Poema | Maria Isabel Fidalgo

Louvo sempre o mais que tenha

que foi a sorte a ajudar

e não ligo a quem desdenha

que quem fala quer comprar

Acredito no que vejo

para poder não gostar

mas descreio do desejo

que morre de esperar

E louvo a minha  riqueza

por ter mais que o necessário

e  abomino a avareza

de quem não é solidário

Creio na leal amizade

quando dela eu preciso

e como é doce a bondade

que vem dentro de um sorriso

E louvo quem nada espera

mas em mim sempre acredita

como  um sol de primavera

quando a vida ressuscita.

Poema | Maria Isabel Fidalgo

Não te escondas do amor quando ele vem

que amanhã, quando vier, é sempre tarde

e nunca nada haverá que te resguarde

do mal que te fizeste ao não veres bem

para tudo há um bem maior no tempo certo

e mais cedo ou mais tarde pagarás

o teu descuido de deixares ficar para trás

o que deixaste de cuidar quando era perto

será sempre um mal o bem, se for tardio

que águas passadas não mais serão do rio

e não há maré que as vá trazer de volta

pois deixam funda uma chaga que sempre arde

e uma guerra é muito mais que uma revolta

Águas sem retorno | Maria Isabel Fidalgo

Amo cada minuto onde o teu coração respira longe do meu e tão perto.

Anda o sol desvairado a encher os espaços e são barcos o que procuro para navegar numa praia impossível.

Amo – te com o pensamento colado ao coração e são quentes as memórias onde vives.

Não ouço aves. Tudo no silêncio que abrasa são beijos quentes que nunca te darei em mais nenhum verão, que a juventude escondeu-se de nós, em águas indomáveis de lonjura.