Eu só queria dizer duas ou três coisas sobre o Bangladesh e acima de tudo sobre os Bangladeshis. Gustavo Carona

O Bangladesh nasce da independência e separação da Índia britânica em 1947. No ínicio chamava-se Paquistão Oriental (era o mesmo país que o Paquistão) mas com a actual Índia pelo meio quer do ponto de vista geográfico quer do ponto de vista geopolítico, em 1971 a Índia por quezílias com o Paquistão, dá um “empurrãozinho” para a independência desse Estado que muda de nome para Bangladesh.

Conheço partes do Paquistão (onde trabalhei) e conheço partes da Índia (onde fiz turismo). Tentar resumir o subcontinente indiano, a sua história, cultura, religiões, cheiros e sabores é impossível e ao mesmo tempo muito prazeroso. Conheci das belezas naturais e culturais mais bonitas que já vi, e acima de tudo adorei as pessoas maravilhosas, bondosas que cruzaram os meus caminhos. E sei que falo dum lugar de privilégio, apesar de viajar sempre de mochila às costas, por ter a sorte de já ter visto tanto mundo… mas só nos conhecemos a nós próprios quando saímos de nós próprios, quer como indivíduos, quer na compreensão da nossa sociedade. É na diferença que nos complementamos e que nos conectamos com o nosso (mais) verdadeiro eu, e não há maior riqueza do que a multiculturalidade em particular quando é uma viagem onde mais interessa… nas pessoas.

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Salazar e a sua obra, Tarrafal – o Campo da Morte Lenta (89.º aniversário) e muito mais, por Carlos Esperança

Urge lembrar o Massacre de Batepá (do português coloquial “Bate-Pá!”) atrocidade das tropas coloniais em S. Tomé e Príncipe, 3 de fevereiro de 1953, em que fuzilaram talvez mais de mil homens, mulheres e crianças, por motivos laborais e mera crueldade; o de Pidjiguiti, cerca de 50 mortos e de 100 feridos, que deu início à luta de libertação da Guiné–Bissau, também por motivos laborais; o de Wiriyamu, na guerra colonial, 16 de dezembro de 1972, com pelo menos 385 mortos da população civil.

Recordar o que foram as mortes em plena rua das cargas da GNR e da polícia de choque da PSP, é uma obrigação cívica, ainda que os requintes de crueldade e sadismo fossem atingidos pela Pide nos interrogatórios e nas masmorras, e nos assassínios arbitrários.

Mas hoje é dia de recordar o Tarrafal, esse campo da morte e da tortura onde a brandura dos costumes, alegada pelo ditador vitalício, era a imagem do regime beato e amoral.

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