O MILAGRE ESPINOSA | UMA FILOSOFIA PARA ILUMINAR A NOSSA VIDA | por FRÉDÉRIC LENOIR | da QUETZAL | Extracto parcial do Capítulo 7 da SEGUNDA PARTE | páginas 161 a 172

Publicidade | Texto parcial / 12 páginas, retirado com a devida vénia e aplauso (vcs).

Cap. 7 | Liberdade, eternidade, amor

           «Sentimos e experimentamos que somos eternos»

A QUESTÃO DA LIBERDADE ASSENTA, em Espinosa, num paradoxo aparente: atravessa toda uma obra, muito embora o faça assente numa noção de determinismo cósmico que parece reduzi-la a nada. No começo da Ética, depois de ter definido Deus como a Substância única, Espinosa afirma que ele é «a causa imanente de todas as coisas» e que «tudo foi predeterminado por Deus».

A Natureza é o desenvolvimento dessa causalidade primeira, e tudo o que existe no mundo é determinado por causas e, por seu turno, produz efeitos. Este encadeamento das causas e dos efeitos – que evoca a noção hinduísta e budista de carma, a lei causalidade universal – aplica-se a tudo, incluindo às ações humanas, cujas causas nos são o mais das vezes desconhecidas.

Precisemos todavia que esse determinismo nada tem de religioso: não é a expressão de uma fatalidaade ou de um destino. Nenhuma vontade divina superior, que poderíamos eventualmente fazer infletir através das nossas preces, constitui a sua origem. Trata-se apenas, de maneiraqiase mecânica, do desenvolvimento de uma causalidade primeira que produz determinados efeitos no conjunto do cosmos.

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