Governo vai ouvir partidos e Presidente da República “com vista a considerar” reconhecer Palestina já em setembro, in Expresso

Portugal pode juntar-se a França, Reino Unido, Canadá e Malta no reconhecimento do Estado da Palestina durante Assembleia Geral da ONU

O Governo português anunciou esta quinta-feira que vai ouvir o Presidente da República e os partidos com assento parlamentar “com vista a considerar efetuar o reconhecimento do Estado palestiniano”.

Segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro enviado às redações, o objetivo é que o procedimento possa ser concluído na semana de Alto Nível da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a ter lugar em Nova Iorque no próximo mês de setembro”. Portugal poderá juntar-se assim a França, Reino Unido, Canadá e Malta, países que já anunciaram a intenção de formalizar o reconhecimento do Estado da Palestina nessa altura.

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Reforma do Estado: não virem a casa de pernas para o ar, por Paulo Baldaia, in Expresso, 9 Junho 2025

O Estado Social Europeu é uma conquista histórica que devemos, também em Portugal, à social-democracia, ao socialismo democrático e à democracia-cristã. Não podemos dormir à sombra dos louros conquistados, mas esta foi a casa comum que construímos e não a podemos virar de pernas para o ar. […] Num país em que a taxa de pobreza, antes de qualquer prestação social, é de 40%, imaginar que os problemas se resolvem enfraquecendo o papel do Estado e liberalizando ainda mais a economia é do domínio do delírio e da insensibilidade social

No plano teórico, para falar da reforma de que se fala, até faria sentido começar por redefinir o papel do Estado, estabelecendo um princípio estratégico ou um enquadramento conceptual que direcione as reformas, mas quando está tanta coisa por fazer e se tem muita pressa é mesmo preciso ir devagar. Não sei quanto tempo vai durar a conversa, mas espero que nunca acabe porque reformar o Estado é um processo contínuo que tem de responder aos desafios de cada momento.

Estando muito longe de podermos tomar decisões sobre as áreas de intervenção directa em que faça sentido reduzir o papel do Estado, é espantoso como não falta quem sonhe com a vida da comunidade entregue quanto antes à concorrência entre privados em áreas como a Saúde, a Educação ou a Previdência. Ao Estado ficaria entregue a responsabilidade de cuidar dos desvalidos ou actuar em regiões onde o “negócio” não fosse rentável para os privados. O resultado seria, portanto, uma acelerada deterioração da qualidade de serviços prestados pelo Estado, dando mais razão a esta vontade que está muito mais ancorada no negócio crescente dos privados do que na incapacidade do Estado em cumprir as suas obrigações.

A prometida liberdade de escolha, mesmo assente em políticas públicas inclusivas e com regulação do Estado, é uma falácia. Num país com índices de pobreza como o nosso, o cheque-ensino ou o cheque-saúde serviriam, sobretudo, para ressarcir as classes média-alta e alta dos serviços privados que conseguem pagar. A ideia de financiar diretamente os cidadãos, em vez de financiar as instituições públicas, serve essencialmente quem tem capacidade de investimento. Mais de metade do país ficaria entregue a serviços públicos descapitalizados e seguramente de qualidade muito inferior à actual. Há, portanto, muito trabalho para fazer antes de perguntar ao povo se é isto que o povo quer.

O Estado Social Europeu, que conheceu um período de grande expansão com a prosperidade económica do pós-guerra, é uma conquista histórica que devemos, também em Portugal, à social-democracia, ao socialismo democrático e à democracia-cristã. Temos de resolver problemas que resultam do envelhecimento populacional, da pressão sobre os recursos públicos e da necessidade de modernização das administrações públicas. Não podemos dormir à sombra dos louros conquistados, mas esta foi a casa comum que construímos e não a podemos virar de pernas para o ar.

O objectivo como comunidade tem de continuar a ser o de garantir a todos os cidadãos o acesso a serviços básicos, redistribuindo os recursos para reduzir as desigualdades. Todos os aplausos são devidos aos empresários que fazem funcionar uma economia de mercado como a nossa, mas num país em que a taxa de pobreza, antes de qualquer prestação social, é de 40%, imaginar que os problemas se resolvem enfraquecendo o papel do Estado e liberalizando ainda mais a economia é do domínio do delírio e da insensibilidade social. O Estado tem de ser um factor de desenvolvimento económico e social. E aí há muito a fazer.

É preciso garantir equilíbrio orçamental de longo prazo, para diminuir a dívida e o seu serviço, utilizando o dinheiro poupado nos juros a modernizar o Estado. É preciso reorganizar os serviços públicos para eliminar redundâncias, reduzindo os custos e aumentando a eficiência. É preciso apostar na digitalização e na inteligência artificial para simplificar a relação dos contribuintes (pessoas e empresas) com as administrações públicas, reduzindo a burocracia e facilitando os licenciamentos. É preciso descentralizar competências até ao nível em que a proximidade com os utentes aumenta a produtividade do Estado. Se o governo for capaz de fazer isto, que está tão longe da megalomania dos que julgam estar ao virar da esquina uma economia que se basta a si própria, será o melhor governo de sempre em Portugal.

25 de Abril de 1974, por Helena Pato, activista, ex-presa política, in Expresso, 25-04-2025

Retirado do Facebook | Mural de Paulo Marques

“Em abril de 1974 eu era professora, militante do PCP, ativista da CDE, dirigente dos Grupos de Estudo do Pessoal Docente (fundadores dos sindicatos de professores) e, então, casada com o dirigente político da CDE José Tengarrinha, libertado de Caxias pela Revolução. Neste testemunho não posso prescindir de uma breve referência ao período histórico imediatamente anterior. Porque me confronto, diariamente, com uma espécie de manto de silêncio sobre as atrocidades da ditadura, a troco da exibição da festa dos cravos; e porque, em meu entender, o 25 de Abril não teria passado de um golpe militar, nem chegado ao Largo do Carmo, já com uma revolução em marcha, se não houvesse uma predisposição dos portugueses para o derrube de um regime, cujas políticas vinham tendo crescentes e expressivas respostas populares e das forças da oposição. Como chegámos ao 25 de Abril? Exauridos.

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John Rapley, politólogo: “Os Estados Unidos acabarão por se render à China, mas Trump vai chamar-lhe ‘’a arte da negociação’, in Expresso

Os impérios têm mais ou menos o mesmo ciclo de vida. Num primeiro momento crescem, alimentados pela riqueza que vão buscar às suas periferias; no fim, são por elas tomados. Na Antiguidade, a queda de um império envolvia muitos mortos, muito sangue, muitos anos de luta; hoje, a guerra é a da diplomacia e da economia. O economista político de Cambridge explica o declínio do império ocidental e o que ainda é possível fazer para salvar os valores sobre os quais se ergueu.

Ana França | Jornalista da secção Internacional

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“Deixemos o Luís trabalhar, mas ele tem de decidir onde trabalha”: do “montenegrismo” ao “motosserrismo”, Rui Tavares faz ataque à direita, in Expresso

No encerramento do congresso do Livre, Rui Tavares carregou nas críticas ao PSD, à IL e ao Chega e usou a empresa de Montenegro como arma. Já à esquerda, desejou que “não faltasse nenhum deputado”

Mais do que uma vitória do PS, para tirar Luís Montenegro do poder é preciso que a esquerda cresça ao ponto de conseguir formar uma maioria governativa, tal como aconteceu em 2015. Rui Tavares não só sabe disso como utilizou o discurso de encerramento do congresso do Livre para passar essa mensagem. O porta-voz do Livre atacou o PSD, a Iniciativa Liberal e o Chega e deixou elogios aos “camaradas e vizinhos” à esquerda. O objetivo é mostrar que o inimigo comum está à direita e que a esquerda deve trabalhar em conjunto para inverter a correlação de forças atual no Parlamento.

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E se saíssemos da NATO?, Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 11/04/2025

Nem Portugal nem a Europa têm vantagem em manter-se numa NATO ao serviço dos humores e interesses dos Estados Unidos.

NATO foi a resposta ocidental ao desastre da Conferência de Ialta (na Crimeia russa…), estavam os Aliados encaminhados para derrotar o III Reich. Perante um Roosevelt em estado de saúde terminal e um Churchill mal preparado, Estaline viu reconhecido o direito de abocanhar todos os territórios que, na sua contra-ofensiva até Berlim, a URSS conquistasse à Alemanha nazi.

Assim nasceu aquilo a que depois um despeitado Churchill chamaria a “Cortina de Ferro” — consumada com o bloqueio de Berlim pelos russos em 1948 e a tomada de poder comunista na Checoslováquia no ano seguinte. Para responder a essa ameaça soviética na Europa, a NATO nasceria, assim, em 4 de Abril de 1949, através do Tratado de Washington, uma aliança militar mútua de autodefesa tendo como princípio fundamental o do artigo 5º do Tratado, segundo o qual o ataque a um dos seus membros era um ataque a todos, obrigando à mobilização de todos.

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Para onde vai Mário Centeno? Não faltam saídas a “um dos maiores ativos da política portuguesa”, in Expresso, 04-04-2025

Desistiu de Belém quando o avisaram que seria infeliz no palácio. A terminar o mandato no Banco de Portugal, o futuro de Mário Centeno depende de quem ganhar as eleições. Pode ser reconduzido, ocupar um cargo internacional ou voltar à política. Há um PS que conta com ele. Se a instabilidade apertar, quem sabe?

https://expresso.pt/semanario/revista-e/-e/2025-04-03-para-onde-vai-mario-centeno–nao-faltam-saidas-a-um-dos-maiores-ativos-da-politica-portuguesa-3ba345af

Pequim “sem medo” de Donald Trump, que garante: “Presidente Xi e eu faremos o possível para tornar o mundo mais pacífico e seguro”, in Expresso, 20-01-2025

Tom do Presidente eleito dos Estados Unidos já não é tão agressivo em relação à China. Há temas globais em que convergem e os elogios do regime comunista a Elon Musk sinalizam um novo clima.

A satisfação de um jornal comunista de Pequim pelo “sucesso” do capitalista mais rico do planeta pode parecer fake news. Não é: para o “Global Times”, a fábrica da Tesla em Xangai constitui “um vívido exemplo de como a China e os Estados Unidos podem cooperar e promover uma colaboração mutuamente vantajosa”.

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Ministro garante: nova “lei dos solos” visa mais casas e mais baratas para a classe média, História de Agência Lusa, in Expresso

Controverso decreto do Governo foi avocado ao Parlamento numa iniciativa conjunto do Bloco de Esquerda, PCP e Livre e tem discussão marcada no plenário para o próximo dia 24

O ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, afirmou esta sexta-feira que anova “lei dos solos” foi concebida para facilitar o acesso da classe média à habitação, colocando no mercado “mais casas e mais baratas”.

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Terá Espinosa inventado a modernidade? Um ensaio de Rui Tavares, in Expresso, 18-10-2024

O homem certo no lugar certo, quiçá no tempo errado. Judeu português obrigado a fugir para a Holanda, foi vilipendiado em vida, mas tornou-se um dos maiores pensadores da História.

https://expresso.pt/semanario/revista-e/-e/2024-10-17-tera-espinosa-inventado-a-modernidade–um-ensaio-de-rui-tavares-2db09f78

Burocracia encrava construção modular de habitação, in Expresso, 26-12-2024

IHRU reconhece necessidade de industrializar a construção em Portugal

A construção modular e industrializada é considerada pelos profissionais do mercado como uma solução para resolver de forma rápida a falta de oferta residencial, sobretudo na componente de habitação a custos controlados. Além da rapidez na construção, esta solução apresenta custos reduzidos, e em Portugal já há vários exemplos de hotéis e residências universitárias concluídos e um conjunto de empresas e promotores especializados nesta construção.

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Portas-te mal, vais para a mitra, in Expresso

Mitra sempre foi um dos vários nomes que ouvi nas histórias de infância contadas pela minha mãe e tios, dos tempos em que brincavam nos Olivais, em Lisboa. O Mitra era um João com quem ela partilhava turma e sobre quem nunca soube ao certo explicar como é que este João se tornou no Mitra. Talvez pela cabeça rapada. Talvez porque apenas herdou a alcunha de um irmão mais velho. Talvez. Mas era certo: não era um elogio. Aliás, uma busca rápida no Priberam, confirma-me isso mesmo:

Jovem urbano, geralmente associado às camadas sociais mais desfavorecidas, de comportamento ruidoso, desrespeitoso, ameaçador ou violento e que tem gostos considerados vulgares.”

Mitra não é o João nem sequer uma pessoa: é um lugar. E é desse lugar que lhe quero falar: o Albergue da Mendicidade da Mitra. Um depósito de “miseráveis”, onde a polícia durante o Estado Novo prendia, sem condenação nem recurso, quem queria fazer desaparecer das ruas: mendigos, pedintes, vadios, aleijados, loucos e prostitutas. Rapavam-lhes o cabelo, metiam-lhes uma farda de cotim e um número ao pescoço, a lembrar um campo de concentração.

Na “cidade dos mal-amados”, mais de 20 mil adultos e crianças foram escondidos do olhar público, muitos por várias décadas. Alguns deles ainda lá estão. É o caso de Catarina, que aos 23 anos foi levada para a Mitra por ser “pobre, aleijada e anormal”. As autoridades pediam o seu internamento num asilo para não ser mais um encargo para a tia com que vivia. Passaram 70 anos e Catarina ainda lá está.

Esta história – e outras – são contadas pela Joana Pereira Bastos, a Raquel Moleiro, o Rúben Tiago Pereira e o Tiago Miranda. Hoje, a reportagem chega-lhe em forma de documentário, amanhã, nas páginas da Revista E, em prosa. Sou suspeita, mas aconselho a ver, a ouvir e a ler tudo.

Prazo para executar plano de ação em Lisboa acabou, mas no terreno nada foi feito para mitigar o impacto dos aviões, in Expresso

Aprovado há três anos e meio, o Plano de Ação do Ruído 2018-2023 elaborado pela ANA Aeroportos/Vinci (prorrogado para 2024) continua sem qualquer intervenção de insonorização nos edifícios afetados pelo impacto dos aviões em Lisboa ou em Loures.

A concessionária do Aeroporto Humberto Delgado argumenta que avançou em 2023 com “procedimentos administrativos e contactos com todas as entidades, formalizou protocolos e há obras a começar em escolas básicas de Camarate e no Jardim de Infância Prof. Voltinhas”. As intervenções, que prevêem substituição de janelas, caixilharia ou estores em 22 edifícios sensíveis “representam um investimento de cerca de €1 milhão” e serão pagas mediante a apresentação de fatura.

TÓPICOS DA IMPRENSA | 05-12-2023 | VCS

1 – Debate habitação
Hoje, no Porto, a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas promove a conferência “Mais habitação – Programas de financiamento e principais alterações fiscais com impacto no setor” , na qual se debaterão diversos temas relacionados com financiamento da habitação, o papel das autarquias e as novas alterações fiscais promovidas pelo Governo para este setor.

2 – Taxas de esforço na habitação
O Instituto Nacional de Estatística divulga hoje pela primeira vez dados relativos a taxas de esforço com o crédito para habitação permanente para o ano de 2021.

3 – Mais de 60% dos bancos centrais decidiram pausa na subida dos juros em novembro.

4 – Redução do custo da dívida faz Portugal sair do clube dos países periféricos da zona euro.

5 – Comissão técnica independente apresenta hoje relatório preliminar sobre novo aeroporto.  A comissão independente que está a estudar a solução para o novo aeroporto de Lisboa apresenta hoje o relatório técnico preliminar, que será a base para uma decisão, e que deverá ficar para o novo Governo. Este relatório é mais um passo num tema com mais de 50 anos, que já foi alvo de vários estudos.

In Jornal EXPRESSO e LUSA