‘Malditos sejam’ revela o cotidiano dos excluídos. Novo livro de Marcos Barrero explora os dramas dos invisíveis da sociedade. Por Adelto Gonçalves    

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            Os personagens de Malditos sejam, livro de microcontos de Marcos Barrero, são pessoas anônimas e esquecidas pela sociedade de consumo. Ou seja, os excluídos, que vão de vendedores de doces a malabaristas de semáforos e chapeiros de padaria. Em sua maioria, nordestinos, bolivianos, venezuelanos e nigerianos. Enfim, homens e mulheres invisíveis, que tentam sobreviver a qualquer custo na grande metrópole.
            Frequentam clubes sociais de bairros paulistanos ricos apenas para fazer entrega de comida ou encomenda.  Avistam baladas, restaurantes e outros recintos finos das janelas dos ônibus, que passam longe e lotados. Vivem atormentados pela sobra de salário no fim do mês. Acumulam carnês, contas de água e luz.  Manter o aluguel em dia é uma epopeia – afinal, o despejo de um quarto de muquifo e a volta para as ruas constituem uma tragédia banalizada e cotidiana.

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