Kronos e Kairos, Maria Helena Manaia

Para designar o tempo, a antiguidade grega distinguia duas palavras: Kronos, o tempo sequencial tal como hoje o entendemos, que pode ser medido, repartido em horas, dias, meses, anos; e Kairos, definido como um momento indeterminado, existencial, em que algo de especial  acontece.

Segundo a mitologia, Kronos seria um ser de três cabeças que teria dado  origem ao universo, ordenado em terra, mar e céu; e Kairos estaria intimimamente ligado a Atena (sabedoria) e Eros (amor), ao tempo psicológico, à beleza cristalizada de cada momento, ao ser sem devir.

Hoje, a noção que temos do tempo é a de uma sequência de acontecimentos captados pelos sentidos, que se sucedem de forma lenta, ou rápida, fluindo como a água, associado à influência que tem em nós a alternância entre a luz e a escuridão, o dia e a noite, ou a mudança das estações; mas, também, tudo o que é relativo no tempo e no espaço, potencializador da impressão que nos causa e nos permite viver o presente na mais absoluta plenitude. O tempo que corre e o tempo que apenas é.

A noção de tempo é tão complexa como fascinante. Não tenho pressa de nada, é sempre, cada vez mais, um dia de cada vez, presente, presente, presente…

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