Raquel Varela | Esta minha carta é um convite à ação. É, também, anúncio de um novo projeto editorial. 15/10/2025

A minha dispensa da RTP coincidiu com a apresentação de um programa com comentadores da área da extrema-direita (já quase não há direita), um deles fascista não disfarçado. A nova direcção passou, aliás, pela vergonha pública de o apresentar e, depois, de ter recuar.

Não me surpreende. Como tenho escrito, há um poder de facto AD-IL-Chega cuja linha tem sido a defesa do genocídio da Palestina como “normal”. Isto enquanto na SIC/Expresso se prepara a entrada de capital vindo da extrema-direita italiana, do grupo criado por Sílvio Berlusconi, no grupo de Balsemão.

A democracia formal trouxe-nos a uma situação inédita: quando tinha um só deputado, o líder fascista dominava a comunicação social. Corremos agora o risco de, daqui a uns meses, estarmos a ver programas de TV em que três comentadores dizem para votarem num almirante bonapartista contra um cacique fascista ou, então, no cacique fascista contra o almirante bonapartista. Ditadura mais violenta e menos discreta ou menos violenta e mais discreta – é essa a grande escolha?

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“Presidente não pode ser cavalo de Tróia”. Manifesto de Gouveia e Melo com recados, in RTP

Gouveia e Melo apresentou na quarta-feira o manifesto político da sua candidatura. Uma sessão pública no ISCTE, em Lisboa, cheia de recados para dentro e para fora dos partidos.

A sessão contou também com a presença do mandatário nacional e ex-presidente do PSD, Rui Rio.”Precisamos de um presidente que compreenda o mundo, que tenha uma visão clara, que domine os assuntos da defesa e que saiba orientar o país com segurança e confiança. Sem alarmismos, sem demagogia, mas, acima de tudo, com total transparência. O Presidente não pode ser hesitante, nem um cata-vento, muito menos um demagogo ou populista”, enumerou.

Gouveia e Melo começou por afirmar que “os partidos são importantes na democracia”. “Mas, se não ter ligações aos partidos, é estar fora do sistema, então eu estou fora do sistema. Mas se o sistema é a democracia, as instituições e uma sociedade livre, então é claro que eu faço parte desse sistema”.

Segundo almirante, um dos principais papéis de um chefe de Estado “é acompanhar a governação, com exigência, com equilíbrio e com sentido de Estado”.

“O presidente não pode ser o cavalo de Tróia de qualquer partido. Não está na Presidência para dizer sim a tudo, nem para derrubar governos à primeira oportunidade. Está lá para defender os interesses dos portugueses, para exigir em nome do povo uma governação responsável, que resolva os problemas das pessoas e sirva o bem comum”, rematou.