai votar.

Alguns, da brigada azeda e biliosa tentada pelo “é preciso dar cabo disto tudo!”, ainda estarão algo hesitantes entre o Chega ou o reforço do seu PSD de sempre, o único que sabem que pode oferecer-lhes o governo. Do outro lado do espetro, há quem hesite em renovar o voto no PS. Uns porque se sentem tentados a dar uma oportunidade ao Livre ou à nova liderança do Bloco. Outros, de um setor mais dado à prudência, é gente que ainda não percebeu bem se o novo líder pretende deslocar o partido do lugar onde tem estado e que, no fundo, lhes dava algum conforto.

Pelo meio, há ainda outros que também se interrogam. Não houve, pelas bandas socialistas, algumas trapalhadas desagradáveis? Claro que sim, mas também há que lembrar, do outro lado da balança, que, na pandemia e na crise económica que lhe sucedeu, quando o país tremeu, o governo esteve onde devia estar, transmitiu a confiança e a segurança necessárias. E deixou as contas certas, o que não é de somenos. Está bem, mas não há ainda muitas outras coisas, nos serviços públicos, que continuam a correr menos bem? É bem verdade, mas também há que pensar que os professores e os médicos terão ido longe demais no seu egoísmo corporativo e isso, somado a outros fatores, não deixa de ter efeitos negativos na eficácia de serviços que deles dependem. Ou também acham que os polícias e os agricultores na rua, nesta precisa ocasião, é uma mera obra do acaso? Tudo considerado, contudo, sente-se que algumas pessoas ainda que não parecem decididas em transferir para Pedro Nuno Santos a confiança que um dia tiveram em António Costa. Mas será isso suficiente para as fazer mudar de “lado”? É que, quando olham para a alternativa potencial, imagino que algumas devam perder o apetite… Daí a importância da campanha, dos debates, para ajudar a um separar de águas, mesmo por cima do ruído dos debates. Esta é uma eleição que ainda vai ter muito mais demagogia, “fake news” e mentirolas gordas, com uma comunicação social (algumas televisões já nem disfarçam nada!) que, em grande parte, já juntou os trapinhos com o lado do costume e irá continuar a fazer títulos de arromba para tentar levar a água ao seu moínho. Enfim e no fim, que seja o que os eleitores quiserem, esperando eu, naturalmente, que uma maioria deles venha a querer o que eu quero. Mas que fique claro: se outra maioria decidir ir por um caminho diferente do meu, estará no seu pleno direito! Foi para isso, foi também para eles (mesmo para os que dele não gostam), que se (e o “se” aqui é reflexo) fez o 25 de Abril.

Retirado do Facebook | Mural de Francisco Seixas da Costa

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