NATUREZA E PODER: GIORDANO BRUNO E SPINOZA |  de Saverio Ansaldi

Existe sem dúvida entre Giordano Bruno e Spinoza uma “afinidade eletiva” que vai além de qualquer tentativa de estabelecer uma filiação filológica ou uma derivação textual entre os dois autores. Com efeito, independentemente de uma certa “convergência” biográfica (perseguição por parte de autoridades políticas e religiosas, exílio, reputação sulfurosa dos escritos), Giordano Bruno e Spinoza partilham questões filosóficas e questões de grande importância conceptual.

Com efeito, para além de uma hermenêutica de origem idealista e historicista que pretende sublinhar uma forte homogeneidade conceptual entre Giordano Bruno e Spinoza, parece-nos que estes dois autores procuram responder à mesma e extremamente precisa questão: quais são as consequências antropológicas da infinitização da natureza? Esta questão é, por assim dizer, imanente aos temas e tensões que regem as suas respectivas filosofias e ao mesmo tempo está implícita nos conteúdos e debates que caracterizam a cultura filosófica do seu tempo.

As consequências antropológicas da infinitatização da natureza tornam-se particularmente evidentes, tanto em Bruno como em Spinoza, quando nos concentramos na noção de “poder”. Em primeiro lugar, o que significa a afirmação de um poder infinito dentro de um universo infinito, ou seja, de uma produtividade natural inesgotável que abole os princípios da transcendência divina? O que significa pensar em Deus nas coisas?

A teoria da imanência obriga assim Bruno e Spinoza a inscrever esse poder na própria eficácia da realidade e a definir as propriedades e características de uma produtividade infinita agindo dentro de processos naturais e moldando assim a totalidade do universo.

Fonte: Texto retirado da SINOPSE

Retirado do Facebook | Mural de Marcos Bazmandegan

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