A sociopatia e a compreensão das reparações coloniais | por Carlos Matos Gomes

Nem quero imaginar quanto vai pagar a Espanha ao Iraque, ou à Siria,de reparações pela Mesquita de Córdova e pelo Alhambra de Granada, obras dos árabes que vieram de Damasco e da Mesopotâmia com Abderramão, o príncipe fugitivo, e chegaram à Península Ibérica através do Norte de África!

A proposta de reparações coloniais feita pelo presidente da República causou perplexidade a quem ainda é dado a surpresas e interrogações a quem procura estabelecer relações de causa e efeito nas suas atitudes. De um modo geral serviu para alimentar os comentadores e entreter os programas das televisões após as eleições. O elenco do “circo comentarial” dividiu-se entre malabaristas do Bugalho e ilusionistas do Marcelo. O que terá levado o senhor prior Montenegro a elevar o menino de coro a cónego da sua confraria em Bruxelas e o mestre de fogos-de-artifício de Belém a sacudir a esfarrapada passadeira que se desenrolou de Lisboa ao Índico durante cinco séculos?

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Paulo Portas: “É muito extraordinário que Portugal tenha conseguido refazer as relações com as antigas possessões”

“Portugal foi o último império europeu e teve que se readaptar em 50 anos às suas circunstâncias geostratégicas, mantendo as alianças e reencontrando destinos. 50 anos no tempo histórico é quase nada”, considera Paulo Portas.

Em entrevista a Maria João Avilez, no podcast “Eu estive lá”, no Observador, Paulo Portas sublinhou que “é muito extraordinário que Portugal tenha conseguido refazer as suas relações com as antigas possessões, que são Estados independentes e soberanos onde, em alguns casos, houve guerra”. E sobretudo que tenha conseguido, “com um grande consenso e estabilidade na política externa”, refazer “as suas relações, não só entre povos, que eu acho até bastante natural, mas entre as autoridades”.

O antigo ministro da Defesa do CDS-PP destaca ainda o facto de Portugal ter “uma política lusófona que faz sentido” – “outra coisa é se podia ser mais eficiente”, resslava.

“Portugal foi capaz de absorver um milhão de pessoas que viviam em África. E isso com enormes traumas e com enormes dores. E ao mesmo tempo com sobrevivência e reinvenção. O que sociologicamente, socialmente e economicamente Portugal absorveu é um feito. É um feito porque noutros casos a tendência teria sido para o conflito, não para a integração e a reinvenção”, diz.

Como Irã e Rússia escapam às sanções do Ocidente | in Revista Planeta

Teerã tem vivido sob embargo por quase 40 anos, e Moscou nunca enfrentou tantas restrições econômicas num prazo tão breve quanto agora. Apesar disso, medidas têm efeito limitado.O Irã sabe, a China sabe e, aparentemente, os Estados Unidos também sabem: apesar das sanções atualmente vigentes contra a indústria petroleira da república islâmica, Teerã tem exportado volumes recordes da commodity a Pequim.

Colunista que cobre energia e comércio de matérias-primas para a agência de notícias americana Bloomberg, Javier Blas explica como isso acontece: “Se você acredita no que o governo chinês diz, eles não estão importando nenhum combustível do Irã. Zero. Nem um barril sequer. Ao invés disso, compram [petróleo] não refinado aos montes da Malásia – tanto que, segundo dados da alfândega chinesa, de algum jeito estão comprando mais que o dobro do que a Malásia de fato produz.”

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A Inconfidência revisitada de Kenneth Maxwell, por Adelto Gonçalves

Nova obra do historiador britânico Kenneth Maxwell analisa a trajetória do Brasil no século XXI e reconstitui a história da conjuração mineira de 1789.

                                                             I
               Uma revisão, praticamente, completa da chamada Inconfidência Mineira – até porque, em História, nunca se pode definir um estudo como completo porque sempre haverá a possibilidade de se localizar documentos esquecidos ou perdidos – é o que o leitor vai encontrar no longo ensaio “Imagined Republics: the United States of America, France, and Brazil (1776-1792)”, que constitui a segunda parte de Brazil in a Changing World Order – Essays by Kenneth Maxwell (Robbin Laird, editor, Second Line of Defense, 2024), obra que acaba de sair à luz na Inglaterra e que, por sua importância capital, está a exigir a sua publicação o mais rápido possível por uma editora brasileira.

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