“A ESPÉCIE HUMANA NÃO SOBREVIVERÁ A ESTE SÉCULO”, por Franco Berardi e “Pedro Rios, Público” 31-07-2025

Retirado do Facebook | Mural de Paulo Marques

“O filósofo italiano perdeu a esperança. “Temos de criar as condições para a alegria e a solidariedade durante a agonia.

Conhecido por “Bifo” desde jovem, o italiano Franco Berardi é uma referência do pensamento de esquerda das últimas décadas. Em Maio de 1968 participou na revolta dos estudantes da Universidade de Bolonha. Faria parte do grupo extraparlamentar Potere Operaio, ao lado de figuras como “Toni” Negri. Nesses anos de agitação rebelde fundou a revista A/traverso e esteve na rádio pirata Alice. Nos seus livros, Berardi sai das baias do marxismo mais ortodoxo, chamando, por exemplo, ensinamentos e conceitos da psicanálise para a sua crítica às sociedades capitalistas pós-industriais.

O seu último livro, Disertate (2023), identifica na “onda” de depressão entre os jovens um sintoma de um mundo de trabalho em excesso e em crise climática. Perante o caos e a dor, a resposta desses jovens é a “deserção”, a desistência, como se a alegria só pudesse ser encontrada nas “ruínas”, defende “Bifo”.

Sim, Franco Berardi, hoje com 75 anos, perdeu a esperança. Quisemos falar com ele tendo a recente edição portuguesa de Futurabilidade — A Era da Impotência e o Horizonte de Possibilidade como pretexto. Nesse livro, editado originalmente em 2017, o filósofo já fazia um diagnóstico sombrio da vida enformada pelo capitalismo, mas ainda acreditava que seria possível abrir uma rota de fuga.

Como? “Criando uma consciência comum e uma plataforma técnica comum para os trabalhadores cognitivos do mundo.” Foram eles, os trabalhadores intelectuais (os artistas, os engenheiros, os cientistas), que montaram a engrenagem, cabia-lhes agora “reprogramar” a grande máquina do mundo para benefício colectivo.

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