Carga fiscal na classe média em Portugal é das mais baixas da UE | in Idealista.pt

carga fiscal na classe média em Portugal é das mais baixas da União Europeia (UE). Uma tendência que se verifica também no nível dos rendimentos – Portugal encontra-se no 11º lugar entre os 27 Estados-membros. Em causa estão dados que constam num estudo publicado pelo instituto alemão Ifo.

Segundo o Jornal de Negócios, que se apoia no referido estudo, os rendimentos da classe média em Portugal enfrentam uma carga fiscal em IRS e em contribuições para a Segurança Social abaixo da média europeia, havendo uma grande disparidade no tratamento fiscal dos solteiros face aos casados. 

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A MÃO DE MARILYN | Manuel S. Fonseca | in Jornal de Negócios

Duas mulheres, de uma a mão, de outra a voz. Será que juntando-as dá uma crónica?

Nenhum corpo suporta tanta despesa. É o que qualquer um dirá de Marilyn Monroe por pouco que saiba da atribulada vida dela. Mas não, a frase disse-a eu, em 1980, se bem sei, a propósito da actriz Manuela de Freitas. Ora não é de frases que quero falar, mas sim da mão que nos ajuda quando nada nos promete pão, vinho e rosas.

Ouçam a voz de Ella Fitzgerald. Vinha lá do peito, cristalina como se no peito tivesse uma fonte, embrulhava redonda as palavras numa dicção angelina, tinha ritmo e melodia, ousando improvisos a que nem a agilidade de um Ulisses serve de analogia. E agora vejam, Ella, a cantora negra nascida na Virgínia era amiga da alabastrina Marilyn Monroe. Exagero: mesmo a amizade tem uma génese e faz a sua peregrinação. Marilyn, no filme “Os Homens Preferem as Loiras” ia ser ainda mais loira e ia cantar. O seu agente pô-la a ouvir as canções de Ella Fitzgerald e os ouvidos da actriz apaixonaram-se pela voz dessa vasta e abundante sereia negra. Um dia, em Dezembro de 1954, Ella actuou numa daquelas espeluncas onde costumava cantar, em Los Angeles, e Marilyn veio vê-la. Foi amor à primeira vista e Ella contou a Marilyn que um dos seus sonhos era cantar no Mocambo, esse clube onde vinha jantar e dançar a fina flor de Hollywood, e onde um dia uma esposa indignada espetou um garfo de sobremesa no lóbulo da orelha de Errol Flynn, como já aqui contei.

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O equilíbrio político no Médio Oriente parece estar a mudar | Francisco Seixas da Costa in Jornal de Negócios

Não me refiro à recente eclosão de mais um tempo de incidentes de guerra entre Israel e a liderança militar que o Hamas tem na Faixa de Gaza – o que só uma visão ideologicamente distorcida ou ignorante pode confundir com a questão israelo-palestina em geral. Esse é um tema diferente daquilo que hoje aqui trago.

Foi a Guerra Fria que levou os Estados Unidos para o Médio Oriente, como forma de tentar evitar a influência da União Soviética, atento o crescente declínio regional dos dois aliados europeus – o Reino Unido e a França – naquele cenário estratégico, que teria a sua expressão evidente na humilhação de ambos no Suez.

Ao contrário do que décadas mais recentes podem fazer crer, na proteção internacional do Estado de Israel, a França começou por ser muito mais relevante do que os Estados Unidos. Não ouso datar o início do envolvimento mais intenso dos EUA na proteção de Israel, mas a “guerra dos seis dias” e, em especial, a “guerra do Yon Kippur” marcaram um tempo decisivo na fixação da influência do lóbi judaico junto das administrações em Washington, inicialmente mais no lado democrático, posteriormente abrangendo também as alas republicanas.

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Mais um regresso de Keynes? | João Rodrigues | in Jornal de Negócios

«John Maynard Keynes (1883-1946) é um pensador que nos ajuda nas curvas apertadas. Já foi várias vezes proscrito, mas ressurge sempre. Esperemos que, ao contrário do que aconteceu em 2008/2009, quando políticas ditas keynesianas foram usadas para salvar bancos, desta vez sejamos capazes de fazer melhor, evitando também a austeridade contraproducente. Existem então meia dúzia de razões para um regresso de Keynes.

Em primeiro lugar, colocou no centro da análise algo que a economia convencional esquece: a incerteza radical, para lá do risco probabilístico. Atentar nas “forças obscuras do tempo e da ignorância que dominam o nosso futuro” não é um convite à passividade. Trata-se de conhecer as forças que nos impelem a agir aqui e agora, esconjurando a catástrofe iminente, distinguindo a incerteza inevitável da que é produto de arranjos disfuncionais.

Em segundo lugar, convida-nos a pensar o papel da moeda, que nunca é neutra. No capitalismo, tudo começa pela moeda-crédito e acaba em rendimentos monetários. A busca de liquidez, dinheiro mais ou menos vivo, é um volátil comportamento, que funciona como “barómetro do grau da nossa desconfiança em relação aos nossos cálculos e convenções relacionadas com o futuro”. A economia também é psicologia, porque é feita de e por humanos.
Em terceiro lugar, alerta-nos para o salto mortal que temos de dar quando passamos da microeconomia para o continente que ele ajudou a descobrir, a macroeconomia. O todo pode ser mais ou menos do que a soma das partes. Isto significa que um somatório de comportamentos individuais racionais pode originar uma situação irracional. Pense-se no paradoxo da poupança: se todos decidirem poupar, porque desconfiam do futuro, as despesas de consumo e de investimento diminuem, o que significa que o rendimento, resultado da despesa, diminui e logo a poupança também.

Em quarto lugar, convida-nos a atentar nas dinâmicas da procura agregada, da despesa total que molda o produto e o rendimento totais. O emprego depende disso. Reduzir salários em face de uma crise pode ser racional do ponto de vista de um empresário míope, mas se esse comportamento se generalizar o desemprego pode bem aumentar, dado o colapso de uma fonte essencial de procura.

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