🚨 📊 Extrema-direita ganhou terreno em 2025 — mas a democracia ainda consegue dizer não, in “VAMOLÁVER”

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  • Em 2025, a extrema-direita ganhou ou consolidou poder em sete países e registou resultados históricos noutros cinco, marcando a maior vaga autoritária desde os anos 1930
  • Inoculação informativa, políticas sociais e contacto estruturado reduzem significativamente o apoio à extrema-direita.
  • Finlândia reverteu uma vaga de direita radical; captura institucional torna reversão quase impossível.
  • O padrão fatal repete-se: conservadores aliam-se com extremistas pensando controlá-los, são purgados em dois anos, abrindo o terreno para décadas de ditadura
  • Os “cordões sanitários” na Europa Ocidental ainda resistem, mas a pressão aumenta quando 20% dos eleitores são sistematicamente excluídos do poder
  • É urgente aplicar políticas redistributivas e comunicação unitária antes que a janela se feche.

Eu e dois modelos, ChatGPT e Claude, passámos semanas (na escala da inteligência humana; horas na escala da inteligência artificial) a analisar centenas de estudos, dezenas de programas de prevenção e os casos mais recentes de resistência democrática. A conclusão dá esperança — e urgência. Existem soluções com evidência para travar a extrema-direita, mas a janela de oportunidade fecha rápido.

A Finlândia é a prova de que resulta: depois de superar 20% em 2023, o Finns Party colapsou para cerca de 7–8% nas eleições locais/regionais de 2025. Mas por cada Finlândia, há uma Hungria, onde Orbán entrou no poder em 2010 e, após capturar instituições, permanece.

Os números dão pistas claras sobre o que funciona. “Inoculação” informativa — expor pessoas a versões enfraquecidas de técnicas de propaganda — melhora a deteção de manipulação na ordem dos 20–30% em estudos experimentais. Políticas de bem-estar que reduzem insegurança económica diminuem o apelo da extrema-direita entre grupos vulneráveis (desempregados, pensionistas, trabalhadores com vínculos precários). Contacto estruturado entre grupos reduz preconceito de forma consistente (efeito médio r≈−0,20 em meta-análises), inclusive entre perfis de direita autoritária. Parece pouco? Em ciência social, é um efeito robusto e comparável a intervenções consideradas bem-sucedidas noutras áreas. O problema não é falta de soluções; é não as aplicarmos à escala certa e a tempo.

Investigadores como Levitsky & Ziblatt (Harvard) e Mounk (Johns Hopkins) descrevem um padrão recorrente na erosão democrática, em cinco fases:

  1. o público perde fé no sistema;
  2. emergem elites anti-pluralistas com retórica populista;
  3. atacam instituições independentes — tribunais, media, reguladores;
  4. viciam regras eleitorais;
  5. condicionam a sociedade civil.

À medida que avançam, a eficácia da resistência cai a pique. Até à fase 2, ainda há caminhos eleitorais/institucionais relativamente abertos; a partir da fase 3, reverter por “vias normais” torna-se raríssimo.

A Finlândia travou na fase 2: o partido entrou no governo, mas antes de capturar instituições. A presença no executivo expôs incompetência e radicalismo, e as consequências materiais das políticas — cortes que bateram na base eleitoral — abriram os olhos de muitos eleitores. Resultado: derrota histórica em 2025. Pelo contrário, onde a captura institucional avança — Hungria — a competição deixa de ser limpa e a alternância torna-se improvável.

[ Onde está Portugal?, pergunto-me. O CH está na fase 3, com os media perfeitamente domados e uma regulação inócua. Enquanto não passar para dentro de um governo, seu ou do PSD, não poderá viciar as regras eleitorais, o que nos dá algum oxigénio. Mas, preocupações fiquem expressas, o PSD atual não oferece garantias de resistir à tentação de mudar as regras e o PSD que alguns querem que substitua o atual oferece mesmo inquietação. E se o CDS nem olhava para trás no início desse caminho, a nefelibata Iniciativa muito pouco ou nada Liberal que temos não ofereceria nenhuma resistência. ]

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