A extrema-direita faz parte do sistema — não se assustem! | por Carlos Matos Gomes

As campanhas eleitorais que se estão a desenvolver em vários países europeus têm um tema central que as máquinas de propaganda se encarregam de dramatizar até ao limite, a bem das audiências e do entorpecimento dos cidadãos em geral: a extrema-direita entra nas contas para os governos ditos democráticos e é um perigo para a democracia ou não?

A questão lembra-me as sessões de luta-livre americana, em que há sempre um vilão e os resultados estão decididos à partida. Todos, os lutadores, o árbitro e os empresários, os locutores e comentadores, os treinadores fazem parte do espetáculo. Os jogos que as televisões portuguesas têm apresentado em direto são programas de entretenimento e adormecimento: fazem de conta que existe um mau da fita e que este coloca em perigo a liberdade de decisão dos cidadãos e a sua intervenção nas decisões tomadas em seu nome. O mau da fita representa o seu papel de arruaceiro e o público assobia, ou aplaude.

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Poema | Maria Isabel Fidalgo

Louvo sempre o mais que tenha

que foi a sorte a ajudar

e não ligo a quem desdenha

que quem fala quer comprar

Acredito no que vejo

para poder não gostar

mas descreio do desejo

que morre de esperar

E louvo a minha  riqueza

por ter mais que o necessário

e  abomino a avareza

de quem não é solidário

Creio na leal amizade

quando dela eu preciso

e como é doce a bondade

que vem dentro de um sorriso

E louvo quem nada espera

mas em mim sempre acredita

como  um sol de primavera

quando a vida ressuscita.

A MULHER ATENIENSE | In Presente de Grego

A discussão do papel da mulher na sociedade não é atual. 

É antiga e presente no pensamento ocidental desde a Antiguidade. 

Na Grécia, Sócrates, Tucídides e Plutarco nos ajudam a elaborar um breve quadro que compõe o significado da mulher em Atenas.

1. Dentro de casa: 

Sua autoridade doméstica era plena. 

Era a principal responsável pela distribuição das tarefas aos escravos, zelava pela educação da prole, cuidava do preparo e conservação dos alimentos, estava atenta ao vestuário e à saúde dos membros da família. 

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MIGUEL TORGA | DO DIÁRIO – Uma História Triste

Uma história triste agrada sempre. No seu sentido mais profundo, a vida é bela e alegre. Todos nós tivemos já a experiência disso milhares de vezes. Provas sobre provas de que não há primavera sem flores, nem outono sem frutos. Mas, apegados como estamos à aparência de tudo, esquecemos a voz do profundo, e ouvimos deliciados o som da superfície. Temos o vício da tristeza.
Diário (1946)

Retirado do Facebook | Mural de Maria José Diegues