Beijo, de todos o mais casto | por Manuel S. Fonseca

Bem sei que já estamos em Outubro, a derrapar para Novembro, mas foi Setembro e são estes versos do brasileiríssimo Carlos Drummond de Andrade que acicatam a minha lamentável cabecinha: “Era manhã de Setem­bro e ela me bei­java o membro. Aviões e nuvens pas­savam, coros negros rebramiam, ela me bei­java o membro.”

Eis o beijo que faz explodir em fogo de artificio o imaginário masculino – mesmo o mais empedernido e tóxico representante da masculinidade. Sim, mesmo um ultra cis, hiper hétero tem vontade de fechar os olhos e entoar com voz lírica e num requebro de mariquíssima doçura o verso de Drummond: “e ela me beijava o membro.”  É como ter asas e voar.

Num filme, “Betty Blue, 37,2º le matin”, Béatrice Dalle, talvez a boca mais sensual do mundo nos anos 80, agracia o amado com essa dádiva divina. Béatrice tinha 21 anos e era na vida o contrário do vulcão de sexualidade e aquecimento global que exibe no ecrã: ingénua e pura. E é assim, pura e rebelde, que beija o que beija.

Continuar a ler