BURGER KINK, por Fernando Gomes e recebido de João Lacerda

Na Idade Média, a uma povoação fortificada para abrigo das populações das redondezas em caso de ataque inimigo dava-se o nome de ‘burgo’. Esta palavra tem origem no latim burgus que, por sua vez, deriva do protogermânico *burgs (forte, cidadela, cidade fortificada). 

O termo entrou em várias línguas europeias com o mesmo sentido: borgo (italiano), bourg (francês), burcht (neerlandês), burgh (escocês), bury (inglês, língua em que também derivou para borough e brough) e Burg (alemão). Portanto, lugares como Edimburgo, Joanesburgo, Estrasburgo e Luxemburgo nasceram como povoações fortificadas, como indica o sufixo.

É por este motivo que os presidentes de câmara têm, em vários países europeus, a designação de burgomestre (senhor de um burgo). De burgo vem também burguês (habitante de um burgo) e daí burguesia, burguesice, burguesada, etc. 

Numa das terras fortificadas, Hamburgo, surgiu um bife que foi levado por emigrantes para os EUA no século XIX. Inicialmente chamavam-lhe hamburg steak (bife de Hamburgo), mas o nome viria a ser encurtado para hamburger e, mais tarde, para burger. 

Acontece que, no alemão, Burg daria origem a Bürger (cidadão/s). É pois perfeitamente normal que, numa língua desacostumada a tremas, se confunda Bürgerfest (Festa dos Cidadãos) com Burgerfest (Festival do Hambúrguer). Tão normal que aconteceu ontem, simultaneamente, a várias dezenas de deputados.

É justamente devido a essa normalidade que existe um nome para designar quem comete tal deslize: burgesso.

Fernando Gomes

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