O Muro de Berlim caiu mas as cicatrizes continuam abertas, in República dos Pijamas, 04/11/2024

Os alemães de Leste não demonstram querer regressar aos tempos da RDA, mas tampouco estão satisfeitos com o “sucesso da reunificação”.

Esta semana, a queda do Muro de Berlin celebra 35 anos, um acontecimento visto como o início do fim da Guerra da Fria. Em menos de dois anos, as duas Alemanhas voltavam a ser um único país. Nessa altura, os alemães de Leste votaram esmagadoramente a favor dos partidos dominantes no Ocidente (CDU e SPD). O PDS, partido herdeiro do regime socialista estabelecido na zona de influência soviética, obteve apenas com 16,4% dos votos (1,9 milhões). Meses depois, na primeira eleição legislativa da Alemanha unificada, o PDS perdeu cerca de 750 mil votos.

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A burguesia portuguesa está a promover a sua eutanásia, in “República dos Pijamas”

As últimas décadas mostram a burguesia portuguesa a diluir-se entre a burguesia internacional. Fica a questão se isso poderá tornar-se numa clivagem política.

Na ressaca imediata das privatizações da governação de Pedro Passos Coelho, um autor lamentava como a abertura de parte do capital das empresas públicas portuguesas ao setor privado, iniciada nos 80, se tinha prolongado. A dinâmica iniciada então culminava na completa privatização de vários grupos de referência.

Para explicar esta “tragédia nacional”, este falava de um “fascínio pelo modelo inglês” e salientava “o processo de alienação da empresa a grupos empresariais internacionais.”

Para concluir, afirmava que “os nossos filhos mais promissores terão de emigrar, não por falta de emprego, mas por ausência de empresas onde aprendam e cresçam profissionalmente, como nós tivemos.”

O autor não era um quadro do Partido Comunista Português, nem do Bloco de Esquerda. Nem sequer vinha do espaço da esquerda. As linhas foram escritas por Luís Todo Bom, que conta no seu CV com registos como membro do Conselho Consultivo do PSD, antigo secretário de Estado da Indústria e Energia (de um governo liderado por Aníbal Cavaco Silva) e o primeiro presidente da Portugal Telecom (PT).

Todo Bom, que é sem dúvida parte da burguesia nacional, toca num ponto fulcral: o destino dos seus filhos, ou mais especificamente, o destino dos filhos na burguesia portuguesa.

ABR 09, 2024 | CLIQUE NESTE URL para ler todos o artigo

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A criação de uma clivagem geracional é um retrocesso no debate político, in “República dos Pijamas”

A constante chamada de “jovens brilhantes” para o espaço público e a criação de um ministério da Juventude apenas aprofundam a tecnocratização do debate político e a vilificação dos mais vulneráveis.

Celebrava-se o 45º aniversário do 25 de Abril, em 2019, quando João Marecos, co-fundador d’Os Truques da Imprensa Portuguesa, foi desafiado num programa do Prós e Contras a criar uma lista de autodesignados especialistas com menos de 30 anos. Chamou-lhe “100 Oportunidades” e a iniciativa consistiu num website com jovens dispostos a serem ouvidos pelos meios de comunicação social. Quatro anos depois de criar uma página nas redes sociais que contestava coberturas mediáticas, Marecos deixara de escrutinar os meios de comunicação para lhes pedir mais espaço mediático.

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