Joseph Praetorius

Mesmo que haja ideias diabólicas, nenhuma ideia é o diabo.

O liberalismo (novo ou velho) deve discutir-se politicamente e não anátematizar-se. De resto, os problemas que o individualismo encontra no que à organização social respeita, não são tematicamente muito diferentes dos problemas que encontram os socialismos no que aos direitos individuais diz respeito…

Se os socialistas opõem aos liberais o “egoísmo”, estes respondem aos socialistas com a “despersonalização”… Os personalismos solidaristas também não deram grande resultado prático, de modo que estamos onde sempre estivemos e continuaremos a estar, ou seja, continuamos à procura de um ponto de equilíbrio adequado ao momento. Disso nunca nos livraremos.

É preciso encontrar que a prudência encontre a eficácia e a eficácia encontre a prudência. É preciso olhar a utilidade como forma de justiça e a justiça como critério de utilidade imprescindível. 

É preciso conhecer os homens como seres sociais por natureza, não esquecendo que as organizações sociais (também por natureza) são humanas, devendo aprender a não prescindir dessa humanidade (não se divinizam estados, projetos políticos, ou quaisquer formas de organização institucional neste plano).

É preciso aceitar a bondade originária como critério e a maldade originária como perigo. Aceitar a liberdade como dimensão humana da vida e a compatibilização das liberdades como consequência necessária da vida em comum.

São os problemas de sempre, o que muda são os momentos, as fases, os meios, os progressos atingidos, as regressões efetivadas. Isso muda. O que não muda é esta experiência clara de que nada está definitivamente adquirido e de que tudo depende da fidelidade de todos. Não será assim? Não se excomungam ideias. Por mais diabólicas que pareçam, nenhuma ideia quanto à forma de organização política ou social é completamente nova, ou completamente velha.

Não há novidades na Filosofia Política (onde em todo o caso não deixa de as haver): Trasímaco e Cálicles precederam o séc. XIX, ou despertaram de novo no séc. XIX? E Protágoras? E Sócrates?… Estão hoje todos adormecidos, ou estão todos a despertar?

Retirado do Facebook | Mural de Joseph Praetorius

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