O crescimento económico nacional está assente numa total desarticulação territorial, 17-02-2025, in “República dos Pijamas”

Um modelo de modernização fora das áreas metropolitanas, combinado com uma turistificação da Capital, não é sustentável sem políticas direcionadas.

Depois de a economia portuguesa se reerguer da pandemia com taxas de crescimento acima da média europeia, o debate sobre a sua evolução tem sido marcado por pelo menos duas correntes.

Por um lado, os bons números do PIB são contrapostos com o crescimento de setores de baixos salários como o turismo. Como frequentemente argumentado à esquerda e enfatizado nesta newsletter com alguma regularidade, é aqui que reside a crise habitacional que empobrece grande parte dos trabalhadores.

Por outro lado, podemos encontrar uma leitura mais optimista da realidade económica. Geralmente seja menos estruturada, nesta é-nos apresentado um país dinâmico, refletido entre estatísticas ligadas às exportações e casos de sucesso pontuais (p.ex: expansão da Airbus em solo nacional, o fabrico de veículos eléctricos em Mangualde ou novos projetos industrias para Sines).

No final do ano passado, esta perspetiva ganhava tracção no debate público. Primeiro, Pedro Siza Vieira, outrora ministro da Economia de António Costa, argumentava que o baixo crescimento económico do século XXI não deve ser confundido com a estagnação da estrutura produtiva nacional. O ex-ministro alegava que por detrás de uma economia com baixo crescimento, as forças produtivas foram-se ajustando aos difíceis choques (competir com a China e países do Leste europeu, a entrada no Euro, a austeridade da Troika, etc.) e que o crescimento pós-pandemia mostrava Portugal finalmente a colher os frutos de investimentos estratégicos em áreas como a educação, ciência e inovação, enquanto aproveita novas vantagens relacionadas com a geopolítica e energia.

Enquanto à primeira vista esta tese, principalmente baseada em casos pontuais, como da indústria farmacêutica, possa soar a propaganda política, dias mais tarde uma peça do jornal Público parecia corroborar a visão. Em entrevista, José Manuel Mendonça (Investigador Sénior do INESC TEC) citava estatísticas como o investimento privado em Investigação e Desenvolvimento, o aumento da complexidade dos bens exportadores e o superávit na balança de pagamentos tecnológica. Depois de flutuar em valores próximos do zero durante vários anos, a diferença entre valores de exportações e importações de bens com alta tecnologia, dá um salto positivo e inédito no pós pandemia. O Boletim Económico do Banco de Portugal do mesmo mês ia em linha com este diagnóstico, prevendo uma aceleração do crescimento da produtividade nacional nos próximos anos.

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